quinta-feira, fevereiro 26, 2015

DORA GABE, ROSEANNE BARR, PARRIS GOEBEL & SERENAR

 


SERENAR

 

Ah, o amor

brotou de mim como se fora a flor de lis.

Fiz e refiz e nem se serenou, logrou a dor em certos sonhos infantis.

 

Ah! O amor,

predestinado a ser eterno aprendiz,

seguiu no triz e nem se revelou

e arrumou o que de breve nem se quis.

 

Chegou de dentro como chama de vulcão,

queimou com força e fez a vez do coração.

E nem sequer sabia onde encontrar você.

 

O amor fez a loucura dominar a solidão,

me diz que não a ilusão não vai mandar

e vai me dar um sim até não ter mais fim.

 

Chegou de dentro como chama de vulcão,

queimou com força e fez a vez do coração.

E nem sequer sabia onde encontrar você

pra me iluminar até que o mar seja comigo agora,

não vejo a hora de poder tocar na sua mão.

Toda emoção pra se valer precisa ter o dom da vida,

vida vivida pelo coração.


 

SERENAR - Ah, o amor, não fosse ela apaziguando minha febre irremediável toda fulgurante como uma Deusa de Sol, a se fazer rubra na escuridão das nossas noites escuras e fechadas, como quem rutila em plena efervescência de larvas vulcânicas, a se fazer clarividente ao meu toque profano nas cascatas da sua sacralizada clausura, não teria eu jamais prazer nem sentido na vida. É que sou ave cega com as raízes dos meus ossos trazidos da terra e a minha alma desenterrada na minha vida de pedras jogadas. Sou as minhas errâncias arrastando os vestígios sem rumo com todas as heranças perdidas, devorado pelas sombras da inquietação solitária na minha paz despedaçada, posto que o desditoso destino ignoto, mesmo assim, me concedeu a cortesia misteriosa de estar vivo. Não tivesse eu tantos danos por reparar com a minha culpa esdrúxula, não ficaria à boquinha da noite à espera da sua chegada toda viçosa remendando a desordem da minha vida desordenada, a serenar o meu coração enamorado. E sou grato pelo bálsamo da sua coroação de rainha a alinhar o curso de todas as minhas luas desnorteadas pra percorrer o mundo com nossos beijos errantes e a me dar sua roseira aberta que se reflora a cada toque que ouso pelo sigilo da noite mais que ádvena até a abóbada celeste de sua boca insana. E me pega pela mão no voo desde a origem do dia e toda verdade revolta na terra viva do seu ser, manejando com perícia as minhas extraviadas e pálidas insanidades, quando morde minha carne e me lambe a pele amainando as feridas cálidas, derramando o sobejo da sua boca na minha alegria. Não fosse eu ter a dádiva da vertiginosa dança do seu bailado venturoso, a me fazer Odur no seu ser de Valquíria Freya, quando já nos tornamos Súcubus e Íncubus no meio de toda tempestade dos desejos. Não tivesse eu a chama ardente de buscar sua silhueta em cada recanto e a todo instante, sem que seja cedo ou tarde para que eu me sinta nas suas pálpebras de ternas emoções, onde um só minuto é toda eternidade, pra não me deixar morrer porque já fui condenado de tudo no campo minado do amor. Não soubesse eu a escolha do que amo, não lhe veria os sinais vibrantes que ondulam em seu ser por todas as estações, porque aprendi a dormir com a noite em que a fragrante flor do seu ditoso e incendiário corpo madurado me é mais estrelado com seus prazeres inesgotáveis. Ah, o amor, não fosse ela atravessando o meu dia repleta de plena satisfação para erigirmos na dúplice taça dos amantes o mel dos felizes, ah, o amor, eu jamais teria sentido na vida, porque o amor é mútua condecoração. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui, aqui & aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Para mim, meu espírito criativo é quase outra pessoa que vive dentro de mim, a criança dentro de mim que nunca cresceu. Continue brincalhão, divirta-se e não se importe com o que as pessoas pensam. Acho que, como um ser criativo, isso é algo que nunca perdi. Só você pode ver sua visão. É importante encontrar esse relacionamento consigo mesmo e fortalecê-lo. Pensamento da dançarina, coreógrafa e atriz neozelandesa Parris Goebel, também conhecida profissionalmente como Parri$.

 

ALGUÉM FALOU: Esperar que a vida lhe trate bem é tolice como esperar que um touro não lhe bata porque você é vegetariano. A coisa mais absurda que estou dizendo é: Não tenha filhos. Não se case e tenha filhos. Tenha uma vida maior do que isso. Eu me considero um bom juiz de pessoas... É por isso que não gosto de nenhuma delas. Pensamento da atriz, escritora e comediante estadunidense Roseanne Barr, que no seu livro Roseannearchy: Dispatches from the Nut Farm (Gallery Books, 2012), ela expressa que: [...] Às vezes, para mim, não fazer birra é o que correr uma maratona ou atravessar o Canal da Mancha a nado deve ser para outras pessoas de natureza emocional menos desafiadora. [...]. Veja mais aqui e aqui.

 

DOIS POEMAS - SANGUE FEMININO - Sangue feminino…\ O sangue que cria \ mundos de ternura,\ tristeza e glória,\ pensamentos sobre a noite,\ a dor de tudo,\ do ciúme à morte,\ amor pagão.\ Pagão acreditar\ e se esconder de maneiras pagãs\ de todos,\ que você está apaixonado…\ E a tua sombra\ vem e me pergunta\ se eu carrego essa “dor” \ nos meus olhos.\ Mas não foi você\ que me crucificou nela primeiro!\ Sangue feminino sagrado e pecaminoso. NÃO CHEGUE PERTO DE MIM! - Não chegue perto de mim!\ Seja uma efígie\ Na parede de pedra da antiga catedral,\ Alto e inacessível,\ Para permanecer como um desejo eterno\ Em meu coração vazio deixado por você\ Silencioso e em alerta.\ Não chegue perto de mim… Poema da escritora, tradutora e ativista Dora Gabe (1886-1983).

 

PRIMEIRO COMO TRAGÉDIA, DEPOIS COMO FARSA – Por uma indicação dos amigos Luiz Dorvilé e Fábio, tive acesso à obra Primeiro como tragédia, depois como farsa (Boitempo, 2011), do filósofo, teórico crítico e cientista social esloveno Slavoj Zizek, ele aborda sobre ideologia, socialismo capitalista, a hipótese comunista, a estrutura da propaganda inimiga, a crise como terapia de choque, fetichismos, entre outros assuntos. Na parte do livro denominada Humano, demasiado humano, encontrei: [...] A era contemporânea volta e meia se proclama pós-ideológica, mas essa negação da ideologia só representa a prova suprema de que, mais do que nunca, estamos imbuídos na ideologia. A ideologia é sempre um campo de luta - entre outras, de luta pela apropriação de tradições passadas. Um dos indicadores mais claros de nossa triste situação é a apropriação liberal de Martin Luther King, em si uma operação ideológica exemplar. Recentemente, Henry Louis Taylor observou: "Todos, até as criancinhas, conhecem Martin Luther King e podem dizer que seu grande momento foi aquele discurso do 'Eu tenho um sonho'. Ninguém consegue ir além dessa frase. Tudo que sabemos é que esse camarada teve um sonho. Não sabemos que sonho foi. King fez um longo caminho desde que foi saudado pelas multidões em Washington, em março de 1963, quando foi apresentado como o "líder moral de nosso país". Por insistir em questões que iam além da simples segregação, perdeu muito apoio público e foi visto cada vez mais como um pária. Como explicou Harvard Sitlcoff, "ele assumiu a questão da pobreza e do militarismo porque as considerava vitais 'para tornar a igualdade algo real, não apenas uma irmandade racial, mas igualdade de fato"'. Nos termos de Badiou, King seguiu o "axioma da igualdade", muito além da questão isolada' da segregação racial: estava em campanha contra a pobreza e a guerra na época em que morreu. Falou contra a Guerra do Vietnã e, quando foi morto, em Memprus, em abril de 1968, estava lá para apoiar a greve dos trabalhadores da limpeza pública. Como disse Melissa Harris-Lacewell, "seguir King significava seguir a estrada impopular, não a popular". Além disso, tudo que hoje identificamos com liberdade e democracia liberal (sindicatos, voto universal, educação gratuita universal, liberdade de imprensa etc.)foi conquistado com a luta difícil e prolongada das classes inferiores nos séculos XIX e XX; em outras palavras, foi tudo, menos consequência "natural" das relações capitalistas. Recordemos a lista de exigências que conclui o Manifesto Comunista: com exceção da abolição da propriedade privada dos meios de produção, a maioria é amplamente aceita hoje nas democracias "burguesas", mas somente como resultado de lutas populares. Vale destacar outro fato com frequência ignorado: hoje, a igualdade entre brancos e negros é comemorada como parte do sonho americano e tratada como axioma ético-político evidente por si só; mas nas décadas de 1920 e 1930 os comunistas norte-americanos eram a única força política a defender a igualdade racial completa. Os que defendem a existência de um vínculo natural entre capitalismo e democracia distorcem os fatos, assim como a Igreja Católica distorce os fatos quando se apresenta como defensora "natural" da democracia e dos direitos humanos contra à ameaça de totalitarismo – como se a Igreja não tivesse aceitado a democracia apenas no fim do século XIX como uma concessão desesperada, e mesmo assim rangendo os dentes, deixando claro que preferia a monarquia e que era com relutância que cedia aos novos tempos. Por conta de sua total difusão, a ideologia surge como seu oposto, como não ideologia, como âmago de nossa identidade humana para além de qualquer rótulo ideológico. [...]. Veja mais aqui, aquiaqui.

Imagem: Sketch La République, do pintor e escultor francês Honoré Daumier (1808-1879). Veja mais aqui.

Curtindo o dvd da ópera popular Alabê de Jerusalém (2006), do cantor e compositor Altay Veloso. Veja mais aqui.

HÁ UM OUVIDO NO IGNOTO – No capítulo VII da obra Os trabalhadores do mar, do escritor francês Victor Hugo (1802-1885), Há um ouvido no ignoto, encontrei o seguinte relato: Correram algumas horas. O sol levanta-se deslumbrante. O seu primeiro raio iluminou na plataforma da grande Douvre uma forma imóvel. Era Gilliatt. Continuava estendido em cima do rochedo. Já não estremecia aquela nudez gelada e endurecida. Estavam lívidas as pálpebras fechadas. Era difícil dizer que não era um cadáver. O sol parecia contemplá-lo. Se aquele homem nu não estava morto, devia estar tão perto disso que bastaria o menor vento frio para acaba-lo. Começou a soprar o vento, tépido e vivificante; era o hálito vernal de maio. Entretanto, o sol subia no profundo céu azul; o seu raio menos horizontal ia-se purpureando. A luz fez-se calor. Cingiu Gulliatt. Gilliatt não se mexia. Se respirava, era uma respiração quase extinta que mal poderia embaciar um espelho, o sol continuava a sua ascensão cada vez menos obliqua sobre Gilliatt. O vento, que era tépido ao princípio, tornou-se cálido. Aquele corpo rígido nu continuava sem movimento; entretanto a pele parecia menos lívida. O sol, acercando-se do zênite, caia a primo sobre a plataforma do Douvre. Vertia do alto do céu uma prodigalidade de luz; juntava=se a ela a vasta reverberação do mar tranquilo, o rochedo começava a ficar tépido e aquecia o homem. O perito de Gilliattt levantou-se com um suspiro. Vivia. O sol continuava as suas carícias, quase ardentes. O vento, que já era o vento do meio-dia, e o vento de verão, aproximava-se de Gilliatt como uma boca, soprando molemente. Gilliatt fez um movimento. Era inexprimível a tranquilidade do mar, tinha um murmúrio de ama ao pé do filho. As vagas pareciam embalar o escolho. As aves marinhas que conheciam Gilliatt voavam inquietas por sobre ele. Já não era o medo selvagem do princípio. Era um quê de terno e fraternal. Soltavam pequenos guinchos. Pareciam chama-lo; uma gaivota que o amava, sem dúvida, teve a familiaridade de descer para junto dele. Começou a falar-lhe. Ele não parecia ouvi-la. Ela saltou-lhe sobre o ombro e começou a brincar docemente com o bico nos seus lábios. Gilliatt abriu os olhos. Os pássaros, alegres e ariscos, voaram. Gilliantt levantou-se e espreguiçou-se como o leão acordando, correu a bordo da plataforma e olhou para o intervalo do Douvre. A pança estava intata. O batoque resistira. Provavelmente o mar maltratara-o pouco. Tudo estava salvo. Gilliatt já não estava cansado. Refizeram-se-lhe as forças. O desmaio foi um sono. Esvaziou a pança, pôs a avaria fora da flutuação, vestiu-se, bebeu, comeu, tornou-se alegre. O buraco, examinado de dia, demandava mais trabalho do que Gilliatt pensou. Era uma grande avaria. Gilliatt gastou o dia inteiro em repará-lo. No dia seguinte, de madrugada, depois de desfazer a tapagem e abrir a saída do estreito, vestido com os andrajos que tinham vencido a avaria, tendo consigo o cinto de Clubin e os 75 000 francos, em pé na pança consertada, ao lado da máquina salva, com um vento de feição e mar admirável. Gilliatt saiu do escolho Douvres. Aproou sobre Guernesey. No momento em que se afastava do escolho, alguém que lá estivesse tê-lo-ia ouvido entoar a meia voz a canção Bonny Dundee. Veja mais aqui, aquiaqui.

CAPSI – Realizou-se nesta última quarta-feira, 22 de fevereiro, mais uma assembleia do Centro Acadêmico Martin Baró, do curso de Psicologia do Cesmac, ocasião em que foram debatidos diversos assuntos, entre eles o do desenvolvimento do Movimento dos Estudantes de Psicologia de Alagoas, congregando alunos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Cesmac e Unit, com evento previsto para realização no próximo dia 10 de março, na Ufal. Também foram abordados assuntos sobre a realização de palestras, ficando marcada a primeira delas para o dia 05 de março, como Me. Luiz Geraldo Rodrigues de Gusmão abordará sobre o tema da Psicologia Organizacional e a hegemonia dos testes psicológicos. Também foram debatidos os assuntos sobre o CineClube e a criação de Grupos de Pesquisa articulados com professores e as disciplinas do curso. Veja mais aqui.

DIA DO COMEDIANTE:- Tive a oportunidade na vida de assistir a um espetáculo ao vivo, de ouvir um disco e de ver também na televisão (este último não demonstrando o seu grandioso talento como ao vivo e no disco), apresentações do ator e humorista brasileiro Agildo da Gama Barata Ribeiro Filho, mais conhecido como Agildo Barata que hoje se encontra no auge dos seus 83 anos de idade. Confesso para vocês que foi uma experiência inenarrável e de extremo prazer, não conseguindo nem mesmo me controlar diante das piadas e sacadas no palco, me levando mesmo a extremos momentos de descontrole com as interpretações e imitações do Agildo de Nelson Rodrigues, de Dercy Gonçalves, de Clodovil e de tantos personagens que ganharam homenagem na expressão desse grande artista. E como hoje é o Dia do Comediante, nada mais justo que homenagear aqui um dos maiores atores e humoristas do Brasil. Veja mais aqui


TEOREMA – O destaque cinematográfico de hoje é o aclamado drama da escola do Cinema Italiano, Teorema (1968), do cineasta e escritor italiano Pier Paulo Pasolini, com música maravilhosa de Ennio Morricone e destaque pro trabalho da atriz Silvana Mangano. Trata-se de um filme que retrata as instituições italianas contando a história de um personagem e sua influência em uma família burguesa. O filme critica a futilidade, o comodismo e a alienação da burguesia. Veja mais aqui, aquiaqui e aqui.


HOMENAGEM ESPECIAL
Como todo dia é dia da mulher, a homenagem de hoje vai pra cantora Maria Creuza que ficou mais conhecida como a mulher de dois homens, por suas participações em shows como de Toquinho & Vinicius e, também, da dupla Antonio Carlos & Jocafi.


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Legalidade sob suspeita, Anna Moffo, Viola Spolin, Reisha Perlmutter, Floriano de Araújo Teixeira & Moína Lima aqui.
Os seus versos, danças & cantos do cacrequin, Jasmine Guy, Renata Domagalska, Lívia Perez, Luciah Lopez & Vera Lúcia Regina aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
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