segunda-feira, setembro 23, 2019

MARK TWAIN, JAROSLAV SEIFERT, ROSA PASSOS, ALBENA VATCHEVA & LIVY & O DIÁRIO DE EVA.


LIVY, O DIÁRIO DE EVA – A cidade girava em torno do rio: era a vida nos olhos vidrados. Mãos e pés inquietos, a placidez das margens: o pátio de meus brinquedos e travessuras, aventuras de sobra para contar das correntezas, jusantes, funduras, braçadas às margens - quem viveu entre perigos a pique, as absurdas histórias, episódios inventados pela música das águas. Vivi por meus próprios meios e nunca fui o modelo dos sonhos maternos. A vida troçava de mim nas mais extravagantes situações. Eu sonhava de olhos abertos. Vi o retrato de Livy, a bela de Elmira: marque dois, meu nome. Dissimulava os vestígios do prazer proibido: o rosto mais belo jamais visto na vida. Fui capaz de adorá-la: os seus olhos negros vivos, suas feições finas, seus cabelos lisos. Precisava vê-la e vi: a paixão instantânea. Cinco dias depois, revê-la: a única visita e a leitura de Dickens, as cartas que escrevi. Avancei e fui recusado: Eu acredito que a jovem potranca partiu meu coração. Isso só me deixa com uma opção: ela remendar. Ela não me queria. Não desisti. Amei, mais amava a desconhecer os dias sufocantes sob Sol escaldante de verão. Era verdade que a sinceridade tantas vezes causava mal resultado, falava demais sozinho, sonhador sem espírito prático: o andar melancólico de acorrentado à vocação desconsolada para o fracasso. Maníaco por invenções, quantos lugares insuportáveis e aborrecidos. Era ela tudo o que precisava. A ela me dei: Tenho tanto orgulho no cérebro dela quanto na sua beleza. Pude então viver de verdade, persisti, perseverei. Ela era a minha vida. Mesmo comigo, passei meses sem vê-la: o seu solitário esplendor e problemas de saúde, as minhas palestras e vendas de livros. Frequentemente infringi a regra: vê-la secretamente, trocar beijos e cartas de amor. Ah, meu amor. A minha vida sem você: suas cinzas no meu coração, estou devastado, cabisbaixo. Ouço o vento e leio as águas para me salvar dos apuros insolvíveis, a reclusão eremítica pela ruína e escritos impetuosos e incansáveis. Estou farto de correr o mundo, meu exaustivo labor, retiros, refúgios, a casa de Stormfield e o sonho de findar o exílio ao vê-la partir: a única veneração de memória, o Diário de Eva. O coração claudicante não foi poupado, depois dela, A morte de Jean e nada mais, a triste perseguição para a mais preciosa das dádivas: nasci com o Halley, com ele eu voo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Por mais algum tempo, continuei a tropeçar naquele anel mágico de amor até que acordei do amor bêbado que protegi da luz e dos vendavais. Seus olhos altivos não me deixaram me livrar deles tão cedo. A cada momento, ouvia sua voz cantar as árias populares e antigas de ópera, e constantemente diante de meus olhos aquela mulher, que tinha a aparência das belas mulheres renascentistas, que mulher é dada para viver a vida com toda a paixão que a prevê próprio coração? Ele viveu sem conhecer alguns obstáculos. Ele desprezava as riquezas, mas as possuía e sabia como apreciá-las. Por vontade própria, ele conseguiu apimentar cada minuto de sua vida com a felicidade que inflamava e alimentava com prazeres e paixões que ele não escondia e, além de tudo isso, possuía algo grandioso: sua arte. Então eu disse adeus a ela, transformada há muito tempo em uma lembrança. [...] Ultimamente, eu frequentemente ouço essa expressão incrível. No começo eu não entendi nada. Até que alguém tenha esclarecido o que significa: está pronto, pronto, acabou, mas quero confiar em você com outra coisa. [...]. Trechos extraídos da obra SeifertToda la belleza del mundo: historias y recuerdos (Askelin & Haggelund Fórlag, 1981), do escritor e jornalista tcheco Jaroslav Seifert (1901-1986), Nobel de Literatura de 1984. Veja mais aqui.

ALGUÉM FALOU: [...] Leitor, suponha que você seja um idiota. Aliás, suponha que você seja um membro do Congresso. Bolas, estou me repetindo. Se Jesus vivesse hoje, há uma coisa que ele não seria: um cristão. Se o homem tivesse criado o homem, teria vergonha de sua obra. O que me incomoda na Bíblia não são os trechos que não compreendo. São justamente os que compreendo. Primeiro, apure os fatos. Depois, pode distorcê-los à vontade. Comer é humano, digerir é divino. Sempre fiz questão de nunca fumar dormindo. Os radicais inventam as ideias. Quando já as esgotaram de tanto uso, os conservadores adotam. Em questões de Estado, cuide das formalidades e pode esquecer as moralidades. Nada precisa de tantas reformas quanto os hábitos dos outros. A familiaridade gera o desprezo – e filhos. Se o desejo de matar e a oportunidade de matar viessem sempre juntos, ninguém escaparia ao enforcamento. Em certas circunstancias, um palavrão provoca um alivio inatingível até pela oração. Há duas questões na vida em que uma pessoa não deve jogar: quando não tiver posses para isso – e quando não tiver. Não fui ao enterro dele, mas mandei um bilhete simpático dizendo que deve ter sido um sucesso. As notícias a respeito de minha morte têm sido bastante exageradas. Pensamento do escritor e humorista estadunidense Mark Twain (1835 – 1910), extraído da obra O melhor do mau humor: uma antologia de citação venenosas (Companhia das Letras, 1989), do jornalista Ruy Castro. PS: O grande amor da vida de Twain foi Livi, Olivia Langdon Clemens (1845- 1904). Esse amor foi registrado em diversas obras, tais como: Mark and Livy: The Love Story of Mark Twain and the Woman Who Almost Tamed Him (Atheneum, 1992), de Resa Willis; A Family Sketch and Other Private Writings by Mark Twain, editado por Benjamin Griffin; e Dear, Dear Livy: The Story of Mark Twain's Wife Hardcover (Charles Scribner's Sons , 1963), de Adrien Stoutenburg. Veja mais aquiaqui, aqui, aqui e aqui.

A MÚSICA DE ROSA PASSOS
Lá fora eu já tenho um trabalho consagrado, e aqui eu sinto que o resultado está começando a acontecer. Tanto é que as minhas coisas começaram a acontecer no Brasil de fora para dentro. Quando eu comecei a despontar, quando meu trabalho começou a ficar extremamente conhecido e respeitado, principalmente no mercado americano – que hoje todo mundo deseja alcançar –, foi que as coisas começaram a respingar aqui no Brasil, e então começaram a surgir os convites. Eu comecei a fazer shows aqui, inclusive nos pequenos festivais de jazz que existem no país, e aí as coisas foram crescendo.
ROSA PASSOS – Curtindo a arte a cantora, compositora e violonista Rosa Passos, destacando os álbuns Amorosa (2004), Rosa (2006), Samba dobrado (2013) e Rosa Passos ao vivo (2016), entre outros. Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE ALBENA VATCHEVA
A arte da artista francesa de origem búlgara Albena Vatcheva, que usa diferentes fontes orientais, criando um mundo de fadas perturbadoras, com momentos tensos, amorosos, poéticos, ou seja, universo paralelo de contos, de grandes lendas universais, de infância invencível e de uma sensibilidade extraordinária, expressada com facilidade e elegância que permitem expressar uma ampla gama de sentimentos espirituais e sensuais. Veja mais aqui.