A arte
da artista conceitual estadunidense Barbara Kruger.
LIVRO7 – Para quem sempre foi apaixonado por leituras e livros,
entrar na Livro7 era o mesmo, para mim, que uma criança dar de cara com uma
fábrica de guloseimas toda só para ela. Foi assim comigo, isso na segunda
metade dos anos 1970, ainda adolescente, quando adentrei na livraria da Sete de
Setembro, em Recife. Nossa, eram tantas seções que eu não sabia qual delas
primeiro consultar: ah, primeiro para Literatura; não, a de Teatro; eita, a de
Música, vou pra de Filosofia... e ficava folheando e escolhendo o que queria. Ah,
se pudesse levava era um caçuá de livros. Na verdade, queria era comprar a
livraria toda, tê-la para mim. No final, só os volumes que o dinheiro desse. Todos
os dias lá: manhã, tarde ou noite. Ou folheando um livro, jogando xadrez ou
papeando com os amigos. Era o ponto de encontro diário. Saía do trabalho, ia
para lá; largava da faculdade, não havia outro destino; para tomar uma, nas
imediações: BeerHouse, Beco da Fome, Templo dos Bebões, um outro, dependia do
trocado no bolso; e a lanchonete do cachorro quente. Ganhei até um cartão de
crédito pela assiduidade. Aí, haja salário para aguentar. Mas foi lá que lancei
meu primeiro livro de poesias, contando com o apoio costumeiramente receptivo do
Tarcísio Pereira, que sempre acomodava os ilustres desconhecidos como eu, em um
local de destaque entre as estantes. Ora, qualquer lugar que fosse dentro dela,
para mim, era um palco para lá de grandioso. Lá no evento, mal me arranchara no
espaço, já apareceu o primeiro comprador: o escritor Amílcar Doria Matos. Tremendo
que só vara verde, mal o atendi, já chegava o escritor Paulo Cavalcanti que era
o inventariante de Hermilo Borba Filho. Nossa! Outros tantos vieram, chega já
me sentia uma celebridade! Gente generosa demais. Um ano depois lançei o meu
segundo livro de poesias pelas Edições Pirata, A Intromissão do Verbo, com apresentação do poeta Jaci Bezerra. E entre
os presentes uma penca de generosíssimos amigos ali solidários: Paulo Caldas, Arnaldo
Tobias, Ângelo Monteiro, Alberto da Cunha Melo, Demócrito Borges, Juareiz
Correya, Domingos Alexandre, Francisco Espinhara, Marcelo Mário Melo, Cida
Pedrosa, Eduardo Martins, Odete Vasconcelos, Arnaldo Afonso, entre outros
tantos que a memória me falha, gente do meu coração. Depois com as Edições
Bagaço, outros dos meus livros foram lá lançados. O bom de lá era o espaço
aconchegante: quantas vezes saí de lá quando já arriava as portas, isso de
segunda a sábado. Para quem era um menino de interior deslumbrado com os ares
da capital, foi lá que se deu meu aprendizado mais significativo para a vida,
afora os momentos enriquecedores entre livros, amigos, bebericagem & bons
papos. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui e aqui.
DITOS & DESDITOS – O
dinheiro deve existir antes que possa ser transformado em capital. A acumulação
de capital e miséria andam de mãos dadas, concentradas no espaço. Revoluções
perpétuas na tecnologia podem significar a desvalorização do capital fixo em
larga escala. Pensamento do geógrafo e professor britânico David Harvey, autor de obra como Explanation
in Geography (1969), The Limits
to Capital (1982), A Justiça Social e a Cidade (1980), Condição
Pós-moderna (1993), Espaços de Esperança (2004), entre outros.
ALGUÉM FALOU: O que resta das pessoas
é o que a mídia pode armazenar e comunicar. Pensamento do teórico
de mídia e literatura alemão Friedrich
Kittler (1943–2011).
O BAÚ E A SERPENTE – [...] Agora
recém-amanhecia. Acompanhei o visitante até a porta. Ao abri0la, um sopro de
antemanhã nos acolheu. Tomei o caminho até o portão. Num dos canteiros da
direita, rente ao muro, um beija-flor sugava, elétrico, o pólen de uma papoula.
Vi o padre ganhar a estrada, integrado à manhã. Seu corpo ia curvado, a cabeça
negra semi-encoberta pelo hábito branco. Retomei á casa, considerei mais uma
vez a desarrumação que daria trabalho [...]. As sombras já se entinguiam pelo ângulos da peça, encabuladas. Notei que
minhas mãos estavam frias e trêmulas. [...]. Trechos extraídos da obra O baú e a serpente (Comunicarte, 1991), do
escritor, advogado e jornalista Amilcar Dória Matos (1938-2010). Veja
mais aqui.
NO LIMITE DA ALEGRIA – I - Entre a morte e eu erigi
seu corpo: / que suas ondas fatais batem em você sem me tocar / e escorreguei
na espuma esfarrapada e humilhada. / Corpo de amor, de realização, de
celebração, / palavras que os ventos dispensam como pétalas, / sinos ilusórios
no crepúsculo. / Tudo que a terra voa para os pássaros, / tudo o que os lagos
valorizam no céu / mais a floresta e a pedra e as colmeias. / (Coalhada de
culturas eu danço nas eiras / enquanto o tempo chora por suas foices
quebradas). / Cidade murada aventureira, / cingido com milagres, descanse no
complexo / desse corpo que começa onde termina o meu. II - Convulsionar entre
braços como o mar entre rochas, / quebrando à beira da alegria ou humildemente
/ lambendo as areias ensolaradas. / Sob seu toque eu tremo / como um arco em
tensão pulsante de flechas / e de assobios agudos iminentes. / Meu sangue está
queimando como um pacote / farejando presas e estragos / mas sob sua voz meu
coração se rende / em pombos devotos e afundados. III - Seu gosto antecipa
entre as uvas / que lentamente dão lugar à língua / comunicar açúcares íntimos
e selecionados. / Sua presença é alegria. / Quando você sai, você destrói
jardins e transforma / a sonolência feliz da rola / na feroz expectativa de
galgo. / E adoro quando você voltar / o humor perturbado sente você / como os
jovens servos nas proximidades da água. Poema da escritora
mexicana Rosario Castellanos (1925-1974).
PROEZAS DO BIRITOALDO
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