TATARITARITATÁ: VAMOS APRUMAR A CONVERSA - Literatura, Teatro, Música & Pesquisas de Luiz Alberto Machado (LAM). Show, cantarau, recital, palestras, oficinas, dicas & informações. Doações Chave Pix: luizalbertomachado@gmail.com
sábado, janeiro 31, 2015
SCHUBERT, BAUMAN, TUNGA, KENZABURO, TEREZA COSTA REGO, KEN WILBER, MARIA JOÃO PIRES & KATE BECKINSALE
sexta-feira, janeiro 30, 2015
RENÉE FERRER, LIZA MARKLUND, MAVIS GALLANT, HENFIL, GUÉNON & ELIANE DE GRAMMONT
ELIANE, UMA VÍTIMA
PASSIONAL... - A linda Eliane Aparecida era leonina e perdera seu pai para a
miocardiopatia, enfermidade que vitimou dois de seus irmãos. Mesmo assim começou
a cantar inspirada na mãe cantora e incentivada pelos sobreviventes irmãos
jornalistas e do rádio. Emplacou
a música Coisas Bobas, na novela da rádio Tupi, O profeta. Na esteira
da ascensão conheceu o amor na RCA que se prolongou por dois anos de namoro até se
casar, contrariando os parentes e com a expressão clara de separação de bens:
não tinha interesse algum na fortuna do seu amor. Só descobriu o erro depois:
foi proibida de cantar. Desse breve relacionamento nasceu sua filha. O seu
inferno: o abuso de álcool e as crises violentas de ciúmes, deram em episódios
de agressão, separações e sofridas reconciliações. Foi exigida que assinasse
dez compromissos, recusou; finalmente o desquite, uma dolorosa separação. E a
descoberta de ser portadora da miocardiopatia que matara vários de seus
familiares. Não se deu por vencida e retomou a carreira de cantora. Mas ao se
apresentar no Belle Époque, naquela noite de segunda-feira outonal, cantando a
música João e Maria, da dupla Sivuca-Chico Buarque, no momento em que
entoava a frase musical: Agora era fatal que o faz de conta terminasse assim...
Ela foi alvejada com vários tiros desferidos pelo ex-marido enciumado. O violonista
que a acompanhava também foi atingido no abdome – era primo do infrator. Foi levada
às pressas a um pronto-socorro e não resistiu aos ferimentos. Durante o
julgamento ela foi escarnecida e desqualificada de todas as formas: mãe que
descumpria suas obrigações, infiel e de conduta reprovável, tudo em nome da legítima
defesa da honra do macho e sob o imaculado crime passional cometido por
violenta emoção: Mulher que bota chifre tem que virar sanduíche! Quanta impunidade,
o adultério era crime. Vítima de feminicídio, um combate antigo à violência
contra a mulher. De luto até hoje: Quem
ama não mata... É preciso
repetir com todas as vozes: Eliane Gramont não vai cantar hoje. Ela está
morta! Viva Eliane de Grammont (Eliane
Aparecida de Grammont – 1955-1981), filha da compositora Elena de Grammont e irmã
da jornalista Helena de Grammont. Veja mais abaixo & mais aqui & aqui.
DITOS &
DESDITOS: O sucesso só pode ser medido em termos da distância percorrida. Existem
muitas opiniões neste mundo, e boa metade delas são professadas por pessoas que
nunca tiveram problemas... Pensamento da escritora canadense Mavis
Gallant (1922-2014). Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.
ALGUÉM FALOU: Os homens de hoje gabam-se da extensão cada vez maior das modificações que
impõem ao mundo, e a consequência é que tudo se torna cada vez mais
“artificial”... O “fim de um mundo” nunca é e nunca poderá ser nada além do fim
de uma ilusão... Pensamento do
escritora esotérico francês René
Guénon (1886-1951), que na
sua obra The Crisis of the Modern World (Sophia Perennis et Universalis, 2001),
expressa que: […] O que os homens chamam
de acaso é simplesmente sua ignorância das causas; se a afirmação de que algo aconteceu por
acaso significasse que não teve causa, seria uma contradição de termos. [...] Aqueles que podem ser tentados a ceder ao desespero devem
perceber que nada realizado nesta ordem pode ser perdido, que a confusão, o
erro e a escuridão podem vencer apenas aparentemente e de forma puramente
efêmera, que todo desequilíbrio parcial e transitório deve necessariamente
contribuir para o equilíbrio maior do todo, e que nada pode, em última análise,
prevalecer contra o poder da verdade. [...].
ALGUÉM MAIS
FALOU: Por que é que
vestir um homem de mulher é humilhar, é desmoralizar? Por que ser mulher é a
coisa mais humilhante e desmoralizada que tem? Pior que ser cachorro, pato ou
galinha? ... Pois. É por isso que um (dois, três, mil) Lindomar Castilho tem o
legítimo direito de matar a Eliane de Grammont. Ah, ele é apenas misericordioso.
Quis livrar a Eliane da humilhação, da desmoralização de ser... uma mulher. Manifestação do cartunista, jornalista,
quadrinista e escritor brasileiro Henrique de Souza Filho, o Henfil
(1944-1988), no quadro TV Homem, no programa televisivo diário TV Mulher, da
Rede Globo, publicado na seção da revista hebdomadária IstoÉ, escrevendo cartas
à sua mãe e comentando fatos da semana, no fatídico 8 de abril de 1981,
comentando o fato de policiais vestirem um assaltante de mulher e com ele
desfilaram pelas ruas como sinal de humilhação. Veja mais aqui, aqui, aqui
& aqui.
SEXO NO ESTÚDIO - […] Que importância tinha o que ela escreveu sobre uma garota sueca morta,
quando pessoas em outras partes do mundo não faziam nada além de matar umas às
outras? [...]. Trecho extraídos da obra Studio sex (SUMA, 2010), da
escritora e jornalista sueca Liza Marklund (Eva Elisabeth Marklund),
que na obra Sprängaren (Ordupplaget, 1999), expressa que: […] Neste momento, nunca mais conte com nada e não se concentre em suas
próprias propriedades; Vieta de zi cu zi não é distorcido e deve ser irracional: nem mesmo
fericiți e nem se parece com tudo isso é possível. [...],
e na obra The Final Word (Corgi, 2015) expressa ainda que: […] A jornalista imparcial, pesquisadora e esclarecedora, como era aos olhos de
todos, de todos os atores modernos, não seria nada além de um pequeno parágrafo
na história dos homens, e foi ele, ele mesmo em pessoa, quem esteve no leme já
eles gritaram direto para o inferno. [...], ao
enfatizar que: Nunca haverá nenhuma revolução. A humanidade
trocou-a pela Coca-Cola e pela televisão a cabo.
TRÊS POEMAS – DEJEÇÃO - Esvazie o copo da indiferença,\ a
ferrugem do distanciamento,\ e confinado em seu corpo\ deixe-se levar em
direção ao seu eu primitivo;\ absorve lentamente a orfandade\ que traz você\ Que
banquete para um coração gelado.\ Com o próprio desamparo\ enxugue a baba\ da
teimosa aranha que te encurrala,\ e deixe ir:\ não tente mais, \ você não é
ninguém. CONVICÇÃO - Úmido e germinado em desejo,\ estranho diante de um perfil
que não conheço,\ Eu fecho portas,\ Fecho o país da febre.\ As pessoas que amo
me veem partir;\ Eles mantêm minha concha vazia.\ Eu sou um navio\ com o leme
encalhado em frente ao penhasco\ de onde vem a palavra,\ prisioneiro de paredes
caducas\ que assedia um vendaval estéril.\ Por trás do impulso do pensamento\ meu
sulco de ternura torna-se estéril.\ Eu sou uma bola de gude que nega\ o beijo
elementar,\ o doce momento,\ esbanjando elogios\ ao verbo:\ meu carrasco. MÚSICA
DENTRO DO SEU CORPO - Ouço dentro do seu corpo uma nota de sustentação;\ uma
cotovia sobe no andaime do tempo, um tempo\ que vive em você e flui em seu
pulso. Você não ouve?\ Com sua garganta de cristal dissipa a névoa que escurece
sua testa;\ seu canto sobe até seus pensamentos, abunda em seus braços,
multiplica-se,\ atraindo você para as ilhas dos meus beijos.\ ouço tuas
artérias prolongadas num solo de ternura;\ perdido atrás da minha melancolia a
mesma nota se repete na celestialidade dos seus olhos.\ Como se dissesse aqui estou,
uma melodia como a de um trapezista atravessa seus olhos aumentando minha
alegria,\ e do seu coração, meu amor, seus arpejos desenterram meus mistérios.\
A nota é uma pequena chave que tilinta em suas mãos, inaugurando a flâmula da
minha impaciência; aquecendo-me ao lado da chama, estou inundado de coros
gloriosos,\ seus lábios na chama, acordes na minha boca.\ Busque a nota em seu
corpo, busque-a: ela é feita de luz; \ na tua fundição vejo uma revoada de
andorinhas alegres;\ em seus músculos ressoa a música do universo,\ e eu me
rendo aos ditames do desejo.
Poemas da escritora e dramaturga paraguaia Renée Ferrer de Arréllaga.
SACADOUTRAS