O MILICO POETA – Reginadauto Chenobildo – esse era o nome dele
de registro civil. O primeiro, da mãe; o segundo, órfão de pai, virou sobrenome.
Ficou Biu dos Cuscuz, vai gostar da iguaria assim no raio que parta! E se
fartava de todo jeito: com sopa, cozidos e frituras, acompanhamento de ponches,
mingaus e beliscadas. Desde menino, calunga de levar recado e bregueços pra
solicitantes: Quero ser puliça! Ô, menino, deixa disso, leva isso ali. Pega
isso, deixa lá. Levava, entregava e trazia de volta respostas e revides, ao
regalo de garapas e frascos, devoto dos santos Longuinho e Pagamião. De seu
mesmo, só o amuleto: uma cabeça de alho e uma pedra de sal enrolada numa folha
de arruda. Cresceu ali repetindo rifões, lambaio a timbungar nas manhencenças do
rio. Diziam: quem nele mergulha já é batizado, vira poeta na hora! Como é que
é? Enumeravam respeitáveis vates, emboladores, bardos, menestréis, cantadores. Não
deu outra, o pivete às caretas, vivia soltando gracejos às quadrinhas, largando
seu peditório. Mais taludo, começou manejando reco-reco e, depois, todo tipo de
chocalho. Participou de charangas, aprendeu a bater pandeiro, triângulo,
zabumba, nisso era bem achegado a um pé de serra, cantorias. Sonhava tocador de
sanfona, ou de rabeca, findou arranhando num cavaquinho que lhe foi despedaçado
no quengo. Poeta de água doce, saía com adivinhas. Alvíssaras? É comigo mesmo!
E tome vexado castigando nos exemplos. Idade do alistamento, lá estava ele: destacando
no exército, lascado. Deu baixa um ano depois. Isso porque, no maior aperto,
deu-se uma livusia: topou com o Anjo Corredor que apontou pra dentro do rio.
Dos poções apareceu a Cobra-grande, fez um pacto com ela. Aprendeu na hora a
ciência dos tocadores de viola cantadeira, inteira e de fitas nas cravelhas.
Arranhava na toesa, castigando nos versos de quatro pés; tapiava de glosar
motes na maior função, só para chamar atenção de moças que ficaram no caritó. Caiu-lhe
às mãos o Lunário Perpétuo que nem leu, folheou para cantar teoria. Foi nisso,
batia a requinta e logrando êxito. Fez concurso para polícia militar. Passou. Enrolava
versejada amolegando o talismã: de recruta para cabo. Subiu de patente no meio
de estrofes e estribilhos, quando deu fé, chegou a coronel, comandante de
batalhão: Comigo só sobe de posição quem sabe poetar. Juntava os meganhas,
concurso de trova. O desfile era uma violada. Cada milico dava a sua e ele lá,
entre sins e nãos, no maior forrobodó. Pode uma coisa desta? Claro, em Alagoinhanduba dá de tudo! Depois conto
mais do que aconteceu. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Aqui vale mais
cereais do que verduras. Posso também contribuir com algumas roupas. Vou
aproveitar pra pegar uns frascos... tentar concluir depois outros experimentos que
comecei ano passado. Hoje em dia acredito bem mais nos meus serviços como químico
do que como semiólogo. - Que
experimentos? Explosivos? Mais ou menos. Explosivos com sinalizações luminosas,
que variam conforme os resultados. Sério? Você deveria ter falado logo. Me
parece uma síntese das suas preocupações... além de muito interessante para o
nosso projeto. Tenha em mente que ao chegarmos no pé do Cavalo de Asa,
precisaremos de certa força, não apenas velocidade. E, sinceramente, não
acredito que as armas do seu pai sejam suficientes, mesmo sabendo que estão em
bom estado. O difícil tem sido encontrar querosene para os testes, mas acho que
posso conseguir um pouco, com o enfermeiro lá da clínica. Ele tem sido um
grande parceiro. - Dá
pra imaginar, pelas anfetaminas. Então vamos. Precisamos das máscaras? - Acho
que não. As guaritas já estão fechadas... Mas sempre alerta, principalmente com
as janelas abertas acima do terceiro andar. [...]. Trecho extraído da obra Vale do sal (Indecentes, 2019),
integrante da Tetralogia Primeira – Terminologia, Quartzo e Temporal: lapsos -,
do escritor, artista visual, professor, pesquisador, arquiteto e urbanista Gentil Porto Filho.
A MÚSICA DE EUGÉNIA
MELO E CASTRO
[...] mas nos shows sempre é imprevisível, pois eu
poderia ficar 3 horas apenas a contar historias superdivertidas e verdadeiras,
que eu vivi, outras que quase só eu sei, em vez de fazer um show de musica, por
isso, quase sempre de dia para dia no palco tudo muda, eu lembro-me na hora de
uma história ao vivo e conto, não tenho regras rígidas de roteiro, eu conto o
que me lembrar, se a conversa for para esse lado. Isso é o que mais me diverte…
adoro contar algumas histórias que se relacionam com o que vou cantar, ou não…
EUGÉNIA
MELO E CASTRO – Curtindo a arte
musical da cantora e compositora portuguesa Eugénia Melo e Castro, destacando
alguns de seus álbuns: Mar Virtual
(Sesc, 2018), Motor da Luz (Som Livre, 2001), Dança da Luz (EDP, 2004), Canta Vinicíus de
Moraes (Megadiscos/Som Livre, 1994), PopPortugal (Universal, 2007) e Águas
de todo o ano (Polygram, 1983), entre outros de sua trajetória. Veja mais aqui,
aqui e aqui.
A ARTE DE BARBARA RACHKO
Continuando a jornada que
comecei há mais de 30 anos, eu sabia
exatamente o que devia fazer. Embora seja uma tragédia com a qual nunca estarei
verdadeiramente em paz, lidar com a perda ficou mais
fácil com o tempo.
BARBARA RACHKO – A arte da artista estadunidense,
Barbara Rachko que tornou-se conhecida por suas obras inspiradas no
México que utilizam lixa de pastel macia. Veja mais aqui.
A OBRA DE SÉRGIO PORTO
Consciência
é como vesícula, a gente só se preocupa com ela quando dói.
A obra do
escritor, radialista, jornalista e compositor Sérgio Porto (Stanislaw
Ponte Preta, 1923-1968) aqui.