Ao som dos álbuns I Am Not (New Amsterdam, 2010), The
World is (Y)ours (Arcantus, 2019), Dance (Avie, 2020) e The Kreutzer
Project (AVIE, 2022), da compositora inglesa Anna Clyne.
Passos de Belerofon...
- A campainha tocou naquela noite insone. Abri a
porta e quem era no limiar da surpresa: pareceu-me Anticleia, a que jamais
poderia ser recusada. De longe o seu olhar me dizia que era ela e, pareceu-me,
ao mesmo tempo, que nela havia uma outra: a inevitável que tanto se rejeita –
como se fosse Estenebea que me acusou falsamente e expôs minha cabeça às
armadilhas de Ióbates. Ali, àquela distância, me fez crer que se não fosse
Polido, jamais poderia superar às cuspidas de fogo de Kimera, nem domar Pégaso
na Fonte dos Pirinéus com a rédea dourada que me deu Athena e findar no exílio
em Tirinto. Não fosse mesmo isso nem teria êxito diante dos Solimos, nem com as
Amazonas, muito menos me livraria das emboscados dos guerreiros lídios. Num
átimo previra: aqueles olhos eram a pedra âmbar desvelando o segredo da
Betelgeuse no turismo do fim do mundo - nada mais que um tolo adivinhando
bulhufas. Enquanto descia a escadaria viajava pelas névoas das ideias de todas
as cenas em que a vira, como se tivesse sido tomado pelo espasmo das vaguidades
incompreensíveis, das afecções vitimizadoras e da carta oculta das
intermitências, das ambíguas lembranças trazidas do nada e os timoratos fanatizados
pela enfatuação dos de execrável memória. Assim descia como se me sentisse o
cerne das insignificâncias, rachaduras e craqueados difusos, uma lástima:
quantos degraus ainda por descer na miséria - fazia-me sentir mesmo odiado
pelos deuses. Quedei-me porque em seus olhos vi-me o quanto fui de Hipponous e
o que jamais teria sido de Leofontes: o peso de sucessivos malogros, uma vida
toda de banalidades e incuráveis parvoíces – como se não bastasse viver com os
próprios erros, nem fosse o suficiente. E o que não tinha o menor cabimento era
o que vigia daí por diante. Ela entrou passeando pelos degraus escada acima, como
se um rastilho do sórdido invadisse casa adentro. Aboletou-se confortavelmente
como se me dissesse quase zero depois de vírgulas, pontos e quantas
reticências, aspas, parêntesis e parágrafos inauditos. E me deixou a sensação
de que teríamos tempo, sabia-se lá como. Olhou-me ternamente como se fosse a
hora do ajuste de contas e eu tivesse que descer ao núcleo do mais profundo ventre
da terra e lá ardesse até incinerar-me no reino das excrescências. Cada qual a
sua própria morte: pressurosas ilusões, lisonjeiras cumplicidades, interminável
pesadelo. Premiou-me com um leve sorriso, como se me dissesse que poderia ser
pior e fez parar o tempo para que eu sentisse o eco das palavras ainda não
ditas. Inquieto ruminava com a sua presença de bem-vinda naquele instante, porque
todos os meus passos teimavam viver e sentia-me como um suspeito sob alvo de voyeurs
ou de paparazzi: pego em flagrante delito - porque não é palavra vã a simples
queda de um mendigo no vazio. Viu-me desolado e não me disse mais nada, ofereceu-me
os lábios entreabertos e mais uma vez e outra: seus beijos eram a fonte de
Pìrene para que tomasse sedento das águas fartas da poesia. E ficou em mim para
que acontecesse o que já havia escrito. Até mais ver.
Anna Kingsford:
Há homens e mulheres demais; há muito pouca Humanidade. ... Há uma carência
de entendimento, de nudez de espírito. Todos nós estamos vestidos demais;
nenhum homem sabe que coração bate no peito do seu vizinho... Veja mais
aqui.
Ailton Krenak:
É preciso ter poesia em nossa experiência de luta... Veja mais aqui e
aqui.
Sidarta Ribeiro:
Durante o
sonho lúcido, a pessoa se torna consciente dos sonhos e é capaz de moldá-los...
Se quisermos ficar por aqui, é vital entender o que são os sonhos para o bem
comum e reaprender a arte de compartilhá-los com nossa família, amigos e
vizinhos planetários...
Veja mais aqui.
CORPOS COMO METÁFORAS APUNHALADAS
Imagem: Acervo ArtLAM.
Está mais fácil do que pensei \ há uma ideia
cristalinamente genial \ batendo a cabeça nas paredes de minha mente \ eu lhe
acenderia a luz \ porém não alcanço o interruptor \ e não consigo parar \ por
os pés na terra \ não vou articulá-la em palavras \ ou torna-la discurso com ou
sem lógica \ porque ninguém vai mesmo escutar \ é tão duramente abstrata \ e
não se pode tocar \ eu vou lhe atar uma corda no tornozelo \ e fazer com que
realize \ ideias concretas fáceis transmissíveis \ envolventes como corpos \ os
gestos das pessoas quando se entendem \ e se reconciliam e se abraçam \ e a
pele também compreende \ e se torna tangível \ às vezes.
Poema da poeta uruguaia María Virginia Finozzi,
que ainda expressa: Somos todos os testemunhos silenciosos que irrompem
contra a parede dos olhos que não são interlocutores...
MELHOR QUE OS FILMES...
- [...] Você fica melhor quando é
você mesmo. [...] Às vezes
ficamos tão presos à ideia do que achamos que queremos que perdemos a
oportunidade de ver a maravilha que realmente poderíamos ter. [...] Eu
fiz o que tinha que fazer. Tudo é justo no amor e no estacionamento. [...] O
amor é paciente, o amor é gentil, o amor significa perder lentamente a cabeça.
[...] A música tornou tudo melhor. [...]. Trechos
extraídos da obra Better than the Movies
(Simon
& Schuster, 2021), da escritora estadunidense Lynn
Painter.
O SOCIAL & A
SOCIEDADE - Somente se todos os membros da sociedade
puderem satisfazer as necessidades que compartilham com todos os outros –
intimidade física e emocional, independência econômica e autodeterminação
política – confiando na simpatia e no apoio de seus parceiros na interação,
nossa sociedade se tornará social no sentido pleno do termo... Pensamento
do filósofo e sociólogo alemão Axel Honneth, autor de obras tais como: Die Armut
unserer Freiheit. Aufsätze 2012–2019 (Suhrkamp, 2020), entre tantas outras.
ÉRATO, DE MARCUS ACCIOLY
Quando se deita o amor
o tempo é nulo \ e somente há espaço neste espaço \ onde só tu existes e eu me
anulo \ (ah cego nó do amor) ah cego laço \ de braços e de abraços (cego pulo\
para o fundo do abismo)...
Trecho do poema
extraído da obra Érato: 69 poemas eróticos e uma ode ao vinho (Cepe,
2023), do poeta Marcus Accioly (1943-2017). Veja mais aqui, aqui, aqui,
aqui e aqui.
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