segunda-feira, junho 24, 2024

TABITHA KING, PILAR QUINTANA, NADEJDA TOLOKONNIKOVA & MARACATU

 

 

Imagem: Acevo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Emilia Giuliani: Opera Omnia Per Chitarra: Complete Guitar Works (Tactus Records, 2021) e Guitar Manuscripts Heitor Villa Lobos (3 cdbox, Naxos, 2016), da violonista, professora e filósofa italiana Federica Artuso.

 

SOLSTÍCIO DE INVERNO, DUO AFETO... – Chovia muito e eu estava dois anos antes de Metrópolis. Submergia entre os interlúdios dos oito minutos, quando apareceu o surpreendente brilho das duas faces de Brigitte a me dizer Alejandra Pizarnik: O sentido das coisas permanece na intensidade de seus nomes... Cara duma, face doutra. Nunca fui Freder e ela se parecia Er, o platônico da Panfília, que retornava do Reino dos Mortos, depois de atravessar o Lethé. Alertava-me não ousasse beber água demais para não esquecer. Ora, as lembranças povoavam meu habitat desde que me entendo por gente atravessando o ronco das máquinas com seus motores pelos ponteiros dos relógios, alertando as trocas de turno e o cansaço autômato pelos subterrâneos, tantos órfãos da pandemia coexistindo pelas ruínas, outrora glórias ufanas. E me dizia mais Sei Shōnagon: Se a escrita não existisse, que depressões terríveis sofreríamos... E eu tinha que distinguir entre o excremento e o adubo, as surpresas e o incerto, o intenso e o instável, o veneno do lixo e o alarme de alguém, sabe-se lá quem, pronto para apertar qualquer botão e tudo se espatifando duma hora para outra, do nada. Se me salvasse restava só seguir entre a modorra e o pútrido, a simpatia e o asco, desmoronamentos e desgraças, a voz dos documentos, e prosseguir como se tivesse sido criado às escondidas num passado sombrio e com o eco de Gayle Forman: Agora percebo que morrer é fácil. Viver é difícil... Só o instante existe e não é mais. O presente não vale nada, dou à posteridade. Tive muito amigos e cantava peito cheio aberto a canção da América de Milton/Brant – um continente só e a pátria grande, da terra somos todos um. Hoje nem tanto, pouquíssimos: o tempo roubou as amizades, afora ter andado por desertos, sucumbências e errâncias pelas noites obscuras da alma perdida. Sim, os tive e o que havia de interesses e troca de favores, ainda bem que nunca fui abastado e nem tive bajuladores. O mundo em derrocada e eu estoico, os obstáculos unem corações e nos transformam. Na solidão conto nos dedos a certidão de que amizade sempre foi e será um pomar para dividirmos os dons mais elevados da vida, quiçá. Tomara. E que não seja tarde demais. Até mais ver.

 

A GRADUAL CANTICLE FOR AUGUSTINE

Imagem: Acevo ArtLAM.

O urso mais magro é acordado no inverno \ pelo riso sonolento dos gafanhotos, \ pelo barulho dos sonhos das abelhas, \ pelo perfume meloso das areias do deserto \ que o vento carrega em seu ventre \ para as colinas distantes, para as casas de Cedro. \ O urso ouviu uma promessa certa. \ Certas palavras são comestíveis; eles nutrem \ mais do que a neve amontoada em pratos de prata \ ou transbordando tigelas de ouro. Lascas de gelo \ da boca de um amante nem sempre são melhores, \ nem um deserto sonhando sempre é uma miragem. \ O urso ascendente canta um cântico gradual \ tecido de areia que conquista as cidades \ num ciclo lento. O seu louvor seduz \ um vento passageiro, viajando até ao mar \ onde um peixe, apanhado numa rede cuidadosa, \ eis o canto de um urso na neve fresca e perfumada.

Poema da da escritora estadunidense Tabitha King, que ainda expressa: Escrever é sempre um processo restaurador. É como remar um caiaque. Quando você está escrevendo, não pode fazer mais nada. Você está no espaço em que está. Então, nesse sentido, escrever é extremamente centralizador e restaurador. Veja mais aqui e aqui.

 

OS ABISMOS – [...] Todos os meus mortos, pensei. Se os do meu pai estavam em silêncio e os da minha mãe eram as plantas da selva, os meus eram as folhas prestes a cair. [...] Então eu vi isso em seus olhos. O abismo dentro dela, assim como o das mulheres mortas... uma fenda sem fundo que nada poderia preencher. [...] Os gritos pararam. Agora nada podia ser ouvido. Apenas silêncio. Apenas o abismo desse silêncio. [...] Eu tinha ouvido falar sobre suicídio e pensei que sabia o que era, mas só agora comecei a entender. Não foi que a pessoa de repente teve um ataque de loucura e se matou. Não foi algo que aconteceu apesar de seus desejos ou intenções. Não foi um jogo ou uma pegadinha que deu errado. Era que a pessoa queria seriamente morrer. [...] Resisti com todas as minhas forças, tentando quebrar o fio que me puxava de baixo, entre as folhas secas, todos os meus mortos. Então o abismo, como não podia me fazer pular nem me devorar, uma coisa deliciosa e horrível entrou em meus olhos, uma bola saltitante na minha barriga e uma náusea nojenta e fedorenta, até ficar bem enterrada dentro de mim. [...]. Trechos extraídos da obra Los abismos (Intrínseca, 2022), da premiada escritora colombiana Pilar Quintana, que na obra La perra (Random, 2017) expressou que: [...] Ela queria fugir, se perder, não falar nada para ninguém e deixar a selva engoli-la. Ela começou a correr, tropeçou, caiu, levantou e correu de novo. [...] Não havia vento. As folhas das árvores permaneciam imóveis e a única coisa que se ouvia era o mar. Parecia a Damaris que o tempo estava se estendendo e que ela estaria lá até se tornar adulta e depois velha. [...]. Veja mais aqui.

 

GUIA ATIVISTA – [...] A arte é um domínio que nos ajuda a combater forças que tentam mecanizar as pessoas, forças que vêem os humanos como coisas que precisam de instruções do usuário e que deveriam ser colocadas na prateleira de uma loja de um shopping center. [...] O ato de rebelião mais radical hoje é reaprender a sonhar e a lutar por esse sonho. [...] Por que tantas pessoas não estão se sentindo muito bem? E porque é que o objetivo do tratamento é conformar os pacientes à norma, em vez de lidar com as questões sistémicas que fazem milhões de pessoas sentirem-se infelizes? Quais são as tendências socioeconômicas que estão a levar a esta explosão de doenças? Quando a competição e a obtenção de sucesso por qualquer meio se tornaram a nossa ideologia, deveríamos realmente ficar surpreendidos com este sentimento avassalador de isolamento desesperador? A solidariedade competitiva não existe. O amor competitivo também não existe. [...] Quando nos faltam forças para agir, é preciso encontrar palavras que nos inspirem. Por isso, lembre-se de um ponto fundamental: nada de deixar sua confiança arrefecer. O poder está nas suas mãos. Juntos, como comunidade ou como movimento, podemos fazer milagres. E faremos. [...] Precisamos de um milagre para sair daqui. E os milagres são reais; eles já aconteceram comigo antes. Amor incondicional, por exemplo, ou solidariedade, ou ação coletiva corajosa. Os milagres acontecem sempre no momento certo na vida daqueles que têm uma fé infantil no triunfo da verdade sobre a falsidade, daqueles que acreditam na ajuda mútua e vivem de acordo com a economia da dádiva. Você não pode comprar a revolução, você só pode ser a revolução. [...]. Trechos extraídos da obra Read & Riot: A Pussy Riot Guide to Activism (Coronet, 2018), da artista conceitual, musicista, escritora e ativista russa Nadejda Tolokonnikova.

 

 MARACATU

[...] Ao apontar todas essas questões e variantes históricas tivemos o intuito de colocar em discussão a polissemia construída em torno da coroação das rainhas de maracatu, destacando seu caráter societário [...] a constituição de redes sociais que o ritual contribui para reafirmar ou mesmo construir. Essas redes tanto buscam vinculações históricas (no sentido de firmar uma tradição) quanto políticas na contemporaneidade, e são essenciais para a constituição de uma dada identidade das comunidades de afro-descendentes da cidade do Recife.

Trecho do artigo Rainhas coroadas: história e ritual nos maracatus-nação do Recife, da professora e pesquisadora Isabel Cristina Martins Guillén, extraídos da obra Cultura afro-descendente no Recife: maracatus, valentes e catimbós (Bagaço, 2007), dos professores Ivaldo Marciano de França Lima e Isabel Cristina Martins Guillén. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

 

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segunda-feira, junho 17, 2024

TAJA KRAMBERGER, LÍDIA JORGE, HILARY PUTNAM & NORDESTE

 

Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Source (2014) e Upstream (2019), do grupo Dreisam – “Triângulo perfeito, nada geométrico, tudo ritmado” -, formado pelo pianista francês Camille Thouvenot, pelo baterista/percussionista brasileiro Zaza Desiderio e pela saxofonista alemã Nora Kamm.

 

ANOTAÇÕES NADA ESDRÚXULAS DO INÚTIL, UMA RAPSÓDIA TROPICAL...- Nunca fiz o que não podia contar depois. Aqui é sempre quase e orbito escolhas com suas angústias muitas e compensações nenhumas, um rito de passagem interrompido. Fui tocado pelo sinal WOW! E se o calor bate recorde na Índia, aqui não está tão diferente: persigo entre o que é ato vigoroso e o que é ludíbrio, o que é do espanto e encanto, como aquele de quem se foge numa esquina. A poesia atravessa todas as crises e o horror de todas as guerras devassando todas as alegorias para desarmar o que se deu por certo e deve ser posto em questão. Afinal o mundo soçobra sob um céu falso para expulsos jogados à rua, antes confiscados e coisa alguma penhorável restou do que se exilou de mim. Apesar dos pesares, não é tristeza que sinto, a doçura sem repouso de quem perdeu o riso das Rosas, os olhos das Marias e de todas que se foram e nunca mais voltaram. Até Zelda Mishkovsky: Cada um de nós tem um nome... E dado a ele pela sua morte... Livro-me da bombatômica iminente e de quem mata a sede no suor de outro, ou de quem vive entre o obséquio e o suicídio. Outras explodiram em minhas mãos para anunciar que não haverá manhã possível paratodos. Só falta pedir à máquina que ore por nós. É que sei quem roubou o chá da China e não somos a causa: somos a consequência e a lógica se houver é a de que não é só uma ou duas opções, mas todas as alternativas para escolhas: cada qual descasque os abacaxis dos seus múltiplos dilemas. Ouço Marceline Desbordes-Valmore: Devemos fazer a nossa vida como costuramos, ponto por ponto... E as minhas feridas como troços despejados à curiosidade pública: dores enferrujadas, entranhas podres, ossos sujos, vísceras coaguladas, coração às moscas e os restos mortais insepultos, para o opróbrio geral. Que o diga Mary McCarthy: Todos vivemos em suspense, dia após dia, hora após hora; em outras palavras, somos os heróis da nossa própria história... Não há do que se vangloriar, sou aquele que fez do dia o canto e fiquei sozinho de prontidão na chuva, com todos os desígnios despencando com o que sequer entendo ao inventar manhãs. E se não tenho saudades é porque tolo migrante sou pelas minhas mil e uma noites a girar errático no eixo da Terra para a felicidade dos nadas. Até mais ver.

 

MOBILIZAÇÃO PELA VIDA

Imagem: Acervo ArtLAM.

Um excêntrico, desertor e ateu, \ buscando refúgio na agronomia, \ em Goethe e na disciplina das crianças. Cuja vida \ o joga de um lado para outro em um campo minado \ como um cavaleiro de xadrez sem sela. Quem retrata \ a letra L: Lehrling , mas não faz uso \ das marchas básicas e nunca freia. \ Quem lê Pigs Fodder , com os pés num banho frio – para \ melhorar a concentração – \ e que espera descobrir abrigo nos livros de botânica, \ o chão sob os pés, \ mas não consegue encontrar uma folha de coltsfoot \ grande o suficiente para cobrir a sua própria sombra. \ Que trouxe para minha mãe no primeiro encontro um buquê \ de duas conchas e depois se afastou \ 800 km. Uma vez em campo, ele \ mudou novamente o rumo do bispo, \ direcionando-o de volta para a peça de xadrez real; \ aquela que pode mover-se sem dor \ em todas as direções, às vezes simplesmente com um olhar \ sem se mover, em direção a ela \ escondendo dentro de si \ os movimentos de todos os movimentos, vigiando-os. \ E eu: o resultado de uma votação familiar \ em fevereiro de 1970; ninguém impôs veto e o embrião \ cresceu livremente em mim, \ para que hoje eu possa olhar com calma para o meu caminho, \ uma trilha, já mais longa que a vida, para poder \ ver a sua vida \ pela frente, muito mais longa que o caminho. \ E assim meu pai investiu \ em mim seu herbário inacabado, \ e meus pensamentos amontoados entre \ as pilhas de livros como flores achatadas \ até que, em minha primeira coleção, \ toda essa erudição vegetativa explodiu \ e todas as lâminas, ordenadas com precisão, \ puderam voltar a ocupar \ seu antigo volume. \ E agora estou diante de um \ deserto sem fim de flores, palavras, dispostas e frescas, \ contraindo-se e expandindo-se à minha ordem \ como o universo. O que devo \ fazer com isso, aqui, \ neste lugar distorcido, \ a sangue frio? \ E agora diante dos meus olhos: um \ pampa interminável e incaracterístico \ dedanglers comuns, Vulpia myuros, \ cobertos com uma semente invejosa de \ anfíbios. \ Sua corrente difásica, alternada \ e as 1.200 páginas de notas frenéticas, \ jorrando com a magnitude \ de um furacão. Um fardo sifônico \ que você colocou sobre \ os ombros de seus filhos, a forma como \ uma guerra egoisticamente coloca seus corpos \ e sua memória ensangüentada em \ um anel mítico impenetrável e \o enterra para as gerações futuras \ entre as páginas de um livro terreno, um grande \ livro de capa dura inédito \ e sem correções e \ sem editor. \ Estaria Deus escondido entre grãos de bico, \ sementes de girassol e cenouras, \ na boca de prisioneiros distróficos \ a caminho de casa? \ Estaria Deus escondido nos tímpanos surdos dos rifles \ que a Gestapo lhes cutucou em Viena, \ quando vocês, rapazes, estavam jogando \ areia dentro dos eixos da composição ferroviária? \ Estaria Deus escondido em Jaroslav, um campo de internamento \ da Primeira Guerra Mundial, entre os dentes de ratos \ que, saltando sobre os prisioneiros, surpreendentemente não morderam? \ Deus da mãe ou seu não-Deus? \ Ambos anunciados \ em letras maiúsculas, \ ambos, numa hora de necessidade, soprados na escuridão \ sem resposta, \ ambos entorpecidos e frágeis \ como se estivessem agachados num barril fechado \ de bolota Mohojeva. \ Não foi a frente russa, nem a fome, nem o vinho, \ nem foram os teus estudos, não – \ nada importa senão a qualidade \ do carinho – \ no final – que gravou o traço na mente \ pomba sta memoria –\ foi a minha mãe quem mobilizou \ meu pai para o resto da vida, \ o amor gentil e inabalável \ chamado Zorka.

Poema da antropóloga, poeta, ensaísta, editora, tradutora e professora eslovena Taja Kramberger.

 

MISERICÓRDIA - [...] Eu sei que a felicidade é um bem raro. Devemos mantê-lo em nossos corações quando nos toca de perto, encher com ele todos os bolsos de nossa alma, para servir de escudo quando ocorrer o seu oposto... [...] A hora é o melhor estratagema inventado para desafiar a ausência de fim. Invenção humana para encurtar o tempo e dar-lhe o sentido que sem dúvida não tem. [...] Todas as espécies humanas estão acomodadas aqui e, como na vida lá fora, as más superam as outras. [...] Não quero pensar na tristeza e na dor, apenas na alegria que, por ser a mais frágil das três, é a que me mantém vivo. Assim, deixo de lado o que pesa e perturba, e penso na primavera que trouxe alegria e cobriu de paz as paredes do Hotel Paradis. [...] Às vezes penso que o mundo se organiza através de coincidências extravagantes, como se as palavras e as coisas se atraíssem pela simpatia e pela mímica, como se os animais e as vozes que os nomeiam se agrupassem em grupos inexplicáveis, uma espécie de igualdade invisível que aos nossos olhos é nada além de um mistério [...] É impossível ter um objeto secreto onde tudo é visto e revisto, examinado e inventariado pelos olhos dos outros, porque aqui onde estou não tenho nenhum canto próprio, nenhum objeto me pertence, até o meu corpo já não é mais um objeto. canto íntimo da minha alma como era antes. Só os meus pensamentos me pertencem, só eles não são monitorados, e ainda assim há quem tente adivinhar porque falo ou fico calado. [...]. Trechos extraídos da obra Misericórdia (D. Quixote, 2022), da premiada escritora portuguesa Lídia Jorge, que ainda expressa: Escrever é praticar a grande medicina da alma. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

RAZÃO, VERDADE & HISTÓRIAA filosofia precisa de visão e de argumento… há algo de decepcionante num trabalho filosófico que contém argumentos, por melhores que sejam, que não são inspirados por alguma visão genuína, e algo de decepcionante num trabalho filosófico que contém uma visão, por mais inspiradora que seja, que não é apoiada por argumentos …A especulação sobre como as coisas se articulam requer… a capacidade de estabelecer distinções e conexões conceituais, e a capacidade de argumentar… Mas visões especulativas, por mais interessantes ou bem apoiadas por argumentos ou perspicazes, não são tudo o que precisamos. Também precisamos daquilo que Burnyeat chamou de “visão” – e considero que isso significa visão sobre como viver as nossas vidas e como ordenar as nossas sociedades. Pensamento do filósofo estadunidense Hilary Putnam, que na sua obra Reason, Truth and History (Cambridge University Press, 1981), expressa que: […] Nenhuma pessoa sã deveria acreditar que algo é subjetivo simplesmente porque não pode ser resolvido sem controvérsia. [...] A ciência é maravilhosa em destruir respostas metafísicas, mas é incapaz de fornecer respostas substitutas. A ciência elimina os alicerces sem fornecer um substituto. Quer queiramos estar lá ou não, a ciência colocou-nos na posição de ter que viver sem fundamentos. Foi chocante quando Nietzsche disse isto, mas hoje é um lugar comum; nossa posição histórica - e não há fim à vista - é a de ter que filosofar sem 'fundamentos' [...] Tudo isso é realmente impossível, da mesma forma que é realmente impossível que macacos digitem por acaso uma cópia de Hamlet. [...]. Também autor do livro Jewish Philosophy as a Guide to Life: Rosenzweig, Buber, Levinas, Wittgenstein - The Helen and Martin Schwartz Lectures in Jewish Studies (Indiana University Press, 2008), expressa o pensamento de que: […] Eu posso somente satisfazer uma pessoa por dia. Hoje não é o seu dia, amanhã também não parece bom. [...] Corte a torta do jeito que quiser, os "significados" simplesmente não estão na cabeça! [...] as causas (dores) não são construções lógicas a partir dos seus efeitos (comportamento). [...].

 

NORDESTE DESCOBERTO OU INVADIDO...

[...] A partir de 1505 muitas expedições exploradoras foram enviadas à nossa Terra – percorrendo a costa, medindo-a e denominando os acidentes geográficos encontrados [...]. Por isso, é o Nordeste um todo a estudar, e um todo a deslumbrar o resto do Brasil. [...].

Trechos extraídos da obra Nordeste, berço do Brasil, descoberto ou invadido em 1500? Dos estudos nordestinos Raízes brasileiras (Autor, 1999), do poeta, professor e pesquisador Amaro Matias Silva (1922-2002). Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

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terça-feira, junho 11, 2024

ADA LIMÓN, MÓNICA BUSTOS, LETÍCIA CESARINO, ANUNA DE WEVER & O RECIFE DE CESAR LEAL

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Olho D'água (1979), Revivência (1983), Rio Acima (1986), Ihu - Todos Os Sons (1996), 2 Ihu Kewere: Rezar (1997), Neuneneu Humanity - Fragments Of Indigenous Brazil (2006) e Fala de Bicho, Fala de Gente (2014), da compositora, cantora e pesquisadora Marlui Miranda. Veja mais aqui e aqui.

 

TROPEÇANDO NO OBELISCO DERRUÍDO (Notas sobre a solidão...) – Apesar de tudo havia só os destroços do quintal no futuro abatido pelo novo efêmero presente. E tinha pressa para voar além do espaço que me rodeava, do tempo que vivia para me salvar da calamidade desatinada e das funduras subterrâneas donde emergiam dementadores insones. Reduzido à mudez resistia: nunca estive em cima ou qualquer lado do muro. Havia perdido o travesseiro do seio materno e não tinha para quem ligar porque o dia era o meio da noite e estava na linha de frente pronto para morrer. Lamentava Muriel Barbery: Pensei, tenha pena dos pobres de espírito que não conhecem o encanto nem a beleza da linguagem... Nas trincheiras quantos mortos e a crise caducou, mas já se renovava escondida no estalo da clâmide fabricante dos interesses de hieráticos negociantes: o quão penoso sofrer zis males por tortuosos quinhentos tombos. Encarava o monólogo dos meus fantasmas: a quarta parede caiu reduzindo às cinzas rabiscos misteriosos que jamais decifrei e as outras três em ruinas, o que é que poderia fazer bisonhamente envergonhado com o grotesco letal. Ali estava Joyce Carol Oates: O pior, entregar-se em troca de amor insuficiente... O sangue era o vinho nos escritos do muro em que porcos-espinhos armavam ciladas nas luzes do corredor clareando a cratera na Sibéria, a rachadura do Quênia, as erosões costeiras, voçorocas - ninguém seria muleta e quase misantropo aos tropeços remendava o que sobrou da queda, a ferrugem pra todo lado e Vico mostrava a decadência e o caótico. Marionetes inquietas olhavam pro lugar errado e a ironia de Dorothy Sayers: Os fatos são como vacas. Se você olhar na cara deles por tempo suficiente, eles geralmente fogem... Háháhá! Muito barulho aterrorizante pelos labirintos circulares inescapáveis: o despertar e o velório, para onde adicções e o que durou das inquietações frustrantes – era como quem ganhava o mundo a se perdia de si mesmo. Quase sou levado pelo alvoroço de festa das baratas tontas com as ofertas em liquidação – liquidado já estava nas teias das armadilhas inextricáveis: qual azimute e o vazio gritante, deliravam os desejos pelo lugar onde as coisas da felicidade estavam e não seria nenhum. Aprendia com os adversários perdidos entre a prescindência e a convulsão, dilemas irredutíveis e o coisificado com os efeitos da demolição: o que enganava e o enganado a cada milionésimo de segundo. O carrossel da vida em alta tensão e entre extremos: o desembesto e a polícia, a razão e a loucura, a obsolescência e os descartados, o espetáculo da confusão e as litanias vinte e quatro horas ininterruptas, quem brigava com quem: dez mil beijos e um milhão de tiros, a arte esmagada pela bomba que explodiu, o sonho estilhaçado que julguei só meu e era de todos: era só a guerra e já anoitecia no dia perdido. Até mais ver.

 

UM POEMA

Imagem: Acervo ArtLAM.

A NOTÍCIA QUE ELA NÃO DÁ A ELE (TODO MUNDO ESTÁ NOS MATANDO) – O atirador caminha \ pelo estacionamento, \ casualmente, como se estivesse pegando \ Kool-Aid e pão. O atirador \ caminha casualmente como seu colega de trabalho \ que leva o almoço para o parque \ e aproveita o sol nos ombros \ e o café branco com leite. \ O atirador se move e se move \ e se move como se não fosse um estranho \ , não nesta terra, ele se move \ como se não fosse dono de seu corpo, \ mas ele é dono da terra em que seu corpo \ anda, ele não é sangue e músculo, \ mas ele é uma ideia, uma ideia sobre o seu \ sangue e músculos e o meu corpo, \ o pistoleiro deve ter alguém \ que o ame, que \ alguns dias tire a arma dele e chore, \ ele diz, Branco não atira branco \ no outro pistoleiro curvado \ perto do carro, segurando um revólver \ tão casualmente que ele o guarda casualmente \ no porta-luvas, por \ segurança. O atirador não atira \ no atirador. Os sem armas são \ baleados casualmente— \ tênis brancos \ no estacionamento, tênis brancos \ de mulher...\ ela calça antes de ir \ buscar Kool-Aid e pão e anda \ casualmente com seus tênis brancos, até que \ o branco caia sobre ela, um \ choque branco e quente de branco, tão casualmente vem.

Poema da premiada escritora estadunidense Ada Limón, autora de livros como The Carrying e Bright Dead Things.

 

O MENINO BIZARRO & AS MOSCAS - [...] Nós o chamávamos de Cantinflas porque o nome dele era Mário Escuro. Mas não havia nada de cômico nisso, nem era amigável. Ele era um assassino de aluguel do bairro, um dos piores que existem, Por seis latas de cerveja ele trazia a cabeça de quem você quisesse, e por algum dinheiro extra ele mandava para alguém. Avançar [...]. Trechos extraídos da obra Chico Bizarro y las moscas (Calla Canalla, 2000), da escritora paraguaia Mónica Bustos, que é autora do poema Correntes Ininterruptas: medo de nunca ser domesticado fortalezas me acorrentaram o \ único lugar onde posso ir agora é uma loucura já faz mais de 20 anos fazendo esse tempo \ trancado em minha mente corpo a cela no mesmo lugar onde caí pela primeira vez.. \ aos 17 eu dei minha lealdade minha \ amo minhas lágrimas, minha alma, meu sangue em troca, \ ele me deu vergonha, dor, vício e dor, \ a única coisa que ele deu aos nossos filhos \ foi seu sobrenome... posso não ter estabilidade ou mesmo a capacidade de ficar longe das coisas \ que estão me matando, mas eu não me curvarei a ninguém, \ exceto ao pai e seu filho \ quebrando essas correntes, pensei que NUNCA SERIA FEITO... É também autora das obras León Muerto (2003), Complejo de Bustos (2004), El club de los que nunca duermen (2012) e Novela B. (2013).

 

O MUNDO DO AVESSO - [...] eu sou um sistema cibernético individuado, você também, assim como o computador no qual eu escrevo [...]. Trecho extraído da obra O mundo do avesso: Verdade e política na era digital (Ubu, 2022), da filósofa Letícia Cesarino, que em entrevista concedida à jornalista Liz Nóbrega, no Desinformante (Dez, 2022) expressou: A ideia é propor uma perspectiva alternativa para olhar o papel da tecnologia não só nos processos políticos, nos processos de produção de verdade em geral, no qual se inclui também os processos políticos, mas através de paradigmas que observam esses fenômenos em sua causalidade mais sistêmica e estrutural. Essa proposta não trabalha com essa dicotomia, que está mais no senso comum, ou seja, ou a tecnologia é um canal neutro e a fonte dos problemas é uma raiz social, política, histórica, mas tampouco ver a tecnologia como causando, por exemplo, a ascensão da extrema-direita de forma unilateral, como algumas interpretações, por exemplo, do evento da Cambridge Analytica, como se aqueles que manipulam os algoritmos tivessem um controle total sobre o usuário que está imerso naqueles ambientes. Então a ideia é trazer realmente uma perspectiva tecnopolítica, olhar a política na tecnologia também, ou seja, existem vieses técnicos embutidos no design dessas tecnologias, dessas arquiteturas algorítmicas, que nos ajudam a entender porque o fluxo do processo sociopolítico está indo numa certa direção e não em outra, ou seja, é um tipo de causalidade que olha mais para a questão das probabilidades, das abordagens e causalidades indiretas, aquelas causalidades circulares também que são bastante típicas das tecnologias cibernéticas. Diferente de outras infraestruturas técnicas, os agentes cibernéticos são máquinas que tomam decisões, e essas decisões interferem muitas vezes de forma subliminar, oculta, no direcionamento do comportamento humano também. Ou seja, a gente propõe, de certa forma, abrir a caixa preta da tecnologia para tentar inferir como ela influencia no comportamento social e humano. [...].

 

ATIVISMO AMBIENTAL - Quero causar um impacto da maior maneira possível. Antes que percebêssemos, éramos milhares de pessoas nas ruas todas as semanas, em todos os noticiários, reivindicando a agenda política e forçando os nossos líderes a ouvir e a intervir... Comecei o meu ativismo climático muito localmente, tentando mudar a política belga. Mas muito em breve percebi que o nosso sistema político não foi moldado para ser capaz de fazer isso. Eu própria estou a lutar contra a política belga com tudo o que posso, mas ela é irresponsável, infantil, ignorante e não enfrenta de forma alguma a crise climática de uma forma séria. Estamos a trabalhar em projetos como o acordo comercial UE-Mercosul, as metas climáticas da UE, fazer com que os meios de comunicação social registem os orçamentos de carbono… Mas em todos estes fatores, a Bélgica está completamente atrasada. Quem tem consciência da urgência da situação não conseguiria ser otimista. Corremos em direcção a ondas de calor, secas, fome, milhões de refugiados climáticos, países habitáveis… e ninguém se apercebe. Eu tenho esperança. Acredito que ainda podemos reverter isso. Temos muito pouco tempo para fazer isso. E é por isso que precisamos que todos se rebelem e avancem, para literalmente lutarem pelo nosso futuro. Pensamento da estudante e ativista belga Anuna De Wever, uma  uma das principais figuras da Fridays for Future.

 

RECIFE EM DEZEMBRO, CÉSAR LEAL

Ao morno céu de dezembro \ a vida passa flotando \ e o sol se oferta ao Recife \ e às dunas da praia atlântica. \ O calor inventa nuvens \ de alaranjados suores \ sobre a fadiga às janelas \ e dorme nos escritórios. \ Há luzes nas avenidas, \ nas praças, nos sky sings \ doando seu triste às cores \ que há no ritmo da tarde. \ Telhados de tantos séculos, \ céu veloz sobre a cidade, \ todo o Recife incendiado \ entre as chamas do Natal. \ Velhas e tantas igrejas \ tantas pontes inventadas \ sobre as pontes, velozmente \ passa a vida em disparada. \ Soberbo perfil de touro, \ burgo velho enfeudalado: \ - eis o Recife, um vasto império \ por mocambos coroado.

Poema do poeta, jornalista, professor e crítico literário Cesar Leal (1924-2013), autor de livros como Os heróis (Bagaço, 2008), Alturas (1997), O arranha-céu e outros poemas (1994) e Os cavaleiros de Júpiter (1968), entre outros. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

 

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segunda-feira, junho 03, 2024

JUDITH MALINA, RACHEL BLOOM, HAL FOSTER & RIO UNA!

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som do álbum Kiribasáwa Yúri Yí-Itá (“A Força que vem das Águas” - 2021), do grupo de cantoras e artesãs do norte do Pará, Suraras do Tapajós, oriundo da Associação Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós, uma organização que reúne integrantes de várias etnias e idades, por meio da música do carimbó e suas raízes sertanejas, africanas e indígenas.

 

AINDA É CEDO E AMANHÃ TARDE DEMAIS... - Era a primeira vez e o amor desafinado respirava a noite intrínseca, a vida erguia o desastre e o que fora soterrado pela areia do tempo. A mutilada chance nas dores partidas pelos pedaços de sonhos súbitos e a mão arruinada levitava a desgraça apodrecida impressa nos muros do Recife. Quase nem deu para ouvir Hélène Cixous: As pessoas não te veem, / Te inventam e te acusam... Eu também transbordo; ... meu corpo conhece músicas inéditas... Quantos prodígios ignorados e o que se toma por inquestionável, os meios precários de tão impacientes: o dia perdeu as horas e a data estômago a dentro. O que tinha lembrado e o esquecido acendendo a distância perdida, um alvo móvel na direção: lugares decadentes e inútil espera, só uma ou outra surpresa pro desânimo, com seus espasmos fustigantes pelo que dizia Paulina Chiziane: O meu vício chama-se questionar, incomodar. Questionem tudo o que vos oferecem como perfeito... Era o lenocínio das mundividências e tudo se escondia no nada. Coisas de nunca. A nervura dos trajetos e o que de palpável se fizera dos gestos erráticos na veemência da ignorância renitente. Ainda deu pra ouvir Anthony Braxton: Aprendi ao longo do tempo que nem todos estão interessados nos tipos de coisas que me fascinam... Só estremecimentos e o que se sucedia do inexplicável tão fútil se parecera. Momentos espalhados e o que importava a indiferença, latejavam esperanças gastando as brechas restantes nas curvas inclinadas das grandes escuridões. Alguém veria e era o amor, aprendia sozinho: os olhos mergulhados no futuro. E mais aprendia o deserto adivinhando clareiras onde sequer existiam. Era o poeta e a metáfora do espelho: quem devia esta vida pra outra, o porquê dos quando. E sonhou perder-se na noite e roubou as estrelas, degelou os polos, inundou a terra, bebeu os rios e evaporou os mares. Findava só vendo o que fez porque ainda era cedo e amanhã será tarde demais. Até mais ver.

 

DOIS POEMAS

Imagem: Acervo ArtLAM.

ESPLENDOR - O esplendor nunca é simples. \ Vem à luz \ Quando as 1000 coisas \ se agitam contra a alma, \ Cintilando os arredores\ Para que a mente cega\ possa ver o que está sempre lá, \ Obscurecido pelos costumes. \ O esplendor só ocorre \ quando cada uma das 1000 coisas \ está precisamente no lugar.

HÁ TEMPO - Porque somos mortais. Existe \ Morte porque não somos \ Nada. Existe amor \ Porque somos loucos \ E queremos ser felizes para sempre.

Poemas da atriz, dramaturga e escritora alemã Judith Malina (1926-2015). Veja mais aqui, aqui e aqui.

 

QUERO ESTAR ONDE AS PESSOAS NORMAIS ESTÃO – [...] A depressão, por exemplo, não se parece com esta palavra estéril da sala de espera do hospital: depressão. Parece que meu interior está ficando cinza, o que faz as árvores ficarem cinzentas, o que faz toda a vida ficar cinza, que é a cor que todos nós eventualmente nos tornamos, porque tudo leva ao nada. [...] Minha mãe sempre comparou pensamentos ruins a um pássaro em um celeiro. Se um pássaro voar para dentro do celeiro, você pode reconhecer que há um pássaro no celeiro, mas não precisa fazer um ninho para ele de repente. “Basta deixar o pássaro voar e ele eventualmente voará para fora.” Que é, em essência, terapia cognitivo-comportamental [...] Eu sou um garoto do teatro. Isso significa que estou desesperado para ser o melhor, desesperado para agradar, desesperado para nunca decepcionar ninguém. Não há espaço para fracasso, porque fracasso é igual a fraqueza, o que é igual a morte [...] O que eu mais amava no teatro era que ser um garoto do teatro era uma explicação fácil para o motivo pelo qual eu não me encaixava. [...]. Trechos extraídos da obra I Want to Be Where the Normal People Are (Grand Central Publishing, 2020), da atriz, humorista, cantora e compositora estadunidense Rachel Bloom. Veja mais aqui.

 

O QUE VEM DEPOIS DA FARSA? - [...] Uma política da pós-verdade é com certeza um enorme problema, mas uma política da pós-vergonha também é. [...] Se tudo isso parece terrivelmente sombrio, é porque é mesmo. Em muitos aspectos, olhamos para um mundo que fugiu ao nosso controle – não só política como também tecnologicamente. E essa situação extrema provocou formulações extremas por parte de artistas e críticos. [...] O padrão da tragédia seguida pela farsa tem, ainda, certa lógica: a história preserva uma narrativa mesmo que anticlimática. No entanto, talvez essa coerência fosse uma ilusão e, mais uma vez: o que poderia vir depois da farsa, afinal? Necessariamente nada. Paliativos como “o arco do universo moral se inclina em direção à justiça” ou “devemos trabalhar para uma união mais perfeita da nação” já não tranquilizam ninguém. Nada está garantido; tudo é luta. De novo, de um ponto de vista particular, já não está claro se a arte pode depender de seu passado, e seu presente também parece institucionalmente tênue. [...] Tal é a oportunidade no período presente de convulsão política: transformar a emergência disruptiva em mudança estrutural ou, pelo menos, pressionar as brechas na ordem social em que é possível resistir ao poder e reelaborá-lo. [...] Há muito a ser debatido em termos de táticas e efeitos. Contudo, um resultado desses desdobramentos é decerto uma volta inesperada do museu e da universidade como possíveis locais de resgate da esfera pública, em que, ao menos em princípio, podem-se expressar críticas e se propor alternativas. Eles emergiram como pontos de pressão para artistas ou críticos ativistas que têm se empenhado em explorar as tensões entre os compromissos públicos dessas instituições e os interesses privados que as dirigem. [...]. Trechos do prefácio da obra O que vem depois da farsa? (Ubu, 2021), do crítico de arte e historiador estadunidense Hal Foster (Harold Foss Foster) que trata sobre terror e transgressão, vestígio traumático, O kitsch de Bush, Estilo paranoico, Coisas selvagens, Conspiradores, Plutocracia e exibição, Deuses-fetiche, Belo hálito, Greve humana, Exibicionistas, Caixas cinza, Underpainting, Mídia e ficção, A pianola, Olho-robô, Telas estilhaçadas, Imagens de máquina, Mundos-modelo, Ficções reais, entre outros assuntos. Ele também é autor das obras What Comes After Farce? Art and Criticism at a Time of Debacle (2020), O retorno do real (Cosac Naify, 2014) e O complexo arte-arquitetura (Cosac Naify, 2015), entre outras. Veja mais aqui.

 

VIDA, DE JAYME GRIZ

Olores do cosmos \ música das esferas \ loucura do infinito \ E enquanto isto, \ a vida \ nas suas secretas e misteriosas fontes, \ vibra \ estremece, \ se agita, \ e continua... \ largando cada alfar do peito antigo, \ um soturno grito! \ Brado velho, antigo, imemorial, \ cheio de estranha e absurda finalidade: \ Eternidade! \ Eternidade! \ Eternidade!

Poema Vida, extraído da obra Rio Una – poemas (Diário da Manhá, 1951), do poeta, jornalista, economista e folclorista Jayme Griz (1900-1981). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

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Palmares conta a sua história... – Semana Palmares de 03 a 07/06 – E no próximo dia 06 de junho, na Biblioteca Pública Fenelon Barreto – Palmares – PE, acontecerá a palestra Arte em Palmares: do Club Litterario ao século XXI, que ministrarei para o público em geral, especialmente nos horários: 9h – para alunos da Escola Municipal Jayme de Castro Montenegro; 14h – para alunos do Ginásio Municipal dos Palmares; e às 19h – para alunos da Escola Estadual Galtemir Lins. Promoção da Biblioteca Fenelon Barreto & Amigos da Biblioteca, com apoio da Semed-Palmares, Observatório de Linguagens, IbaValeUna & Academia Palmarense de Letras (APLE). Estão todos convidados.

 

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Tem mais:

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Poemagens & outras versagens aqui.

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Teatro Infantil: O lobisomem Zonzo aqui.

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VALUNA – Vale do Rio Una aqui.

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Crônica de amor por ela aqui.