quinta-feira, janeiro 15, 2015

ANA PAULA TAVARES, CAMILLE PAGLIA, ELIZABETH HARROWER, BOURDIEU, REBECCA SCHAEFFER & ISAIAH BERLIN

 


A ÚLTIMA CENA DE REBECCA - Desde menina interessada em moda e artes cênicas, logo tornou modelo fotográfica e da passarela ainda na infância. Tornou-se uma linda adolescente e foi pra New York buscar oportunidades e se formou como atriz. O sucesso levou-a ao Japão estrelando capas de revistas, desfiles, campanhas publicitárias e comerciais na televisão. Ao regressar focou seu aperfeiçoamento na carreira de atriz, enquanto servia de garçonete para bancar seus estudos. Não demorou muito e lá estava ela na novela One life to live, depois os seriados My Sister Sam e Radio Days, a comédia Scenes from the Class Struggle in Beverly Hills, atuações em The End of Innocence, Voyage of Terror: The Achille Lauro Affair e Out of Time. Radiantemente linda, emergiram fãs apaixonados com insistentes pedidos de casamento, o que a fez parar de responder aos tantos convites. Uma estrela em ascensão, apaixonada pelas câmeras e passarelas, digna de louvores. Um dia estava em casa aguardando o envio de um roteiro, quando foi surpreendida por um tiro no peito, à queima roupa, provocando hemorragia e parada cardíaca. Era a paixão obsessiva de um fã, réu confesso. Assim se foi a bela e jovem Rebecca Lucile Schaeffer (1967-1989). Veja mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Não podemos ter um mundo onde todos são vítimas. "Eu sou assim porque meu pai me fez assim. Eu sou assim porque meu marido me fez assim." Sim, somos de fato formados por traumas que acontecem conosco. Mas então você deve assumir o comando, você deve assumir, você é responsável. Carisma é a aura numinosa em torno de uma personalidade narcisista. Ela flui para fora de uma simplicidade ou unidade de ser e uma compostura e vitalidade controlada. Há acomodação graciosa, mas impessoalidade imponente. Carisma é o brilho produzido pela interação de elementos masculinos e femininos em uma personalidade talentosa. A mulher carismática tem uma força e severidade masculinas. O homem carismático tem uma beleza feminina fascinante. Ambos são quentes e frios, brilhando com amor próprio pré-sexual. Pensamento da escritora, professora e acadêmica Ph.D, ensaísta crítica social e de arte estadunidense, Camille Paglia. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: O que é a vida? (1) História contada por um idiota cheio de som e fúria, sem significar nada. (2) Definição de dicionário em biologia (processo químico dentro de entidades orgânicas envolvendo metabolismo, etc.) (3) Sra. Woolf: “A vida é um halo luminoso, um invólucro semitransparente que nos envolve desde o início da consciência até o fim”. (4) Série de dados comportamentais reais e hipotéticos que diferem em certos aspectos atribuíveis dos dados que definem entidades mortas ou inanimadas. (5) Aquilo que o Senhor infundiu em Adão. Veja Gênesis 1.4 [sc. 2. 7]. Qual? Cãibra Mental... Só me sinto feliz quando sinto a solidariedade da maioria das pessoas que respeito e que estão comigo. Este país é sem dúvida o maior conjunto de seres humanos fundamentalmente benevolentes alguma vez reunidos, mas a ideia de ficar aqui continua a ser um pesadelo. Certamente nenhuma política é mais real do que a da vida académica, nenhum amor mais profundo, nenhum ódio mais ardente, nenhum princípio mais sagrado. Pensamento do filósofo letão Isaiah Berlin (1909-1997), que no seu livro The Crooked Timber of Humanity: Chapters in the History of Ideas (Princeton University Press, 2013), expressou: […] A liberdade e a igualdade estão entre os principais objetivos perseguidos pelos seres humanos ao longo de muitos séculos; mas a liberdade total para os lobos é a morte para os cordeiros, a liberdade total dos poderosos, dos talentosos, não é compatível com os direitos a uma existência decente dos fracos e dos menos talentosos [...]. No livro The Proper Study of Mankind (Farrar, Straus and Giroux, 2000) ele expressou que: […] A noção do todo perfeito, a solução final na qual todas as coisas boas coexistem, parece-me não apenas inatingível — isso é um truísmo — mas conceitualmente incoerente. .[...] Alguns entre os grandes bens não podem viver juntos. Essa é uma verdade conceitual. Estamos condenados a escolher, e cada escolha pode acarretar uma perda irreparável. [...] Já no livro The Hedgehog and the Fox: An Essay on Tolstoy's View of History (Princeton University Press, 2013), por fim expressa: […] A ciência não pode destruir a consciência da liberdade, sem a qual não há moralidade nem arte, mas pode refutá-la. [...]. Veja mais aqui.

 

O QUE FALAR QUER DIZER – [...] A língua legítima não tem o poder de garantir sua própria perpetuação no tempo nem o de definir sua extensão no espaço. Somente esta espécie de criação continuada que se opera em meio às lutas incessantes entre as diferentes autoridades envolvidas, no seio do campo de produção especializada, na concorrência pelo monopólio da imposição do modo de expressão legítima, pode assegurar a permanência da língua legítima e de seu valor, ou seja, do reconhecimento que lhe é conferido [...]. O que faz o poder das palavras e das palavras de ordem, poder de manter a ordem ou de a subverter, é a crença na legitimidade das palavras e daquele que as pronuncia, crença cuja produção não é da competência das palavras [...] Sustentar que a percepção do mundo social implica um ato de construção não implica, de modo algum, que se aceite uma teoria intelectualista do conhecimento: o que é essencial na experiência do mundo social e no trabalho de construção que ela comporta opera-se, na prática, aquém do nível da representação explícita e da expressão verbal [...] Trechos extraídos da obra A Economia das Trocas Linguísticas: O que Falar Quer Dizer (Perspectiva, 2007), do sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

A TORRE DE VIGIA - [...] Mas o mundo, pobre mundo, estava tão sobrecarregado de inteligência quanto de estupidez, e em certo sentido (sem isso), eles não eram a mesma coisa? Oh, ele é inteligente, pensou Clare, mas quem é bom? Quem é bom? Quem é bom? [...] Você pode admirar a maneira como alguém enfrenta circunstâncias difíceis, mas não pode admirá-lo por causa delas. [...]. Trechos extraídos da obra The Watch Tower (Text, 2013), da escritora australiana Elizabeth Harrower (1928-2020), que na obra Down in the City (Text Classics, 2014), expressou que: [...] Por cinco dias a cidade murchou sob um céu duro, sufocando em uma temperatura que permaneceu fixa em meados dos anos 30. Mesmo à noite não havia alívio para o calor. Pijamas e camisolas grudavam pegajosamente na pele úmida. Figuras seminuas e autocompassivas se levantaram, exasperadas pela insônia, para tropeçar em quartos escuros em busca de um local mais fresco do que sua cama, esperando que, acidentalmente, pudessem acordar qualquer dorminhoco nojento que a casa contivesse. Água fria corria quente das torneiras, e as estradas se transformavam em alcatrão. [...] A cidade, para ela, significava alguns quarteirões específicos — os melhores quarteirões — dispostos juntos em um retângulo organizado, ligados por galerias e lojas de departamento; três ruas em uma direção, cortadas por quatro em ângulos retos, delimitadas no topo por jardins, fechadas na parte inferior e em cada extremidade. Três ou quatro vezes por semana, ela andava pelas ruas desses quarteirões, sentia o cheiro do café, das flores, do couro rico e caro, dos cosméticos. [...]. A ela é atribuida a frase: Se dois homens estivessem andando pela rua e um tijolo caísse em um, errando o outro, isso tornaria o ferido uma pessoa melhor?...

 

CINCO POEMAS - I – Meu corpo é um grande mapa muito antigo \ percorrido de desertos, tatuado de acidentes\ habitado por uma floresta inteira\ um coração plantado\ dentro de um jardim japonês\ regado por veias finas\ com um lugar vazio para a alma. II – Desossaste-me\ cuidadosamente\ inscrevendo-me\ no teu universo\ como uma ferida\ uma prótese perfeita\ maldita necessária\ conduziste todas as minhas veias\ para que desaguassem\ nas tuas\ sem remédio\ meio pulmão respira em ti\ o outro, que me lembre\ mal existe\ Hoje levantei-me cedo\ pintei de tacula e água fria\ o corpo aceso\ não bato a manteiga\ não ponho o cinto\ VOU\ para o sul saltar o cercado. CANTO DE NASCIMENTO - Aceso está o fogo\ prontas as mãos\ o dia parou a sua lenta marcha\ de mergulhar na noite.\ As mãos criam na água\ uma pele nova\ panos brancos\ uma panela a ferver\ mais a faca de cortar\ Uma dor fina\ a marcar os intervalos de tempo\ vinte cabaças deleite\ que o vento trabalha manteiga\ a lua pousada na pedra de afiar\ Uma mulher oferece à noite\ o silêncio aberto de um grito\ sem som nem gesto \ Capenas o silêncio aberto assim ao grito\ solto ao intervalo das lágrimas\ As velhas desfiam uma lenta memória\ que acende a noite de palavras\ depois aquecem as mãos de semear fogueiras\ Uma mulher arde\ no fogo de uma dor fria\ igual a todas as dores\ maior que todas as dores.\ Esta mulher arde\ no meio da noite perdida\ colhendo o rio\ enquanto as crianças dormem\ seus pequenos sonhos de leite. A ANONA - Tem mil e quarenta e cinco\ Caroços\ Cada um com uma circunferência\ À volta\ Agrupam-se todos\ (arrumadinha)\ No pequeno útero verde\ Da casca. AMARGOS COMO OS FRUTOS - Amado, por que voltas\ com a morte nos olhos\ e sem sandálias\ como se um outro te habitasse\ num tempo\ para além\ do tempo todo\ Amado, onde perdeste tua língua de metal\ a dos sinais e do provérbio\ com o meu nome inscrito\ Onde deixaste a tua voz\ macia de capim e veludo\ semeada de estrelas\ Amado, meu amado,\ o que regressou de ti\ é a tua sombra\ dividida ao meio\ é um antes de ti\ as falas amargas\ como os frutos. Poemas da poeta e historiadora angolana Ana Paula Ribeiro Tavares.

 

SACADOUTRAS

 

UM SONHO ABATIDO À BALA – O pastor evangélico, ativista político e líder dos direitos humanos norte-americanos Martin Luther King Jr (1929-1968) que lutou em defesa dos direitos sociais para os negros e mulheres, combatendo o preconceito e o racismo. A sua voz e ação era em defesa da luta pacífica, baseada no amor ao próximo, como forma de construir um mundo melhor, baseado na igualdade de direitos sociais e econômicos. Repetia com veemência que “Sonho com o dia em que a justiça correrá como água e a retidão como um caudaloso rio”. E que: “Nada no mundo é mais perigoso que a ignorância sincera e a estupidez conscienciosa”. Em seu discurso, Eu tive um sonho (I have a Dream), ele vociferou: [...] Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano. Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais. Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade. Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça. Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje! Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje! Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta. Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado [...]. King recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 14 de outubro de 1964, por sua luta no combate à desigualdade racial através da não violência. Incluiu a seguir na sua pauta de reivindicação a pobreza e a Guerra do Vietnã, passando a ser odiado por segregacionistas do sul, culminando com o assassinato no dia 4 de abril de 1968, em Menphis, no Tennessee. Veja mais aquiaqui

Imagem: Montanas, 1940, da artista visual colombiana Débora Arango (1907-2005). Veja mais aqui.

Ouvindo: Dança das cabeças, álbum de 1977 de Egberto Gismonti e Naná Vasconcelos. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

A PERSISTÊNCIA DE VENCER – A brasileira descendente de imigrantes alemães, Maria Emma Hulga Lenk Zigler (1915-2007), mais conhecida como Maria Lenk. foi a principal nadadora brasileira que estabeleceu um recorde mundial, deu ao Flamengo diversos títulos importantes e foi a única mulher a ser introduzida no Swimming Hall of Fame, em Fort Lauderdale, Flórida. Por sua garra e determinação, enfrentando todas as dificuldades e reveses, ela perseguiu seus sonhos para realizar-se como importante atleta. Ela é mais a ser incluída nas homenagens da campanha Todo dia é dia da mulher. Veja mais aquiaqui.

A DAMA DAS CAMÉLIAS – A cortesã francesa Marie Duplessis, pseudônimo adotado por Rose Alphosine Plessis (1824-1947), foi a inspiradora da personagem Maguerite Gautier, do romance A dama das camélias, de Alexandre Dumas Filho, aquela que na vida real não deixou de ter amantes. Nascida na pobreza, começou a trabalhar muito jovem, tornando-se aos quinze anos amante de um rico comerciante. Possuía uma beleza radiante e fora do comum, tornando-se, por isso, a cortesã mais cara de Paris aos dezesseis anos de idade. Aos vinte anos de idade, conheceu o escritor e se apaixonaram, tornando-se amante. Tempos depois romperam porque o escritor alegou: não sou rico para amá-la como gostaria e nem pobre para ser amado da forma que ela desejava. Tornou-se depois amante do compositor Franz Liszt. Ela, então, aos vinte e dois anos, foi para Londres e casou-se com o Conde Edouard de Perregaux que logo se desfez, fazendo-a volta tuberculosa para a vida mundana em Paris, até morrer arruinada aos vinte e três anos de idade. Um ano depois de sua morte, o escritor faz a sua homenagem escrevendo o seu livro que se tornou um clássico da dramaturgia mundial, apresentado no cinema, no teatro e na ópera. Tem-se o registro que o compositor Giuseppe Verdi inspirou-se na história para criar a sua La Traviata. No cinema foi denominado originalmente de Camile, filmado em 1936, sendo no Brasil denominado A dama das camélias, dirigido por George Cukor e estrelado por Greta Garbo e Robert Taylor. Veja mais aquiaquiaqui.


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O coração de Iaravi, Manifesto Appellatio, Edgar Degas, Ewa Kienko Gawlik & J. Lanzellotti aqui.
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