sexta-feira, outubro 09, 2020

JOÃO CABRAL, JODY WILLIAMS, TAIGUARA, CORTELA, JORDAN PETERSON, ELZA BARROSO, RAÇA & JUSTIÇA


  

TRÍPTICO DGF – AQUELA DE... VALUNA, UM RIO, UMA MULHER - Ô de casa, dá licença!?! Nasci entre um rio e um sorriso de mulher! Para sempre Carma no meu coração, como as matas de não mais, só canaviais florados, pastos, loteamentos ou queimadas nos matagais. Como o rio, quase não mais, não mais acari, nem carito, nem ambulantes de Deus. Ah, o poema de João Cabral: A um rio sempre espera / um mais vasto e ancho mar. / Para a agente que desce / é que nem sempre existe esse mar, / pois eles não encontram / na cidade que imaginavam mar / senão outro deserto / de pântanos perto do mar. / Por entre esta cidade / ainda mais lenta é minha pisada; / retardo enquanto posso / os últimos dias da jornada. / Não há talhas que ver, / muito menos o que tombar: / há apenas esta gente/ e minha simpatia calada. Para mim só as visagens emolduradas na memória. Só com os detritos da invernada ou intermitência das enchentes ameaçadoras é que presenciam e revivem, logo depois nem se lembram de nada com varrições de ganância e egoísmo nos aterros, assolações, laivos e imundícies, muito lixo invade minha casa e Mário Sérgio Cortela me diz: Se não quiser uma cidade suja, não deposite lixo na urna. E Jody Williams reitera: Acredito que é meu direito e minha responsabilidade trabalhar para criar um mundo que não glorifique a violência e a guerra, mas que busquemos soluções diferentes para nossos problemas comuns. Então, invento e me reinvento: do meu peito a fonte a escorrer do corpo pelas mãos à foz dos meus pés, a singrar o mar que tudo banha no meu chão. Então brinco entre peixes e aguapés e algas que são aves e gorjeiam nos galhos das almas feitas abusões risíveis e amedrontadoras, enquanto faço a vida e sou Valuna, Bacuna, Diauna, Unadia, Rio Una.

 


DUAS HORAS: ONDE ESTOU QUE NÃO SEI... - Imagem: O luar (Dois Irmãos), do pintor Ismael Nery - Ah, assim tão só, sou indefinível. Afinal, fiz o melhor que pude e foi pouco, nem me satisfiz. Encaro o perigo e não me enquadro em regra nenhuma, nem uso chapéus ou máscaras, dou a cara nua à tapa. Nunca desisti e apesar de subterrâneo sempre estive longe da positividade tóxica, porque sei que não há pote de ouro algum no fim do arco-íris. Sou absurdo para todos os olhos, uns tantos paradoxos a mais. Ouvi o psicólogo canadense Jordan Peterson: A maneira apropriada de se consertar o mundo não é consertando o mundo; não há razão para se presumir que você sequer seja capaz dessa tarefa. Mas, você pode consertar a si mesmo; não causará nenhum mal a ninguém fazendo isso. E, nesse caso, pelo menos, você fará do mundo um lugar melhor. Assim, coração peito aberto, não sei onde estou: se perdido na Groenlândia ou tremendo de frio na Terra do Fogo, ou onde quer que seja, apátrida ex-humano, qualquer coisa entre seres vivos, voo para ser-me.

 


TRÊS MINUTOS & TODAS ELAS SÃO NELA... – Imagem: Art by Elza Barroso - Ah, é ela Calíope voz melíflua aos ouvidos do meu coração; é Clio proclamando a história do que foi e será, é Erato a versar a maior poesia; é Melpômene alisando minha pele para fechar as feridas cálidas do meu corpo; é Polímnia nua no meu corpo para iniciação de todos os mistérios da vida; é Tália em flor para a entrega perfumada do amor; é Terpsícore para dançar de Sol na minha escuridão; é Urânia esplendorosa para que eu seja o universo em seus domínios; é ela Euterpe para que eu cante Taiguara: Teu sonho não acabou... / Lá onde estive o sonho acabou / Cá onde eu te encontro só começou / Lá colhi uma estrela pra te trazer... / Ah! Eu preciso, eu preciso muito... Ah, beijo os lábios dela e o seu sexo é Deus irradiando vida no meu em festa cósmica de todos os renascimentos. E nela fervo por todos os céus dos paraísos e todos os infernos do mundo e sou mais que dia ao amanhecer. E ela luz&ar como se nem fosse ou nunca foi. Até mais ver.

 

RAÇA & JUSTIÇA

[...] Há uma dimensão antagonística, um “conflito racial” que não é redutível a um fundamento único, jurídico ou não, ou seja, a condição da verdadeira emancipação racial, como movimento da opacidade à transparência, fluxo de justiça, é uma opacidade constitutiva que nenhum fundamento jurídico, político, moral ou epistemológico pode erradicar. A construção da justiça e da democracia, racial ou não, será sempre habitada por uma incompletude e provisoriedade inultrapassáveis, assim como as identidades que as instituem. [...].

Trecho extraídos da obra Raça e Justiça: o mito da democracia racial e o racismo institucional no fluxo de justiça (Massangana, 2009), do sociólogo e professor Ronaldo Laurentino de Sales Júnior. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.