quarta-feira, abril 08, 2020

HYPATIA, DEBORA DINIZ, JANE AUSTEN, LUÍS GAMA, MARIE TAGLIONI & FÁTIMA GUIMARÃES


CATANDO NOS MANUSCRITOS AS GARATUJAS DO TEMPO - UMA: VIDA OBSCURA – Nesse período de clausura, resolvi rever alguns livros nas estantes. Alguns volumes, brochuras, livros que nem me lembrava que já havia lido e relido. Parei numas biografias bastante obscuras. Além de rever as anotações  que sempre fiz riscando, grifando e marcando os próprios livros durante as leituras, fui ver dar uma passeio naquelas que já estavam tanto em livros como levadas ao cinema. Uma delas, bastante obscura, a da Jane Austen: Não tenho medo de mostrar meus sentimentos e de fazer coisas imprudentes, pois acredito que o que não se mostra, não se sente. Coisa que talvez surpreenda muito a você, pois os seus sentimentos são tão guardados que parecem não existir realmente... Em vão tenho lutado comigo mesmo; nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos. Não tenho a menor noção de amar as pessoas pela metade, não é a minha natureza. Somos todos tolos no amor. Sou metade agonia, metade esperança. O mais curioso é que, apesar do sucesso obtido pela escritora, ela nunca se casou, escreveu a maior parte de seus sucessos na adolescência e, reduzida aos afazeres domésticos, morreu aos 42 anos de idade, supostamente envenenada. Nada pode ser lá muito apurado, a família destruiu muitas de suas cartas, restando apenas algumas que serviram de base para as biografias publicadas. O que ficou de mesmo foi a sua literatura, isso sim. DUAS: NO MEIO DUMAS SACADAS CERTEIRAS – Outra me levou a refletir sobre a questão da liberdade. O que tem de papo estéril a respeito, deixa para lá. Fui fundo, revendo meus garranchos nos alfarrábios a respeito deste verbete. E dei de cara com o Isaac Asimov: A liberdade não tem preço, a mera possibilidade de obtê-la já vale a pena. Se o conhecimento pode criar problemas, não é através da ignorância que podemos solucioná-los. Apenas uma guerra é permitida à espécie humana: a guerra contra a extinção. O maior bem do homem é uma mente inquieta. Nada mais apropriado para este momento, hem? TRÊS: DO POSSÍVEL AO IMPOSSÍVEL, HAJA IMAGINAÇÃO - Realmente, para viver precisa-se de uma boa dose de imaginação. Principalmente porque aprendi que o desespero é exatamente a ausência dela. Então, sou como se diz no popular: vivo no mundo da lua. Mas nada que me acrescente ou me reduza, apenas voo. O bom mesmo foi pegar nos meus caderninhos de anotações o que viajei ainda menino nas obras de Júlio Verne: Neste mundo as coisas que nos dão prazer andam a par das que nos afligem e desgostam. Os obstáculos existem para serem vencidos; quanto aos perigos, quem pode se orgulhar de fugir deles? Tudo é perigo na vida. A imbecilidade humana não tem limite. É. E vamos aprumar a conversa, gente! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: A vida é crescimento, e quanto mais viajamos, mais verdade podemos entender. Entender as coisas que nos cercam é a melhor preparação para entender as coisas que estão além. Independentemente da nossa cor, raça e religião, somos irmãos. A verdade não muda porque é ou não é acreditada pela maioria das pessoas. Deus criou o homem como um animal social, com inclinação e sob a necessidade de viver com os seres de sua própria espécie, e também dotado de linguagem, para ser o grande instrumento comum à sociedade. Fábulas devem ser ensinadas como fábulas, mitos como mitos e milagres, como fantasias poéticas. Ensinar superstições como se fossem verdades é terrível. A mente da criança aceita e acredita, e só com grande dor e, talvez, a tragédia pode se livrar deles ao longo dos anos. De fato, as pessoas lutam por uma superstição tanto quanto por uma verdade, ou até mais. Desde uma superstição é tão intangível que é difícil provar para refutá-la, e a verdade é um ponto de vista e, portanto, pode ser alterado. Todas as religiões formais são falaciosas e não devem ser aceitas por respeito a si mesmas. Aquele que influencia o pensamento do seu tempo, influencia todos os momentos que o seguem. Deixe sua opinião para a eternidade. Pensamento da filósofa neoplatônica, Hypatia de Alexandria (350-415 d.C.). Veja mais aqui, aqui e aqui.

O BRASIL IRRESPIRÁVEL - [...] Eu contagio no local que eu ocupo socialmente. Não sou desterrada. Não sou refugiada. Qual é a minha condição? Quando eu não consigo mais dar aula e nem retornar ao meu país, qual é a minha situação? Basicamente são homens ressentidos, de 30 a 40 anos, ligados a grupos de extrema direita, neonazistas e incels (celibatários involuntários que atrelam o fracasso de suas vidas amorosas a uma suposta banalização das relações sexuais). Enxergam a ascensão de mulheres e LGBTs como afronta à masculinidade e não costumam deixar rastros nem indícios de uma célula de articulação do movimento. Orientadas por uma lógica religiosa messiânica, as políticas anunciadas pelo governo e a ministra colocam em risco os direitos das mulheres. Embora eu mantenha a minha sanidade com a condição de que são bravateiros, eu não posso arriscar a vida de estudantes na minha condição. Temos que encontrar um caminho, além do penal, de provocação do Estado. Assim como outros defensores dos direitos humanos, não posso me permitir a cruzar limites sob o risco de virar mártir. É um perigo constante defender posições no país que mais mata ativistas dos direitos humanos. Não saí do Brasil porque fui ameaçada, mas para proteger outras pessoas. Se as ameaças fossem somente contra mim, eu jamais sairia. Mais do que nunca, mesmo à distância, eu sigo fazendo meu trabalho. Não vão me calar. Trecho do desabafo da antropóloga, professora universitária, pesquisadora, ensaísta e documentarista brasileira, Debora Diniz, que desenvolve projetos de pesquisa sobre bioética, feminismo, direitos humanos e saúde. Ela é pesquisadora do Centro de Estudos Latino-Americanos e Caribenhos na Brown University e foi contemplada com o prêmio internacional acadêmico, Dan David Prize, por sua atuação em prol da igualdade de gênero. Veja mais aqui.

QUEM SOU EU?
Quem sou eu? Que importa quem? / Sou um trovador proscrito, / Que trago na fronte escrito / Esta palavra — Ninguém! — / Amo o pobre, deixo o rico, / Vivo como o Tico-tico; / Não me envolvo em torvelinho, / Vivo só no meu cantinho: / Da grandeza sempre longe, / Como vive o pobre monge. / Tenho mui poucos amigos, / Porém bons, que são antigos, / Fujo sempre à hipocrisia, / À sandice, à fidalguia; / Das manadas de Barões? / Anjo Bento, antes trovões. / Faço versos, não sou vate, / Digo muito disparate, / Mas só rendo obediência / À virtude, à inteligência: / Eis aqui o Getulino / Que no pletro anda mofino. / Sei que é louco e que é pateta / Quem se mete a ser poeta; / Que no século das luzes, / Os birbantes mais lapuzes, / Compram negros e comendas, / Têm brasões, não — das Kalendas, / E, com tretas e com furtos / Vão subindo a passos curtos; / Fazem grossa pepineira, / Só pela arte do Vieira, / E com jeito e proteções, / Galgam altas posições! / Mas eu sempre vigiando / Nessa súcia vou malhando / De tratantes, bem ou mal / Com semblante festival. / Dou de rijo no pedante / De pílulas fabricante, / Que blasona arte divina, / Com sulfatos de quinina, / Trabusanas, xaropadas, / E mil outras patacoadas, / Que, sem pinga de rubor, / Diz a todos, que é Doutor! / Não tolero o magistrado, / Que do brio descuidado, / Vende a lei, trai a justiça / — Faz a todos injustiça — / Com rigor deprime o pobre / Presta abrigo ao rico, ao nobre, / E só acha horrendo crime / No mendigo, que deprime. / - Neste dou com dupla força, / Té que a manha perca ou torça. / Fujo às léguas do lojista, / Do beato e do sacrista — / Crocodilos disfarçados, / Que se fazem muito honrados, / Mas que, tendo ocasião, / São mais feroz que o Leão. / Fujo ao cego lisonjeiro, / Que, qual ramo de salgueiro, / Maleável, sem firmeza, / Vive à lei da natureza; / Que, conforme sopra o vento, / Dá mil voltas num momento. / O que sou, e como penso, / Aqui vai com todo o senso, / Posto que já veja irados / Muitos lorpas enfunados, / Vomitando maldições, / Contra as minhas reflexões. / Eu bem sei que sou qual Grilo, / De maçante e mau estilo; / E que os homens poderosos / Desta arenga receosos / Hão de chamar-me Tarelo, / Bode, negro, Mongibelo; / Porém eu que não me abalo, / Vou tangendo o meu badalo / Com repique impertinente, / Pondo a trote muita gente. / Se negro sou, ou sou bode / Pouco importa. O que isto pode? / Bodes há de toda a casta, / Pois que a espécie é muito vasta. / Há cinzentos, há rajados, / Baios, pampas e malhados, / Bodes negros, bodes brancos, / E, sejamos todos francos, / Uns plebeus, e outros nobres, / Bodes ricos, bodes pobres, / Bodes sábios, importantes, / E também alguns tratantes... / Aqui, nesta boa terra / Marram todos, tudo berra; / Nobres Condes e Duquesas, / Ricas Damas e Marquesas, / Deputados, senadores, / Gentis-homens, veadores; / Belas Damas emproadas, / De nobreza empantufadas; / Repimpados principotes, / Orgulhosos fidalgotes, / Frades, Bispos, Cardeais, / Fanfarrões imperiais, / Gentes pobres, nobres gentes / Em todos há meus parentes. / Entre a brava militança / Fulge e brilha alta bodança; / Guardas, Cabos, Furriéis, / Brigadeiros, Coronéis, / Destemidos Marechais, / Rutilantes Generais, / Capitães de mar-e-guerra, / — Tudo marra, tudo berra — / Na suprema eternidade, / Onde habita a Divindade, / Bodes há santificados, / Que por nós são adorados. / Entre o coro dos Anjinhos / Também há muitos bodinhos. — / O amante de Syiringa / Tinha pêlo e má catinga; / O deus Mendes, pelas contas, / Na cabeça tinha pontas; / Jove quando foi menino, / Chupitou leite caprino; / E, segundo o antigo mito, / Também Fauno foi cabrito. / Nos domínios de Plutão, / Guarda um bode o Alcorão; / Nos lundus e nas modinhas / São cantadas as bodinhas: / Pois se todos têm rabicho, / Para que tanto capricho? / Haja paz, haja alegria, / Folgue e brinque a bodaria; / Cesse pois a matinada, / Porque tudo é bodarrada!
QUEM SOU EU? – Poema do escritor, jornalista, rábula e orador Luís Gama (1830-1882), considerado o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil e que conquistou judicialmente a própria liberdade, atuando na advocacia em prol dos cativos. Sua obra foi reunida no volume Luiz Gama e suas poesias satíricas (Cátedra/INL, 1981), por Júlio Romão da Silva. Veja mais aqui e aqui.

A DANÇA DE MARIA TAGLIONI
A arte da bailarina sueca Marie Taglioni (1804-1884), a Condessa de Voisin da era do balé romântico, uma figura central na história da dança europeia. Veja mais aqui.

PERNAMBUCO ART&CULTURAS
A dança exige dedicação e disciplina. Tenho compromisso e exigência com cada aluno. Mas lembro que a dança sempre permite mais. A dança não tem limites.
FÁTIMA GUIMARÃES & BALLET ENDANÇA
A arte da coreógrafa e professora Fátima Guimarães, criadora do Espaço Endança, que tem por objetivo a formação em Ballet Clássico, baseada na metodologia Vaganova.
A literatura de Sebastião Uchoa Leite (1925-2003) aqui & aqui.
A poesia de Vernaide Wanderley aqui.
A música de Irah Caldeira aqui.
(Des)encantos modernos: histórias da cidade do Recife na década de vinte, de Antonio Paulo Rezende aqui.
O cordel de Jorge Filó aqui.
A arte de Fernando Alves aqui.
Jaqueira aqui & aqui.
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OFICINAS ABI – 2º SEMESTRE 2020
Veja detalhes das oficinas da ABI aqui, aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.