sábado, fevereiro 03, 2018

IONESCO, TZARA, CIORAN, CARAGIALE, CELAN,MIRCEA ELIADE, EMINESCU, LIGIA MACOVEI, ENESCU, BRÂNCUȘI, PALLADY, LINDA MARIA BAROS, TATTARESCU & BUCARESTE

 
A arte do escultor romeno Constantin Brâncuși (1876–1957).

SONHO DE AMOR EM BUCARESTE – O que é de sonho, os encantos dela desassombrada a me levar não sei por onde. É sonho, só o que sei, o lugar estranho que ela parecia nativa espontânea e as garçonetes risonhas a nos saudar e eu levado por ela, aos beijos, voava sobre os casarões até as margens do lago no Parc Herastrau. Tudo muito lindo! Ali ela provocante de sempre, deitou minha cabeça ao seu colo, alisando minha pele e cabelos, como se ninasse para eu nunca acordar naquela manhã nem nunca mais, a me abraçar terna e afetuosamente para me fazer vivo para sempre nela, embalado por sua vitalidade sedutora. Surpreso, ela levantou-se, me tomou pela mão rumo incerto e a minha cabeça girava pelas ruas, Lipscan, Stavropoleos, nomes que nunca ouvira nem soubera, e me dizia de coisas dali que sequer ouvira, abriu-me os braços em plena Piata Revolutiei, beijou-me ardentemente, transpirante, seu corpo ao toque, em minhas mãos. Vamos! E eu seguia seus passos, as belas pernas andejas, pareciam voar na Piata Universitatii, no passeio às margens do rio Dâmbovita, inclinada, robusta, arfante e esbelta, eu à sua garupa, meus dedos alisando seu decote, sua pele de céu. Vamos pra Valáquia? Como eu poderia negar-me ao seu galope. Ou para a Moldávia? Sabia lá o que falava, só sabia que ela a minha montaria, atiçada, oferecida. Ah, vamos para a Transilvânia! E me levou pelas mãos aos ventos, errava o caminho pela Strada Lipscani, puxou-me às pressas pela Strada Smardan, ela luminescente, dada e minha. Parou de vez, virou-se resplandescente, olhos nos olhos inebriados, ah, ela radiante queria tomar um café na Cărtureşti Carusel, sabia lá o que ela queria, nem do que tencionava, eu não via nada, só a saia dela ao vento, a sua escultura corporal, a arte déco e a Bauhaus, o desejo renascia a cada gesto de sua carne nutrida deslizando suave sobre o chão daquela paragem estrangeira e onírica. Eu nela e ela, Romênia nua em mim. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.


A arte do pintor romeno Theodor Pallady (1871–1956)

DITOS & DESDITOSDevemos escrever para nós mesmos, é assim que poderemos chegar aos outros. O homem superior é aquele que cumpre sempre o seu dever. Não é a resposta que nos ilumina, mas sim a pergunta. Pensamento do patafísico e dramaturgo romeno, Eugène Ionesco (1909-1994). Veja mais aqui, aqui e aqui.

ALGUÉM FALOU: Sou tão triste e tão feliz que minhas lágrimas refletem o céu e o inferno com a mesma precisão. Pensamento do filósofo romeno Emil Cioran (1911-1995). Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

MIRCEA ELIADE
A obra do filósofo, professor, cientista das religiões, mitólogo e romancista romeno Mircea Eliade (1997-1986) aqui e aqui.

UMA VELA DE PÁSCOA – [...] Às almas que facilmente vacilam, as ameaças doem mais do que as pancadas. [...] Se a casa não tivesse sido pilhada, podia-se pensar numa cruel vingança, ou num ato de loucura religiosa. Nos anais dos sectários iluminados contam-se às vezes tão absurdas e selvagens execuções! [...] O atavismo... o álcool com suas consequências patológicas... o vício de concepção... a deformação... o paludismo... e a nevrose! – Tantas e tantas conquistas da ciência moderna... mas o caso de regressão! [...] No “caso de regressão”, o condutor abre muito os olhos, onde brulha uma profunda admiração pelas conquistas da ciência moderna. [...] E o homem partiu lentamente para a colina de leste, como um viajante prudente que sabe que não se deve caminhar muito depressa para fazer uma longa jornada. Trechos de conto do escritor e dramaturgo romeno Ion Luca Caragiale (1852-1912).

DOIS POEMASDE AMOR E CIANETO!: Não me chame para sua casa, em seu sótão, / girando – como um descuidado gira! – / os botões do fogão, / para se livrar uma vez por todas / dos uivos de lobos velhos do forno, / dos seus cabelos, / que o cultiva incessantemente nos braços, / a noite, como os furúnculos, / os cigarros profundamente em sua carne. / Não me chame para sua casa, em seu sótão, / rachado – como um descuidado rachado! – / entre as barras da cama, / na porta, debaixo da bota, / sua tíbia e sua fíbula / – Ouço estalo em meu laptop – / como se estalasse / o rifle velho de caça de seu pai, / muito pesado para que você possa carregá-lo novamente, / depois que queimara os miolos / e, tendo espasmos, arrombou sua porta / a pontapés. / Não me chame para sua casa, em seu sótão, / que eu irei! / E arrancarei meu coração do tórax, / rasgarei com os dentes / e polvilharei sal / extraído com uma picareta / de minhas glândulas lacrimais / e o arremessarei / como se joga uma pedra de moinho, / para quebrar a sua tíbia e sua fíbula, / – em pedaços pequenos! – / de modo que os empilhem profundamente no forno / seu sopro de amoníaco / e dividi-la para sempre / sua cabeça de besta selvagem! NOITE EM MARSUPIUM: A auto-estrada lança os seus clarividentes por aqui. / Na escuridão, segundo o modelo do coração que dispara / contra os recrutas adormecidos no edredão de asfalto, / viajantes, também eles. / Em sonhos, distintas meninas os aleitam em marsupium. / A auto-estrada lança os seus clarividentes por aqui. / Segadores que partiram dos campos. / O capuz de erva foi-lhes colado selváticamente / na fronte, pelo canhão. / Eles escavam o sulco de asfalto / Segam as velas do nevoeiro / Entalham os corações sob o asfalto, fendem os marsupiums. / E em algum lado, não muito longe - como ervas / adormecidas na neve - / suspiram fatigados os recrutas e montam guarda / dormindo ao mesmo tempo / sobre longos pavimentos revestidos de gases. / E em algum lado, não muito longe, a grande noite / de nariz aplainado contra o asfalto / aperta-os na sua rede / como um colete de forças. / Os segadores partiram há muito tempo dos campos. / O capuz de erva cai sobre os olhos dos recrutas. / Como um marsupium. / Distintas meninas os aleitaram muito à sua vontade. / Os recrutas já subiram a costa, / levam no dorso o edredão de asfalto, / o capuz de alcatrão. / A noite escoa-se. Cala-se o canhão. / A auto-estrada empurra os seus clarividentes por aqui. Poemas da poeta, tradutora e ensaísta romena Linda Maria Baros.

A POESIA
A poesia do poeta ucraniano-francês Paul Celan (1920-1970) aqui
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A poesia do poeta romeno Mihai Eminescu (1850-1889) aqui
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A poesia do poeta e ensaísta romeno Tristan Tzara (1896-1963) aqui, aqui & aqui.

A ARTE DE LIGIA MACOVEI
A arte da artista gráfica, pintora e colecionadora de arte romena Ligia Macovei.

A MÚSICA
Curtindo a música do compositor, violinista, pianista, maestro e professor romeno George Enescu (1881-1955), da compositora e pianista romena Adriana Hölszky, da cantora, compositor, dançarina e modelo romena Andreea Banica & da cantora, produtora, compositora e DJ romena Vika Jigulina.

A ARTE DE GHEORGFE TATTARESCU
A arte do pintor romeno Gheorghe Tattarescu (1818-1894).