segunda-feira, julho 13, 2020

JORGE FORBES, JOSELY CARVALHO, MARIA CLODES JAGUARIBE, RENATA ROSA & SAMBA DE COCO RAÍZES DE ARCOVERDE



DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: APESAR DOS CONTRAS, A GENTE PERSEVERA - Em que pese a plena vigência de duas tragédias agora, seja pela hecatombe da pandemia, seja pela maledicência, despudor e crueza do malsucedido desgoverno da morte com seus cacoetes mancos e sectários, nada banal para a indignação que a miopia quanto o antiintelectualismo, a gente persevera. Que o diga Nadine Gordimer: A arte desafia a derrota pela sua própria existência, representando a celebração da vida, apesar de todas as tentativas para degradá-la e destruí-la. Não podia ser de outro jeito, escapando para sobreviver.

DUAS: QUE ENROLEM ALÉM DA CONTA, A GENTE SABE! - A herança deixada pela festa do golpe tornou tudo insalubre pras nossas bandas. Há cinco anos que a insolência subestima nossa capacidade de raciocínio e entendimento, pensam que somos massa de manobra mesmo. Não há o menor pudor no disfarce para o engodo de um pacto que perde sua justificativa todo momento que legitima todas as forças retrogradas em detrimento dos anseios e desejos da população. Ah, como enganam. Ouço Wole Soyinka: Poder é dominação, controle e, portanto, uma forma muito seletiva de verdade, que é uma mentira. O homem morre em todos aqueles que se calam diante da tirania. Como tudo se dissipa, até o que em mim é feriado no que ensaio para encontrar um espaço para respirar meu país.

TRÊS: POETAR MESMO ASSIM – Mesmo que as máscaras desabem e outras sejam repostas no truque das intenções, valho-me do que fez Arnold Schönberg: Nunca vi rostos, porque olhei nos olhos das pessoas, apenas no olhar delas. E mesmo que a constatação contrarie e consterne como naquela frase duma canção da dupla João Bosco/Abel Silva: O amor quando acontece a gente logo esquece que sofreu um dia, há sempre o que ressuscitar com Pablo Neruda: A poesia tem comunicação secreta com os sofrimentos do homem. Os poetas odeiam o ódio e fazem guerra à guerra. A verdade é que não há verdade. Assim voo, até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: Estamos sendo duramente apresentados a uma das formas do incompleto das nossas vidas, na figura desse vírus avassalador. Estamos em perigo! Freud diferenciava - em um texto escrito há exatos 100 anos, Além do Princípio do Prazer - três formas distintas de reagir ao perigo: Angústia, Medo e Terror. Cito-o: "Angústia" designa um estado como de expectativa do perigo e preparação para ele, ainda que seja desconhecido; "Medo" requer um determinado objeto, ante o qual nos amedrontamos; "Terror" se denomina o estado em que ficamos ao correr um perigo sem estarmos para ele preparados, o terror enfatiza o fator surpresa. A atual pandemia nos aterroriza. É como se vivêssemos um combate de guerrilha. Nosso inimigo é pequenininho, sabemos da sua existência, mas não temos ideia de como, quando e aonde ele vai nos atacar. Ele nos surpreende dolorosamente. Não é correto diagnosticar os efeitos psíquicos dessa pandemia como uma histeria. Ela é um terror. As reações a esse terror é que podem assumir matizes variáveis, entre outros: histéricos, obsessivos, perversos, paranoicos, psicóticos. Em uma situação dessas, cada pessoa vai escarafunchar em seus sintomas de base e os expressa. O histérico pode dramatizar excessivamente esse momento, ou fazer o contrário, ficar indiferente (La belle indifférence). O obsessivo encontrará justificativa para suas manias de limpeza, de distância, de rituais, ou pode hipertrofiar a arrogância do 'comigo ninguém pode', do 'eu sou imbatível'. O perverso terá dificuldade em disfarçar seu prazer sádico. O paranoico consolidará suas teorias persecutórias. O psicótico se verá tomado de sentimentos desagregadores. Em ocasiões desestabilizadoras, como dito, a pessoa recua e hipertrofia seus sintomas mais habituais. É um mau tratamento do terror. O que podemos almejar? Um duplo movimento: de um lado, no que é passível de compreensão, ganhar terreno sobre o terror invasivo transformando-o em um medo racional e objetivo. É o trabalho que médicos e profissionais de saúde estão fazendo. Que ninguém pense que do terror virá uma grande alegria. Bobagem. Se vier o medo, já teremos um caminho mais trilhável. Por outro lado, uma vez que o incompleto e a surpresa não vão desaparecer, é de se esperar um aumento da solidariedade humana, no momento em que um vírus desmascara nossa fragilidade constitutiva comum. O 'eu preciso de você' é universal e não local. O que pode nos preocupar? Que esse momento de confiança no laço social seja abalado pelo desprezo de uma civilização que nos maltrata com suas respostas ruins, no limite, com a possibilidade da fome e da morte. Aí, se isso ocorrer, o terror se consolidará. Artigo Que terror! - não temos ideia de como, quando e aonde ele vai nos atacar (HSM, maio 2020), do do médico psiquiatra e psicanalista Jorge Forbes. Veja mais aqui.

A MÚSICA DE MARIA CLODES JAGUARIBE
A arte da pianista Maria Clodes Jaguaribe (1928-2015) que foi uma das mais conceituadas mestras do departamento de piano na Escola de Música da Universidade Boston, nos Estados Unidos, e diretora das classes de verão para jovens pianistas do famoso Festival de Tanglewood, desde 1975 e, por isso, construindo um dos mais respeitados nomes entre os mestres de piano do terriotório estadunidense. Ela realizou a gravação integral da obra para piano do músico e compositor alemão Robert Schumann (1810-1856). Veja mais aqui.
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A MÚSICA DE RENATA ROSA
É uma experiência enriquecedora. Cada plateia reage de uma forma diferente. Algumas músicas ganham sentidos diferentes para cada tipo público. Essa é a melhor parte, nós já fizemos shows em teatros, com todo mundo sentado, e também fizemos festivais ao ar livre. A influência disso acaba indo para o processo de composição também.
RENATA ROSA - A arte da premiada cantora, atriz, compositora, rabequeira, poeta e pesquisadora Renata Rosa, que estudou Letras e Fonoaudiologia na USP (1992-1998) e Música com habilitação em Canto na Universidade Livre de Música Tom Jobim (1995 - 2000) em São Paulo e integrou o Núcleo de Ação e Performance do Polo Sul Americano do Ator Contemporâneo (1998 – 2002) no Rio de Janeiro e em Cleveland (Ohio). Ela já gravou os álbuns Zunido da mata (2002), Manto dos sonhos (2008) e Encantações (2015), atuando no Cavalo-Marinho Boi Brasileiro, de Condado – PE, desde 1998, e se apresentando por palcos europeus e mundo afora. Veja mais aqui.

A ARTE DE JOSELY CARVALHO
Minha obra como artista tem sido sempre baseada em longas pesquisas onde a história se entrelaça e fortalece o momento atual. Houve também uma identificação com o emigrante já que vivi muitos anos fora do Brasil presenciando a realidade daquele que por várias razões sai do seu país e enfrenta as dificuldades de não pertencer.
JOSELY CARVALHO - A arte da premiada poeta, pintora, escultora, gravurista e artista de livros, vídeo e instalação, Josely Carvalho, que se tornou uma artista multidisciplinar por incorporar em sua obra diversas mídias e procura dar voz à memória, à identidade e à justiça social, enquanto desafia consistentemente as fronteiras entre artista e público, arte e política. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A arte musical do Samba de Coco Raízes de Arcoverde, fundado em 1992 pelo Mestre Lula Calixto (1952-1999), e incorpora elementos das culturas indígena e negra, apresentando-se por todo país e exterior, a exemplo da Alemanha, Bélgica, Itália Noruega e França com sua sonoridade percussiva, depois de lançar dois álbuns, o primeiro em 2000 com o nome do grupo e, o segundo, Godê pavão (2002), mantendo o mote: A caravana não morreu não morreu nem morrerá.
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A música do arranjador, maestro, compositor e multi-instrumentista Moacir Santos (1926-2006) aqui.
Sem fraude nem favor: estudos sobre o amor romântico (Rocco, 1998), do psicanalista e professor Jurandir Freire Costa aqui.
A arte do poeta, compositor e intérprete Jessier Quirino aqui.
O protagonismo da mulher rural no contexto da dominação, da pesquisadora Isaura Rufino Fischer aqui.
Jerry Xemenexem aqui.
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Ibirajuba aqui & aqui.