quinta-feira, dezembro 18, 2014

KETTY NIVYABANDI, GAYLE FORMAN, RÜHLE-GERSTEL, NIETZSCHE & VON KLEIST

 


A SOLIDÃO DE ALICE - A ariana judia de Praga foi educada em sua terra natal e em Munique. Tornou-se enfermeira durante a guerra primeira, voltando a estudar Schlegel para doutorar-se. Simpática ao socialismo casou-se com um comunista. Fundou com amigos uma associação de psicologia individual marxista. Depois, fundou uma editora: Am Ufer ändern - Dresden-Buchholz-Friedewald. E foi por ela que escrevia defendendo uma educação socialista. A insegurança com a ascensão nazista crescia levando-a a trabalhar no suplemento infantil do Prager Tagblatt. Seus temas preferidos era escrever sobre psicologia individual, marxismo e feminismo, sobretudo o desenvolvimento psicológico das mulheres, a sexualidade feminina e o papel das mulheres na sociedade. Foi então que escreveu seu romance autobiográfico Der Umbruch oder die Freiheit und Hanna. O seu objetivo era escrever uma psicologia social da feminilidade, analisando as múltiplas formas como as mulheres são tratadas como de segunda classe nas esferas pública e privada. Tornou-se insustentável sua estadia por ali e teve de exilar-se. Foi para o México trabalhar como tradutora e jornalista econômica. Lá não se sentia confortável, apesar das ótimas amizades. Escrevia cartas desesperadoras. Repentinamente o marido faleceu de ataque cardíaco e, no mesmo dia, mal recebera a notícia da fatalidade suicida-se. Veja mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOSÀ noite, as mães gradualmente regressam à humilde semi-escuridão da sua vida quotidiana, onde agora irão cumprir seus modestos e múltiplos deveres até o próximo ano... No entanto, dentro do sistema capitalista todas as mulheres tendem a ser proletárias... A família pequeno-burguesa é aquela família em que a mulher é exclusiva ou pelo menos principalmente dona de casa e mãe, e seu papel será aprovado por ela mesma e por todos os membros da família... E as próprias mulheres estão tão sob o ditame da esta perspectiva dominante que aprenderam a perceber a função social, que lhes é atribuída na divisão contemporânea do trabalho, como o seu papel natural... Pensamento da escritora, feminista e psicóloga judia alemã Alice Rühle-Gerstel (1894-1943), autora de Die Frau und der Kapitalismus (Neue Kritik, 1972), entre outras obras.

 

ALGUÉM FALOU: Guardar na honra aquilo que acaba dando errado, tanto mais pelo fato de ter dado errado, isso está bem mais perto de fazer parte da minha moral. Pensamento do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

A PROPÓSITO DO TEATRO DE MARIONETES — [...] Foi durante o inverno de 1801 que, certa noite, num parque em M…, encontrei C…, então recém-contratado como primeiro bailarino na ópera da cidade, com extraordinário sucesso de público. Na ocasião, disse a ele da minha surpresa de tê-lo visto diversas vezes num teatro de marionetes montado na praça do mercado para divertir o povo com pequenos dramas burlescos, intercalados por canto e dança. [...] Eu disse que por mais que ele conduzisse com habilidade a questão de seus paradoxos, jamais poderia fazer que eu acreditasse que seria possível obter mais graça num manequim do que na estrutura de um corpo humano. Ele sugeriu que em relação a isso, seria praticamente impossível ao homem ao menos se aproximar do manequim. Que nesse campo, só um deus poderia dar conta dessa matéria; e eis o ponto em que as duas extremidades do mundo circular se juntariam. [...] Verifica-se que a reflexão, no seio do mundo orgânico, é inversamente proporcional à graça: quanto mais fraca aquela é, mais esta irradia e domina. O mesmo se dá com duas curvas que, passando de ambos os lados de um ponto, se cortam no infinito; ou com a imagem de um espelho côncavo que repetidamente se faz real depois de ter atingido o infinito; também assim a graça ressurge depois do conhecimento atravessar, digamos, um infinito; e da mais pura forma ela se mostra, quer no corpo que tenha uma, infinita, querendo eu dizer no fantoche articulado ou em Deus. - Dessa forma – respondi um tanto perplexo – seria necessário voltarmos a provar do fruto do conhecimento para recuperarmos o estado de inocência. – Com certeza absoluta – respondeu – E será esse o derradeiro capítulo da história do mundo. [...] Cada movimento- disse-me ele – tinha o seu centro de gravidade; bastava controlá-lo a partir do interior do boneco; os membros, que não passavam de pêndulos, seguiam por si mesmos, sem nenhuma intervenção mecânica [...] Trechos extraídos da obra Sobre o teatro de marionetes (Revista USP, 1993), do escritor e dramaturgo alemão Henrich Von Kleist (1777–1811), autor da comédia O Jarro Quebrado, da tragédia Pentesileia e da novela Michael Kohlhaas.

 

SE EU FICAR - [...] Posso te perder assim se não te perder hoje. Eu vou deixar você ir. Se você ficar. [...] Amor, isso nunca morre. Ele nunca vai embora, nunca desaparece, contanto que você se agarre a ele. O amor pode torná-lo imortal [...] E é só isso, não é? É assim que conseguimos sobreviver à perda. Porque o amor nunca morre, nunca vai embora, nunca desaparece, desde que você se apegue a ele. [...] Não tenho mais certeza se este é mais um mundo ao qual pertenço. Não tenho certeza se quero acordar. [...]. Trechos extraídos da obra If I Stay (Speak, 2005), da escritora estadunidense Gayle Forman, que na obra Where She Went (SPEAK, 2012), expressa que: […] Eu precisava odiar alguém e você é quem eu mais amo, então caiu em você [...] Você não me compartilha. Você me possui [...]. Já na obra Just One Day (Speak, 2013), ela expressa que: […] Parte de mim sabe que mais um dia não fará nada, exceto adiar o desgosto. Mas outra parte de mim acredita de forma diferente. Nascemos em um dia. Morremos em um dia. Podemos mudar em um dia. E podemos nos apaixonar em um dia. Tudo pode acontecer em apenas um dia [...] Às vezes, a melhor maneira de descobrir o que você deveria fazer é fazendo aquilo que não deveria fazer. [...] Você tem que se apaixonar para estar apaixonado, mas se apaixonar não é a mesma coisa que estar apaixonado [...]. Veja mais aqui.

 

DOIS POEMASHOMENZINHO - Os animais já não falam \ Os tambores recusam-se a bater \ Tanganica recua lentamente \ Das suas costas \ Ensanguentado pelo pesadelo dos homens \ Cuja mesquinhez perfura \ O sono profundo dos antigos. \ Homenzinhos com a fome de gigantes \ Falam, falam sem parar \ Em nome de gente simples \ Cujos nomes e aflições eles ignoram \ Mas que mesmo assim \ os encaram com o desdém de incontáveis maldições \ Eles erguem estátuas de poeira \ Em suas casas brilhando com sombras \ E rastreados com pegadas lamacentas... \ Falam, falam sem parar \ Em nome de um povo \ Que saqueiam impiedosamente \ Chovem palavras feridas e depreciativas \ Da boca de suas barrigas de seis cabeças, \ Palavras frias e estéreis \ Que esfolam a carne de uma terra sufocante \ com suas longas unhas bifurcadas \ Que sugam selvagemente seus seios murchos \ Por algumas gotas de vida vermelho-sangue \ Os animais não falam mais \ Os tambores se recusam a tocar \ O sol lamenta seus raios brilhantes \ Desde que homens estranhos \ Homens de pequenas idéias \ Homens de pequenas ações \ Homens de pequenas ambições \ Homens vazios de imaginação \ Ergueram-se uns aos outros em ombros minúsculos \ E da crista de seus destroços \ Vendaram um pequeno terra \ Sombreada pela tonalidade do crepúsculo que, \ Era uma vez, \ Sonhava em tornar-se grande. DUNAS ESMERALDAS - Das profundezas dos silêncios enevoados \Os últimos segredos da noite estão envoltos \ Nos pescoços dormentes dos velhos galos \ Enquanto os vigias cochilam vergonhosamente \ Grandes mulheres se levantam, \ Os céus se curvam ao ver \ Os quatro cantos da terra \ Mas acima de tudo, acima de tudo \ O sol ardente que, tendo rodeado \ o mundo todas as noites, \ Cochila nos seus peitos inchados \ Houve muitos outros, \ Maiores, \ Mais famosos também \ Mas nunca mais elegantes \ Um por um eles se levantam \ E soltam \ Uma língua longa e aveludada \ Que lentamente se desenrola \ Gishora \ Banga \ Higiro \ Nkondo \ Karera \ Mbuye \ Nyabihanga \ Mugera \ Fota \ Não é que sejam os mais belos \ Brilhando como banana e eucalipto \ Com essas lâminas prateadas que se inclinam \ E cobrem seus peitos todas as manhãs \ E esses épicos ascendendo de suas parcas cabanas \ É justo que me pertençam \ Fluindo pelo fluxos de minhas veias \ Ontem e amanhã \ Majestosos \ Pródigos \ Audaciosos \ Dunas esmeraldas \ Sangrando nas linhas das palmas das minhas mãos. Poemas da escritora e ativista burundesa Ketty Nivyabandi, que foi selecionada em 2012 para o Burundi no London Poetry Parnassus como parte dos Jogos Olímpicos de Verão e publicou seus poemas em revistas literárias como World Literature Today e Words Without Borders, e em antologias incluindo We Have Crossed Many Rivers: New Poetry (2012).

 

OUTRAS SACADAS

 


Fonte: Isto é (e é?).
 
EXTINÇÃO DE LÍNGUAS – No capítulo oitavo – A Torre de Babel -, do seu livro Instinto da linguagem, o neurolinguística Steven Pinker denuncia a extinção de línguas: “[...] Este capitulo termina com uma nota triste e urgente. As línguaso perpetuadas pelas crianças que as aprendem. Quando os linguistas encontram uma língua falada apenas por adultos, sabem que ela esta condenada. Porisso, eles alertam para uma tragédia iminente na história da humanidade. 0 linguista Michael Krauss estima que as línguas dos índios norte-americanos, cerca de 80% das existentes, estão moribundas. Em outras partes do mundo, seus números são igualmente sinistros: 40 línguas moribundas (90% das existentes) no Alasca e norte da Sibéria, 60 (23%), na América Central e do Sul, 45 (70%) na Rússia,  225 (90%) na Australia, talvez 3.000 ( 50%) no mundo todo. Somente cerca de 600 línguas estão razoavelmente seguras por obra de um grande numero de falantes,digamos, um mínimo de 100.000 (embora isso nem mesmo garanta sua sobrevivência a curto prazo), e essa suposição otimista ainda sugere que entre 3.600 e  5.400 línguas, ou seja, 90% do total mundial, estão ameaçadas de extinção no próximo século. A extinção em grande escala de línguas evoca a atual (embora menos severa) extinção em grande escala de plantas e espécies animais. As causas disso se sobrepõem. Línguas desaparecem pela destruição dos habitats de seus falantes, assim como por  genocídio, assimilação forçada e educação assimilatória, asfixia demográfica e bombardeio da mídia eletrônica, que Krauss chama de "gás paralisante cultural". Alem de pôr um fim, as causas sociais e políticas mais repressivas do aniquilamento cultural, podemos prevenir algumas extinções linguísticas por meio do desenvolvimento de material pedagógico, literatura e televisão na língua  indígena. Outras extinções podem ser mitigadas pela preservação de gramáticas, dicionários, textos e amostras gravadas de fala com a ajuda de arquivos e cargos em faculdades para falantes nativos. Em alguns casos, como o hebraico no século vinte, o uso cerimonial contínuo de uma língua junto com a preservação de documentos pode ser suficiente para fazê-la reviver, desde que haja vontade para tanto. Assim como não é sensato pensar que se possam preservar todas as espécies da Terra, não podemos preservar todas as línguas, e talvez não devêssemos. As questões práticas e morais envolvidas nisso são complexas. Diferenças linguísticas podem ser uma fonte de discordâncias mortais, e  se uma geração escolhe trocar de língua e optar por aquela falada pela maioria, que lhe promete progresso econômico e social, será que algum grupo de fora tem 0 direito de obrigá-los a não fazê-lo porque gostam da ideia de que eles mantenham a língua antiga? Deixando de lado essas complexidades, quando 3.000 línguas estranhas estão moribundas, pode-se ter certeza de que muitas dessas mortes não são desejadas e poderiam ser impedidas. Por que as pessoas deveriam se preocupar com línguas ameaçadas? Para a linguística as ciências da mente e do cérebro se incluem, a diversidade linguística revela o alcance e os limites do instinto da linguagem. Considere apenas como seria distorcida a nossa imagem se se estudasse inglês! Para a antropologia e a biologia evolutiva humana, as línguas traçam a história e geografia da espécie, e a extinção de uma língua (digamos, do ainu, antigamente falado no Japão por um misterioso povo caucasiano) pode equivaler ao incêndio de uma biblioteca de documentos históricos ou extinção da ultima espécie de um filo. Mas as razões não são apenas científicas. Como Krauss escreve: "Qualquer língua é a realização suprema do talento coletivo exclusivamente humano, mistério tão divino e infindo quanto um organismo vivo: Uma língua é um meio que a poesia, a literatura e a musica de uma cultura jamais podem dispensar. Corremos o risco de perder tesouros que vão do iidiche, com muito mais palavras para "simplorio" do que se dizia que os esquimós  tinham para "neve", ao damin, uma variante cerimonial da língua australiana lardil, que tem um vocabulário único de 200 palavras, passível de ser aprendido em um dia mas que pode expressar todos os conceitos da fala coloquial. Conforme disse o linguista Ken Hale: "A perda  de uma língua é parte da perda mais geral de que o mundo padece,  a perda da diversidade em todas as coisas". Veja mais aqui.

 

A EXTINÇÃO DOS MACACOS – A etóloga, primatóloga e antropóloga britânica Dame Jane Goodall, que estudou a vida social e familiar dos chimpanzés em Gombe, Tanzânia, ao longo de 40 anos, tem denunciado o desaparecimento dos grandes macacos, assinalando que nos últimos 50 anos, o número de chipanzés passou de 2 milhões para cerca de 300 mil que se encontram espalhados por 21 países, tudo em nome do desenvolvimento das infraestruturas e a exploração de recursos naturais - madeira, minerais, petróleo e gás – que devastam o habitat dos grandes macacos e levaram chimpanzés, gorilas, bonomos e orangotangos à beira da extinção. O seu trabalho foi vivido por Sigourney Weaver no filme "Na montanha dos gorilas". Ela faz o alerta: Se não tomarmos medidas, os grandes macacos vão desaparecer, devido, ao mesmo tempo, à destruição de seu habitat e ao tráfico de espécies animais [...] Se não fizermos nada, vão desaparecer, ou só restarão a eles pequenas bolsas onde dificilmente escaparão da consanguinidade. [...] Se não fizermos nada para proteger o meio ambiente, que já destruímos em parte, não gostaria de ser uma criança nascida em 50 anos. Não devemos isso a elas? [...] Somos esquizofrênicos. Temos esta inteligência incrível, mas parece que perdemos o poder de trabalhar em harmonia com a natureza [...] se perdermos (os grandes macacos), será provavelmente porque também perdemos as florestas e isso terá consequências totalmente devastadoras sobre as mudanças climáticas. [...] A mudança climática é evidente em toda parte. Há líderes que dizem que não acreditam nas mudanças climáticas, mas não acredito que seja realmente o que pensam, talvez sejam apenas estúpidos". E o homem cultuando o Lamentável expediente da guerra!!!!!


E NO BRASIL, COMO ANDA A EXTINÇÃO? MAIS 1.100 ESPÉCIES EM EXTINÇÃO!!! – O Ministério do Meio Ambiente divulgou nesta quarta-feira, em Brasília, as novas Listas Nacionais de Espécie Ameaçadas de Extinção. De acordo com o levantamento – produzido por 1.383 especialistas de mais de 200 instituições, entre 2010 e 2014 -, o número total de espécies ameaçadas aumentou de 627, na lista anterior, de 2003, para 1.173. De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o avanço aconteceu porque a amostra também cresceu. “A lista cresce porque se conhece mais”, alegou a ministra. A lista anterior contemplava 816 espécies, enquanto o novo levantamento considerou 12.256 espécies da fauna brasileira – incluindo peixes e invertebrados. De acordo com o governo, trata-se da maior avaliação da fauna já feita no mundo. Segundo a ministra, a metodologia utilizada anteriormente definia como objeto de estudo somente as espécies já consideradas potencialmente em risco de extinção. Embora a lista das espécies ameaçadas tenha aumentado, 170 espécies deixaram de fazer parte da relação, incluindo a baleia jubarte e a arara-azul-grande, ambas com populações em recuperação, segundo a lista. Para conferir a lista acesse o site do Ministério do Meio Ambiente.


ENQUANTO ISSO... NÊNIA DE ABRIL.. – Esse texto eu escrevi no início dos anos 2000: Quando o Brasil dá uma demonstração de que deve ser mesmo levado a sério! Até fiz uma enquete que começou a rolar quando este blog ainda era no extinto Weblogger e fui atualizando: O Brasil deve ser mesmo levado a sério? Como muita gente achou que o problema não lhe dizia respeito (ora, ora!), então refaço a mesma pergunta hoje!!! Clique aqui para participar da enquete assinalando qual a alternativa que melhor condiz com sua opinião. Enquanto isso eu continuo cantando a minha Crença numa Nênia de Abril. E viva o Fecamepa!



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