Minha música foi revelada ao mundo através do
lançamento do meu primeiro álbum e minha carreira musical começou a se
desenvolver e crescer lentamente a partir daí. Foi uma progressão natural que
eu alimentei, alimentei e continuei trabalhando duro para continuar seguindo em
frente...
Pensamento
ao som dos álbuns Becalmed (2010), Night Sky (2012), Wide
Asleep (2016), Yonder (2017), Scattered on the Wind (2020), Echoes
In The Valley (2021), A World Outside (2023) e Become the Sky
(2025), da pianista e compositora australiana Sophie Hutchings.
A festa
épica panapaná...
– Era a vez do pastoril: Eu sou uma borboleta, pequenina e feiticeira, ando
no meio das flores procurando quem me queira... E começou a encenação: Despertai
ó humanidade: É a Festa do Sol no solstício de verão do nosso jardim repleto de
paineira-rosa, caraguatás e gravatás, ora-pro-nobis e flor-de-fogo. Viva!!! A
menina nasceu, Frei Gaspar, pra festa dos irmãos Valença. Viva!!! Despertai ó
humanidade, chegamos desde o meio do Eoceno para celebrar o nosso Hanamatsuri!
A orquestra de pau e corda está pronta com o terém-tém-tém da viola, o golpeado
do pandeiro: potoc-toc-toc, o seu tremulado, o seu balançado. Viva!!! Vamos
fazer as jornadas que a lua nasceu no Egito! E haja festa: É hora da
louvação / louvem todas a voar / salves os vivos e mortos / e tudo mais vamos
louvar! Louvemos a menina que nasceu! Viva!!! Louvemos a bem-aventurada Psiquê,
que veio abençoar a natalidade! Viva!!! Louvemos as borboletas que, no Bhagavad
Gita, é a mulher, o espírito viajante e a ressurreição. Viva!!! Louvemos o Tochmarc
Étaíne dos Ulaide! Viva!!! Louvemos Itzpapalotl do paraíso de Tomoachan, com
seu manto invisível de obsidiana. Viva!!! Louvemos os amantes Liang Shanbo e
Zhu Yingtai! Viva!!! Louvemos a injustiçada rainha Lâmia! Viva!!! Louvemos
Mariana, a protetora do lago do Pará e as irmãs turcas, Jarina, Herondina e
Mariana! Viva!!! Louvemos Brites de Almeida, a padeira de Aljubarrota! Viva!!! Louvemos
a pedra do fogo ctoniano oculto, o número do centro do mundo, o Sol do tempo da
guerreira no céu das águias! Viva!!! Louvemos o trâmite do ovo, a pupa, a
crisálida e a imago! Viva!!! É a hora do Auto dos Trovadores, a Gaia Ciência no
XIV soneto de Cláudio Manoel da Costa: Quem deixa o trato pastoril
amado \ Pela ingrata, civil correspondência, \ Ou desconhece o rosto da
violência, \ Ou do retiro a paz não tem provado... E viva os brincantes: a
Pavão-escarlate é a Mestra; a Azul-de-cauda-longa é a Contra-mestra; a Monarca
é a Diana; e a Oitenta-e-oito, a Capitão-do-mato, a Olho-de-pavão, a
Olho-de-coruja e a Zebra juntam todas as pastorinhas. Viva!!! E vamos pra longa
viagem! Não tem homem nesta festa, não? Doro logo adiantou-se invocando
Aguinados e Aurelianos pros Villancicos! Alto lá, adiantado, já vimos suas
presepadas. E ficou na plateia entre floricultores, lepidopterista,
entomólogos, taxidermistas, borboletários, mariposas, bichos da seda,
mandrovás, lagartas, taturanas, besouros, joaninhas, marimbondos, abelhas,
vespas e moscas. Nada de puçá nem motefobistas, nem orioles, aranhas,
louva-a-deus, formigas, sapos, lagartixas e vespas, viu? Logo apareceu o velho
Rabeca com uma glíptica asteca, fazendo mesuras em honra ao imortal jardineiro
Yan-k'o. Viva!!! A menina nasceu! Viva o cordão azul! Viva!!! Viva o cordão
encarnado! Viva!!! Quem é a mais bonita? Vamos pro baile das flores de
Itapipoca! Bora!!! E todas exibiram seus diademas e tiaras, suas fitas e
requebros, seus cintos e seus coletes decotados. “Quem quiser que se remexa
/ para ver se não apanha / minha volta é cruel / o encarnado é quem ganha!”.
Logo surgiu a Borboleta Azul que invocou os seus simpatizantes. A festa corria
solta e foi a maior disputa, cada qual a preferida de muitos. Com o impasse do
empate, deu-se a despedida, quando soou o alarme: Beija-flor! Foi a maior
correria, todas buscando abrigo. Psiquê interviu: Pare! Nobre deusa,
quanta honra, minhas reverências! Você não é bem-vindo! Como assim? Este é um
festejo privado! Ah, a senhora não sabe? Sou Coacyaba, vim ver minha
filha Guanamby, encontrar minha noiva e anunciar meu casamento! A deusa então
sorriu, pois sabia que fora Tupã quem a transformou, para que pudesse salvar
sua filhinha aprisionada numa flor. E como ela está? Vou vê-la agorinha mesmo,
majestade! Então, traga-a pra gente comemorar juntas e carregar os sonhos! E o
trupé recomeçou até a apoteose depois de raiar o dia. Até mais ver.
Niki de Saint Phalle: Meu destino é criar um lugar onde as pessoas possam vir e ser felizes: um jardim de alegria... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.
Shere Hite: Considere a
escolha entre ir atrás de dinheiro ou de ideais. Há tanta pressão para ir atrás
de dinheiro que o idealismo tem pouca visibilidade. Faça algo que signifique
algo para você... Veja mais aqui, aqui & aqui.
Roseanne Barr:
Com tempo suficiente e sem
outras opções, posso me adaptar a quase tudo... Veja mais aqui, aqui & aqui.
SALVE-SE QUEM PUDER
Imagem: Acervo ArtLAM.
Se fui amarga foi pela pena \
O capitão gritou, “salve-se quem puder” \ e eu,
sem pensar, lancei-me à água \ como ávida nadadora, \ como se sempre tivesse
esperado esse momento, \ o momento supremo de solidão \ em que nada pesa \ nada
resta \ senão o desejo impostergável de viver; \ me lancei à água, é fato, sem
olhar para trás. \ Se olhasse talvez não tivesse me lançado. \ teria vacilado
olhando teus grandes olhos tristes. \ sinistros remorsos teriam me impedido \ de
saltar ao espaço \ tocar a fria umidade do ar \ o noturno sereno \ e cair \ como
recém-nascida \ na flutuante superfície do bote \ onde tudo haverá de continuar
\ não se sabe onde. \ Se tivesse olhado para trás, \ teus grandes olhos tristes
\ a vela suspendida \ os cabos soltos \ as câmaras inundadas \ como as memórias
salgadas do mar. \ Se
tivesse olhado para trás, \ “Salve-se quem puder” \ gritava o capitão. \ De ter
olhado \ de ter voltado os olhos \ como Eurídice \ já não poderia saltar \ pertenceria
ao passado \ ancorada entre as redes do barco, seu capitão, a ferrugem das
cadeiras \ os versos que consumíamos nas noites de vigília \ tua preguiça de
saltar, \ tua vingança de correr, \ presa entre as famosas trepadeiras dos
versos preferidos, \ caso tivesse respirado mais o ar salino \ nem visto
aparecer o sol; \ era um caso de vida ou morte. \ “Salve-se quem puder” \ tinha
gritado o capitão, \ a vida era uma hipótese de salto, \ permanecer, uma morte
segura.
Poema da escritora,
professora, ativista e tradutora uruguaia Cristina Peri
Rossi, que assim se expressou no seu
autoexílio: Estritamente não se
pode voltar porque é um tempo que já não existe...
Veja mais aqui, aqui & aqui.
QUANDO ÉRAMOS FELIZES, MAS
NÃO SABÍAMOS - [...] Maturidade também é um corpo, um gesto, uma
careta, um passado mais do que um futuro. Maturidade é um personagem que apaga
os limites do etéreo para desenhar com um cinzel e apagar toda aquela promessa.
Maturidade é o desaparecimento progressivo de linhas inacabadas. É se tornar
uma pessoa específica, determinada. No meu caso, é ser quem eu sou, ter uma
compreensão cada vez mais clara disso e estar disposto a abraçá-lo, para o bem
ou para o mal. [...].
Trecho extraído da obra Cuando éramos felices pero no lo sabíamos (Ariel, 2022), da escritora
e jornalista colombiana Melba Escobar (Melba Escobar
de Nogales), autora de obras como La Mujer que Hablaba Sola (2019), Bogotá Sueña. La Ciudad Por Los Niños (2007), Duermevela (2010)
e Johnny e o mar (2014), entre outros. Veja mais aqui e aquí.
VIVENDO COMO UM PÁSSARO - [...]
Se há territórios que querem
ser cantados ou, mais precisamente, que só querem ser cantados, se há
territórios que querem ser marcados pela potência dos simulacros da presença,
territórios que se tornam corpos e corpos que se estendem em lugares de vida,
se há lugares de vida que se tornam canções ou canções que criam um lugar, se
há potências do som e potências dos cheiros, há, sem dúvida, muitos outros
modos de ser, de habitar, que multiplicam os mundos. Que verbos poderíamos
descobrir que evocassem essas potências? Poderiam existir territórios dançados
(potência da dança a ser concedida)? Territórios amados (que só querem ser
amados? Potência do amor), territórios disputados (que só querem ser
disputados?), compartilhados, conquistados, marcados, conhecidos, reconhecidos,
apropriados, familiares? Quantos verbos e quais verbos podem fazer território?
E quais são as práticas que permitirão que esses verbos proliferem? Estou
convencido, junto com Haraway e muitos outros, de que multiplicar mundos pode
tornar o nosso mais habitável. […] Eu digo "habitar", eu deveria
dizer "coabitar", porque não há maneira de habitar que não seja,
antes de tudo, "coabitar". [...] Não esquecer que essas canções estão desaparecendo, mas que
desaparecerão ainda mais se não lhes dermos atenção. E que com elas
desaparecerão múltiplas formas de habitar a terra, invenções da vida,
composições, partituras melódicas, apropriações delicadas, modos de ser e
importâncias. Tudo o que faz territórios e tudo o que torna territórios
animados, ritmados, vividos, amados. Habitados. Viver em nosso tempo,
chamando-o de "Fonoceno", é aprender a prestar atenção ao silêncio
que o canto de um melro pode trazer à existência, é viver em territórios
cantados, mas também não é esquecer que o silêncio pode se impor. E que o que
também corremos o risco de perder, por falta de atenção, será a coragem
cantante dos pássaros. [...] Primeiro, era um melro. A janela do meu
quarto tinha sido deixada aberta pela primeira vez em meses, como um sinal de
vitória sobre o inverno. Seu canto me acordou ao amanhecer. Cantava com todo o
coração, com toda a força, com todo o seu talento de melro. Outro respondeu um
pouco mais longe, provavelmente de uma chaminé próxima. Eu não conseguia mais
dormir. Esse melro cantava, como diria o filósofo Étienne Souriau, com o
entusiasmo do corpo, como os animais podem fazer quando completamente absortos
em brincadeiras e simulações de faz de conta. 2 Mas não foi esse entusiasmo que
me manteve acordado, nem o que um biólogo rabugento poderia ter chamado de uma
conquista ruidosa da evolução. Foi a atenção constante desse melro em variar
cada série de notas. Fiquei cativado, desde o segundo ou terceiro chamado, pelo
que se tornou um romance audiofônico, cada episódio melódico do qual eu chamava
com um silencioso "e o que mais?". Cada sequência diferia da
anterior, cada uma se inventava na forma de um novo contraponto. Daquele dia em
diante, minha janela permaneceu aberta todas as noites. A cada crise de insônia
que se seguiu naquela primeira manhã, eu me reconectava com a mesma alegria, a
mesma surpresa, a mesma expectativa que me impedia de voltar (ou mesmo de desejar
voltar) a dormir. O pássaro cantava. Mas nunca o canto, ao mesmo tempo, pareceu
tão próximo da fala. [...]. Trechos extraídos da obra Habiter en oiseau (Babel, 2023),
da filósofa, professora e psicóloga belga Vinciane Despret, autora da
obra Au bonheur des morts (2015), na qual questiona: Ainda temos
incerteza suficiente para manter um pouco de esperança no possível? Ainda temos
imaginação suficiente, hábito suficiente para ver vaga-lumes brilhando no
escuro?
A TORRE DE THAÍS ALCOFORADO
Como a construção \ A catástrofe também demanda paciência
\ Ainda assim, o momento exato do desabamento \ Parece sempre repentino \ Os
acontecimentos teriam sido devastadores \ Se eu não tivesse começado a me
preparar \ Sem suspeita \ Justo a tempo \ Para todo tipo de emergências \ Tudo
que veio antes, um ensaio \ Tudo o que vier depois, uma réplica \ Do choque
primordial.
Poema Hefesto, extraído da obra A Torre
(Primata, 2025), da escritora, advogada e
trabalhadora humanitária, Thaís Alcoforado, que ao lançar a obra expressou:
Percebi
que quanto mais se escreve, mais se torna urgente e inevitável escrever. Agora,
minha meta é manter aberto esse canal, criando espaços intencionais para que a
escrita exista dentro da vida cotidiana. Veja mais aqui.
&
PINTANDO
NAS PRAÇAS
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mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
ITINERARTE – COLETIVO ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR:
Veja mais sobre MJ Produções, Gabinete de Arte
& Amigos da Biblioteca aqui.






