terça-feira, outubro 31, 2017

KEATS, ANA PAULA TAVARES, ELIANE POTIGUARA, PINTANDO NA BIBLIOTECA & CANHOTINHO

CONTANDO HISTÓRIA – Um dia lá desses de tempos eleitorais, Zé Peiúdo armando das suas, resolveu partir com tudo pra cima de Zé-Corninho, numa campanha difamatória daquelas de arrasar a reputação, os antepassados, a vida pregressa e os álbuns de fotografias e das lembranças, não sobrando nadinha da dignidade nem fiapo que fosse do restinho de respeito, tudo melecado na maior das baixarias. Como diziam os desafetos: o cara arriou a lenha pra cima do gaiúdo de não deixar nem os cambitos em pé, enterrado e lascado de todo. Não satisfeito, o detrator deu de caprichar ainda mais nas diversas formas de difamação, angariando plateia só pra ver o estrupício meter a ripa nos costados do coitado. O negócio empenou quando o infame algoz contratou a peso de ouro um plumitivo metido a orador que sapecava uns textos para lá de rebuscados, descascando a moral do opositor, misturando dizeres com ofensas cabeludas daquelas de arrepiar até o capeta. Logo Zé Peiúdo se danava a decorar frases e sentenças, a ponto de na horagá misturar as bolas, os alhos, olhos e bugalhos, de se enrolar todo pra no final baixar o calão. Pronto. Quando não dava na maior embrulhada, findava dando mesmo pra risadagens. A cada discurso dava um nó na língua de quase não conseguir balbuciar mais nada. Foi aí que o tirocínio entrou em cena: melhor mesmo era botar o dito orador pra sapecar as ripadas pra valer, aí sim, ia valer no sério e vingar de vez. Assim foi. Babaovice na área, Zé Peiúdo exaltou-se e anunciou o testemunho que ia descascar a alma sebosa do Zé-Corninho, e num puxavanque trouxe a figura pra cena com o seu depoimento bombástico. No começo ele pegou leve com uns remoques bastantemente incisivos, caindo numa discurseira exaltada daquelas de estremecer até as estrelas do céu, ninguém entendendo nada: que língua é essa que o orador está falando, hem? Quem lá sabia! O cara aos autoelogios, informando uma a uma das suas titulações, pós-graduações, serviços prestados – Zé Peiúdo na dele só ruminando: Esse cara quer aparecer mais que eu, é? -, participação em academais, colegiados, clubes de serviços, associações literárias e científicas, quando Zé Peiúdo cutucou cochichando: Vamos aprumar a conversa nos safanões contra o sujeito! Mais virou-se na capota choca, saiu criticando a gestão pública, os chatos de galochas, os mata-burros, os catombos da estrada, os esgotos a céu aberto, o papagaio do pirata, a bosta do cavalo do bandido, os filhos-da-peste, os ingrizientos, os bajuladores e, quando não tinha mais de quem falar, meteu as catanas dos desaforos no próprio Zé Peiúdo: Está vendo esse homem, este aqui, este mesmo, o Zé Peiúdo, é o maior filho da puta da paríquia e quem for corno é que vota nele! Tenho dito! Aí o pau cantou, foi tabefe no maluvido até umas horas. Depois de muita munhecada na lata do sujeito, Zé Peiúdo virou-se pros presentes e gritou: Comigo é assim, cagou fora do caco ou abriu da vela, é corretivo no pé do maluvido pra aprender é pau pra lamber sabão e cacete pra saber que sabão não se lambe! Tenho dito. O resto vocês já sabem. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com a música da violinista Elisa Fukuda: Sonata para violino & piano Debussy, Sonata em sol maior Beethoven & Brandeburg Concert Bach; a arte musical do Duo Fênix – dos pianistas Cláudio Dauelsberg & Délia Fischer; Cuban Guitar 1 e 3 e de Bach aos Beatles; do violonista, compositor e regente da Orquestra de Cuba, Leo Brouwer; e o JazzWoche Burghausen com as canções Dindi de Jobim e Rio de Maio de Ivan Lins, da cantora estadunidense Jane Monheit, com participação de Johnny Mathis & Ivan Lins. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA - O único meio de fortalecer o intelecto é não ter uma opinião rígida sobre nada – deixar a mente ser uma estrada aberta a todos os pensamentos. Pensamento do poeta do Romantismo inglês John Keats (1795-1821). Veja mais aqui, aqui & aqui.

CANHOTINHO - Faixa situada na área de ação dos quilombos palmarinos, Canhotinho teve seu povoamento retardado – datando, possivelmente, de fins do séc. XVIII -, de formação assim, relativamente recente. Nada obstante, porém, marcadas por este traço de quase contemporaneidade, são origens nebulosas, dificultando o esforço esclarecedor dos analistas e pesquisadores, ante a carência de dados capazes de fixar roteiros válidos que permitam deslindar a meada. [...] quase infinitesimal da mesma sesmaria de 1671 [...] para ser explorada diretamente e com exclusividade e daí ter o proprietário operado nos diástoles, dividindo-a em vários sítios autônomos – Murici, Pestana, Limão, Palmeira, Muquem, etc. – alienados a terceiros, ficando apenas, com o das Tabocas e o do Canhoto, onde teria fixado, construindo, ali, como dos costumes, uma capelinha, dedicada a São Sebastião. [...] Até os meados de 1800, porém, o Canhoto – nome insistamos resultante do sitio que atravessava a região ou, aceitando-se a tradição divulgada por Pereira da Costa, do apelido do proprietário – seria simples “sítio! Ou fazenda – também vulgarmente chamada Volta, em razão da curva da corrente fluvial, tributária do Mundaú, em Alagoas, restando em abono deste ponto de vista, elemento comprobatório de peso. [...] não falando mais em sítio, mas em povoação da Volta, da Volta do Canhoto, e, nos fins do século, Canhotinho. [...]. Trechos extraídos da obra Canhotinho: notas sobre suas origens e evolução política (CEHM, 1982), do advogado, jornalista, historiador e político brasileiro Costa Porto (1909-1984). Veja mais aqui e aqui.

METADE CARA, METADE MÁSCARA – [...] No dia que eu conseguir abrir as páginas de minh’alma e contar essas linhas de meu inconsciente coletivo – com alegrias ou dores, com prazeres ou desprazeres, com amores ou ódios, no céu ou na terra – aí sim, aí sim, vou soltar a minha voz num grito estrangulado, sufocado há cinco séculos. Quinhentos anos, de pretenso reconhecimento de nossa cidadania, não pagam o sangue derramado pelas bisavós, avós, mães e filhas indígenas deste país. Este dia certamente chegará, mesmo que eu esteja em outros planos. [...] Trecho extraído da obra Metade cara, metade máscara (Global, 2004), da escritora, professora, ativista e empreendedora indígena Eliane Potiguara. Veja mais aqui.

EX-VOTO - No meu altar de pedra / arde um fogo antigo / estão dispostas por ordem / as oferendas / neste altar sagrado / o que disponho / não é vinho nem pão / nem flores raras do deserto / neste altar o que está exposto / é meu corpo de rapariga tatuado / neste altar de paus e de pedras / que aquí vês vale como oferenda / meu corpo de tacula / meu melhor penteado de missangas. Poema extraído da obra O lago da lua (Caminho, 1998), da poeta e historiadora angolana Ana Paula Tavares. Veja mais aqui.

LUCIAH LOPES & A RESISTÊNCIA DOS VERSOS
Com a poeta Luciah Lopes no lançamento do livro A resistência dos versos de Zé Ripe. Veja mais aqui.

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Zé Peiúdo & Zé Corninho aqui.
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EXPOSIÇÃO PINTANDO NA PRAÇA
Recepcionando a estudantada durante a exposição do projeto Pintando na Praça, na Biblioteca Fenelon Barreto, com o poeta e artista plástico Paulo Profeta. Veja mais aqui.

segunda-feira, outubro 30, 2017

EZRA POUND, PAUL VALÉRY, CONCEIÇÃO EVARISTO, ROMERO DE FIGUEIREDO, ZÉ RIPE & AGRESTINA


(Imagem: Xilogravura de Erik Lima - O QUE É UM PEIDO PRA QUEM ESTÁ CAGADO? - O galo cantou meia noite, nem sinal do Sol na esquina. Vixe! Mesmo assim, bola pra frente que a fila está a perder de vista. Ou vai ou racha. E já rachou faz tempo com a porta na cara e frestas espremidas. Ou pula o portão e a janela, ou o muro do quintal: paga-se o pato de qualquer jeito, independe de intenção, já viu? Tudo só anda mesmo é na contramão. Vai ver: está mesmo é em cima do telhado, pedindo socorro no meio do deserto. Quem está no mato sem cachorro, tem de ir de qualquer jeito apelando pra sorte. Qual? Oxe! Calango que se preze não vacila em pé algum, vai se arrastando, quem sabe um aceno mole, saiba: o mundo sempre está do contra. E como está! Nem olho pros lados, margem alguma. Resta ouvir tagarelices de cachorros, rinchados de cabeças de fósforos, mugidos por conselhos e coices por admoestações. Aprendeu? Nada, sigo em frente, mesmo que só chegue atrasado com a greve do relógio e nem ligo se estiver tudo pifado, no final das contas, sempre fora de moda no meio da maior sinuca bico, xeque mate. Dou meus pulos, o blefe no jogo, melé que não tenho e o coringa que pinoteou e nem seu silva de dar bola: aparecer qiue é bom, só depois de um bocado de sobrada, toque de arrodeio e findo esgotado, o cu esfolado de relar a bunda no chão. Dou a volta por cima, tudo se ajeita de uma forma ou de outra. Não adianta fechar o olho pra pontaria, alvo algum. Muito menos pagar penitência com o jelho sobre a pedrinha incômoda ou ficar com a língua de fora com o cenário que virou tudo de cabeça pra baixo, com o solado do pé numa peínha de nada, pisando no próprio calo, magoando a pereba, ih, se vira, tudo dá-se um jeito, é só sair pulando num pé só pra ver como é que se equilibra no arame farpado. Eita! A coisa está braba, mesmo! Nem fechadura pra chave que resta e nem sei onde é que ela está. Já já o dia amanhece de verdade e não adianta ficar na porta pra ver no ímpar ou par qual a melhor solução! Qualquer ideia é perda de tempo, vai na onda que é melhor e salve-se se puder. Do contrário, vai naquela de atirar no que vê pra acertar o que nem estava ali. Tudo está na linha do avesso e se der as costas a punhalada come no centro, aí babau: o que passou não volta mais, se perde o bonde agora é tarde, ou ir pelas beiras, quam sabe, um dia, encontre mais que farelos nas borda dos pratos. Assim vai a vida, de bigu e correria, no mínimo, a gente ganha experiência e só. Vamos aprumar a conversa! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com a música do violonista e compositor Laurindo Almeida: Musico f Brazil masters & Cajita de musica; da pianista Maria Teresa Madeira: Recital Ary Barroso & Recital; do violonista e compositor Yamandu Costa: In Concert & Ao vivo; da pianista Cristina Ortiz: Alma brasileira & Ciclo brasileiro Heitor Villa-Lobos. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA – [...] Eu acho que há um “fluido”, bem como um conteúdo de sólidos, que alguns poemas podem ter forma, alguns como a água derramada dentro de um vaso. Que formas mais simétricas têm certos usos. Que um grande número de assuntos não podem ser precisos, e, portanto, não adequadamente, representados em formas simétricas [...] A dança do intelecto entre as palavras, ou seja, emprega palavras não só pelo seu significado direto, mas é preciso contar de uma maneira especial com seus hábitos de uso, do contexto, do que habitualmente acompanha seus concomitantes, de suas aceitações conhecidas e de jogo irônico. Ela, a logopoeia, mantém o teor da estética que é o particular domínio da manifestação verbal, e não pode, possivelmente, ser contido na plástica ou na música. Ela é a última a chegar, e talvez, a mais complicada e pouco confiável. Pensamento do poeta, músico e crítico literário estadunidense Ezra Pound (1885-1972). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

BEBEDOURO DE AGRESTINATerminava o ano de 1845, época em que os sertões sentiam com todo o rigo, os efeitos da tremenda crise, motivada por uma seca devastadora. Sertanejos diariamente desciam às dezenas e centenas, em demadada ao sul, atraídos pela fartura da zona canavieira. Nesse tempo, a área onde se localiza atualmente a cidade de Agrestina, não só passava de uma uma fazenda em miniatura. Meia dúzia de trabalhadores, também sertanejos, atraídps pela água que jorrava espontaneamente de um certo local do terreno, resolver dar à nascente uma feição permanente, cavando um grande posso, para o abastecimento da população e dos animais, a que deram o nome de Bebedouro. Passaram-se os anos, Bebedouro deixa de ser somente o ponto de confluência de quem necessita de se abastecer, para tornar-se um aglomerado de pessoas, dispostas a transformá-lo num povoado, numa vila e, posteriormente, cidade. Como era de se esperar acontecer, a influência da região seguiu paralelamente à realização humana. Na história deste município ela toma corpo, gerando iniciativas,. Instaladas as primeiras famílias, estas deram inicio à exploração do terreno adjacente, advindo daí a descoberta de uma imagem de Santo Antônio, talhada em madeira, deixada por algum transeunte menos avisado. O fato é que, julgando tratar-se de um autêntico milagre, o senhor Miguel Joaquim de Luna Freire, coadjuvado por outros senhores não menos respeitados, trataram da reestruturação da capela em fevereiro de 1846, futura Matriz de Agrestina, vinda de 1818. O atual município de Agrestina, criado por Lei Estadual 1931, de 11 de setembro de 1928, tinha, como distrito integrante do território, o município de Altinho, a denominação de Bebedouro. Sua instalação ocorreu em 1 de janeiro de 1929. O distrito foi criado por Lei provincial 1829, de 28 de junho de 1884, e por Lei Municipal 35, de agosto de 1900. A sua elevação à categoria de vila ocorreu em 1 de julho de 1909. A denominação de Agrestina foi imposta pelo Decreto-Lei Estadual 952, de 31 de dezembro de 1943. Anualmente, no dia 11 de setembro, o município comemora sua emancipação política. Administrativamente é formado pelos distritos: sede, Barra do Chata e Barra do Jardim, e pelos povoados de Pé de Serra dos Mendes e Araçatuba. Extraído do livro Enciclopédia dos Municipios do interior de Pernambuco (FIAM/DI, 1986). Veja mais aqui.

VARIEDADES DE VALERY - [...] É preciso tomar cuidado com os primeiros contatos de um problema com nosso espírito. É preciso tomar cuidado com as primeiras palavras que pronunciam uma questão em nosso espírito. Uma questão nova está, primeiramente, no estado da infância em nós; ela balbucia: só encontra termos estranhos, totalmente carregados com valores e associações acidentais; é obrigada a tomá-los emprestados [...] É a minha própria vida que se espanta, é ela que deve me fornecer, se puder, minhas respostas, pois é somente nas reações de nossa vida que pode residir toda força e como que a necessidade de nossa vontade. [...] O poeta é, a meu ver, um homem que, a partir de um incidente, sofre uma transformação oculta. Ele se afasta de seu estado normal de disponibilidade geral e vejo construir-se nele um agente, um sistema vivo, construtor de versos. [...]. Trechos extraídos da obra Variedades (Iluminuras, 1999), do filósofo e poeta do Simbolismo francês, Paul Valéry (1871-1945). Veja mais aqui e aqui.

VOZES-MULHERES - A voz de minha bisavó ecoou / criança / nos porões do navio./ Ecoou lamentos / De uma infância perdida. / A voz de minha avó / ecoou obediência aos brancos-donos de tudo. / A voz de minha mãe / ecoou baixinho revolta / No fundo das cozinhas alheias / debaixo das trouxas / roupagens sujas dos brancos / pelo caminho empoeirado / rumo à favela. / A minha voz ainda / ecoa versos perplexos / com rimas de sangue / e fome. / A voz de minha filha / recorre todas as nossas vozes / recolhe em si / as vozes mudas caladas / engasgadas nas gargantas. / A voz de minha filha / recolhe em si / a fala e o ato. / O ontem - o hoje - o agora. / Na voz de minha filha / se fará ouvir a ressonância / o eco da vida-liberdade. Poema extraído dos Cadernos negros (Vol. 13, 1990), da escritora Conceição Evaristo. Veja mais aqui, aqui e aqui.

ARTE DE ROMERO DE FIGUEIREDO
A arte do artista plástico Romero de Figueiredo na Exposição do Projeto Pintando na Praça, na Biblioteca Fenelon Barreto. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

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RESISTÊNCIA DOS VERSOS DE ZÉ RIPE
Participando do lançamento do livro A resistência dos versos, do poeta, compositor e cantor Zé Ripe. Veja mais aqui.

domingo, outubro 29, 2017

ALDOUS HUXLEY, JOSEPH CONRAD, SUSAN SONTAG, JOAN LA BARBARA, CELSO KELLY, MARC ATTALI, LIVRO, LITERÓTICA & MARYNA.

 
Curtindo a arte musical da cantora estadunidense Joan La Barbara.

LITERÓTICA: AS PERNAS DE MARYNA – Compenetrado nas minhas escrituras, a cigarra tocou. Não esperava ninguém àquela hora, quem seria, não sei. Abro a porta e o aroma de mulher invade o ambiente. Nada melhor que a surpresa. Era ela: Maryna sedutora, maneirosa, decotada, obscena, deliciosa. Ah, como é bom vê-chegar assim irresponsável, safada, matreira. Ao entrar empurrou-me incontinente, até sentar-me à cadeira da escrivaninha. Meus olhos fixos nela, quanta gostosura. Tirou o salto alto lentamente, descalça, o busto saltava do decote, o corpo enchia minha vista, a boca cheia d’água diante da sua apetitosa emanação. Trouxe o pé desnudo ao meu ventre, massageando delicadamente meu pênis já emergente. O corte da sia expôs suas esculturais pernas, a coxa roliça, permitia a visão da calcinha guardando seu ventre abundante: a fogueira para minha heresia priápica. Manhosamente enleava, convidava-me à sua safadeza sensual. Ela jogou a cabeça para trás, respirando fundo, mãos aos cabelos e as minhas aos seus fartos seios. Desabotoei os primeiros botões do vestido, invadi por baixo do sutiã, sua pele acetinada, minha ardente lasciva. Respirava com dificuldade pelo prazer abrasador das minhas mãos na sua carne perfeita para amar e gozar. Livrando-se do vestido, tirou a calcinha e sutiã, virou-se de quatro e me expôs as suas nádegas magistrais, ah, lauto banquete, fausto monumento. Passei a língua na sua vagina úmida e ela murmurava felina, porquanto submissa, apetitosa, propícia. Meus dedos percorriam suas ancas, acariciando seu ânus e clitóris, a sua carne viçosa, ah Vênus calipígica nua, suas pernas eram duas torres aprazíveis em que eu esfregava meu sexo duro e babento, a sua respiração suspensa, e eu mais lambia aquela fonte deliciosa de prazer. É por ali que eu devia seguir sem inibição e como uma ovelha desgarrada, levantei-me e aprumei meu pau rijo ns sua correnteza copiosa, a gemer com a minha estocada, disse-me: Ah, flauta mágica, a verdadeira. E nela trepei, empurrei, meus urros indecorosos, mais pedia, mais estocava, mais gemia, mais me acumulava entre suas coxas e gozava loucamente ao meu gozo estonteante. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui e aqui.


DITOS & DESDITOSAs palavras têm sua propria firmeza. A palavra na página não pode revelar (pode esconder) a flacidez da mente que a concebeu. Todos os pensamentos são evoluções – ganham mais clareza, definição, autoridade ao serem impressos – ou seja, descolados da pessoa que os pensa. A escrita é uma pequena porta. Algumas fantasias, feito grandes peças de mobiliário, não passarão por ela. Pensamento da escritora e crítica estadunidense Susan Sontag (1933-2004). Veja mais aqui e aqui.

ALGUÉM FALOU: A castidade é a mais anormal das perversões sexuais. Adoro católicos. Se não insistissem tanto em misturar-se aos cristãos, já teria me convertido a eles. Pensamento do escritor inglês Aldous Huxley (1894-1963). Veja mais aqui.

ARTE & COMUNICAÇÃO: LIBERDADE DE EXPRESSÃO – A obra Arte e comunicação (AGIR/MEC, 1972), do jornalista, escritor, teatrólogo, professor, historiador e crítico de arte Celso Kelly (1906-1979), trata sobre arte e sociedade, o fato estético, a arte e o tempo, a criação artística, fundamentos estéticos da comunicação, artes plásticas e mensagens visuais, o espetáculo e a comunicação direta, uma nova linguagem, imagem e som, as novas linguagens e o espetáculo indireto, comunicação e literatura, linguagens poéticas, jornalismo e a publicidade na conjuntura da comunicação. Na obra ele expressa: [...] A liberdade de expressão que se reivindica nas comunicações em geral tem seu fundamento na necessidade de assegurar autenticidade às comunicações, de inspirar a mais sagrada confiança do público, de atingir originalidade na criação (inclusive no anúncio) e de garantir à sua clientela os benefícios da circulação e da audiência. Só bem utilizada, a liberdade de expressão proporciona aos veículos a penetração de público a q eue eles aspiram e a força de opinião que eles pretendem. Veja mais aqui.

JUVENTUDE: UMA NARRATIVA – [...] O mundo nada mais era que uma imensidão de enormes ondas espumantes nos perseguindo, sob um céu baixo o bastante para tocarmos as mãos, e negro como um teto fumegante. [...] Havia uma completude, algo sólido como um princípio e dominante como um instinto – uma revelação de algo secreto -, aquele algo escondido, aquela dádiva boa ou má que faz a diferença racial, que molda o destino das nações. [...] as faíscas voavam para cima como o homem gera seu próprio sofrimento [...] Juventude! Tudo pela juventude! A tola, encantadora, bela juventude! [...] o primeiro suspiro do Oriente em meu rosto. Jamais esquecerei isto. Era impalpável e escravizador, como um feitiço, uma promessa sussurrada de prazer misterioso. [...] O oriente misterioso estava diante de mim, perfumado como uma flor, silencioso como a morte, escuro como um túmulo. [...] o Oriente falou comigo, mas foi numa voz ocidental. Uma torrente de palavras jorrava no silêncio enigmático e fatal; palavras estrangeiras, zangadas, misturadas com palavras e mesmo frases inteiras em bom inglês, menos estranhas, mas por isso mesmo mais surpreendentes. A voz xingava e amaldiçoava violentamente; ela cifrava a paz solene da baía com uma saraivada de ofensas [...]. Trecjos extraídos da obra Juventude: uma narrativa (Paz e Terra, 2003), do escritor britânico Joseph Conrad (1857-1924). Veja mais aqui.

LES ÉROTIQUES DU REGARD
Imagens da obra Les érotique du regard (Balland, 1968), do fotógrafo Marc Attali.

TODO DIA É DIA DA MULHER
Leitora Tataritaritatá!


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sábado, outubro 28, 2017

CARLOS FUENTES, NOÉMIA SOUSA, SPIVAK, IVO KORYTOWSKI, GIÁCOMO SINAPSI, LAGOA DOS GATOS & HUMOR JURÍDICO

O DIA É HOJE, AGORA! Imagem: arte do fotógrafo italiano Giácomo Sinapsi.- Tivera eu tanta ventura quanto alvíssaras, flores de maio nas chuvas de outubro. Pudera, porque não, rente a alvorada até o crepúsculo: quantas acontecências, aos montes nas bifurcações pras bandas do sem fim. Nada é demais pra quem já foi além da conta. Amanhece, bom dia, outra manhã, vou em frente, sempre, passo a passo, idas e vindas. A labuta sou eu que faço: mãos e pernas na coluna esticada, paisagens de ontem renovadas agora como se nunca estivessem ali, o gosto da primeira vez, mesmo com sabor de desbotadas ou do ponto passadas, avalie. Quase devaneio, tudo não passa da incerteza, semeio o presente: não há como trilhar em linha reta com toda minha assimetria, sou movimento até depois do meio dia. Já é boa tarde! Quantos nãos com a porta fechada na cara, as costas das circunstâncias. Quem sabe um sim no meio de tantas adversidades, afinal o sim é bem-vindo de qualquer jeito, até com má vontade, ah, pelo menos. Assim, quase nem vale, o melhor pode acontecer a qualquer momento. Como se a mulher amada, qual Simone iluminada, me fizesse de Jean-Paul: quero essa sua cabeça emaranhada, é tudo que quero, sua sapiência, o que trama e pensa. Não acha que quer demais? E eu, priápico desvalido, abri-lhe a braguilha expondo o falo loucamente enrijecido: você tem essa cabeça! Quer? É só o que tenho. Ela abre os olhos, dá-me uma olhadela risonha e sedutora de batom vivo, verga elegantemente carregada de vestes e jeitos, quase genuflexa, beija a minha glande e fela até arrancar das minhas entranhas o vulcão explosivo da minha eruptiva ejaculação. Ah, demais. E ela, tão Simone quanto, ao sorver o meu extravaso premia o prazer com seu lindo riso no canto da boca, a sussurrar: agora tenho você dentro de mim, você é meu! Mais que grato, dou-lhe o que sou, com boa noite e tudo, e dela: a vida é só agora, amanhã não sei, agora. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com a música de Djavan ao vivo + Ária + Um amor puro; a célebre cantora lírica soprano brasileira Bidú Sayão (1902-1999), interpretando a Bachiana nº 5 & Floresta amazônica de Villa-Lobos & La demoiselle élue de Debussy; da saxofonista, flautista, compositora e arranjadora Daniela Spielmann com Brazilian Breath, Saudades do Paulo com Cliff Korman & Chorinho pra você com Paulo Moura; e do cantor e compositor Zé Ripe com Amigos em pé de serra & Santanna O Cantador, Predestinação, Nordestinos do Forró, Bobeira & Perdi Você. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA – [...] a mulher tanto da nova como da antiga diáspora não tem como assumir o papel de agente crítica da sociedade civul – papel esse que constitui o sentido mais pleno da cidadania – para lutar contra as depredações da “cidadania econômica global”. [...]. Pensamento da professora, crítica e teórica indiana Gayatri Chakravorty Spivak. Veja mais aqui e aqui.

LAGOA DOS GATOS – [...] O sítio do Peri-peri “comelava no cabeço mais alto da serra que vem do Gato e ia direto a Bebida do Gado e cortava rumo direto a outra serra que vem do Boqueirão, onde topava com terras do mesmo comprador”. Esses limites eram, nos dias de hoje, os seguintes: o cabelo mais alto da serra que vem do Gato é o serrote da Nazaré no Pau Ferrado; dali, cortando para o norte, vinha ao Entroncamento; cortava na direção do poente, pelas cumiadas atravessando o lajeiro do Imbiruçu, até as atuais divisas de Lage Dantas com Riachão de Fora; dali, na direção sul, voltando com uma linha reta entre as atuais divisas do Peri-peri e Lagoa de Patos, alcançava um ponto qualquer, nas terras à montante do açude e dali com terras do comprador José Fragoso de Albuquerque. [...] possuíam os limutes da grande data que se estendia desde Garanhuns às proximidades do rio Una aqui por cima da povoação de Capoeiras. [...]. E a ribeira do rio do Gato, situada já na quase extremidade da sua linha divisória ao sul, era um desses grandes colossos desconhecidos, encravados segundo os vagos conhecimentos territoriais dos seus donos, nas terras da fazenda das Panelas. [...]. Era natural que sendo a terra desconhecida, inculta e desabitada, não tivesse nenhum nome. [...] que se fixaram no lugar da Ribeira do Rio do gato, desbravando-o os que lhe deram nome, revivendo, longe da pátria, a toponímia do torrão natal. Daí, a Ribeira do Rio do Gato, que mais tarde passou a chamar-se de Barra dos Gatos, principalmente na parte que se aproxima da sua foz, no rio conhecido sempre com o nome de rio Panelas. [...]. Lagoa dos Gatos, fundada a 23 de agosto de 1804: [...] Essa lagoa existiu até a segunda metade do século passado, quando no ano de 1856, oitenta anos depois de sua descoberta, homens do lugar já povoação, entenderam de fechar-lhe o escoadouro que a comunicava com a corrente do riachgo, cavando da outra margem e carregando arrastada em couro de boi, a terra com que fizeram uma barragem, formando o baldo do açuide que ainda hoje existe. Daí para baixo, o rio ficou conhecido por Rio do Gato, passando pelos lugares Bebida, Morcego, Cangalha, Brejinho, Gatos e Barra dos Gatos, onde deságua no seu suserano, o rio Panelas. [...] Numa dessas manhãs, não puderam apanhar água; pois, um gato domestico que por ali andara caçando durante a noite anterior, caira dentro do referido poço, morrendo afogado. Aquelas aguadeiras, voltaram chamando aquele lugar de... Lagoa do Gato. [...] um dia, ao pino do sol, um pescador sonolento, quase à modorra, mal sustinha o anzol, olhos semi-cerrados, assustara-se com a presença inesperada de um grupo de gatos do mato, de várias cores, pintados, mouricos, grandes, pequenos, mas todos algres e vivazes, enrolando-se uns aos outros naquela festiva manifestação do prazer irracional e aproximaram-se da bebida. O negro, entrementes, tomara grande susto. Pressentidos pelo importuno sonolento, debandaram em disparada. Aquele, chegando em casa, maravilhado pelo que vira, contara o fato ao senhor e dizem que daí, em diante, ficaram chamando aquela bebida de Lagoa dos Gatos. [...]. Trechos extraídos da obra História de Lagoa dos Gatos (CEHM, 1981), do funcionário público, historiador e jornalista João Pereira Callado. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

HUMOR JURÍDICOAo ouvir do juiz Lessa Ferreira, da comarca de Palmares, a sua sentença, condenando-o a cumprir a pena de 29 anos e seis meses de reclusão, o réu, revoltado com a redução insignificante da pena ampliada, disse em voz alta para o juiz – Arredonde, doutor. Na comarca de Bodocí, houve a necessidade de uma justificação de óbito. É que sepultaram um homem sem o necessário atestado da causa morte. Como testemunha do enterro, foi intimiado, é claro, o velho coveiro da cidade para prestar esclarecimento. Quando o juiz indagou do depoente qual era a sua profissão, surgiu a resposta com a gentileza indesejável: - Coveiro, para servir a V. Excia. O juiz não perdeu tempo e aconslehou a testemunha a oferecer primero seus serviços profissionais ao escrivão, por ser mais velho. Num julgamento pelo Tribunal do Juri em Campina Grande, na Paraíba, tinha o advogado grande dificuldade para fixar a tese da defesa, razão pela qual vacila muito no tribunau. No intervalo para o jantar, recebeu de um dos jurados a seguinte quadra: Doutor sustente a defesa / do jeito que achar forte / ou negue logo esse crime / ou justifique essa morte. Trechos extraídos da obra Antonio de Brito Alves: o príncipe dos advogados (AIP, 1991), do jornalista Carlos Cavalcante (1949-2011).

INSTINTO DE INEZ - [...] Isso vais contar ao homem que te impelirá de parir teu filho como querias, tu sozinha [...] estendendo os braços para tu mesma receberes a criança com a dor que esperarás naturalmente mas acrescida de outra dor que não será natural, que te quebrará as costas pelo esforço que farás ao receber a criança tu mesma, sem ajuda de ninguém, como sempre fez. Antes. [...]. Trecho extraído da obra Instinto de Inez (Rocco, 2003), do escritor e diplomata mexicano Carlos Fuentes (1928-2012). Veja mais aqui.

DEIXA PASSAR O MEU POVO - Noite morna de Moçambique / e sons longínquos de marimbas chegam até mim / -- certos e constantes -- / vindos nem eu sei donde. / Em minha casa de madeira e zinco, / abro o rádio e deixo-me embalar... / Mas as vozes da América remexem-me a alma e os nervos. / E Robeson e Maria cantam para mim / spirituals negros do Harlem. / Let my people go /-- oh deixa passar o meu povo, / deixa passar o meu povo --, / dizem. / E eu abro os olhos e já não posso dormir. / Dentro de mim soam-me Anderson e Paul / e não são doces vozes de embalo. / Let my people go. / Nervosamente, / sento-me à mesa e escrevo... / (Dentro de mim, / oh let my people go...) / deixa passar o meu povo. / E já não sou mais que instrumento / do meu sangue em turbilhão / com Marian me ajudando / com sua voz profunda -- minha Irmã. / Escrevo... / Na minha mesa, vultos familiares se vêm debruçar. / Minha Mãe de mãos rudes e rosto cansado / e revoltas, dores, humilhações, / tatuando de negro o virgem papel branco. / E Paulo, que não conheço / mas é do mesmo sangue e da mesma seiva amada de Moçambique, / e misérias, janelas gradeadas, adeuses de magaíças, / algodoais, e meu inesquecível companheiro branco, / e Zé -- meu irmão -- e Saul, / e tu, Amigo de doce olhar azul, / pegando na minha mão e me obrigando a escrever / com o fel que me vem da revolta. / Todos se vêm debruçar sobre o meu ombro, / enquanto escrevo, noite adiante, / com Marian e Robeson vigiando pelo olho luminoso do rádio / -- let my people go, / oh let my people go. / E enquanto me vierem do Harlem / vozes de lamentação / e meus vultos familiares me visitarem / em longas noites de insônia, / não poderei deixar-me embalar pela música fútil / das valsas de Strauss. / Escreverei, escreverei, / com Robeson e Marian gritando comigo: / Let my people go, / OH DEIXA PASSAR O MEU POVO. Poema extraído da obra Sangue negro (União dos Escritores de Moçambique, 2001), da poeta, tradutora, jornalista, militante política e mãe dos poetas moçambicanos Noémia Sousa (1926-2002). Veja mais poetas moçambicanos aqui, aqui e aqui.

PASSAPORTE PARA O PARAÍSO
[...] Eu, que tudo fiz por teu bem-estar: mourejei diligentemente, para que nada faltasa a ti e a nosso filho; concordei em que ele fosse batizado; os míseros tostões que percebias como datilógrafa, transmutei-os em generosa mesada [...] Pudera! Já fui literaturo um dia (lembra-te de como nos conhecemos?)! Literatura não enche barriga de ninguém, a não ser de uma meia dúzia, vamos e venhamos! Sim, confesso ter-me excedido. Nunca me exigiu o diretor que eu fizesse serão quase todas as noites: fi-lo porque qui-lo. Entretanto, fui recompensado com a subgerência, que me permitiu adquirir vistoso automóvel do ano. Não precisaria ter passado tantos anos sem férias: o diretor nunca o demandou de mim. Poderíamos ter desfrutado temporadas na praia, na montanha (ou mesmo na Europa)... No entanto, ingrata Helena, com a remuneração em espécie das férias não gozadas, completei a entrada de nosso belo apartamento de cobertura, em prédio de centro de terreno, com sauna, piscina e duas vagas na garagem. Ou isso não tem importância? [...] Ars longa, vita brevis. Já passa da meia-noite e, antes que o sono me domine (apesar dos vários cafezinhos que tomei), pretendo concluir a história da vinda do Messias...
Trechos extraídos da obra Passaporte para o paraíso (Fragmentos, 2017), do poeta, lexicólogo, filósofo, fotógrafo, blogueiro e tradutor Ivo Korytowski. Veja mais aqui.

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A resistência dos versos: neste sábado, dia 28/10, no anfiteatro da Praça Paulo Paranhos, Palmares – PE, acontecerá o lançamento do livro A resistência dos versos, do cantor, compositor e poeta Zé Ripe, com extensa programação. Veja a entrevista aqui e mais do autor aqui.
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ARTE DE GIÁCOMO SINAPSI
A arte do fotógrafo italiano Giácomo Sinapsi.


sexta-feira, outubro 27, 2017

NÉLIDA PIÑON, LYA LUFT, FRIDA KAHLO, ZÉ RIPE, KARL BACKMAN, BARTYRA SOARES, BARREIROS & 251 GOLPES

DUZENTOS & CINQUENTA & UM GOLPES– Duzentos e cinquenta e um golpes levam a mim e os meus ao desapontamento acumulado por tantas corrupções: com os bolsos cheios de populdas propinas desviadas do erário público, a capangagem revestida de representação parlamentar faz a festa dos salafrários ocupantes dos gabinetes suntuosos dos palácios azeitando a engrenagem da gestão pública para o atendimento dos intereses corporativos mais escusos que se possa prever nossa vã ignorância dos meandros do poder. E o meu povo assiste a tudo boquiaberto. Duzentos e cinquenta e um pelegos tripudiam sobre a desgraça de todos aqueles que estão fora do jogo, assistindo pela telinha a deslavada cerimônia da maior jogatina pela manutenção do poder em detrimento da população. São esses que mandam e desmandam como querem com o cinismo dos que nem pestanejam em enfrentar quem quer que seja na defesa dos seus privilégios. E o meu povo assiste como se nada fosse aqui. Duzentos e cinquenta e um recursos para deixar a gente à deriva, enquanto os inimigos do povo se locupletam na mais descarada façanha do vitupério, desafiando a nossa inteligência, dignidade e vergonha. São eles que se julgam invencíveis na batalha de seus propósitos, que se julgam invulneráveis por suas fortunas acumuladas criminosamente, incólumes do julgamento histórico, ilesos por suas redes de tráfico e compadrio numa sistêmica desonestidade. E o meu povo assiste o Brasil sucumbir completamente desencantado, enquanto nós seguimos reféns da injustiça. São duzentos e cinquenta e um zilhões de golpes por segundo, aqui, ali, acolá, no Brasil todo, todo dia e o dia todo. São duzentas e cinquenta e uma mil vezes arre! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especiais com a música do guitarrista, cantor, compositor, produtor musical e cinematográfico ingles, George Harrison (1943-2001): Anthology & Living in the alternate world; da cantora, compositora, multi-instrumentista, atriz, escritora e ativista Rita Lee: Acústico MTV ao vivo & Multishow ao vivo; do compositor, professor e regente Camargo Guarnieri (1907-1993): Sinfonia Uirapuru, Seresta para piano e orquestra & Sinfonia n5; da violinista suiça Rachel Dolly d’Alba: Tzigane Ravel, Sonata Passion Ysaye & Summertime Gershwin. Para conferir é só ligar o som e curtir.

PENSAMENTO DO DIA - [...] Se de um lado aceitei Deus como guardião do meu espírito, não quis que fosse ele dono do meu imaginário. Meu imaginário é humano, profano, transgressor, subverte o que precisa. Buscou a independência, as viagens interiores, quantas vezes negadas. [...]. Pensamento da escritora Nélida Piñon. Veja mais aqui e aqui.

POR QUE ESCREVO? - [...] O escritor é um ser particularmente antenado, não apenas para o fundo da chamada alma humana, mas, conscientemente, para as realidades a seu redor. e ainda que eu não faça literatura explicitamente engajada, empenho nela um ardente engajamento na aventura existencial humana, e a na sua qualidade. Essa chama, essa antena sutil se multiplica e tateia o mundo e o próprio interior, do qual emana uma luz que resiste e transborda. Os artistas são recipientes de carvões em brasa e têm visões que tentam esconjurar com traços, gestos, música ou palavras – e nesse trânsito entre realidade e sonho, cujas fronteiras para eles pouco importam, vão e vêm entre territórios que igualmente os convocam. Então para mim escrever é transitar – e tentar, quem sabe, fixar relances disso que, com os olhos e com a sensibilidade, todos nós vislumbramos. [...]. Trecho do artigo Por que escrevo?, da escritora e tradutora gaúcha Lya Luft, extraído da obra A força da letra: estilo, escrita, representação (FALE/UFMG, 2000), organizado por Lucia Castello Branco e Ruth Salviano Brandão. Veja mais aqui.

HISTÓRIA DE BARREIROS - [...] Em princípios do séc. XVIII, existia uma aldeia de índios cujo chefe se dizia descendente do grande Felipe Camarão e que ficava localizada no engenho Benfica, do então Morgado do Cabo, concessionário de uma semaria de cinco léguas de terras. A referida sesmaria começava na Pedra do Conde, em Tamandaré, e tomando para o sul, abrangia grande parte dos terrenos atuais do município, onde foram erguidos os seus primeiros engenhos. Como os índios faziam grandes estragos nas lavouras circunvizinhas, o Morgado conseguiu permuta dos seus terrenos por outros mais próximos ao rio Una. [...] As escavações e depressões feitas pelos porcos do mato, conhecidos por caititus, deram nome à localidade nascendo, pois os índios começaram a denominá-las de barreiros. [...] A antiga aldeia de índios ficou então conhecida pelo nome de Barreiros Velhos, enquanto o local atual ficou sendo chamado de Barreiros. [...] Barreiros foi elavado à categoria de vila, com território desmembrado do município de Rio Formoso e Freguesia de Água Preta, pela Lei provincial 314, de 13 de maio de 1853. [...] A instalação do município, entretanto, somente ocorreu em 19 de julho de 1860. [...] A elevação à categoria de cidade veio em cumprimento à Lei provincial 38, de 3 de julho de 1892. [...] a escola Sagrada Família, fundada pelo Professor Placido Nobre [...] Nas comemorações do Dia da Independencia, lá estava a Escolinha do Professor Plácido [...]. Com o desaparecimento do professor, a escolinha também sumiu no redemoinho do tempo. [...]. Trechos extraídos da obra Memorias barreirenses (Autor, 2007), de Yvon Bezerra de Andrade. Em conformidade com a Enciclopeda dos Municipios do Interior de Pernambuco (FIAM/DI, 1986), administrativamente, o município é formado pelo distrito-sede e pelo distrito de Carimã. Anualmente, no dia 19 de julho, Barreiros comemora a sua emancipação política. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.


O AMOR É LINDO! - [...] Nada se compara às tuas mãos e nada é igual ao ouro-verde dos teus olhos. Meu corpo se enche de ti por dias e dias. És o espelho da noite, a luz violenta do relâmpago. A unidade da terra. O côncavo das tuas axilas é o meu refúgio. As pontas dos meus dedos tocam teu sangue. Toda a minha alegria é sentir a vida brotar de tua fonte – flor que a minha guarda para encher todos os caminhos dos meus nervos que são os teus. Trecho de carta do pintor mexicano Diego Rivera (1886-1957) para a pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954), extraído da obra O diário de Frida Kahlo: um auto-retrato íntimo (José Olympio, 1995). Veja mais aqui, aqui e aqui.

NEGRA ERA PAZMortas estavam aquelas mãos / - aves negras privadas do ritmo / do voo sem bater de asas / na pulsação do tempo eram agora / a noite desprovida de estrelas / laçadas sobre o peito mostravam-se / pungentes na imobilidade do gesto final / enquanto sobre elas resvalada muda / a absurdsa história de um branco / que não exitou em assassinar a paz. Poema extraído da obra Estrela em trânsito (Fundarpe, 1997), da poeta Bartyra Soares. Veja mais aqui.

A RESISTÊNCIA DOS VERSOS DE ZÉ RIPE
Neste sábado, dia 28/10, no anfiteatro da Praça Paulo Paranhos, Palmares – PE, acontecerá o lançamento do livro A resistência dos versos, do cantor, compositor e poeta Zé Ripe, com extensa programação. Veja a entrevista aqui e mais do autor aqui.

Veja mais:
A literatura de Graciliano Ramos aqui, aqui e aqui.
A poesia de Dylan Thomas aqui, aqui e aqui.
A arte de Roy Lichtenstein aqui.
A poesia de Sylvia Plath aqui e aqui.
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A ARTE KARL BACKMAN
A arte do pintor, guitarrista, cantor e compositor sueco Karl Backman.

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