VAMOS LOGO APRUMAR ESSA CONVERSA! - UMA: PASSANDO A LIMPO A HISTÓRIA NO QUENGO - As coisas
acontecem e, passado algum tempo, parece mais que ninguém se lembra de nada que
passou. Tragédias e, sobretudo, morticínios aconteceram e acontecem ainda hoje,
dando-me a impressão de que não se aprendeu a lição, viram página virada,
simplesmente. Testemunhos aos montes dão conta dos mais diversos momentos
lúgubres por que a humanidade passou e tem gente que não leva em conta, ou sei
lá o que fazem para cometer tantas desgraças. Ainda hoje martela na minha
cabeça as palavras de Irena Sendler:
Mais de meio século se passou desde o inferno do
Holocausto, mas seu espectro ainda paira sobre o mundo e não nos permite
esquecer. Continuo com dores de consciência por ter feito tão pouco. Seria desumanidade não
se sensibilizar com isso. Como se valesse o que diz Pedro Nava: A
experiência é um farol voltado para trás. Como sou solidário, me
mantenho como ele: Não tenho ódio, eu
tenho é memória... E desses acontecimentos não posso esquecer, e a minha
indignação continua porque foram duros demais para olvidar no presente. DUAS: TEM MUITA
GENTE CEGA, MAS MUITO MAIS QUE NÃO QUEREM NEM VER – Cada qual dono dos seus
pensamentos. Incompreensível é não querer enxergar o óbvio ou negligenciar, ou
mesmo participar de atos e fatos inadmissíveis de tão insensatos, depois de
tudo por que já se passou no Brasil e no mundo. Aos que não conseguem remover a
venda dos olhos ou não querem enxergar a realidade, Stevie Wonder diz o que é mais apropriado: Só porque um homem carece do uso de seus
olhos não significa que ele não tem visão. Às vezes,
sinto que eu sou realmente abençoado por ser cego, porque provavelmente eu não
duraria nem um minuto se fosse capaz de ver as coisas. E arremata com
categoria: Os olhos mentem se você
conseguir enxergar dentro deles a personalidade de cada um. Realmente, é
muito duro ter que testemunhar tanta ignomínia e irresponsabilidade como a que
ocorre agora nestes tempos de pandemia e crise política. TRÊS: PARA OS QUE PODEM E NÃO QUEREM, TANTO FAZ – Diante de tanta
desfaçatez, incompetência e dissimulação duma vez só cuspida na cara por
governantes irresponsáveis, o Lima Barreto
deu-me uma lapada das boas que só ele sabe dar: O Brasil não tem povo, tem público. Entre nós tudo é inconsistente,
provisório, não dura. Sim, sei, tudo passa, mas enquanto dura, machuca
demais. Vou com ele levando na vida: Não
é só a morte que iguala a gente. O crime, a doença e a loucura também acabam
com as diferenças que a gente inventa. Nós não somos nada nesta vida. Sim, vivendo e aprendendo. Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] a
filosofia exige que seja posto em discussão tudo o que a própria razão não
compreende [...] O “exercício
da filosofia" significa: "vem pensar comigo, vamos conhecer a verdade
juntos!" O filósofo guia o que pensa e o conduz através da argumentação
para a clara luz do Verdadeiro e do Bem. [...] há um único critério geral de separação para remediar os erros de fato,
uma vez excluída a ignorância. É o mesmo que vale para toda a filosofia ou
arte: quando o intérprete subverte ou muda a hierarquia de valor, estamos
diante - claramente - de um mal-entendido. [...] não é racional uma filosofia que não aplica seus próprios valores ao
âmbito de uma teoria da sociedade, que não assume a tarefa de tomar em
consideração de tematizar as condições empíricas de realização da utopia
racional. [...] não pode ser
filosofia radical se permanecer apenas filosofia; deve ser também teoria da
sociedade, teoria crítica da sociedade. [...] a filosofia radical deve criticar a sociedade fundada em relações de
subordinação e de domínio; deve substituir a forma de vida que lhe é própria
por uma nova. Sua crítica deve ser total: e sua utopia deve ser elaborada de
modo a poder ser alcançada somente através de uma revolução social total. [...]
dotada de consciência histórica: por
isso, deve investigar também a origem da estrutura social do presente. [...] deve refletir historicamente sobre si mesma, sem abandonar a pretensão à
validade universal de seus ideais. [...] postular sempre o que deve ser também pode ser... é dever do filósofo
radical verificar se é possível o que deve ser e - ainda mais importante - como
é possível. [...] a Filosofia Radical
quer que a terra se torne a pátria da humanidade. Eis porque ela não pode se
afastar e nem omitir seu papel político-social de [...] se tornar práxis para que a práxis se torne
teórica, para que os homens possam se elevar ao nível da discussão filosófica,
antes que seja tarde demais. [...]. Trechos extraídos da obra A filosofia radical (Brasiliense,
1983), da filósofa húngara Ágnes Heller (1929-2019) que propôs a
Filosofia Radical cuja teoria ela divide a vida em atividades cotidianas
(objetivadas) e não-cotidianas (de certa forma as subjetivadas). Para ela, todo
homem nasce no cotidiano, mas ao produzir reflexões teóricas, filosóficas,
artísticas e políticas estaria na dimensão não-cotidiana, que, evidentemente,
tem sua origem no próprio cotidiano, indicando que qualquer um, não importa o
estágio de consciência histórica em que seja lançado ao mundo, nasce no
cotidiano e aí se desenvolve. Ela é autora de obras como Uma teoria da história (Civilização Brasileira, 1981); A crise
dos paradigmas em Ciências Sociais e os desafios para o século XXI (Contraponto,
1999); Teoria de los Sentimientos (Fontamara, 1987); O Cotidiano e a
História (Paz e Terra, 2004), entre outras. Veja mais aqui.
A CARGA DAS HEROÍNAS
Em o desenrolar da cruenta batalha de Porto-Calvo, enfrentando-se os
exércitos do príncipe de Nassau e do conde de Bagnuolo, houve lances de grande
emoção e beleza. Desde o começo, de parte a parte, a vitória andou irresoluta.
Ora parecia que iam triunfas as armas holandesas, ora tendia a ser dos
pernambucanos o triunfo. E, nessa indecisão, a luta durava num aceso entremover
de tropas, num retinir de lanças, num espoucar de mosquetes e reboar de peças. [...].Houve, porém, um instante dramático em que
diante da crescente vaga de reforços dos flamengos, Camarão exausto, ia
recuando, ia entregando terreno ao inimigo. Impossível resistir. Não valiam
coragem, esforços, impavidez. A coluna assaltante era um muro que se movia, que
avançava. Tão fácil, entretanto, não lhe foi o avanço. Sem que o esperassem, os
batavos receberam uma carga valorosa. Lanças em riste rasgavam-lhes os peitos,
atingiam-lhes os rostos, faziam-nos momentaneamente estacar... E, quenado
puderam ver bem quem os repelia, tinham diante de si, as mulheres de Porto-Calvo,
comandadas por Clara Camarão, todas dispostas a morrer também pela terra
pernambucana.
A CARGA DAS HEROÍNAS - Trechos
extraídos da obra Terra pernambucana
(FCCR, 1981), do jornalista, professor e escritor Mário Sette (1886-1950). Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.
A ARTE DE ELKE
SIEDLER
Nas danças que lidam com a incerteza como ação criativa
de composição o corpo trabalha com a possibilidade de agregar novas
informações, durante a apresentação, como estratégia de construção da
configuração. Há uma probabilidade maior, então, da ocorrência de
imprevisibilidades, neste tipo de dança, uma vez que se alargam as
possibilidades conectivas do corpo ao longo da execução da dança. Perturbações
externas instabilizam um sistema aberto longe do equilíbrio e soluções
criativas emergem como resultado da auto-organização do corpo. A incerteza
permite a produção de novidade nos processos complexos da dança.
ELKE SIEDLER - Trecho extraído
da dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Dança da
UFBA, Configurações de dança: a incerteza como
condição de existência (UFBA, 2012), da bailarina e coreógrafa Elke Siedler, que é graduada em
História pela UFSC (2007), especialista em Estudos Contemporâneos em Dança
(2009) e doutoramento em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, pesquisadora e
artista-docente em dança. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
CLÁUDIA SÃO BENTO & CIA DOS HOMENS
A arte da bailarina e coreógrafa Cláudia São Bento que fundou em meados dos anos 1990 a sua Escola
de Ballet e dirige a Cia dos Homens,
grupo pernambucano que usa linguagem da dança c desde 1988.
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Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime
da economia patriarcal (Livros do Brasil, 1957), do sociólogo Gilberto
Freyre (1900-1987) aqui.
Memórias
e contos de J. Borges, do artista cordelista J. Borges
(José Francisco Borges) aqui.
Danças
populares como espetáculo público no Recife de 1970 a 1988, de Maria Goretti Rocha de Oliveira aqui.
A poesia de Teresinha Ponce de
Leon aqui.
A arte do artista visual Gabriel Petribú aqui.
A música de Fernando Melo Filho aqui.
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