ÂNGELA, A LINDA
VÍTIMA VILÃ - Ela era uma linda mineira escorpiana e chamava atenção por onde
passasse. Era cobiçada por todos, a ponto de, com apenas 17 anos de idade, casar-se
e ter filhos. Desquitou-se 9 anos depois, perdendo os filhos em troca de uma
mansão em Belo Horizonte e uma pensão mensal. Mantinha-se livre, mantendo
relacionamentos esporádicos. Sua vida começou a virar um pandemônio quando o
caseiro foi assassinado com um tiro cravado na face. Ela assumiu legítima
defesa, acobertando um terceiro, na verdade: circunstâncias jamais esclarecidas.
Por isso afastou-se de Minas Gerais e mudou-se pro Rio de Janeiro, quando
conheceu o Pantera de Minas, um colunista social afamado. Pouco tempo depois,
aproximava-se o natal e foi visitar os filhos em Belo Horizonte. No seu retorno
trouxe a filha sem avisar a família do ex-marido: foi acusada de sequestro e
condenada a 6 meses de prisão. Os tumultos voltaram à tona quando foi surpreendida
por uma denúncia anônima: foi presa sob acusação de esconder maconha na sua residência,
admitindo ser viciada em drogas. Badalações, festas e muito glamour na inda
para Armação dos Búzios. Findou com três tiros de Beretta no rosto e um na nuca,
assassinada em sua casa na Praia dos Ossos. Morta tornou-se a vilã da história.
Coisas do Brasil: mata-se em nome de ciúmes e cabeça quente. Assim a história
de Ângela Diniz (Ângela Maria Fernandes Diniz – 1944-1976). Veja mais
aqui & aqui.
DITOS &
DESDITOS - A literatura me salvou. Se eu não pudesse escrever teria
enlouquecido... Não me resta nada a não ser a lancinante recriminação de estar
viva em meio a todos os meus mortos.... Pensamento da escritora tutsi Scholastique
Mukasonga, sobrevivente dos massacres ocorridos na década de 1990 em
Ruanda. No seu livro La femme aux pieds nus (Gallimard, 2008), ela
narra: [...] Eles queriam dizer a nós,
mulheres tutsis: 'Não dê mais à luz porque você dá à luz ao dar à luz. Vocês
não são mais portadores de vida, mas portadores de morte. [...]. No seu livro Our
Lady of the Nile (Archipelago, 2014), ela expressa: [...] Então você ainda quer fazer o que disse? 'Mais do que
nunca! Agora que sou uma heroína, e você também, dirão que é mais uma de nossas
façanhas e, acredite, será. — Você sabe muito bem que tudo se baseia nas suas
mentiras. 'Não são mentiras, é política. […]. E no seu livro Cockroaches (Archipelago, 2006), ela narra: [...]
Nenhum memorial foi construído em Rebero. Nada
para comemorar os caídos, exceto pedregulhos e pedras brancas e
vermelho-ferrugem. Procuro sinais na colina, cavo o chão. O sol está bem alto. Esta
é a hora das miragens. Afasto as pequenas pedras, arranho o chão. Encontro um
pedaço de pano esfarrapado meio enterrado na terra. Tento me convencer de que
vem da camisa de Antoine. Hesito, então deixo aquela falsa relíquia onde está. Pego
uma pedra com uma ponta afiada. Em memória. [...].
ALGUÉM FALOU: Todos os dias
me dou a chance de nascer de novo... Eu não fujo, prefiro deixar as coisas que
não preciso. Não acredito na fuga como um ato... Tenho dentro de mim uma casa,
um lugar de onde observo o mundo e onde me sinto confortável... Pensamento
da poeta e jornalista búlgara Beloslava
Dimitrova, autora do poema
Uma pessoa: pois - \ estou a 2.130 metros acima do nível do mar, \ em outras
palavras, estou sentado no fim do mundo, \tudo está coberto de vulcões e
gêiseres \ expelindo vapor e água saturada de enxofre, \ lembro-me de perguntar
novamente como chegamos aqui \ . rock over apontar \ você mostra a banheira
cheia de bactérias \ quente e rasa o meio é idêntico \ Espero que desta vez
permaneça inalterado \ sem complicações acúmulos modificações \ para finalmente
fechar \ as nadadeiras do peixe \ para que eles não se transformará \ em
membros \ para que os répteis não rastejem para fora \ e alguns não criem penas
\ para que o milagre da evolução não aconteça \ e as pessoas não apareçam \ para
que você não apareça de novo \ e muito menos eu. Dela também o poema Antidepressivos:
tudo pode ser feito\ desde que você não esteja com\ as pernas cruzadas\ grudadas
em mim\ o travesseiro enrolado\ como se fosse seu corpo\ abraçado com dois
braços\ não penso e não sonho\ com o passado como prometi\ só recito os dos
outros poesia\ cumpro todas as recomendações\ desejo opiniões comigo mesmo\ e
não vou escrever\ esse poema\ para não te machucar.
DIA INTERNACIONAL DA
FELICIDADE – A
Organização das Nações Unidas (ONU) consagrou o dia de hoje como o Dia Internacional da Felicidade. A
propósito, trago um trecho do livro Felicidade:
diálogos sobre o bem-estar na civilização (Companhia das Letras, 2002), do economista,
sociólogo e professor Eduardo Giannetti:
[...] Discutir a felicidade significa
refletir sobre o que é importante na vida. Significa ponderar os méritos
relativos de diferentes caminhos e pôr em relevo a extensão do hiato que nos
separa, individual e coletivamente, da melhor vida ao nosso alcance. O que
havia de errado e o que permanece vivo no projeto iluminista de conquista da
felicidade por meio do progresso científico e material? Até que ponto as nossas
escolhas têm conduzido à criação de condições adequadas para vidas mais livres
e dignas de serem vividas? Que lições tirar das conquistas e desacertos das
nações que lideram o processo civilizatório? A civilização entristece o animal
humano? Qual deveria ser o peso do prazer na busca da felicidade e qual deveria
ser o ligar da felicidade na melhor vida? O conhecer modifica o conhecido, o
viver modifica o vivido. As questões da filosofia estão sempre voltando ao
ponto de partida. Elas nunca se rendem, elas jamais se esgotam; só o que acaba
é o nosso fôlego e a nossa capacidade de enfrenta-las. A humanidade não se
coloca apenas os problemas que é capaz de resolver. A fome não garante a
existência do alimento capaz de saciá-la. Encaradas de um ponto de vista
sóbrio, sob a luz fria e clinica da razão, nossas aspirações de realização e
transcendência estão fadadas ao desapontamento. O tamanho da distância entre a
mais alta felicidade e a mais funda infelicidade de um homem é produto da nossa
fantasia. “A vida que se vive é um desentendimento fluido, uma média alegre
entre a grandeza que não há e a felicidade que não pode haver”. No fundo do
coração humano, entretanto, algo surdo e obstinado resiste; algo indomado
protesta a nos dizer que há alguma coisa indefinível pela qual existimos e
aspiramos, algo por que vale a pena viver e sofrer. A imaginação selvagem que
nos habita em segredo insinua esperanças e inspira sonhos que a razão
desautoriza. Os dois lados do embate têm suas armas, têm o seu apelo, têm o seu
direito. O grande equívoco é supor que um deles precise ou deva sair vitorioso.
A qualidade da tensão é o essencial [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
DIANA/ÁRTEMIS - Imagem: Diana - marble (1776), do escultor francês Jean Antoine Houdon (1741-1828) – Gulbekian Foudation, Lisboa - Portugal. - Na mitologia romana, Diana é a deusa da lua, da caça e dos animais selvagens. Muito poderosa e forte, era considerada a deusa pura, filha de Júpiter e de Latona. A sua mais famosa aventura foi transformar o caçador Acteão em um cervo porque a viu nua durante o banho. Não quis se casar e manteve-se casta. É a triformis dea – a deusa das três formas, a Lua: Ártemis, Selene (lua) e Hécate (Trívia), ou seja, a trindade da Lua. A deusa grega Ártemis, filha de Zeus e Leto, é a divindade da caça que traz entre as mãos um arco dourado e um coldre de setas nos ombros, trajando uma túnica de tamanho curto, sendo considerada uma prostituta sagrada e uma virgem responsável pelos partos, associada, portanto, à dupla faceta feminina que, ao mesmo tempo, protege e destrói, concebe e mata. Era irmã gêmea de Apolo e seu desejo desde criança foi pedir a Zeus para circular livremente pelas matas, dispensada da obrigação de casar. As festas em sua homenagem eram dedicadas as danças sensuais em louvor da lua. Ela é o símbolo maior do feminino, da sua autonomia e liberdade. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
Ouvindo Brasileirança (Kuarup, 2002) do cantor, compositor e violeiro Xangai - Eugênio Avelino. Veja mais aqui e aqui.
AMORES & A ARS AMATÓRIA – O livro Amores & arte de amar (Companhia das Letras, 2011), do poeta e
autor teatral romano Publius Ovidus Nasso, conhecido como Ovídio (42aC – 17aC), faz parte das três grandes coleções de
poesias eróticas. Ele é considerado o mestre do dístico elegíaco e o último dos
elegistas amorosos latinos canônicos, escrevendo sobre amor, sedução, exílio e
mitologia. Dessa obra destaco o poema 3 do Livro , na tradução de Carlos
Ascenso André: É justo o que peço: que a
moça que ainda há pouco me cativou / ou tenha amor por mim ou faça com que
tenha eu amor por ela. / Ah, foi demasiado o meu desejo! Que apenas consinta em
ser amada, / e já Citereia terá ouvido todas as minhas súplicas. / Aceita quem
há de servir-te por longos anos, / aceita quem saberá amar com candura e
lealdade. / se não tenho a abonar-me grandes nomes de velhos / avós, se quem me
deu o sangue é um cavaleiro / e meus campos não são revolvidos por arados sem
conta, / se têm de poupar nas despesas ambos os meus pais, / ao menos, tenho a
meu lado Febo e as suas nove companheiras / e o inventor da vinha; / ao menos,
tenho aquele que a ti me entrega, o Amor; / ao menos, tenho fidelidade, que a
nenhuma outra há de ceder, / e um caráter sem mácula / e uma simplicidade pura
e um pudor que me faz corar; / não são mil as que me agradam, não sou um
saltitante do amor. / Tu, se alguma fidelidade existe, hás de ter o meu cuidado
para sempre; / contigo, quantos anos me concederem os fios tecidos pelas Irmãs,
/ esses me caiba em sorte vivê-los, e, perante a tua dor, morrer. / Mostra que
és feliz por seres assunto de meus poemas, / e meus poemas hão de surgir,
dignos de quem os inspirou; / é graças à poesia que têm nome Io, apavorada com
seus chifres, / e aquela que um amante enganou, em forma de ave dos rios, / e
aquela que sobre os mares foi trazida por um touro a fingir / e com mãos de
donzela se agarrou aos chifres recurvos. / Também eu hei de ser cantado, do
mesmo modo, no mundo inteiro, / e o meu nome para sempre ficará ligado ao teu.
Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Ovide and Corine, his lover
from the Amores, painted
by Agostino Carracci (1557 - 1602). Veja mais aqui e aqui.
TARAS BULBA – O romance histórico Taras Bulba (Alianza, 2010), do escritor
ucraniano Nikolai Gógol (1809-1852)
conta a história de um velho cossaco e seus dois filhos na guerra contra a
Polônia. Ele mata um dos seus filhos: - Eu te dei a luz, eu te matarei!”. O seu
outro filho é capturado pelos polacos e é executado: - Pai, estás a me ouvir?
Taras, escondido dentro da multidão responde: Sim. E foge depois. Por fim,
Taras é capturado em combate e queimado vivo. A história foi transformada em
filme estadunidense, em 1962, pouquíssimo baseado na obra, dirigido J. Lee
Thompson. Do livro destaco este trecho: [...] Os historiadores descreveram a contento essa campanha. Sabe-se que, na
terra russa, a guerra é feita em nome da fé. Uma fé terrível, sem piedade,
semelhante a um rochedo inabalável no meio de um mar sempre agitado. A massa
rochosa eleva-se das profundezas do oceano, e desgraçado do navio que se chocar
com ela! O seu casco será reduzido a pedaços, tudo voará pelos ares e os
lamentos de terror dos infelizes marinheiros encherão os ares. A história conta
como fugiam as guarnições polonesas das cidades que iam sendo libertadas, como
foram enforcados os desalmados arrendatários judeus, a inferioridade revelada
pelo oficial da coroa polonesa, Nikolai Pototski, e seu numeroso exercito,
perante a cavalgada vitoriosa dos cossacos. Esse general foi completamente
batido e metade de seu exercito afogado no rio. Encurralado na região de
Poloniel pelos cossacos, Pototski jurou solenemente que faria conceder aos
cossacos, da parte do rei e do governo da Polonia, todas as liberdades e
restituir-lhes os antigos privilégios. Os cossacos, porém, conheciam o valor
dessas promessas. Potorski não teria mais oportunidade de desfilar com seu
cavalo puro-sangue na frente das damas, nem poderia mais oferecer festas
suntuosas aos senadores da dieta, se o clero russo de Poloniel não o tivesse
salvo. Quando todos os popes, com suas casulas bordadas a ouro, com ícones e
cruzes nas mãos, e levando à frente seu bispo com mitra e báculo, saíram ao
encontro do exército vencedor, os cossacos descobriram e inclinaram a cabeça.
Nenhum poder humano, nem mesmo o rei, teria sido capaz de submetê-los, mas
inclinavam-se perante os popes. O atamã resolveu com seus coronéis deixar
partir Pototski, depois de esse ter jurado que as igrejas seriam respeitadas e
que o exercito cossaco tomaria posse de seus antigos direitos. Só um coronel
não concordou com aquela paz: Taras Bulba. Arrancando um punhado de cabelo da
cabeça, gritou: - Ei, atamã, coronéis! Não façam esses arranjos de mulheres!
Não creiam nos poloneses, pois eles nos trairão! E, quando o escrivão principal
leu o texto do tratado e o comandante o assinou, Bulba ergueu seu sabre de aço
damasquino e o quebrou pela metade, como quem quebra uma vara e, jogando longe
os pedaços, exclamou: - Adeus! Assim como os dois pedaços deste sabre não
voltarão a ser uma só arma, também nós, camaradas, não voltaremos a nos ver
neste mundo [...]. Veja mais aqui, aqui e aqui.
BLACK WIDOW – O suspense Black Widow (O mistério da
viúva negra, 1987), dirigido por Bob Rafelson, conta a história de uma rica
e bela mulher, Catherine Petersen que tem sua forma elevada cada vez que se
casa e mata seus maridos ricos. Após receber a herança, ela desaparece e assume
nova identidade para se preparar para um novo golpe. O destaque do filme vai
para a linda atriz estadunidense Theresa
Russel. Veja mais aqui.
Veja mais sobre:
O beijo que se faz poema aqui.
E mais:
O beijo dela de sol na minha vida de lua aqui.
Itinerário do final de semana num lugar
que não existe, O
beijo de Théodore Géricault & Carla Carson, Cartografia
Rumos, a pintura de Luis Rodolfo & James Ensor aqui.
O pensamento de György Lukács aqui
e aqui.
Georg Lukács, Jacques Lacan, Samuel
Beckett, a literatura de Henry James, a música Morton Subotnick, o cinema de
Jane Campion & Nicole Kidman, a pintura de Aurélio D'Alincourt, o desenho
Fady Morris & a poesia de Dorothy Castro aqui.
O Cravo & a Rosa, a literatura de Antônio Torres,
Clitemnestra & Oréstia, A música de Elis Regina, Antônio Maria & Clara
Redig, o cinema de Bernardo Bertolucci & Maria Schneider, a pintura de
Antoine-Jean Gros & Pierre-Narcisse Guérin & Programa Tataritaritatá aqui.
Brincarte do Nitolino, a poesia de Stéphane Mallarmé, a
literatura de John Updike, a música de Guerra-Peixe, o teatro de Ingrid
Koudela, a pintura de Frank Frazetta, o cinema de Luc Besson & Scarlett
Johansson aqui.
Pesquisa & Cia., O Big Bang de Marcelo Gleiser, a
literatura de Fernando Sabino & Minna Canth, Juno/Hera, a música de Eliane
Elias, a pintura de Alonso Cano, o cinema de Bigas Luna & Francesca Neri
aqui.
A vida por uma peínha de nada, As mil e uma noites, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche,
a crise da atualidade de Ivo Tonet, a violência de Necilda de Moura Santana, a
pintura de Vincent van Gogh & Umberto Boccioni, o teatro de Caryl
Churchill, a música de Eveline Hecker, a coreografia de Angelin Preljocaj, a
escultura de Kaleb Martyn, o cinema de Christine
Jeffs, Luciah Lopez & Sonho real amanhecido aqui.
Dia de São Nunca: tem dia pra tudo, até
pro que eu não sei, A
mulher fenícia & os fenícios, Uso e abuso histórico de Moses Finley, A era
do globalismo de Octavio Ianni, A grande transformação de Karl Polanyi, a
literatura de Antonio Tabuchi, o teatro de Sarah Kane, Béjart Ballet Lausanne,
o cinema de Eliane Caffé, a música de Clara Sandroni, a entrevista de Mano
Melo, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, a arte de Sueli Finoto, a pintura
de Shahla Rosa & Arthur Hunter-Blair aqui.
De perto ninguém é mesmo normal, O coração do homem de Erich Fromm, A civilização asteca de
Jean Marcilly, a literatura de Edgar Allan Poe & Euclides
da Cunha, a música de Maya Beiser, a escultura de Auguste Clésinger, o teatro de José Celso Martinez
Corrêa, o cinema de Peter Greenaway & Federico Fellini, a entrevista de
Geraldo Carneiro, A gaia ciência de Friedrich Nietzsche, a pintura de Jean-Paul
Riopelle & Beatriz Milhazes, a dança de Martha Graham, a fotografia de Luiz
Garrido, a arte de Paul-Albert Besnard & As mil faces do disfarce aqui.
História da mulher: da antiguidade ao
século XXI aqui.
Palestras: Psicologia, Direito &
Educação aqui.
A croniqueta de antemão aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Leitora Tetaritaritatá
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.