quarta-feira, setembro 25, 2019

FAULKNER, BOLÍVAR & MANUELA, LU XUN, TUPAC AMARU & DAPHNE MADEIRA


MANUELA DO LIBERTADOR – Somos um e seremos, sempre: humanos, América. Não se trata de uma quimera; ao contrário, um decreto do destino. Se não há concórdia, é porque o que sou está diante da calamidade pública: fraqueza e ignorância, Cada qual, seus interesses. Mais que dúvidas ao pisar a terra: entre o heroico e o ridículo, apenas um passo. Nenhum temor a enfrentar: se a tirania é lei, a rebelião é um direito. É preciso ter coragem. Sempre tive comigo que a arte de vencer se aprende nas derrotas. Não me dei por vencido, a liberdade é a única salvação digna do sacrifício humano, mesmo que nem todos ou quase ninguém saiba realmente o que é ser livre. Aprende-se: se é noite o tempo todo, cabe inventar o dia. Vencer traz outros fracassos. Ao comemorar a vitória não sabia que inaugurava outras guerras. Jamais guerrearia se não houvesse injustiça. O que sei de triunfante, é que me apaixonei pela heroína de Lima, a linda mulher que estava estonteantemente bela em Quito, atirando-me uma flor pela Batalha de Pichincha, e se tornou a militante que me seguiu a Bogotá para todo o sempre. E tornou-se mais que o meu amor e minha amada: membro do Estado Maior do Exército da Libertação, por ser a libertadora que me salvou pela janela de orquestrado ataque. E muito mais. Mesmo com todas as incompreensões do meu povo, mesmo morrendo desprezado, cativo de infinitas amarguras, vítima de intensa dor, proscrito, detestado pelos que são meus, mesmo quando me vi sozinho, com quase todos os amigos mortos ou desertados, apenas ela, inarredável, com meus três fiéis comparsas de luta, seguiu-me incansável e vigilante, os passos libertários da minha causa. Ela não me abandonou, mesmo que pedisse, comigo seguiu e não me deixou só. Ah, amada Manuela! Foi nos seus cabelos revoltos de ativista incansável que aprendi que o lucro do triunfo passa pela indispensável senda dos sacrifícios. Foram seus vivos olhos que me ensinaram a singrar do Atlântico ao Pacífico, do Panamá ao Cabo Horn, onde tomei a ciência de que um povo ignorante é instrumento cego para sua própria destruição. Foi no seu sorriso que traguei da vitória de todas as contendas, com a lição do seu nascimento de mãe crioula que olhos hipócritas desqualificavam maldita mácula escandalosa e espúria. Foram seus mágicos lábios de tantos beijos que jurei por Deus, por meus pais e por minha honra de jamais descansar enquanto viver, até que tenha libertado a minha pátria do jugo estrangeiro. Foram seus braços e abraços que me levaram ao Páramo de Pisba e me deu a força de encarar o terremoto que dizimou meus compatriotas reencarnados na minha luta interminável. Foi nos seus seios que me abriguei desconsolado para perseverar até tê-la Ordem do Sol. Foi no seu ventre que rompi os limites de Boyacá, Carabobo e Ayacucho até os confins do mundo, e nos seus quadris contornei todos os limites dos Andes e no seu sexo venci todas as batalhas passadas e vindouras. Foram suas coxas e pernas que me ensinaram a ser águia em voo. Foi aos seus pés que me rendi definitivamente, mesmo sem nunca ter curvado diante de qualquer autoridade, sem reconhecer nenhuma deidade, só você, minha deusa e rainha, que me fez seu deus e permaneceu ao meu lado mesmo com a minha crucificação no sonho de ver unidos todos os americanos. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Tudo o que queremos é isso: ao invés de sobretaxar nosso cérebro para aprender a fala de homens há muito mortos, devemos usar aquela dos homens vivos. Ao invés de tratarmos a língua como um objeto excepcional, devemos escrever no vernáculo facilmente compreensível […]. Trecho extraído da obra China silenciosa (Selected Works - Beijing/Foreing, 1980), do escritor chinês Lu Xun (1881-1936), que em outra obra sua, Literatura e suor (Selected Works – Beijing/Foreing, 1980), expressa que: [...] Símios antropóides, homem-macaco, homem primitivo, homem antigo, homem moderno, o homem do futuro... Se criaturas vivas podem de fato evoluir, então a natureza humana não pode permanecer inalterada.[...]. e, em outra mais, Pensamentos aleatórios (Selected Works – Beijing/Foreing, 1980), revela que: [...] Um amigo meu disse mais apropriadamente, ‘se queremos preservar nossas características nacionais, precisamos ter certeza primeiro de que elas podem nos preservar. Certamente, autopreservação vem primeiro. Tudo o que perguntamos é se algo tem o poder de nos preservar, não se é uma característica ou não. [...].

ALGUÉM FALOU: [...] o amor sempre vence mesmo depois da vida, mesmo após a morte [...] No começo! Oh meu amor desejado... eu tive que fazer de mulher, de secretária, de balconista, soldado húzar, de espiã, de inquisidora como intransigente. Eu ponderei os planos. Sim, eu os consultei com ele, quase os impôs; mas ele se deixou levar pela minha loucura de amante, e havia tudo lá [...] Dei àquele exército o que era necessário: coragem para todos: tente! E Simon o mesmo. Ele fez mais para me vencer. Eu não parecia uma mulher. Eu era louca por liberdade, que era sua doutrina [...] Seria difícil para mim dizer por que joguei minha vida cerca de dez vezes. Pela pátria livre? Por que Simon? Pela glória? Por mim mesma? [...]. Trechos de correspondências da revolucionária peruana Manuela Sáenz Thorne (1727-1856), que lutou pela independência das colônias sul-americanas da Espanha e a grande paixão do libertador e líder político sul-americano Simon Bolívar (1783-1830), extraído da obra Os cartões mais bonitos de amor entre Manuela e Simón acompanhados pelos Diários de Quito e Paita, além de outros documentos (MP/PGP, 2007), de Hugo Rafael Chávez Frías et al. O romance entre ambos foi tema de diversas publicações estudos, entre eles: Do discurso de amor: correspondência de Simon Bolívar e Manuela Sáenz (Revista Landa, 2018), da professora e pesquisadora Silvia L. Lopez; da obra For Glory and Bolívar The Remarkable Life of Manuela Sáenz (Published, 2006), de Pamela Murray; da obra The Four Seasons Of Manuela A Biography The Love Story Of Manuela Saenz And Simon Bolivar, de Victor W. Von Hagen; da obra História e memória histórica das mulheres: Manuela Sáenz desafia Simón Bolívar 1822-1830 (Revista Europeia de Estudos da América Latina e Caribe, 2012), da professora e pesquisadora Maria José Vilalta; da obra Simon Bolívar y Manuela Saenz: la libertadora del libertador (EdBooks, 2010), de Jazmin Saenz; e Bolívar 1783-1830 (Três, 1973), de Moacyr Werneck de Castro. Veja mais aqui.

TUPAC AMARU
Era perigosíssimo rebelar-se contra o governo espanhol na América do Sul. Em 1781, quando Tupac Amaru tentou libertar o Peru, o governador espanhol mandou cortar-lhe a língua e depois o obrigou a assistir ao trucidamento de sua esposa e de seu filho, os quais foram atados pelos membros a quatro cavalos que os puxaram em direções opostas, despedaçando-lhes os corpos. No fim do espetáculo, a ele próprio foi dado o mesmo tratamento.
TUPAC AMARUTupac Amaru (1545-1572), o supa inca, foi o quarto e último imperador inca de Vilcabamba. Perseguido por soldados espanhóis, Tupac seguia com sua esposa grávida, quando foi aprisionado. Foi julgado e condenado a decapitação pelo assassinato de sacerdotes em Urcos, dos quais era provavelmente inocente. Clérigos convencidos de sua inocência, imploraram de joelhos ao vice-rei. No entanto, o inca foi conduzido pelas ruas, com suas mãos atadas, até o cadafalso, sobre o qual ele expressou; “Mãe Terra, testemunha como meus inimigos derramaram meu sangue”. Veja mais aqui.

A ARTE DE DAPHNE MADEIRA
A arte da bailarina e professora Daphne Madeira que possui licenciatura plena em Dança pela Faculdade Angel Vianna (2004), mestrado em Artes Visuais (EBA-UFRJ) e atua como professora na UFRJ. Veja mais aqui.

A OBRA DE WILLIAM FAULKNER
Ontem só acabará amanhã, e amanhã começou há dez mil anos. Em tempo de guerra se vive no presente. O ontem já se foi e o amanhã talvez não venha.
A obra do escritor estadunidense e ganhador do prêmio Nobel de Literatura em 1949, William Faulkner (1897-1962) aqui & aqui.