sábado, abril 10, 2021

TERESA WILMS MONTT, CORÍN TELLADO, VONNEGUT, BRUNO KIEFER, ČIURLIONIS, MESTRE SOLÓN & GILVAN LEMOS


  

TRÍPTICO DQC: UMA ÚNICA VEZ &ALGUNS DIAS – Ao som de Saudade, do compositor Bruno Kiefer (1923-1987), na interpretação da pianista Liliane Kans e do clarinetista Diego Grendene, no Encontro Brasileiro de Clarinetistas e Claronista, recolhida do álbum O clarinete na obra de Bruno Kiefer (Tratore, 2020). – Aterrissei - aeronave com motor ligado: só para reabastecer, matar um taquinho da imensa saudade e cair no mundo, muito ainda a desenrolar por aí. Não dá para esperar o desfecho do desgoverno genocida – cuido cá de mim e de quem mais no braço elástico por aí. Lamentavelmente tem muita gente que não está nem aí. E a prova é tanta que apenas 25% decidiram e mandam ver se segurando de todo jeito no grito – também, pudera, só: a covardia oportunista e deixa ver como é que fica. Ora, ora. Outros 25% esperneiam titubeando a cama de gato e o contrapé da topada. E os 50% restantes ou roncam ou ignoram. Pode? Pois é. Fazer a minha parte é o que me resta. Confesso estar ainda naquela: umúnica vez & alguns dias. Nada não. Sei que tenho sete vidas e não é a primeira vez, nem a última; se encontrei, reencontrarei, oxalá; só não sei quando. Ainda me surpreendo com a Corín Tellado: Acho que somos muito parecidos. As mulheres param e os homens urinam na parede, só isso. Eu sou homens maravilhosos e sensíveis. Mais ainda com o escritor alemão Kurt Vonnegut (1922-2007): Temos que pular de penhascos continuamente e desenvolver nossas asas durante a queda. Cuidado com o que você finge ser, pois você é o que finge ser. Pois é, ainda muito me surpreendo e me espanto sempre, sigo ressurreto das encruzilhadas, cantarolando do Chico: Vida, minha vida, olha o que é que eu fiz...

 


DOIS: SOU UM BONECO DO MAMULENGO - Ao som de La cesta de flores, op. 9, da compositora e maestrina venezuelana María Teresa Carreño García de Sena (1853-1917), na interpretação da pianista venezuelana Clara Rodríguez, professora do Royal College of Music, de Londres. – Nas minhas andanças, paisagens e indiferença. Encarei meu alter ego e eu que era o boneco do mamulengo – o Tião de Hermilo -, não me reconheci: eu tenho vida, os outros são iguais. Foi o Mestre Solón quem advertiu: Antes de existir o homem, existiu o boneco. E mais Schopenhauer: Às vezes converso com os homens do mesmo modo como as crianças conversam com seus bonecos: embora ele saiba que o boneco não a compreende, usando uma visão agradável e consciente, consegue divertir-se com a comunicação. Então, abri os olhos e a vida às minhas mãos, ventríloquo da Lindanor Celina: Evidente que a vida é tudo entremeado, sal de lágrimas, mel de riso e as amarguras dos desesperos, dos ciúmes... Meu medo é que sigas sempre desse jeito, atraindo abismos. De porta fechada e piso em falso, muito equilibrei, sou não-eu: fiz do outro o que sou.

 


TRÊS: REENCONTRO MARCADO - Imagem: Veiled Woman (1907), do pintor e compositor lituano Mikalojus Konstantinas Čiurlionis (1875-1911), também autor da música Miške (In The Forest/Five Preludes – Marco-Polo, 1990), na interpretação da Slovak Philharmonic Orchestra, maestro Juozas Domarkas. - A solidão dói: talho que não mata. Para quem sabe, criativa: reinvento a mim mesmo e o mundo. A chuva torrencial e invento pouso ensolarado; se calorão, concebo aragem à sombra pitombeira e um poema de Teresa Wilms Montt: Diante da minha janela fechada, pergunto ao tempo quanto mais terei de viver. Sombras inundam minhas cortinas, e a claridade mal marca uma linha tênue. O relógio está hesitando de um coração doente. Em um gesto convulsivo, minhas mãos se contraem no papel. Eles buscam o apoio da terra. E sou encontro e muitos desencontros: aprendi muito – a maior parte desse aprendizado restou inútil, valha-me! Muito mais para aprender e a minha vida é pouca. Se em cima da hora, pronto para outra viagem, um reencontro, o reencontro marcado. Até mais ver.

 

A LITERATURA DE GILVAN LEMOS



Os aventureiros, oportunistas, desonestos, macomunados com o poder conseguem o que pleiteiam; os honestos, classificados de bestas, prosseguem inconformados, em sua vidinha obscura.

A literatura de Gilvan Lemos (1928-2015), autor de obra como Noturno sem música (Nordeste, 1958), Jutaí menino (Cruzeiro, 1968), Emissários do diabo (Civilização Brasileira, 1968), Os olhos da treva (Civilização Brasileira, 1975), O anjo do quarto dia (Globo, 1976), Os pardais estão voltando (Guararapes, 1983), Espaço terrestre (Civilização Brasileira, 1983), Cecília entre os leões (Bagaço, 1994), A lenda dos cem (Civilização Brasileira, 1995), Morcego cego (Record, 1998), entre outros. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.