sexta-feira, julho 10, 2020

EVE MERRIAM, STEVEN PRESSFIELD, CHIE YOSHII & INALDA XAVIER



DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: AB IMO PECTORE - Inventário do que sobrou: trapos e cacos, coágulos eclodem nas cicatrizes e o sangue a se derramar dos olhos: todos os mortos e mortes comigo e em mim. E era uma vez duas três vezes muitas e todas, resisto e as feridas cobrem a pele, sinal de aprendizado. A voz é rouca, mas é capaz da Dedução de Maiakovski: Não acabarão nunca com o amor, nem as rusgas, nem a distância. Está provado, pensado, verificado. Aqui levanto solene minha estrofe de mil dedos e faço o juramento: Amo firme, fiel e verdadeiramente. Tal como o poeta, sou todo coração.

DUAS: O QUE É DE HOJE NÃO É AMANHÃ – Não há futuro senão agora. O tempo de ontem ou amanhã é o presente, o que ficou ou passou e o que virá, este o instante e a existência, não mais nem menos. Ouvi Rubem Alves: A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente. Por isso, mais do que nunca, eu vivo e voo.

TRÊS: A VOZ EXPLODE O PEITO - Sempre falei de amor, mesmo que olvidassem. Assim, sempre aprendiz: amor&arte, amorarte, o que ainda não sei, dedicado. E me disse Herbert Marcuse: A verdade da arte reside no seu poder de quebrar o monopólio da realidade estabelecida para definir o que é real. E a me confundir entre a verdade e o real, o ilusório e o atual, Degas riscou no meu ouvido: A arte não é o que você vê, mas o que você faz os outros verem. Ah, quisera me salvar entre devires e simulacros. Não dá para calar, agora a voz explodiu o peito. Até segunda. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Fazer ou não fazer o trabalho. Pode ajudar pensar dessa forma. Se você foi destinado a descobrir a cura do câncer, escrever uma sinfonia, conseguir realizar a fusão a frio e não o fizer, você não apenas causará mal a si próprio. Ou até mesmo se destruirá. Você causará mal a seus filhos. Causará mal a mim. Causará mal ao planeta. Você envergonha os anjos que o protegem e contraria o Todo-Poderoso, que criou você e apenas você com seus dons exclusivos, com o único objetivo de empurrar a raça humana um milímetro para a frente, em seu longo caminho de volta a Deus. O trabalho criativo não é um ato egoísta ou um pedido de atenção por parte do ator. É uma dádiva para o mundo e para todo ser vivo que o habita. Não nos prive de sua contribuição. Dê-nos o que você possui. Trecho de A vida do artista, extraído da obra Guerra da arte: supere os bloqueios e vença suas batalhas interiores de criatividade (Ediouro, 2005), do escritor e roteirista estadunidense Steven Pressfield, obra esta que é dividida em três partes: o livro 1, trata da definição do inimigo, a resistência invisível, interna, insidiosa, implacável, impessoal, infalível, universal, nunca dorme, joga para ganhar, alimenta-se do medo, atua em única via e direção; é mais forte na reta final, recruta aliados e procrastina, além de relacionar a resistência com o sexo, aos problemas, dramatização, automedicação, vitimização, escolha de parceiro, a infelicidade, o fundamentalismo, a crítica e a falta de confiança em si, o medo e o amor, ser uma estrela e o isolamento, cera e apoio, a racionalização e a resistência a ser vencida. No livro 2, combalendo a resistência para se tornar um profissional e sua relação com amadores, o dia-a-dia de um escritor, um pobre coitado, amor ao jogo e a relação do profissional com a paciência, ordem, desmistificação, diante do medo a reação, não aceitar desculpas, enfrentar condições que se deparar, preparado e não se exibe, dedica-se a dominar a técnica, não hesita em pedir ajuda, se distancia do seu instrumento, não leva o fracasso ou sucesso para o lado pessoal, suporta adversidade, homologa a si próprio, reconhece limitações, reinventa a si próprio e é reconhecido como aquele que não desiste. No livro 3, trata além da resistência, o reino superior, anjos no abstrato, abordando o mistério, invocando a musa, testamento de visionário, a magia de começar e continuar, vida e morte, ego e self, experiência e medo, território e hierarquia, orientação hierárquica, definição de escrevinhador, orientação territorial, a virtude suprema, os frutos do trabalho, o retrato e a vida do artista.

COMO SE PODE SER POETA?, DE EVE MERRIAM
tome a folha de uma árvore / trace sua forma exata / suas bordas externas / e suas linhas internas / memorize o modo como se prende à haste / (e como a haste arqueia a partir do galho) / como em abril ela se expande / como em julho ela se enrijece / em fins de agosto / amasse-a em sua mão / para que você cheira sua tristeza de fim de verão / mastigue seu talo de madeira / ouça seu tagarelar de outono / veja como no ar de novembro ela se pulveriza / no inverno então / quando não há folha que sobre / inventa uma.
EVE MERRIAM - Poema da escritora estadunidense Eve Merriam (1916–1992), que teve um musical na Broadway, chamado Inner City, baseado no seu livro Inner City Mother Goose. Veja mais aqui.

A ARTE DE CHIE YOSHII
A arte da pintora visionária surrealista japonesa Chie Yoshii, que possui uma obra inspirada na analogia entre os contos mitológicos e a psicologia humana. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A arte da premiada pintora, ceramista, tapeceira e escultora Inalda Xavier (1930-2017), que participou de exposições coletivas e individuais dentro e fora do Brasil e fundadora da Oficina Guaianases de Gravura.
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A música do multi-instrumentista, maestro, arranjador, compositor e orquestrador Sivuca – Severino Dias de Oliveira (1930-2006) aqui e aqui.
Reencontro, do escritor e dramaturgo Osman Lins (1924-1978) aqui.
Do amor e suas perversidades, da poeta, psicóloga e editora Dione Barreto aqui.
Mulheres construindo a igualdade – Caderno Etnicorracial, organizado por Celma Tavares et al aqui.
Zona da Mata de Pernambuco; estudo de alternativas de geração de emprego e renda no meio urbano, coordenado por João Policarpo Rodrigues de Lima et al aqui.
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O papa-figo de Água Preta aqui & aqui.