CRÔNICA DE OUTRO
ABRIL - Havia o dia e isso já era o que podia
ocorrer de melhor. Alguém não viu e era eu, as coisas todas acontecem ao mesmo
tempo e a todo momento: aqui, ali, acolá a luz acendeu, a noite se foi, um grão
germinou, o mato floresceu, o rio a correr, a flor a brotar, o bicho escondeu, segundos
que se vão, minutos sem contas; o olho piscou, o instante se foi e escorreu
entre os dedos, sem se dar conta o que a água inundou, o que mudou de lugar ou pereceu,
o que o tempo engoliu ou espalhou, o que sumiu ou apareceu, o tanto de difuso
que esborra e não dá para abarcar: chiados, estalidos, pegadas, idas e voltas. Assim
se processa e a gente percebe uma coisa de cada vez, nem dá para saber de
tantos, alhures. Muitas coisas mas muitas mesmo acontecem ao nosso redor,
espontaneamente, imagine lá longe, quanto mais distante. Para quem sabe de fora
para dentro, quanto de suficiente dará dimensão a coligir adequadamente de todos
os lados e direções, de todas as alturas e distâncias, qual hora certa ou exata
para a decisão. Ouve-se: aqui se faz, aqui se paga; olho por olho, dente por
dente. Ah, a distração e uma outra cena entre outras nem se percebeu. Quem
há-de escapar entre coisas e seres o imponderável, o inefável, o intangível. Olho
e posso não ver; ouço e posso não ouvir, tocar e não sentir de cheiros, avisos,
sabores. Mesmo de olhos fechados, até o que se tem por inexistente. Se cai ou
tropeça, tudo já foi, passou; se atrasa, lá vem outra vez. Às costas, não sei. De
dentro para fora tudo é verdadeiro, resta aprender o desconhecido, soltar as
rédeas e voar duas polegadas acima do solo: o que posso viver além do vivido. ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS:
[...] O mundo é visto como
separado porque a pessoa projeta nele o seu próprio estado de confusão e
ignorância; assim, em cada um de nós há essa mente que observa as
circunstâncias criadas por ela mesma e, de acordo com a natureza particular da
expressão dessa mente nos indivíduos, são criados os ambientes que os envolvem.
[...] com os olhos focalizados no
horizonte, não vemos o que está aos nossos pés. [...] no momento em que compreende, absoluta e finalmente, que a vida não
pode ser captada, ele a solta, percebendo num átimo de segundo que tolo ele tem
sido ao tentar retê-la como se fosse sua. Assim, nesse momento, ele alcança a
liberdade do espírito, pois compreende o sofrimento inerente à tentativa humana
de guardar o vento numa caixa, de manter viva a vida sem deixar que ela viva.
[...].
Trechos extraídos da obra O Espírito
do zen (Cultrix ‘1988), do filósofo e escritor inglês Alan
Wilson Watts (1915-1973). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
A ESCULTURA DE CONSTANZA
MAYO
OFF THE MAP
O drama Off the map (Fora do mapa, 2003),
dirigido pelo diretor estadunidense Campbell
Scott, com roteiro da atriz e autora Joan
Ackerman, conta a história de uma família
excêntrica vive uma existência separada daquela do mundo exterior, que continua
a prosperar e a sobreviver autonomamente. Na trama, uma garota que mora no
sítio fora do mato, acompanha o drama de seu pai abalado pela depressão,
enquanto recria seu mundo conforme suas fantasias. Destaque para atuação da premiada
atriz estadunidense Joan Allen. Veja mais aqui & aqui.
&
Como foi a imaginação que criou o mundo, ela
governa-o. A imaginação é positivamente aparentada com o infinito.
A obra do escritor, tradutor, crítico de arte e poeta francês,
Charles Baudelaire (1821 - 1867) aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui,
aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.