quarta-feira, junho 03, 2020

ALBA ZALUAR, TAMARA KARSAVINA, AL MAÇUDI & FLÁVIA BARROS



DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: ENTRE NOTÍCIAS FALSAS & ESPETACULARIZAÇÃO - Lá vou eu entre as polarizadas encrencas das notícias falsas e a espetacularização escusa dos meios de comunicação de massa! Ter discernimento é fundamental! Cá comigo: é muito difícil manter qualquer diálogo com sectários desinformados ou fanáticos. Maior perda de tempo mesmo. Pense num revestrés! Aprendi com Madeleine de Scudéry: As ações são muito mais sinceras do que as palavras. A desconfiança é a mãe da segurança. Por muito boa que seja a cabeça, quase nada pode contra o coração. Pois é, cair na onda ignorando os interesses subjacentes é o mesmo que ser enganado noitedia e não admitir o que a língua do boato mande ver aos berros ululantes ou cochichos sabotadores. O melhor é se ligar na situação. DUAS: ESCAPANDO DAS FULERAGENS E BOATARIA – Tem jeito nada. É feito apelido: ou derrete os chifres ou deixa correr, melhor. Já arrastei muita mala de perder a viagem que só. Cada uma. Foi quando aprendi checar direitinho a cor da chita, naquela dum olho aberto e outro fechado, rindo pra não expor o toitiço pro sal pisado, aí é que dava no que não era nada: não era a reveladora do Israel Pedrosa, só aquela que mais parecia com a do cavalo quando foge ou a que fica depois da ação dos larápios mais contumazes. Ou seja: nada. A sensação que eu tinha depois de sacar direitinho, era a mesma do José Lins do Rego: Chego a esta casa sem arrependimentos pelo que fiz, nem temor de falar como sempre falei, com a língua solta que Deus me deu. Apois, tá! Só cuspi pra cima e saí de baixo, estou sempre pronto para outra, naquela de um pé na frente e outro atrás. Oxente! TRÊS: CALOR NO SOVACO & A CATINGA COME NO CENTRO – É cada inhaca, vixe! Entre cruzados de sacanagens e sapateadas para arrumação na teta do erário público, eu mesmo que não saio mais engalobado, já passei da conta, vacinado. Saco na hora, mesmo que passem puxando mais de cem. Não me engana mais não. Cuido para não morrer do coração. Xô pra lá, catingoso! Por isso vou entoando o Libelo da Primavera de Ginsberg: só a poesia torna a vida suportável!!!!! E vamos aprumar a conversa, gente! Até mais ver! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Nas redes da reciprocidade partilhada, valem a memória e a confiança articulados entre si. É a confiança que, em última análise, garante o circuito da reciprocidade positiva e afasta o fantasma da guerra ou do conflito destruidor e letal, mesmo que esporádico. Como não há garantia de que as dádivas serão retribuídas, ainda que seja uma palavra de apoio do doador ao receptor, e receber o presente um gesto de tolerância ou aceitação, é a fidúcia entre parceiros que mantém a aposta na dádiva, ou seja, a expectativa num tempo que se dilata indefinidamente à espera de uma ocasião em que o receptor esteja pronto a retribuir. É a confiança ou o crédito prolongados, portanto, que eliminam a possibilidade de que se instaure a inimizade e a guerra. [...] O esquecimento vem a ser, então, um rompimento com esse pacto nunca explicitado do circuito de trocas. Como não está baseada num conhecimento total, que a tornaria inútil, a confiança precisa dos mecanismos da memória individual e coletiva para se estabelecer. [...] Diante desse quadro complexo de objetividades e subjetividades, do material e do simbólico, das relações entre a sociedade e o Estado na alta modernidade, o atual jogo político no Brasil revela toda a sua pequenez, reducionismo, ineficácia e infelicidade. Os brasileiros, a despeito deles mesmos, estão deprimidos. Tanto a fazer para conquistar a confiança dos eleitores e dos contribuintes no Executivo e no Legislativo que pressupõem de alguma forma a sua participação, infelizmente ainda muito adscrita às eleições que agora sabemos ser manipuladas e gerenciadas por grandes grupos econômicos! Trechos extraídos do ensaio Confiança e memória: antídotos da violência (Sociofilo, 2017), da antropóloga Alba Zaluar (1942-2019), que atuou na área de antropologia urbana e antropologia da violência e foi professora titular de Antropologia do Instituto de Medicina Social e professora de antropologia no Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, fundadora do Núcleo de Pesquisa em Violências (Nupevi), cujos temas de estudo variam entre violência doméstica, segurança pública e tráfico de drogas. Foi uma das primeiras a estudar a Cidade de Deus. Ela é autora de obras tais como: Cidadãos Não Vão ao Paraíso (1994), Condomínio do Diabo (1996), Da Revolta ao Crime S.A. (1996), Um Século de Favela (1998), A Máquina e a Revolta (1999), Violência, Cultura, Poder (2000) e Integração Perversa: Pobreza e Tráfico de Drogas (2004).

MÁRTIRES DO AMOR
Uma cantora de alaúde começou a cantar: “Cada dia que passa, um rompimento! O tempo se escoa e nossa cólera não se aplaca; quem me dirá se essa desgraça só atinge a mim ou é comum a todos aqueles que amam?” [...] Conta-se que Yézid, filho de Abd el-Melik, presidindo, um dia, a audiência da Justiça, encontrou entre os requerimentos que lhe foram enviados, um assim concebido: “Queira o príncipe dos crentes (que Deus o glorifique) fazer vir em minha presença sua escrava tal, para que ela me cante três canções”. Yézid, enfurecido, ordenou que lhe trouxessem a cabeça do audacioso culpado; porém, ele preferiu enviar um segundo mensageiro nos traços do primeiro, com ordem de trazer o autor do pedido. Quando esse homem estava em sua presença, o príncipe perguntou-lhe o que pôde inspirar-lhe uma ação tão atrevida. “É – respondeu ele – minha crença em vossa bondade, minha confiança em vosso perdão”. O califa fê-lo sentar-se, e quando todos os omeíades até o último entre eles haviam-se afastado, ele fez vir a escrava com seu alaúde à mão. O jovem pediu-lhe esta canção [...]. A escrava cantou; em seguida, o jovem, com autorização de Yézid, reclamou esta outra canção [...] Ela cantou também. Fala, disse o príncipe ao jovem. – “Ordeno que se me traga uma ânfora de vinho”. Mal esvaziara a ânfora, ele ergueu-se bruscamente, subiu à cúpula sobre a qual o príncipe estava sentado, precipitou-se e morreu. Yézid gritou então: “Pertencemos a Deus e voltamos para ele. Eis o tolo, o insensato, que acredita que após lhe haver mostrado uma de minhas escravas eu a guardaria em minha posse! Pajens, faze sair esta menina e conduze-a à casa dos seus, se ela os tiver; senão vende-a e distribui o dinheiro em esmola por intenção o morto”. Logo ela foi trazida; atravessando a corte do palácio, ela viu um fosso escavado no meio do palácio de Yézid para receber as águas da chuva; escapou das mãos dos seus guardas, pronunciando estes versos: “Os que morrem de amor devem morrer assim; o amor não vale nada sem a morte”. Precipitou-se no pequenino abismo e morreu.
MÁRTIRES DO AMOR - Trecho da crônica do viajante, geógrafo, historiador e cronista árabe Al Maçudi  (871-956), extraída da obra Contos árabes (Cultrix, 1967), organizada e traduzida por Jamil Almansur Haddad e Jose Paulo Paes. Neste conto percebe-se a dedicação do poeta pela amada, uma verdadeira cantiga em que o amor é sentido ardentemente como uma paixão profunda e duradoura, própria de um poema de amor. Veja mais aqui.

A ARTE DE TAMARA KARVASINA
A arte da bailarina russa Tamara Karsavina (1885-1978) que integrou o Balé de Sergei Diaghilev, tendo sido várias vezes par de Vaslav Nijinski. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
Eram mais mulheres, a falta de homem sempre foi complicado. Só tinha o Fred (Salim) depois entrou o Carlos Santillan, que era um médio que veio fazer um cruso de medicina aqui em recife e era bailarino, peruano. Ele e o irmão dele dançavam num grupo profissional de danças no Peru. Aí tivemos que correr atrás de atletas formandos da escola de Educação Física, para fazer teste, para ver as possibilidades de cada um, então, com esses rapazes completamos o grupo de rapazes que já tínhamos, mais os dois que não eram da escola de Educação Física, e no fim, ficaram sete rapazes do grupo. Acho que eram mais moças, sempre mais moças.
Depoimento da bailarina, coreógrafa e professora Flávia Barros, que integrou o Corpo de Baile do Theatro Municipal do RJ e fundou o Curso de Danças Clássicas Flávia Barros, além de fundar o Grupo de Ballet do Recife e criou, juntamente com Ariano Suassuna, o Balé Armorial do Nordeste. Depoimento ao Projeto RecorDança (2004),  extraído da obra Acordes & traçados historiográficos: a dança no Recife, organizado por Ana Valeria Ramos Vicente e Roberta Ramos Marques. Noutra entrevista (RibaltaOUTSite - Satedpe, 2009), exla expressou que: Parti do que já conhecia para um trabalho difícil de técnica Fábio Coelho, Carlos Santillan, Eduardo José Freire, Edmond básica para o conhecimento e evolução dos movimentos necessários ao Janiszowsky, Evandro Paiva e Airton Tenório. Estilo de coreografia que seria mais adequado à estética armorial reconhecida pelas referências ibéricas e mouras na sua constituição. Um trabalho básico de balé, ritmo, composição coreográfica espontânea com grupos de bumba-meu-boi, de personagens como Mateus e Catirina e outros dos folguedos populares. A música do Quinteto Armorial, executada ao vivo pelo próprio quinteto foi muito adequada. Assim, trabalhamos o texto que Ariano Suassuna criou, nascendo o espetáculo Iniciação Armorial aos Mistérios do Boi de Afogados, com figurinos e cenários de Bernardo Dimenstein. A temporada no Teatro de Santa Isabel teve lotação esgotada todas as noites.
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A obra da escritora e advogada Djanira Silva aqui.
A música da cantora, compositora, percussionista, poeta e atriz Karina Buhr aqui.
Memória e ficcionalidade em Deus no pasto de Hermilo Borba Filho (UFPE, 2009), apresentada por Virginia Gisele Carvalho aqui
Contraponto: poder, política, economia e costumes (CEPE, 2006), do economista, professor universitário, editor e analista consultor Carlos Alberto Fernandes aqui.
Asas do Tempo (Telegráfica, 2013), do escritor Fernando Nascimento Barreto aqui
A arte da a artista visual, produtora cultural e pesquisadora Bruna Rafaella aqui.
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As abelhas de Cupira aqui.