quinta-feira, maio 14, 2020

YUVAL HARARI, OLYMPE DE GOUGES, CINDY SHERMAN & JOÃO FERREIRA VILELLA


DIÁRIO DA QUARENTENA – UMA: ESSE O MEU TEMPO, AGORA! – Manter a sanidade está cada vez mais difícil. Aliás, viver está dificílimo. Tudo desmoronando, inclusive as relações. Afetos se dissolvem ao vento, tudo como se não houvesse mais a quem recorrer no meio de mentiras ultrajantes que não dão nem para passar por verossímil ou sofismável. Completa insegurança e descaramento. Já dizia Strindberg: A verdade é sempre desaforada. No fundo, é isso, a solidão: envolvermo-nos no casulo da nossa alma, fazermo-nos crisálida e aguardarmos a metamorfose, porque ela acaba sempre por chegar. Sim, é preciso dizer sim para poder seguir em paz. DUAS: DOI PROFUNDAMENTE TANTOS MORTOS TODOS OS DIAS – A maior barulhada na cabeça, o contágio e o pânico são reais. Muitos se foram, outros vão sem nem se despedir. Afora isso, muita futilidade nas redes sociais, igualmente ao governante alheio que só quer se sustentar no poder e proteger seus familiares das coisas que eles próprios cometem. E daí? Para ele, os outros que se danem no meio da maior desarmonia federativa e cada um de nós à própria sorte. Steiner já alertava o colapso do sistema e, ao prevenir, foi marginalizado pela academia porque não seguiu a obsessiva objetividade. Na sua epistemologia evolutiva, nunca poderia haver dicotomia entre razão e emoção porque fazem parte de uma única fonte reconhecida na ecologia do conhecimento, nem absolutista nem relativista, para desconstrução do descontruido. Agora o caos e ninguém sabe qual direção tomar. Emma Goldman que o diga: Em uma sociedade sustentada pela mentira, qualquer expressão de verdade é vista como loucura. O capitalismo sabe corromper aqueles que deseja destruir. Apesar disso vou em frente sem sair do lugar, apenas vou. TRÊS: COLAGENS DO DIA – Só me resta emoldurar recorrências da memória e depois esquecer, relembrar e esquecer de novo, quantos momentos, outros pensamentos. Só tenho a consciência de existir, sou o que posso e sei no que diz Perls: O passado já não é; o futuro ainda não é; só o agora existe. Você se decepcionou sozinho, ignorando o direito das pessoas serem o que são. Então você é responsável pelo que está sentindo. Vou limpando a chaminé para ver o que vai restar de tudo. Talvez, daqui por diante a vida no sentido real ou não haverá mais nada. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Acho que o maior perigo não é o vírus em si. A humanidade tem todo o conhecimento e as ferramentas tecnológicas para vencê-lo. O problema realmente grande são nossos demônios interiores, nosso próprio ódio, ganância e ignorância. Temo que não se esteja reagindo a esta crise com solidariedade global, mas com ódio, colocando a culpa em outros países, em minorias étnicas e religiosas. Mas espero que consigamos desenvolver nossa compaixão, e não nosso ódio, e reagir com solidariedade global, desenvolvendo nossa generosidade de ajudar os necessitados. E que desenvolvamos nossa capacidade de discernir a verdade, em vez de acreditar em todas essas teorias da conspiração. Se fizermos isso, não tenho dúvida que conseguiremos superar facilmente a crise. [...] Nos últimos anos, temos visto diversos políticos populistas atacarem a ciência, dizerem que os cientistas são uma elite remota, desconectada do povo; que coisas como a mudança climática não passam de uma farsa, que não se deve acreditar nelas. Mas neste momento de crise por todo o mundo, vemos que as pessoas confiam mais na ciência do que em qualquer outra coisa. [...]. Trechos da entrevista (Deutsche Welle, abril/2020), do escritor israelense e professor ph.D em História, Yuval Noah Harari. Veja mais aqui.

RÉFLEXIONS SUR LES HOMMES NÈGRES, OLYMPE DE GOUGES
[...] Convencida por um longo tempo dessa verdade e dessa terrível situação dos escravos, inseri sua história na primeira peça que surgiu da minha imaginação. Muitos homens se interessaram pelo destino dos escravos e se esforçaram para aliviar seu fardo, porém nenhum pensou em deixá-los subir ao palco com suas roupas típicas e sua cor como eu planejava fazer, se a Comédie Française não tivesse se oposto. [...] À que me refiro? Que a escravidão se tornou um comércio nos quatro cantos do mundo. Comercializar pessoas! Céus! E a Natureza ainda não estremeceu! Se eles são animais, não somos também iguais a eles? Como os Brancos são diferentes dessa raça? Se a diferença está na cor… [...] Não é a humanidade a obra-prima mais bonita? [...] Minha alegria seria imensurável se eu visse a Representação da minha Peça como sempre desejei. [...] Então, Senhoras e Senhores, representem minha Peça, que ela já esperou tempo suficiente. Como vocês pediram, ela foi publicada. Eu me uno a cada Nação para pedirmos pela sua representação, e estou certa de que eles não me desapontarão. Essa sensibilidade que poderia ser considerado como orgulho próprio, se visto em outros, é resultado do impacto que o protesto público a favor dos Negros tem sobre mim. [...]
OLYMPE DE GOUGES - Trechos de Réflexions sur les hommes nègres (Her OEuvres de Madame de Gouges, 1788), da feminista, revolucionária, historiadora, jornalista, escritora e dramaturga Olympe de Gouges (1748-1793), extraído da Tradução do texto: Reflexões sobre os negros - autora: Olympe de Gouges - 1788 (História & Ensino, jan./jun. 2018), de Jasmim Sedie Drigo e Nádia Carrasco Pagnossi. Veja mais aqui e aqui.

A FOTOGRAFIA DE CINDY SHERMAN
Não somos aquilo que pensamos ser. Fiz escolhas muito ruins no passado, pena que não fui para a terapia antes. O mais inquietante não é ver mais rugas no meu rosto, mas constatar que o leque de possibilidades diminuiu. Posso me fazer passar por alguém com 100 anos, mas não mais por alguém com menos de 50. Na verdade, você não vê muitos retratos de mulheres mais velhas, assim como elas também não estão presentes na moda e no cinema. O que faço é parte disso. Você olha para elas e vê que passaram por muita coisa. Você enxerga a dor, mas elas continuam se movimentando e seguindo adiante. Eu sinto que estou anônima em meu trabalho. Quando olho para as imagens, eu nunca me vejo, elas não são autorretratos. Às vezes eu desapareço.
CINDY SHERMAN - A arte conceitual da premiadíssima fotógrafa e diretora de cinema estadunidense Cindy Sherman, que por meio de diversos trabalhos levanta questões importantes e desafiadoras sobre o papel e a representação das mulheres na sociedade, a mídia e a natureza da criação de arte. Veja mais aqui e aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
A arte do fotógrafo e pintor João Ferreira Vilella, cujos dados biográficos são desconhecidos até o momento, sabendo-se apenas se tratar do primeiro fotógrafo pernambucano que foi ativo retratista entre as décadas de 1850/1870, expondo suas fotografias paisagísticas e dedicando-se exclusivamente à pintura.
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Forroboxote & poesia do poeta Xico Bizerra aqui.
A arte do artista plástico e cenógrafo Mauricio Arraes aqui.
Conversa de camarim: o teatro no Recife na década de 1960, do dramaturgo, filósofo, jornalista, professor, poeta, diretor, encenador e crítico de teatro, Benjamim Santos aqui.
O curta A menina banda, dirigido, roteirizado e fotografado pelo cineasta Breno Cesar aqui.
Maracatu Real da Várzea aqui.
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Solar das Abelhas – Caruaru aqui.