terça-feira, agosto 27, 2019

CONFÚCIO, CAMILLE PAGLIA, JACQUES LIPCHITZ, BAIXIO DAS BESTAS & BIRITOALDO


OS PANTINS & SUMIÇO DO BIRITOALDO – O Biritoaldo não toma mesmo jeito. Não bastou ser escorraçado com um bocado de chifres embelezando o quengo e presenteado gentil e diligentemente pela Munga; de ter sido defenestrado com um chutaço nos glúteos pela Xica Doida, de ficar se arrastando de quatro, todo desconjuntado por um bocado de dia – A mulher tem uma patada atômica ineivada à la Rivelino, meu! -; de ter variado mundo afora numa paixonite descabelada por uma foto desbotada – era da Amy Winehouse antes do sucesso, lascou-se ao saber que ela tinha morrido fazia tempo -; de ter sido barrado depois de uma recaída sentimental das brabas – era pela Rebel Wilson - Ué, esse cabra devia se agarrar com a santa Rita de Cássia, vai gostar de causas impossíveis assim lá no raio que o parta, meu! -; e depois de tanta dor de corno, enfiou o dente com força nas biritas de perder o carnaval e a noção do tempo; e de sair se vingando de formigueiro, ih, danou-se! Parece que agora ele emborcou de vez e ganhou a simpatia da galera: Aê, Birito, já vai, né? Vai pra porra, fresco! E aí Birito? Vai te lascar, viado! Birito, vem cá, conta uma pra gente, vai! Só se rolar uma meiota! Desce aí uma lapada boa pro Birito, meu! Qual é a nova? Ah, não te conto. E arriava peta maior que as aldrabices dos mitômanos. Bote patranha cabeluda, sempre levando a maior. É mesmo, rapaz? Todos se arregalavam na maior das gaitadas. Desce outra carraspana aqui pro Birito, meu! E de gole em engulhos, ele debulhava suas pinoias, cada gazopa maior que a outra, inventando acontecidos de seu próprio heroísmo e macheza. Comigo é assim! Faziam que davam fé só para ver até onde ele ia. Tome corda, dele sair todo pabo, trocando as pernas de tão zarolho dos quequeos, tropicando às topadas, até se arranchar num cantinho duma igreja que fosse; isso, quando não, meio lá e meio cá, arremedar o ofício do pároco - ou pastor, por engano: Estou só me agarrando com Santo Expedito, ora! Não adiantava coroinha que fosse para expulsá-lo, logo voltava. Queria falar com o sacerdote de qualquer jeito. Insistia: Não está ou não pode, saiu, ou sai para lá, pinguço! Até o padre perder a paciência e saber o que ele queria. Diga! Seu padre, como é que se pega doença? Assim: vagabundeando, fazendo coisas erradas, irresponsável todo malabanhado, fedendo, aperreando a família, bebendo feito satanás com sede e atrapalhando a vida dos outros. Calma, cidadão, calma aí, eu só estou preocupado porque soube que o papa estava doente, por isso que vim saber do senhor. Bota esse sujeito para fora, já! E saíam aos empurrões para jogá-lo no meio da rua: Isso é lá coisa que se faça com um sujeito católico que nem eu, seus merdas! Vou virar uma teibei agora! Ninguém sabe como, ele se apossava aprumado de uma garrafa do aperitivo escalafobético, de findar cantarolando no maior berreiro a sua cornice desmedida, aos goles, peidos e soluços. Embeiçava a carraspana de se envultar por dias, só desenvultando dessa vez, por conta dos assopros de um fuleiro tocador dum pife de Hamelim, puxando uma enfieira de ratos que infestaram Alagoinhanduba, feito praga do maior aperreio para a população. Lá foi ele dançando aos tombos, acompanhando o séquito de guabirus para nunca mais dar sinal de vida. Eita! Alguém viu o Birito por aí? É, nunca mais deu as caras. Por onde é que anda aquele estroina cornudo, hem? Rapaz, faz tempo que deu o maior sumiço. Soube que ele foi enfeitiçado pelo pifeiro da ratoeira e se picou. Ah, ele tá roendo a dor de corno dele, deixa para lá. Um dia aparece. Ah, sim. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] A arte só ganha o noticiário hoje quando uma obra é roubada de um museu ou uma pintura de um artista famoso é vendida por um preço absurdamente alto em um leilão. A arte se transformou em investimento para os super-ricos, em nada diferente de diamantes ou imóveis. Essa ostentação e esse excesso distorceram a percepção popular da arte, que toma a aparência de um jogo narcisista e ganancioso dos poderosos para a maior parte das pessoas. [...] A comunidade artística falhou em reconhecer ameaças à sua existência. Por isso escrevi esse livro (Imagens cintilantes), para tentar demonstrar a complexidade e a dimensão espiritual da arte, que não pode ser totalmente emulada por iPhone. [...] O mercado de arte hoje é um espetáculo grotesco de pretensão e ganância. Obras de arte são tratadas como objetos frios de investimento financeiro, exatamente como diamantes, mansões ou carros esportivos. Artistas de destaque do passado e do presente se tornaram marcas, sendo promovidos como empresas comerciais lucrativas. [...].
Trechos extraídos de Como viver juntos – Libreto (Fronteiras do Pensamento, 2015), da escritora, professora e crítica social estadunidense Camille Paglia. Veja mais aqui.

BAIXIO DAS BESTAS
O premiado drama Baixio das Bestas (2006), dirigido por Claudio Assis, aborda sobre a condição da mulher desprotegida numa dramática situação de prostituição ilegal e exploração sexual de menores. Conta a história da jovem Auxiliadora que é explorada por seu avô moralista, que expõe a neta nua por dinheiro em posto de parada de caminhões na região dos canaviais pernambucanos. Na cidade, um estudante de família classe média, se envolve no final de semana com álcool, drogas e orgias sadomasoquistas com as prostitutas de uma cafetina afamada. A história se complica com o cruzamento dos personagens, envolvendo paixões, desejos e intrigas. Veja mais aqui.

A ESCULTURA DE JACQUES LIPCHITZ
Para mim, escultura é divindade. Esta é a única resposta que eu poderia encontrar para mim mesmo. A arte é o modo distintamente humano de lutar contra a morte. Através da arte, o homem alcança a imortalidade e nesta imortalidade encontramos Deus.
A arte do escultor lituano Jacques Lipchitz (1891- 1973). Veja mais aqui.

A OBRA DE CONFÚCIO
O silêncio é um amigo que nunca trai.
A obra do filósofo chinês, Confúcio (551 a.C. - 479 aC) aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.