sexta-feira, abril 17, 2020

DOROTHY CANFIELD, HANNAH HÖCH, GRAÇA NASCIMENTO, SELMA RATIS, CHRISTIE CHRISTEN & MARINARTEIRA


CADA UM POR SI - Para viver não há ensaio, cai de cabeça e pronto! Devires à tona. Aí transversões de planejos inconclusos, rearrumações sobrepostas, dilemas demais. Não dá para rebobinar e ver de novo. Foi, passou. O que se vai dá volta, tem de prestar bem atenção. Retoma de onde parou, refaz o trajeto na ideia e, no final, nada dá mesmo certo. Só queima de neurônios. Tem de prosseguir. Adições daqui, subtrações dali, divisões para ver como vai ser possível a multiplicação e por aí vai. Quando não se engana e sai sabotando a tristeza, dando na veneta disso ou daquilo, afetos escapados que sobram, dedicatórias bandidas passadas na cara, abruptas vexações. Melhor fazer de conta que deu certo na maior saia justa, desenganos e outras simulações: o jogo e o mau jogador. Coisas da vida. É pra seguir em frente, sempre. Mesmo se passando por gauche, erradio, arrastado pelo nariz ante os reveses: cada um seu lugar, exercício de colagens dos desígnios.  Se vai tudo solto, de pernas pro ar, nada demais. Às vezes se acerta no bambo, nem sabe como foi. Não vai dar para fazer de novo, nem como vaticinar. Só para ver se o raio caia duas vezes no mesmo lugar, amém. Não é loteria, mas como se fosse: amanhã o que é que é, jogos de adivinhação; o ontem, cinzas de saberes, será que ainda vale, sei não, quem sabe. Tem que vasculhar a ocasião, todas as circunstâncias, de tocaia esperta para agarrá-la na hora, senão bússolas perdidas, relógios não marcam mais a distância que separa o desiderato das mãos. A graça não cai como página inteira, só os baques são estampados. Juntar o que sobrou da água-furtada: não era mansão alguma, era mansarda; não era esporte, só espórtula; memento mori e o que malhei em ferro frio, enquanto mesmerizava aquelas que passavam com seus decotes, saltos altos, ancas musicais, rabos de saias. Afora tudo isso, bilhetes de prêmios vencidos, lembranças que não servem mais, rascunhos de anotações que não deviam ter sido esquecidas, agendas de anos passados, tranqueiras e dissabores. Viver é assim, graças! Salve-se quem puder! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] A condição de ser pobre era horrível. Conseguia tirar o pior de cada um. Quando te preocupa o dinheiro, deixas de ser tu mesmo! [...] Um profundo abatimento a invadiu. Aqueles eram os momentos na vida de uma mãe que ninguém notava, que todos silenciavam, algo que nunca era mencionado nos bons livros nem pelos oradores eloquentes que tinham tanto a dizer sobre o caráter sagrado da maternidade. Nunca te diziam que chegaria um momento em que te sentirias impotente, que os teus filhos não estariam nunca ao teu nível, que nem se aproximariam dele, porque não eram o mesmo tipo de ser humano que você, não eram propriamente os teus filhos, mas, simplesmente, outros seres humanos dos quais você é a responsável [...] As crianças não eram conscientes dos sacrifícios que fazia por elas. Seu coração estava inchado de um zelo amargo que fazia ela sentir-se muito por cima de qualquer crítica [...]. Trecho extraído da obra Dulce hogar (Palabra, 2015), da escritora estadunidense Dorothy Canfield Fisher (1879-1958), que escreveu 22 romances e 18 obras de não ficção, tais como Gunhild (1907), The Spirret Cage (1990), entre outros. Ela se envolveu com ativismo social em muitos aspectos da educação e da política, administrando o primeiro programa de educação de adultos do continente americano; fez um trabalho de alívio da guerra em 1917 na França, estabelecendo o Lar Bidart para Crianças para refugiados e organizando um esforço para imprimir livros em Braille para veteranos de combate cegos; procurou melhorar a educação pública rural ao ser nomeada para o Conselho Estadual de Educação de Vermont; passou anos promovendo educação e reabilitação/reforma nas prisões, especialmente nas mulheres, entre outras ações comunitárias.

O ESSENCIAL DA VIDA - [...] Normalmente, na correria do dia a dia, não paramos para observar o essencial da vida. Mal percebemos a nossa capacidade ininterrupta de respirar e, portanto, de manter a vida. Não reparamos como o tempo é bem mais acelerado e curto do que podemos imaginar e essa noção de escassez, talvez, somente será notada, quando estivermos no fim desta jornada terrestre. Também não percebemos que, muitas vezes, valorizamos o que temos e nos esquecemos Daquele que sempre está ao nosso lado e, mais precisamente, em nós mesmos: Deus! A cada esquecimento, tornamo-nos seres vazios espiritualmente, ainda que os nossos corpos físicos sejam possuidores de muitos bens materiais e de meios mais do que suficientes para adquiri-los. [...]. Trecho do texto Tenha pouco do que reclamar e muito do que agradecer! (O Segredo, 2019), de Christie Christen, pseudônimo da escritora, advogada e colunista, Christiane Košćak Pingitore, autora da obra de ficção científica Enigma - todo começo tem um fim (Letras do Pensamento, 2018 ), e colunista de O Segredo.

A POESIA DE GRAÇA NASCIMENTO
FORÇA FEMININA: Sinto-me heroína por constatar / Que essa luta constante / Que luto desde cedo / Mesmo morrendo de medo / Nunca deixei de encarar / Já levei tapa na cara / Por não ter calado a boca / Mesmo sabendo que a força bruta / A qualquer momento me causaria dor / Mesmo assim enfrentei o ditador / E nunca fugi da luta / Orgulho-me dos murros que levei / Envergonho-me de alguns homens que amei
SER MÃE (Para meus filhos): As vezes você me cobra / Um velho modelo de mãe / Criado não sei por qual mulher... / Talvez pelo próprio homem / Que disfarçado de forte / Precisou de um ombro amigo / Pra lhe tirar do perigo / E amparar sua sorte / Mas esse homem que nunca confessou / A fortaleza que a mulher lhe dá / Deu a ela uma obrigação, / Tornar-se santa, quando em sua mão / Carrega um fruto seu e da vida / A santidade materna que me habita / É bem diferente dessa que evita / Que a mulher seja livre mesmo sendo mãe / E permita que a vida outra vez lhe apanhe... / Quero permanecer pecadora / Quero continuar sedutora / Quero errar no ensinamento / Não cumprindo o mandamento / Que me põe rédeas porque sou mãe / O desabrochar da vida que é você meu filho / Há de completar-se alheio ao meu brilho / E o meu papel nessa abertura / É contemplar cada ruptura / E vê-lo voando sem mim Com asas lindas e voos sem fim, / Com tombos iguais aos meus / Para que possamos criar nosso estilo / O meu de ser mãe / E o seu de ser filho.
ORGASMO: Hoje bem cedo o sertão me sorriu / De manhãzinha em natureza clara / Me parecendo alguma coisa rara / E em poesia meu peito se abriu / O verde hoje tá mais verde ainda / E o azul abriu-se em cem mil céus / Abri os olhos retirando os véus / Pra receber essa manhã bem vinda / O que virá depois de tanto belo / Só servirá para prender o elo / Que me mistura com tanta beleza / Nada no mundo vai me magoar / Pois hoje a vida quis me arrebatar / Numa viagem pela natureza.
PAIXÃO: Meus seios e teus anseios / São um par inseparável / E nesse ato palpável / Loucos perdemos os freios / Teus beijos e meus desejos / São sílabas que fazem sentido / E se o par é repartido / Vão-se apagando os lampejos / Teu gemido e a libido / Que me aflora e faz corar / Não podem se afastar / Pois afasta-se o sentido / E nesse corpo disposto / Fica a euforia do meu / Que viciado perdeu / O fio da meada em teu gosto / Misturei nosso prazer / Fiz de você meu único pulsar / E não adianta tentar / Que o corpo não vai responder / Tua carne em minha fome / Tem a suprema ventura / De acabar com a desventura / Que minha alma consome / E quando esfregas com paixão / O teu peito nos meus seios / O que os excita e faz cheios / É o pulsar do coração / E a emoção que da fêmea exala / Acorda no macho a verdadeira essência / E sem pudor, com ardor e irreverência / Lê-se no corpo o que a alma fala. A ROLA DO MEU AMADO: A rola singular do meu amado / Tão igual e diferente das demais / Entra em mim na sinfonia de alguns ais / Me mostrando o lado santo do pecado / Quando cresce no crescer da minha entrega / E endurece para entrar no paraíso / Abro as portas sem temor e sem juízo / E ao amor nada mais a vida nega / Sedutora e atrevida me domina / Dominada em meu poder que lhe fascina / Entra e sai até me ver cair vencida / No prazer de entregar e possuir / Num só ato a delícia de existir / Ao senti-la me regando com a vida.
GRAÇA NASCIMENTO - A arte da poeta Graça Nascimento, autora das obras Na nudez da poesia (2015) e Outras graças (s/d), atualmente atuando como Secretária de Cultura de Canhotinho, Pernambuco. Os poemas dos seus livros estão reunidos no blog O mar da poesia. Veja mais aqui.

A ARTE DE HANNAH HÖCH
Sempre que queremos forçar esse "Photomatter" a produzir novas formas, precisamos estar preparados para uma jornada de descoberta, devemos começar sem preconceitos; acima de tudo, devemos estar abertos às belezas da fortuna. Aqui, mais do que em qualquer outro lugar, essas belezas, errantes e extravagantes, enriquecem nossas fantasias.
HANNAH HÖCH - A arte da artista do dadaísmo alemão e precursora da fotomontagem, Hannah Höch (1889-1978), que refletia em suas obras a justaposição entre a mulher alemã moderna e a mulher alemã colonial, desafiando as representações culturais das mulheres, levantando questões relativamente à sexualidade das mulheres e aos seus papéis de gênero na nova sociedade. Em suas obras abordava os medos, possibilidades e as novas esperanças para as mulheres na Alemanha moderna.
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A ARTE DE MARINA PESSÔA
Por mais que eu tentasse ser outra coisa, não tinha jeito, ser artista era algo implícito pela minha própria vida. Agora, se sou atriz, figurinista, diretora de arte, malabarista, já não sei!! Mas ser ARTEIRA em tudo que faço, não tenho outra saída!!!
MARINA PESSÔA - Arte da arteira Marina Pessôa, a Marinarteira, que é especialista em Artes Visuais, atua como figurinista e diretora de Artes em diversos segmentos das artes, como cinema, teatro, circo, dança e vídeo. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
Segundo Aurélio / “O querer a alguém / ou a alguma coisa. / Ato ou efeito de querer.” / Querença é o que sinto / pelo Janga e por você.
A poesia da poeta Selma Ratis aqui & aqui.
A literatura do escritor, radialista e compositor Antônio Maria (1921-1964) aqui, aqui & aqui.
A música de Lenine aqui, aqui & aqui.
J. Borges & O peido na poesia, na ciência & nas artes aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
O cordel de José Honorio aqui.
O Jornal da Besta Fubana aqui.
O Brincarte do Nitolino aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.
São Benedito do Sul aqui, aqui & aqui.