sexta-feira, janeiro 02, 2015

CARILDA OLIVER, BETTY DODSON, ANAÏS NIN & ARETINO

 


O TRÂMITE DO DESEJO – Há muito que meu coração espera no sisifismo louco dos dias e na contagem regressiva das horas. O amor me deu e só o amor levará de mim. Porque já pelejei demais no meio da noite e deixei meu verso no escuro, porque todas as noites, como o mar que nunca dorme persigo insone pelo grande amor. Eu não sei nada e só me eternizo quando a noite é íntima na minha solidão. Eu velo pelo grande amor e é por ele que passo as noites em claro, ardendo aflito, na busca sedenta do teu corpo de mulher. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - A sexualidade não é uma questão de moral, mas de saúde e direitos humanos. Pensamento da artista e educadora sexual estadunidense Betty Dodson (1929–2020). Ela foi a pioneira no movimento feminista pró-sexo e autora da obra Sex for One: The Joy of Selfloving (Harmony, 2012), na qual expressa que: […] Sofremos tanta lavagem cerebral pelo amor romântico que, quando falo sobre a importância de os casais continuarem a se masturbar sozinhos e aprenderem a compartilhar a masturbação juntos, alguns presumem que sou contra o “sexo normal”. Não é verdade. Sou totalmente a favor de qualquer atividade sexual que deixe ambos os parceiros felizes. O que não apoio é a “relação sexual compulsiva” como a única forma de ser sexual. Em vez de assumir que a palavra sexo significa um pénis dentro da vagina, precisamos de perceber que há um número infinito de maneiras de expressar a nossa sexualidade. […] A energia sexual e a energia criativa fazem parte da mesma força vital que nos atrai como o calor do sol de verão ou a luz da lua cheia. Todas as pessoas com quem conversei intimamente me disseram como a masturbação é importante para seu processo criativo. Fazer uma pausa para o orgasmo pode funcionar de diferentes maneiras: pode aumentar meu nível de energia quando ele diminui, pode me relaxar quando fico muito tenso ou pode limpar as teias de aranha mentais para que eu possa resolver o problema criativo em questão. Na maioria das vezes, eu uso pausas para o orgasmo para me preparar para outra rodada de criatividade com uma explosão renovada de energia [...] A masturbação é o caso de amor contínuo que cada um de nós tem consigo mesmo ao longo da vida. [...] O sexo mais consistente será o seu caso de amor consigo mesmo. [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: O sexo é a poesia do corpo, a celebração de nossos desejos e anseios mais profundos... Não vemos as coisas como elas são, nós as vemos como nós somos. A única forma de lidar com a morte é transformar tudo o que a precede em arte. Sonhos são necessários para a vida. Quero viver e sentir todas as nuances, tons e variações de experiência mental e física possíveis em minha vida... Pensamento da escritora francesa Anaïs Nin (1903-1977). Veja mais aqui e aqui.

 

MONÓLOGO DE LUCRÉCIA - [...] Claro que sim. Você acha que isso está acontecendo? sabemos mais sobre virgens do que sobre mártires? Hícele entendeu que a urina estava com sangue e bateu para criar a grande resistência que tenho. Finalmente, na quarta noite tive que fazer isso no poste. Eu sei o que quero. Venha de manhã, minha mãe está chegando para a sala onde estamos, e vindo para minha frente acompanhado, fiz eco à sua bênção, cumprimentando-o, e dê a eles o máximo de cargas que você conseguir, as de um querido abraço da minha mãe. Ela diz a ele: “Eu quero você De qualquer forma, saio de Roma depois da manhã, porque tenho cartas do meu país nesses lugares Eles me dizem que vou morrer entre os meus. Esto fazê-lo de qualquer maneira, porque Roma é para as grandes aventuras e não pelas aventuras como você. E diga a verdade, ei, quem não era meu Ela não tirou tanto de uma das poses que eu me importo se eles podem ser vendidos, pois com o processo de poder comprar aqui por isso a menos que você tenha uma casa, porque não tem dinheiro para morar nela vá na casa do alquilé, e eles são vendidos para você Eu mando o dinheiro para você se você não quiser elos. Afinal, eu não nasci para estar na casa de otrie, porque sempre, depois de ser mulher, o você é meu." E você, interrompendo a conversa, diga: "Mãe, se eu precisar ficar longe disto por uma hora, esse é o meu coração, posso muito bem pensar que não vou viver um dia." E me juntando mais a ele, eu a abracei e pronto duas lágrimas, e quando as vi, senti-as a esposa dizendo: «Pues pesam agora para tal e tal, Eu não sou o homem que tem casa e eletrodomésticos no fim do dia?". E peço que você se vista, se você for velho rodada  da casa, e voltar como na hora da esperança com uma carta na mão e com dois homens carregados de colchones, colchas, travesseiros e outros dos con sendas acémilas carregadas de camas de cam- po, soleiras, mesas e coisas de ferro; eles também foram enviados agora com os dois mercados com suas muitas cargas de estofados, almofadas, almofadas, capas, estaño e outras coisas relevantes para a decoração de uma casa. Parece- foi exatamente isso que mudou de um bairro para outro. Aconselho minha mãe a trazer uma casa para ela ordem, da beira do rio, muito concertada, e vai onde eu estava e paguei o que era devido à loja para a padroeira e uma carroça volta para levá-lo até lá Vamos esperar (isso foi há pouco tempo) e procurar noite, siga meu conselho e me pergunte ahí y yo lar. Lamento saber o que estava comendo, pelo homem acima de mim doce, tão amplo quanto possível. Agora, como você na outra loja ela não foi vista na ventana como Sozinho, não deixe ninguém dar o aviso da morena: Veríades a todos mi quebrados pasearme la puer- ta. E ver um com os olhos de um amigo, isso é me mostrou morrendo por mim, a caminho de uma terceira pessoa Peço que você faça o que eu quero que você faça. E pares- sabendo que foi o homem quem se importou e gastou, Comecei a dar onças aos poucos para a cartilha bem, aquele, tendo gostado de tudo que Eu aguentei e tive que pegar de volta tudo o que queria de Deus, e eu termino o prazo, você não precisa pagar, foi desempacotado com meus demônios, e você pode encontrar o exco- munições pelas ruas e portas das igrejas, como É o costume de Roma. E você, que era de uma boa casta, há muito tempo Veja quanto tempo as cordas vão durar: alegrias. E quando fechei minha porta, foram alguns deles toda vez que ele subia em segredo, ele começava a lembre-se do bem que veio para mim, e é isso Parecia um fantasma, não queria parar de entrar minha casa. E habiendo você ejetou56 o saco de Em segundo lugar, você me amará até o terceiro, mas não por tudo isso. Tive que abrir a porta para quem quer que estivesse comigo. aqui está uma coisa razoável. No final, vou para outra casa ainda maior, por quanto tempo o item cresceu coloque nela. Você está na reputação das pessoas de señoría e hame de creer que gastava mais do que Há muito tempo que estudo o Putanismo, que é um livro que eu entendo o antigo e mais famoso que vou lembrar em Roma, vagabunda, chamada Angela Torrente. De para que alguém se torne um aluno melhor do que aquele que vai em Bolonha ou em Paris, e você está aqui e ali há dez anos Economizando tempo e dinheiro e retornando a muitos necios suas casas como salteron de ellas. Mas ei, em três meses de estudo e menos de dois, subiu um professor tão bom em tudo o que se deveria saber, também para dar explicações58 como fazer amigos gos, como envolvê-los, saber como ficar com alguém volte para o outro, e volte e chore de novo, como neste lugar direi de forma mais ampla. E nesses inter- médiuns, vendam mil vezes minha virgindade. E aquirote decidir uma parte das histórias, que no ver- pai quem yo hecho ansí se han lamar, por ser das minhas coisas. E se você fosse um bom alquimista, então eu vou entender. [...]. Trechos extraídos da obra Diálogo das prostitutas (José Álvaro Editor, 1968), do escritor e dramaturgo italiano Pietro Aretino (1492-1556). Veja mais aqui e aqui.

 

TRÊS POEMAS – I - Eu ordeno que você esqueça tudo: \ aquele peito de nata e ternura, \ aquele peito subindo de um jeito\ isso poderia ter servido como terreno duro para você;\ aquela coxa obediente mas feroz,\ que veio de antigas serpentes;\ aquela coxa de carne e eu estou morrendo\ convocado em tardes solitárias;\ aquele gesto quando fui levado à loucura; \ aquela jornada para o amor, da minha cintura;\ aquele estranho gosto de lírio na pele,\ aquele pequeno nome sob o nome, \ aquele pecado de se tornar um homem\ no feliz vício de me machucar. II – Opções \ Às vezes você anda pela rua, triste,\ Pedindo para o canário não morrer\ E você mal percebe que eles existem\ Semáforo, pão, primavera.\ Às vezes você anda pela rua, sozinho,\ -ah, não querendo saber se ele espera-\ E o barulho de algum rosto que é imolado\ Isso nos faz soluçar de uma maneira diferente.\ Às vezes na rua, divertido,\ Alguém sai sem permissão da vida,\ Com uma fome quase feroz por tudo. \ Às vezes alguém fica assim, indefeso,\ Como posso me apaixonar por nada,\ E o milagre aparece numa calçada. III - Ontem à noite dormi com um homem e sua sombra. \ As constelações nada sabem sobre o caso.\ Seus beijos eram balas que ensinei a voar.\ Houve uma parada cardíaca.\ O jovem\ nadou como as ondas.\ Estava sombrio,\ gentil,\ Ele me bateu nas juntas com um martelo.\ Vivemos aquela época na selva,\ aquela saúde irada\ com que a fome de outro corpo nos mata.\ Ontem à noite tive um náufrago na cama.\ A maldita coisa me profanou.\ Envolto em deus e lençol\ Ele nunca pediu permissão.\ Seu raio laser ainda me perfura.\ Estávamos conversando sobre o cosmos e a iconografia,\ mas tudo desceu\ quando ele me deu a senha.\ Hoje encontrei aquela mancha na cama,\ tão profundo\ que comecei a pensar seriamente:\ a vida cabe numa gota. Poemas da poeta cubana Carilda Oliver Labra (1924-2018), uma figura icónica da literatura cubana e uma das vozes mais influentes da poesia lírica contemporânea, autora da frase: Ninguém me ensinou a viver, muitas pessoas me ensinaram a morrer, mas não conseguiram.

 

SACADOUTRAS

 

 Imagem: Gaia, Mãe Terra.

Ouvindo: Terra, de Caetano Veloso

[...]
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Eu estou apaixonado
Por uma menina terra
Signo de elemento terra
Do mar se diz terra à vista
Terra para o pé firmeza
Terra para a mão carícia
Outros astros lhe são guia...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...


A MÃE TERRA DE ISAAC ASIMOV – O escritor e bioquímico americano nascido na Rússia,, Isaak Yudavich Azimov (1920-1992), assim se expressa sobre a Mãe Terra: [...] Em resumo, faltava-lhe a dignidade da autosuficiência, e como todas as coisas na Terra, era simplesmente parte de uma comunidade, uma unidade pendurada de um conjunto de apartamentos, uma porção de uma multidão. [...] É bastante difícil descrever qualquer um dos mundos Cósmicos a um terráqueo nativo, visto que não se trata tanto de uma descrição de um mundo, mas de um estado de espírito. Os Mundos Cósmicos - uns cinqüenta, primeiramente colônias, mais tarde domínios, mais tarde nações - são extremamente diferentes entre si num sentido físico. Mas o estado de espírito é praticamente o mesmo em todos eles. É algo que surge de um mundo originariamente incompatível com a espécie humana, todavia habitado pela nata das pessoas difíceis, diferentes e ousadas. Para se dizer numa única palavra, esta palavra é “individualidade.” Há o mundo de Aurora, por exemplo, a três parsecs da Terra. Foi o primeiro planeta colonizado fora do sistema solar, e representou a aurora das viagens interestelares.  Daí o seu nome. Possuía ar e água para o começo, talvez, mas pelos padrões da Terra era rochosa e infértil. A vida vegetal que realmente existia, formada por um pigmento amarelo esverdeado completamente diferente da clorofila e não tão eficiente quanto esta, dava às regiões comparativamente férteis um aspecto bilioso e desagradável aos olhos desacostumados. Não havia nenhuma vida animal mais alta do que a unicelular, bem como a equivalente à bactéria. Nada perigoso, naturalmente, visto que os dois sistemas biológicos, o da Terra e o de Aurora, não possuíam qualquer relação química. Aurora tornou-se, bem gradativamente, um canteiro. Sementes e árvores frutíferas foram as que chegaram primeiro; depois, arbustos, flores e grama. Em seguida, grandes quantidades de gado. E, como se fosse necessário impedir uma cópia demasiadamente fiel do planeta-mãe, vieram também robôs positrônicos para construírem as mansões, formarem as paisagens e instalarem as unidades de força. Em resumo, para fazerem o trabalho e tornarem o planeta verde e humano.  Havia o luxo de um mundo novo e reservas minerais ilimitadas. Ha: via o excesso esplêndido de energia atômica instalada em novas fundações com apenas milhares, ou, no máximo, milhões, e não bilhões, de pessoas para servir. Havia o imenso florescer da ciência física, em mundos onde havia espaço para ela. [...] Simplesmente havia uma falta indefinível da sociabilidade humana -ainda que azeda e escassa, às vezes - imposta com tanta força aos formigueiros da Terra. [...] - A Terra - disse - está, em essência desprotegida contra nós, se evitarmos aventuras militares imprevisíveis. A unidade econômica é realmente uma necessidade, se pretendermos evitar estas aventuras. Deixe a Terra perceber o quanto sua economia depende de nós, das coisas que só nós podemos lhe fornecer, e não haverá mais essa conversa de espaço vital. E se nos unirmos, a Terra jamais ousará nos atacar. Ela trocará suas aspirações estéreis por motores atômicos - ou não, como quiser. (Isaac Asimov, O futuro começou). Veja mais aqui.

A NATUREZA DE TERESA FILÓSOFA – Atribuído ao escritor e filósofo francês Jean Baptiste de Boyer, Marquês d´Argens (1704-1771), o anônimo romance Teresa Filósofa – clássico erótico do século XVIII -, traz a seguinte reflexão sobre a Natureza: “[...] – Sobre a Senhora Natureza? – retomou o Abade. – Palavra de honra, logo sabereis tanto quanto eu sobre ela. É um ser imaginário, é uma palavra vazia de sentido. Os primeiros chefes religiosos, os primeiros políticos, atrapalhados com a ideia que deviam dar ao público sobre o bem e o mal moral, imaginaram um ser entre Deus e nós, que transformaram no autor de nossas paixões, de nossas doenças, de nossos crimes. De fato, sem esse socorro, como teriam eles conciliado os seus sistemas com a bondade infinita de Deus? Donde teriam eles dito que nos vêm essas vontades de roubar, de caluniar, de assassinar? Por que tantas doenças, tantas enfermidades? O que fizera a Deus esse infeliz aleijado das pernas, nascido para rastejar na terra durante toda a sua vida? A isto, um teólogo nos responde: são os efeitos da natureza. Mas o que é essa natureza? Será um outro Deus que não conhecemos? Agirá ela por si mesma, independentemente da vontade de Deus? Não, diz ainda de forma seca o teólogo. Como Deus não pode ser o autor do mal, este somente pode existir por meio da natureza. Que absurdo! Será da vara que me bate que devo me queixar? Não será daquele que dirigiu o golpe? Não é ele o autor do mal que sinto? Por que não convir, de uma vez por todas, que a natureza é um ser imaginário, uma palavra vazia de sentido, que tudo é de Deus, que mal físico que prejudica a uns serve para a felicidade dos outros, que tudo é bem, que não há nada de mal no mundo considerando a Divindade, que tudo o que se chama bem ou mal moral somente tem relação com o interesse das sociedades estabelecidas entre os homens, mas tem relação com Deus pela vontade do qual agimos necessariamente segundo as primeiras leis, segundo os primeiros princípios do movimento que ele estabeleceu em tudo o que existe? Um homem rouba: ele faz bem em relação a ele, faz mal por sua infração à sociedade estabelecida, mas nada em relação a Deus. “Entretanto, estou de acordo que esse homem deva ser punido, embora tenha agido por necessidade, embora eu esteja convencido   de que ele não foi livre para cometer ou não cometer o seu crime. Mas ele deve sê-lo porque a punição de um homem que perturba a ordem estabelecida, mecanicamente, pela via dos sentidos, deixa impressões na alma, que impedem os maus de arriscarem o que poderia lhes fazer merecer a mesma punição e que a pena que esse infeliz sofre por sua infração deve contribuir para a felicidade geral que, em todos os casos, é preferível ao bem particular. Acrescento ainda que se pode mesmo cobrir de vergonha os pais, os amigos e todos aqueles que conviveram com um criminoso, para levar, por esta linha de política, todos os seres humanos a se inspirar mutuamente horror pelas ações e pelos crimes que podem perturbar a tranquilidade pública. Tranquilidade que nossa disposição natural, que nossas necessidades, nosso bem estar particular, incessantemente, nos levam a infringir. Disposição, enfim, que no homem somente pode ser absorvida pela educação, por meio das impressões que ele recebe na alma, por via dos outros homens que ele frequenta ou que vê habitualmente, seja pelo bom exemplo, seja pelo discurso; numa palavra, pelas sensações externas que, unidas às disposições interiores, dirigem todas as ações de nossa vida. Portanto, é preciso estimular, é preciso impor aos homens o exercício mútuo dessas sensações úteis à felicidade geral. “Agora, madame – acrescentou o Abade –, penso que sentis o que se deve entender pela palavra natureza [...]” (Jean Baptiste de Boyer, Teresa Filósofa), Veja mais aqui.


REFERÊNCIA
ASIMOV, Isaac. O futuro começou. São Paulo: Hemus, 1978.
BOYER, Jean Baptiste. Teresa filósofa. Porto Alegre: L&PM, 2000.


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