quarta-feira, janeiro 22, 2020

GRAMSCI, CEUCI, CAGLIOSTRO, HELOÍSA MILLET & ARTE PERNAMBUCANA


CONFISSÃO DE CAGLIOSTRO – Escrevo esta carta, a minha confissão. Escrevo com o coração, a quem interessar possa. Deram-me muitos nomes e denúncias, fui alvo de todos os ataques, caluniado, perseguido. Segui em silêncio. De tudo fui tratado: charlatão de todas as imposturas, curandeiro prodigioso de todas as enfermidades e mistificações, hipnotizador aventureiro de todas as trapaças, falsificador trapaceiro que adorava o diabo e bruxarias, criminoso siciliano de fortunas e infortúnios, mágico herético que blasfemava contra Deus, scammer de não sei quantas traições e de ficar invisível para feitos e maldades que nunca cometi. Uma coalizão de juízes em conluio com um corpo de jurados e advogados desonestos, trapacearam em meu nome e me chantagearam por intrigas: fui implicado no Caso do Colar de Diamantes da Rainha, razão pela qual fiquei recluso na Bastilha e expulso, obrigado a emigrar constantemente, carregando não sei quantos boatos de que fui um noviço expulso da ordem católica de São João de Deus; que eu sabia o grande truque dos ciganos e da variação do hokkani boro; que era farmacêutico que vendia amuletos egípcios e falsas obras de arte; que praticava o jogo do texugo, que encenava shows de mágica e sessões de truques com escritos espirituais; que eu detinha a pedra filosofal que transformava tudo em ouro e o elixir da juventude, até que eu testemunhei a crucificação de Jesus, santo Deus! Que era um falsário e vigarista forjador de cartas, diplomas e documentos oficiais; que fui preso muitas vezes e que escapei da prisão estrangulando o padre que me confessava e fugi com suas vestes, até que, enfim, fui capturado pela Inquisição, prisioneiro torturado: queriam que confessasse crimes que nunca cometi. Fui obrigado a abjurar meus erros e vestir roupas de penitentes diante da igreja, não fui perdoado. Fui acusado de herege, mago e pedreiro livre, condenado à morte. A sentença papal: a morte na fogueira. Minha obra e posses foram queimadas na Piazza della Minerva, diante da multidão eufórica. Preferiram, depois, comutar minha pena para prisão perpétua, encerrado no castelo de San Leo. Durante tudo isso, tive ao meu lado, apenas, a inocência dúbia de Lorenza, aquela a quem amei e foi corrompida pela policia papal e pela família para depor contra mim. Ah, minha pequena Lorenza, nossa união conturbada, cheia de cumplicidade. Diziam-me dela aparente ingenuidade quando dissimulação, a sua capacidade de sedução, tratada como uma alma perturbada que até hoje perambula na escuridão sem que ninguém saiba o túmulo. Ah, Lorenza, agora só no meu coração. Também deram-me por desaparecido misteriosamente de uma cela inacessível na prisão do Vaticano, enquanto inspirado pelo poder da Chama Violeta, cumpro a minha Obra, porque o Templo está em toda parte. Retiro-me em meditação e adquiro o conhecimento no meu coração e mente: quem conhece a morte possui a arte de dominá-la. O meu trabalho sempre foi e será para toda humanidade, indistintamente, a minha recompensa é o prazer de ser útil e cultuar a Luz e a esfera do infinito. Sofrerei ao pé da tartaruga e a serpente morderá a sua própria cauda. Não tenho nome porque sou livre; meu país é onde eu estiver. Ninguém sabe como nem quando nasci, muito menos se morri ou não. Não sou de lugar nenhum, nem pertenço a este ou qualquer tempo. Não nasci da vontade humana, todos os povos são meus em mim, todos os países. Quando a rosa florescer na cruz, então, eu serei, com tudo e todos, a paz perpétua entre os povos e meu ser viverá a existência eterna. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] em qualquer trabalho físico [...] existe um mínimo de qualificação técnica, isto é, um mínimo de atividade intelectual criadora. [...] todos os homens são intelectuais, mas nem todos os homens têm na sociedade a função de intelectuais (assim, o fato de que alguém possa, em determinado momento, fritar dois ovos ou costurar um rasgão no paletó não significa que todos sejam cozinheiros ou alfaiates). Formam-se assim, historicamente, categorias especializadas para o exercício da função intelectual; formam-se em conexão com todos os grupos sociais, mas sobretudo em conexão com os grupos sociais mais importantes, e sofrem elaborações mais amplas e complexas em ligação com o grupo social dominante. [...] Uma filosofia da práxis só pode apresentar-se, inicialmente, em atitude polêmica e crítica, como superação da maneira de pensar precedente e do pensamento concreto existente (ou mundo cultural existente). E, portanto, antes de tudo, como crítica do “senso comum” (e isto após basear-se sobre o senso comum para demonstrar que “todos” são filósofos e que não se trata de introduzir ex novo uma ciência na vida individual de “todos”, mas de inovar e tornar “crítica” uma atividade já existente); e, posteriormente, como crítica da filosofia dos intelectuais, que deu origem à história da filosofia e que, enquanto individual (e, de fato, ela se desenvolve essencialmente na atividade de indivíduos singulares particularmente dotados), pode ser considerada como “culminâncias” de progresso do senso comum, pelo menos do senso comum dos estratos mais cultos da sociedade e, através desses, também do senso comum popular [...] conduzi-los a uma concepção de vida superior. [...]. Trechos extraídos da obra Escritos políticos (Civilização Brasileira, 2004), do filósofo e cientista político italiano, Antonio Gramsci (1891-1937). Veja mais aqui, aqui & aqui.

CAGLIOSTRO – O ocultista, alquimista, místico e maçon italiano Alessando, Conde Cagliostro (1743-1795), durante sua vida, apaixonou-se por uma jovem romana de olhos azuis, cabelos dourados, feições delicadas, corpo delgado e esguio, Lorenza Seraphina Feliciani (1751-1810), com quem se casou e teve uma vida atribulada. Embora ela fosse a dona do seu amor e devoção pelo resto de suas vidas, ela nunca foi capaz de totalmente romper com a Igreja e seria usada como “a ferramenta dos Jesuítas”. Sobre sua vida e trajetória, encontrei publicações, tais como: Alessandro Cagliostro (AMORC, 1996), dois volumes de Ana Rimoli de Faria Dória; Memórias de um médico: Joseph Balsamo (Fitipaldi, 1959), de Alexandre Dumas; Cagliostro: o grande mestre do oculto (Madras, 2005), do estudioso Marc Haven; Cagliostro (Shearsman, 1931), do poeta chileno Vicente Huidobro; Cagliostro ou le dernier des alchemistes (The Last Alchemist, Count Cagliostro - Master of Magic in the Age of  Reason), do historiador australiano Iain McCalman; Il romanzo di Cagliostro (Rubbettino, 2012), de Giuseppe Quatriglio; Count Cagliostro: In Two Flights (1833), do historiador e filósofo escocês Thomas Carlyle; Cagliostro - O Mestre Desconhecido (Nova Acrópole, 2016), de Marc Haven, O Grande Cagliostro (1905), de Carlos Malheiro Dias. Veja mais aqui & aqui.

CEUCI
Certo dia, Ceuci descansava à sombra da árvore do bem e do mal, cujo consumo de seus frutos era proibido às moças no dia que estivessem em período fértil. Ao avistar seus frutos grandes e maduros, não se conteve e apanhou um deles para comer. Ao morder o caldo do fruto escorreu pelo seu corpo nu e alcançou o meio de suas coxas. Meses após, revelou-se uma gravidez que encheu de indignação toda a comunidade de sua aldeia. O Conselho de anciões, achou por bem, puni-la com o exílio. Longe de sua aldeia, Ceuci deu a luz á seu filho Jurupari, "o filho do sol". Jurupari foi enviado a terra pelo próprio Sol para que pudesse reformar os costumes da terra e também encontrar a mulher perfeita para que ele pudesse se casar. Com apenas sete dias de vida, Jurupari já aparentava ter 10 anos, e sua sabedoria atraiu a atenção de todos, que passaram a ouvir suas palavras e ensinamentos de novos costumes, que colocavam um fim na sociedade matriarcal e instituíam o patriarcado. Jurupari instituiu grandes festas cerimoniais, as quais somente os homens podiam tomar parte, e onde ele aproveitava para passar seus ensinamentos. Isso acabou afastando-o de sua mãe. Inconformada com essas novas leis e também com saudades de seu filho, Ceuci resolveu uma noite ir espiar o cerimonial dos homens, uma infração que era punida com pena de morte. Furtivamente, ela entrou no território onde os homens estavam reunidos, mas antes do término do cerimonial, Ceuci foi fulminada por um raio enviado por Tupã (outras versões afirmam que o proprio Jurupari conjurou o raio, sem reconhecer que era sua própria mãe). Jurupari foi imediatamente chamado para ressuscitar Ceuci, mas nada fez, posi não podia abrir precedentes em suas leis. Jurupari então diz: "Morreste mãe, porque desobedeceste à lei de Tupã. É a lei que eu vivo a ensinar. Não vou te ressuscitar, mas te recomendo: Sobe, bela, raidante e pura para um mundo melhor. Cumpriste a verdadeira missão de mãe, que é cheia de amor, renúncia, desenganos e sofrimento. Meu pai vai recebê-la de braços abertos lá no céu". O corpo da deusa, então, cheio de luminosidade, começou a subir. Ele atravessou o espaço e transformou-se na estrela mais resplandecente da constelação das Plêiades. Ela permanece lá até hoje, para lembrar aos selvagens o respeito às leis de Jurupari, o Filho do Sol.
CEUCICeuci é uma deusa virginal tupi-guarani, protetora das lavrouras e das moradias, filha do deus Tupã e mãe de Jurupari, sendo uma virgem e sem nenhum consorte, sua gravidez se deu de forma miraculosa, conforme extraído do Vocabulário português-nheengatu, nheengatu-português (Ateliê, 2014), do folclorista, explorador, fotógrafo e etnógrafo ítalo-brasileiro Ermanno Stradelli (1852-1926), que tendo vivido e trabalhado na região amazônica, onde morreu, sendo fluente na língua geral, recolheu um vocabulário vivencial da língua nheengatu como língua dinâmica, o que explica sua vitalidade até os dias de hoje em várias regiões do Brasil, como o Alto Rio Negro, onde é língua oficial. Veja mais aqui.

A ARTE DE HELOÍSA MILLET
Sou pequena, baixa, e quando fiz aquela abertura, virei um mulherão de dois metros de altura. Então, acabaram-se os meus complexos.
HELOÍSA MILLET - A arte da bailarina clássica e atriz Heloísa Millet (1948-2013), que estreou em 1974 no teatro musical Pippin, descoberta por Ziembinski, e participou, em 1976, do corpo de dança da abertura do programa Fantástico, da Rede Globo. Atuou em novela e humorísticos da televisão, bem como no cinema, como As tranças de Maria (2003) e O rei e os Trapalhões (1979). No teatro, atuou nas peças A Chorus Line (1983) e Pippin (1973). Veja mais aqui.

A ARTE PERNAMBUCANA
A arte do artista plástico, professor, poeta, escultor, gravurista e ceramista pernambucano Abelardo da Hora (1924-2014) aqui e aqui.
A literatura do poeta, radialista e compositor Antônio Maria (1921-1964) aqui e aqui.
A arte do artista plástico e professor pernambucano Murilo La Greca (1899-1985) aqui e aqui.
Cinema Pernambucano: Eles voltam, do diretor Marcelo Lordello aqui.
O teatro pernambucano aqui.
Memórias de um senhor de engenho, do jornalista Julio Belo (1873-1951) aqui.
A música de Nado Rodrigues aqui.
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O município de Tamandaré aqui e aqui.