quarta-feira, dezembro 26, 2018

NATSUME SOSEKI, BRUNO LATOUR, AGAMBEN, MAURICIO ARRAES, ALTO DO INGLÊS, XICO BIZERRA & FORROBOXOTE

A arte do artista plástico e cenógrafo Mauricio Arraes.

SEGUNDO POEMA DE AMOR – Imagem: do artista plástico e cenógrafo Mauricio Arraes. - O segundo poema vem como emblema do amor por ela que trago na lapela e no meu coração. É como a canção que canto pra ela todos os dias e em todo momento. É o segundo beijo renovando o desejo. O segundo sobejo de nossas carnes amadas e curtidas. Um segundo afeto de valor descoberto. É a segunda premência de nossas querências. O segundo poema de amor por ela é uma parcela fragmentada de toda expressão da pessoa amada porque eu não sei quando a noite vem, porque seus olhos eternizam o riso do sol em mim. É nela que eu vivo mesmo quando ela faz da gente um dramalhão de tv. Ou quando arenga engrossando o pirão e azedando o pavê. Ou quando embola o meio de campo empancando com tudo pra virar o meu mundo só no empate. Aí ela frisa o capricho revirando a lata do lixo a forçar disparate. Até que ela me tira do lance querendo que eu dance. Catimba na graça fazendo trapaça. E passa recibo mandando rebote. E me faz de inimigo, me dá baixa no estoque. Enfim, não me dá chance, tudo fora do alcance. E me passa calote fazendo pirraça: - Dessa não passa! E arma a desgraça e logo se intriga, piora a cantiga só de reprimenda. E não se emenda, não tem oferenda e revolve o passado, remove montanhas, me larga de lado sem lençol, nem fronha. E eu fico jogado, morto de vergonha. Aí ela me dá a vida dela e exige que eu dê jeito. E me joga despeito na lata sua rispidez insensata. O balde ela chuta: - que filho da puta! E se desengraça quando tudo extravasa na beira do fim. Acabou-se o quindim, acabou-se a doçura. Vira uma pedra ruim na minha ternura. Então já despejado, vou abatumado, coração consternado pra longe dali. Quando menos espero, ela vem me resgata daquela cena trágica. E meu ser arrebata em suas mãos mágicas. E me aquece com seu calor me fazendo a vassoura pro seu vôo. E me aperta tão bem a me fazer de refém de sua bruxaria. Maior ventania. E me abraça com o paraíso na boca quando eu percebo que de amor ela está louca. E eu só sei que a vida passa quando ela cheia de graça vem se despedir eterna nos meus pensamentos como se daquele momento amanhã eu morresse. E dali procedesse nessa urgência no vôo pelo amor que celebra toda ventura da vida, pelo amor que me traz a razão de viver. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

A arte do artista plástico e cenógrafo Mauricio Arraes.

DITOS & DESDITOS - Só há caminhos contínuos para nos transportar do local ao global, do circunstancial ao universal, do contingente ao necessário se pagarmos o preço das baldeações. Pensamento do filósofo, antropólogo e sociólogo francês Bruno Latour.

ELOGIO DA PROFANAÇÃO – [...] Sagradas ou religiosas eram as coisas que de algum modo pertenciam aos deuses. Como tais, elas eram subtraídas ao livre uso e ao comércio dos homens, não podiam ser vendidas nem dadas como fiança, nem cedidas em usufruto ou gravadas de servidão. [...] Sacrílego era todo ato que violasse ou transgredisse essa sua especial indisponibilidade, que as reservava exclusivamente aos deuses celestes (nesse caso eram denominadas propriamente “sagradas”) ou infernais (nesse caso eram simplesmente chamadas “religiosas”). [...]. Trechos extraídos da obra Profanações (Boitempo, 2007), do filósofo italiano Giorgio Agamben. Veja mais aqui.

OS HUMANOS & O GATO – [...] Quanto mais observo os humanos com os quais convivo sob o mesmo teto, tanto mais me vejo obrigado a concluir que se tratam de seres egoístas. As crianças com as quais às vezes compartilho a mesma cama são particularmente abomináveis. Quando lhes dá na telha, me viram de ponta-cabeça, cobrem minha cabeça com um saco, me atiram para todos os lados, me enfiam dentro do forno. Como se isso não fosse suficiente, basta eu revidar, mesmo de forma leve, e toda a família corre atrás de mim para me molestar. Recentemente, quando eu afiava com delicadeza as garras no tatame, a mulher de meu amo se enfureceu de forma assustadora. A partir desse dia, ela quase nunca permite meu acesso à sala de estar. Pouco se importam se morro de frio entre as tábuas da cozinha. Shiro, a gata branca que mora na casa do outro lado da rua e por quem sinto profundo respeito, comenta sempre que não há neste mundo criatura mais impiedosa do que o ser humano. Pouco tempo atrás, Shiro deu à luz quatro gatinhos, verdadeiros pompons. Porém, mal se passaram três dias, o estudante da casa afogou os filhotes no lago atrás da propriedade. Shiro me contou o fato entre lágrimas, afirmando que, para os de nossa espécie poderem expressar seu amor filial e mante rem uma vida familiar decente, urge lutar contra os humanos até levá-los à completa extinção. Julgo ser uma argumentação válida. Mike, da casa vizinha, diz, imbuído de enorme indignação, que os humanos não entendem o significado de direito de propriedade. Em nossa espé-cie, aquele que encontra primeiro uma cabeça de sardinha ou tripas de sargo tem o direito de comê-las. É permitido o uso de força bruta contra os que infringem essa lei. Contudo, aparentemente inexiste entre os humanos essa noção, e as iguarias que encontramos acabam todas por eles confiscadas. Eles usam sua força para usurpar de nós o que teríamos o direito de comer. Shiro vive na casa de um militar, e o amo de Mike é advogado. Eu simplesmente vivo na residência de um professor, e com relação a isso posso me considerar mais felizardo que meus amigos. Minha vida cotidiana é de total tranqUilidade. Os humanos, por mais humanos que sejam, não prosperarão para sempre. Esperemos pois pacientemente o advento da era dos felinos. Esse pensamento egoísta me lembra um fracasso devido à presunção de meu amo, que gostaria de compartilhar com os leitores. [...]. Trecho extraído da obra Eu sou um gato (Estação Liberdade, 2008), do escritor e filósofo japonês Natsume Soseki (1867-1916).


FORROBOXOTESorver um trago de Poesia, sabor Quintana e esbarrar no infinito da chama dos amores eternos que alegram a alma de Vinícius. É o suficiente para, num passo seguinte, reencontrar as rãs com que sonhava Manoel de Barros. As canções de um certo Buarque, que se guarda como Chico, se insinuam nessa atmosfera de Poesia, entre um canto e outro do passarinho Bandeira, misturando o encanto de suas palavras com as dos distantes Neruda e Dante ou as dos tão próximos Louros, Pintos, Aderaldos e Patativas de nossos sertões. Presentes, todas as manhãs tecidas por João Cabral, os Fernandos e tantas outras Pessoas que sabem o que é o amor e os pinta com os azuis que Carlos Pena Filho coloria seus sonhos e sapatos. E aí não dá para ficar indiferente ao encontro iminente da lua apressada com um sol meio preguiçoso, deixando a todos nós, sob o clarão das estrelas, balançando no improviso de uma cantiga, cochilando na rima de um verso, dormindo nas estrofes de um poema para, feliz, acordarmos de repente num soneto de amor. Esse disco fala disso tudo. De Gullar e de Cecília, também de Cora e Clarice. E dos Poetas da música, como Belchior e Gonzaguinha. E, principalmente, de Dominguinhos, Poeta da Sanfona e Dom Helder Câmara, que nunca precisou escrever um Poema para ser o enorme Poeta que é. Aos dois, Domingos e Helder, dedico este disco. A poesia do poeta Xico Bizerra no Chama infinita – Forroboxote 12 (2017), autor dos livros Bicho, chuva e flor (Bagaço, infantis), Breviário lírico de um amor maior que imenso (Bagaço, crônicas), Pequininas histórias para gente pequenina (CEPE). A sua poesia é interpretada por personalidades musicais, tais como Marinês, Dominguinhos, Amelinha, Elba Ramalho, Xangai, Trio Nordestino, Maria Dapaz, Quinteto Violado, Silvério Pessoa, Cida Moreira, Geraldo Maia, Alaíde Costa, Frank Aguiar, Nena Queiroga, Maciel Melo, Flávio José, Santanna, Irah Caldeira, Cristina Amaral, Nádia Maia, Sevy Nascimento, Petrúcio Amorim, Jorge de Altinho, Adelmário Coelho, Arlindo dos 8 Baixos, Chiquinha Gonzaga, André Rio e Dalva Torres, dentre muitos outros. Veja mais aqui.

 A arte do artista plástico e cenógrafo Mauricio Arraes.

VAMOS SALVAR O CHALÉ DO ALTO DO INGLÊS - O centenário Chalé ou Casarão do Alto do Inglês foi construído nos anos da década de 1870, em Palmares-PE, por conta da criação da Great Western of Brazil Railway Company Limited, em 1872, responsável pelo transporte ferroviário no Nordeste, notadamente em Pernambuco. Muito embora, por força do Decreto Imperial 1030, de 07 de agosto de 1852, 20 anos antes, já estivesse determinada a concessão aos engenheiros ingleses Edward e Alfred de Mornay, o direito à abertura de um caminho de ferro entre Recife e Água Preta e sua exploração por 90 anos, o que deu origem à Recife and São Francisco Railway Co. Ltda. Tanto é que já em 1862, fora inaugurada a estação de Una (hoje Palmares), compreendendo o trecho da ferrovia da qual os ingleses detinham a concessão, até o encontro dos rios Una e Pirangi. Por consequência, a construção desse empreendimento passou a ser residência dos engenheiros ingleses que se encontravam trabalhando desde 1859, em Palmares, sendo, posteriormente, a residência do fidalgo inglês Edmund Cox, que era engenheiro da Great Western Railway, inclusive membro honorário do Clube Literário de Palmares. Nos anos de 1980, por conta da política rodoviária dos governos ditatoriais do período 1964-1985, a casa já amargava o descaso que se arrastava por décadas, encontrando-se abandonada e em estado de deterioração. Por conta disso, na gestão municipal do prefeito Luís Portela de Carvalho, o chalé foi incluído juntamente com o Teatro Cinema Apolo, como patrimônio da Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, por ocasião de sua constituição estatutária, devidamente registrada em cartório competente. A partir de então, o projeto era a restauração do patrimônio. Décadas se passaram e do casarão restaram apenas ruínas, fato que, por meio do ofício 165/2011, de 07/12/2011, da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), realizou e encaminhou parecer técnico, confirmando a denúncia de demolição do imóvel do Alto do Inglês, invocando a Lei Municipal 1556/2002, referente ao tombamento do patrimônio histórico, e a Lei 1757/2007 que criou o Conselho Municipal de Cultura. A Fundarpe também encaminhou cópia do parecer técnico para a Associação Municipal de Entidades (AME-Palmares) e para o Ministério Público, solicitando providências para o caso. O prefeito dos Palmares foi notificado por meio do Oficio 166/2011, destacando tratar-se de imóvel de interesse cultural e histórico do Estado de Pernambuco, devendo ser dada a devida atenção para concessão e manutenção do mesmo, inclusive pedindo urgência para ações que demandavam à sua preservação. Até o presente momento nenhuma providência foi tomada, no sentido de restaurar esse patrimônio pernambucano que se encontra abandonado e desmoronando. 

REUNIÃO PÚBLICA - 27/02/2019 - As entidades promotoras da campanha  Associação Ação Solidária dos Palmares, Associação dos Artesãos Palmarenses, Escola de Filosofia, Ciência e Política dos Palmares e Instituto Arqueológico, Histórico, Geográfico e Cultural dos Palmares, realizaram reunião na Associação Comercial dos Pakmares (ACP), dias 27 de fevereiro, contando com a presença do arquiteto Juan de Paul, do poeta, professor e acadêmico João de Castro, do presidente da Fundação, Edson Silva, dos escritores da APLE, Socorro Durán & Juarez Carlos, representante do Grucalp, professores e sociedade em geral, ocasião em que foi debatida a questão do estado em que se encontra a edificação, levantando-se o problema, inicialmente os entraves de dívidas tributárias da Fundação de Hermilo que é a proprietária do imóvel, o processo de tombamento estadual, as sugestões de participação da UFPE, IPHAN, Fundarpe e CREA-PE no caso, entre outros debates e discussões. As instituições promotoras do evento ficaram de marcar uma nova data para andamento das atividades. Interessados nas melhorias e restauração necessárias do patrimônio, contatar (81) 9-9795-8721 – Carlos Calheiros (81) 9-9711-9676 - Cícera Silvestre. Veja mais aqui, aqui & aqui.

Arte da poeta & artista visual Luciah Lopez (Curitiba-PR).



sexta-feira, dezembro 21, 2018

RAFAEL ALBERTI, MARTINA FILJAK, CONRAD ROSET, LAVA ARTES & SARAU DE DOMINGO


GRATIDÃO - Imagem do artista visual espanhol Conrad Roset. – Sou grato, de fato e de direito. À mesa, um prato, abracadabra! Sirvo-me do necessário, não gasto o disponível por que não tenho, nem excedo por que me falta, mesmo que tivesse. Nem muito ou pouco me basta, vou sempre além do que posso. Vá entender. Da minha parte sou grato pelo dia que amanhece e pela tarde que convida a noite para a insônia da criação ou descanço das pugnas diárias; pelo ar que respiro apersar de envenenado, pela água cristalina ou poluída que mata a minha sede, pelo que ouço de harmonia e ruído, pela pele e superfícies que toco, pelo perfume dos jardins e fedentina dos lixos; pelo chão que piso, pela imensidão dos céus que almejo, pelos caminhos que me convocam a andada. Sou grato pela Natureza: campos, seres e paisagens; pelas invenções incomuns e pelas que são de fato engenhos científicos; pelos miúdos esvoaçantes até os mais pesados que o ar, a me ensinarem a voar sem asas nos braços; pelos que vivem no exato e os que se foram assim do nada. Sim, sou grato pelas pessoas que passam, uns assim, outros assados; pelas senhoras Zefinhas que puxam a escadinha dos seus Anclotinatos; pelas Conças mocinhas que sonham com Fortunatos. Sou grato pela solidão de os verem passar e sempre serei, mesmo pelos que não puderam vir, como pros que só servem para tirar retrato; pela indiferença das soberbas e por aqueles que não entenderam nem poderão sequer visualizar sua vida canhestra; pelos que acham solução para tudo na sua razão de plantão e pros caricatos que quase me matam de rir, minha gratulação. Meu reconhecimento no sentido mais lato paratodos: pros que não estão nem aí para o que está acontecendo e pros que fazem dos outros gato e sapato com seus fingidos apertos de mãos e abraços; pros que tenha que tomar bicarbonato de sódio para poder digerir, afora os chatos de galocha que já são de doer; pelos que mamam nas tetas públicas e se mostram em pleno celibato; pelos timoratos e os que armam nos outros o seu artesanato; pros que precisam de contrato para infringir as avenças e rompem seus tratos na maior cara lisa; os que são que nem carrpato na cacunda da vítima e que aprontam sem o menor recato, como os que fazem da lama o seu prato ou fazem valer que a vida é o maior barato, a todos meu reconhecimento. Sou mais agradecimentos aos fratres e sorores, ouroboros, saúdo, a vida é desiderato: cada qual tenha ou não, sigo adiante. Sou eterna gratidão. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS
Faz falta ser cego,
ter como metidas nos olhos raspaduras de vidros,
cal viva,
areia a ferver,
para não ver a luz que salta em nossos atos,
que ilumina por dentro a nossa língua,
a nossa palavra quotidiana.
Faz falta querer morrer sem lápide de glória e alegria,
sem participação nos hinos futuros,
sem lembrança nos homens que julguem o passado sombrio da Terra.
Faz falta querer já na vida ser passado,
obstáculo sangrento,
coisa morta, esquecimento seco.
Poema Faz falta ser cego, do dramaturgo e escritor espanhol Rafael Alberti (1902-1999). Veja mais aquiaqui.

A ARTE DE CONRAD ROSET
A arte do artista visual espanhol Conrad Roset.

AGENDA:
Espaço Lava – Artes pegando fogo & muito mais na Agenda aqui.
&
Sarau Domingo com Poesia aqui.
&
Pastoril do Rabeca, Bertrand Russel, Frantz Fanon, Silviano Santiago, Marina Abramović, Alberto Manguel, Bruna Beber, Coletivo Pi, Thomas Couture, Elomar Figueira de Mello & Baiba Skride aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje curta na Rádio Tataritaritatá a música da pianista concertista croata Martina Filjak: Concerto nº 2 de Rachmaninoff, Sonata de Haydnm Stambul Recitals & Performing Ravel, Scriabin & Beethoven & muito mais nos mais de 3 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja aqui.
 

quinta-feira, dezembro 20, 2018

VINTILA HORIA, SIVUCA, ADRIANA CARMINATI, RICARDO CORDEL & SONHAÇÃO DE SONHEIRO


SONHAÇÃO DE SONHEIRO - Imagem: arte da artista Adriana Carminati. - Sonho muito, até demais; de olhos abertos ou quase, sempre. Entre os mais aprazíveis e inusitados como sempre, o que eu caminhava à beira de um lago num papo firme com a sensualmente vestida e risonha Juliette Binoche, ou o com flerte mútuo da lindíssima Maria de Medeiros solíticta, de quase namorá-la na hora de tão adiantado e ela encantadora com aqueles olhos ternos; ou os do assedio de umas tantas mulheres dançantes e vistosas, nunca antes vistas e sempre com seus colares no decote a me levar por corredores infindáveis de seus suntuosos aposentos aos gineceus de lençóis e cortinas róseas esvoaçantes nos castelos distantes das gárgulas e górgonas pela sacada e onirismos luxuriosos, tal e qual o da levitante papisa que surgia lúbrica com sua tiara e seda transparente, trazendo na mão direita o Zohar entreaberto para me instruir das sefiras e sibilas, enquanto expunha provocantemente com a esquerda duas chaves e escolhesse qual delas levava ao seu íntimo aposento labiríntico; afora muitos e tantos sonhos amanheceram radiantes na minha efêmera felicidade, enquanto outros mais invulgares me davam de ombros a soltar lorotas com Einstein, ou levando um papo sério com personalidades da minha predileção e, no meio disso tudo, me certificava que eu estava nu da cintura pra baixo, no maior vexame de tão atônito, ou mesmo fugindo de fantasmas entre pântanos insuplantáveis e por umbrais charcosos, acorrentado qual Prometeu e depois despencando num abismo, voando pelo céu em um aerólito para o caos, enquanto as estrelas caíam do céu e a coruja rasgava mortalha para acordar a salamandra que me viagava com suas serpentes e eu temia morrer afogado com um dilúvio ao derredor e a cama fosse um barco sem âncora e à deriva e eu tivesse que me perder por insondáveis noites escuras intermináveis e, ao despertar dentro do pesadelo, dar de cara com anciões a me oferecerem o caduceu, guardiões do segredo do Graal e do cetro pro apocalipse ao som de cítaras, e me levarem a descer aos infernos com os demônios ctônicos e por arquiteturas assombrosas com símbolos axiais, cabiros, bestas escondidas urrando, caveiras entre bobos e bodes, atravessando desertos, regiões hiperbóreas e geografias visionárias, por dolmens, menires, enigmas, florestas ínvias, intermundo, labirintos e bater no centro da Terra e saber que era ali que tudo acontecia e fazer o caminho de volta de quase nunca chegar, findando no topo da montanha depois de cruzar com suicidas que surgiam a vau externando seus talismãs e amuletos no caminho e lá me deparar com uma bigorna para o meu sacrifício diante da coluna de fogo, candelabros em cavernas que emergiam com réguas e compassos, esfinges, chaves sem portas, portas sem chaves, ferrolhos irremovíveis, espelhos, naipes, obeliscos, ouroboros, escadas em espirais, ideogramas, mandalas, uma chama perene e a Flor de Lótus, o fogo fátuo, a fonte, quantas alegorias e eu sem saber o que fazer, era tudo desconexo e eu perdido de tudo, quem me dera sair dali sabendo tudo, até sonhar que sonhava e morria. Era sonho, um sonho dentro de um sonho, e eu estava morto. Eu me vi no velório, ali estirado no caixão, era eu e não era. Quer dizer, aquele defunto não se parecia comigo, mas eu sentia que era eu em uma das minhas muitas mortes. Como pode? Era como se fosse eu assistindo ao meu próprio enterro e vendo que um a um dos presentes me fitavam e queria dizer pra eles que aquele não era eu de verdade, era outro, e não me ouviam, sequer me davam atenção, e morto morrido, lá pras tantas, me carregavam entre choros e mãos, levado para uma cova em que me sacudiram areia e barro como se cuspissem o asco e eu não via mais nada, estava trancado, sepultado num cemitério que nunca vira de tão irrespirável. Será mesmo que eu morri e não me dei conta, se é sonho, ainda não acordei, parece. Ih, que coisa! Não sei se estou feliz ou não, se cumpri minha missão, satisfeito. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS
[...] Há dois mistérios capazes de atrair a morte e de a aniquilar: escrever e amar, experiências originárias e últimas, a morte da morte… [...] Um intelectual maneja conceitos que não lhe pertencem, vive das idéias dos criadores; é o que é o técnico no mundo da ciência. E ele é que domina num mundo em que deviam ser os criadores a dominar. [...] O estético, o ético e o religioso formarão, unidos, uma nova religião, a pressentida por Kierkegaard, Dostoiévski, Nietzsche, Kafka e Husserl… [...] Esse instante será provavelmente decisivo, constituirá uma mutação absoluta dos tempos e só três categorias de seres humanos terão os olhos abertos e compreenderão aquilo: os santos nas suas celas, os chefes comunistas dignos deste nome, também nas suas celas, e os romancistas em qualquer lugar. Os primeiros pertencerão a Deus, os segundos ao Diabo e os terceiros serão de propriedade contestada… [...] Os verdadeiros ativistas só poderão ser os romancistas independentes. Acredito no extraordinário futuro do romance, principalmente do romance metafísico. Só o romance metafísico, justamente porque transcende a psicologia e a política, poderá dominar e explicar tipos humanos tão disfarçados como, por exemplo, Churchill, Hitler ou De Gaulle, e obrigá-los a confessar tudo… [...] Husserl não só está na base de algumas das mais célebres conversões do século XX (era protestante, de origem judaica), como está ainda em concordância com o zen e com a obra literária de James Joyce. [...] A fenomenologia não é uma filosofia ou escola, uma teoria ou uma opinião, mas sim uma visão do mundo, cujo fim é a transformação total do ser, transformação pessoal, entenda-se. [...] Esta maneira profunda de ver as coisas implica aquilo a que os antigos chamavam metanóia, quer dizer, uma mudança essencial, uma revolução interior, que tanto pode ser levada a efeito por um gênio como pela consciência mais modesta, visto não haver vida interior pobre, segundo a chave que a fenomenologia nos apresenta da alma. Há somente um situar-se intencional dentro do mundo, que eleva cada ser humano àquilo que o seu próprio thymós ou plano vital lhe permitirá ser em plenitude. [...] o ser humano não pode viver fora do sobrenatural. [...] A novela e o romance vêm substituir, enquanto dimensão popular, acessível, a poesia, e atingirá as suas culminâncias com Kafka, Joyce, Musil, Proust, Jünger, Camus, etc., no momento em que consegue pôr o problema da realidade com a mesma intensidade e amplitude que a filosofia ou a física contemporâneas. [...] Ser uma ilha, um segredo, revelado pouco a pouco através duma obra literária. [...].
Trechos extraídos da obra Viagem aos centros da Terra (Verbo, 1971), do escritor romeno Vintila Horia (1915-1992).

A ARTE DE ADRIANA CARMINATI
A arte da artista Adriana Carminati. Veja mais aqui.

AGENDA:
Gigi – escultura e desehos de Adriana Carminati & muito mais na Agenda aqui.
&
A enchente de 2010, do poeta popular Ricardo Cordel. Veja mais aqui e aqui.
&
Há dois anos florescia o amor, François Villon, Alain Badiou, Ribeiro Couto, Arte & história de Sandra Jatahy Pesavento, A violência de Maria Sylvia de Carvalho Franco, Base para unhas fracas de Alexandre Vogler & Marcela Maria, Olga Krimon, Ruth Bernard, João Bosco, Paula & Jaques Morelenbaum Trio aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje curta na Rádio Tataritaritatá a música do saudoso multi-instrumentista, maestro, arranjadir, compositor e orquestrador Sivuca (Severino Dias de Oliveira – 1930-2006): Live at The Village Gate, O poeta do som, Ao vivo & Guitar and Acordeon & muito mais nos mais de 2 milhões & 990 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui, aqui e aqui.
 

quarta-feira, dezembro 19, 2018

ITALO SVEVO, ROBERTA SÁ, NATHAN OLIVEIRA, CONFISSÃO & COLÓQUIO ESCRITA, SOM E IMAGEM


CONFISSÃO – Imagem: Spring nude (1962), do pintor, gravurista e escultor estadunidense Nathan Oliveira (1928-2010). - Falar o que se tem pra dizer: um diapasão entre a cabeça e o coração, num arco-íris emtre o que sou de Terra, água, ar e fogo, o que mais tiver de ser. Ouvi das estrelas os mistérios dos céus e o que se fez mistério dos mistérios, a se revelar do iniciático pra enxergar o que deve ser visto além das aparências: o imo das coisas e seres, o Sal do chão das raízes e mortos, o que encobre uma atitude entre o soez e o escrupuloso, o acerto improvável e os múltiplos erros da ignorância. A mim me dei e persisto, persevero com entusiasmo diante dos desafios para atender o chamado: nenhum laivo de angústia ou apelo de socorro. No meio da escuridão a Rosa desabrochou da alma e acendeu minha Cruz, recolhi a luz que veio da vela e me dispus à Natureza: o trânsito na correlação dos contrários, a Lei de Amra entre a graça e a gratidão. Das minhas mãos brotou o infinito, o alcance da essência de tudo e todas as coisas, pra fazer o que deve ser feito: vou sair daqui, encontrar o rumo da vida, a travessia do limiar e me entregar ao meu mito com serenidade espiritual: voo ao abrigo da doação. Revi o passado e futuro, vivo o presente e me retiro sem alarde, em paz e silêncio. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS
[...] Rever minha infância? Já lá se vão mais de dez lustros, mas minha vista cansada talvez pudesse ver a luz que dela ainda dimana, não fosse a interposição de obstáculos de toda espécie, verdadeiras montanhas: todos esses anos e algumas horas de minha vida. [...] Na minha sonolência, recordo que o compêndio assegurava, por este sistema, ser possível recordarmos a primeira infância, a dos cueiros. De repente, vejo uma criança de fraldas, mas por que tem de ser eu? Não se parece nada comigo; na verdade, acho que se trata do bebê de minha cunhada, nascido há poucas semanas e que ela mostrava a todos como se fosse um milagre, porque tinha as mãos tão pequenas e os olhos tão grandes. Pobre criança! [...] Quando chegarás a saber que seria bom se pudesses reter na memória a tua vida, até mesmo as partes que te possam repugnar? E, no entanto, inconsciente, vais investigando o teu pequeno organismo à procura do prazer, e as tuas deliciosas descobertas te levarão à dor e à doença, para as quais contribuirão até mesmo aqueles que mais te querem. [...] Cada minuto que passa, lança-lhe um reagente. Há demasiadas possibilidades de doenças para ti, porque não é possível que sejam puros esses minutos. E além disso – pequerrucho! – és consanguíneo de pessoas que conheço. Os minutos que agora passam até que podiam ser puros, mas tal não foram decerto os séculos que te prepararam. [...] Estou analisando a sua saúde, mas não consigo fazê-lo, pois acode que, ao analisá-la, converto-a em doença. E ao escrever sobre ela, começo a duvidar sobre se aquela saúde não careceria de cura ou tratamento. Vivendo ao seu lado durante tantos anos, jamais me ocorreu essa dúvida. [...] A dúvida: eu era bom ou mau? A recordação, provocada repentinamente pela dúvida que não era nova: via-me em criança e vestido (estou certo) ainda de calças curtas, erguendo o rosto para perguntar à minha mãe sorridente: “Eu sou bom ou sou mal?” Essa dúvida devia ter sido inspirada ao menino por todos que o achavam bom, e por tantos outros que, de brincadeira, o qualificavam de mau. Não era, portanto, de admirar que a criança se sentisse embaraçada por tal dilema. Oh! Incomparável originalidade da vida! Era extraordinário que a dúvida já infligida por ela à criança, de forma tão pueril, não fosse resolvida pelo adulto depois que transposta metade de sua existência. [...] Nesta cidade, depois que rebentou a guerra, a vida é mais enfadonha do que antes e, para me recompensar da psicanálise, volto-me novamente aos meus caros escritos. Havia um ano que não consignava nenhuma palavra aqui, nisto como em tudo o mais seguindo obedientemente as recomendações do médico, que achava indispensável durante o tratamento fossem as minhas reflexões feitas ao seu lado, pois sem a sua vigilância eu estaria reforçando os freios que impediam a minha sinceridade, a minha entrega. Empregarei o tempo que me resta livre para escrever. Por isso escreverei sinceramente a história de minha cura. Toda a sinceridade entre o doutor e mim havia desaparecido e hoje respiro aliviado. [...] Foi assim que, à força de correr atrás daquelas imagens, eu as alcancei. Sei agora que foram inventadas. Inventar, porém, é uma criação, não uma simples mentira. As minhas eram invenções como as nascidas da febre, que caminham pelo quarto para que possamos vê-las de todos os ângulos, inclusive tocá-las. Tinham a solidez, as cores, a petulância das coisas vivas. [...].
Trechos da obra
A consciência de Zeno (Nova Fronteira, 2006), do escritor e dramaturgo italiano Italo Svevo - pseudônimo de Aron Hector Schmitz, depois italianizado para Ettore Schmitz (1861-1928).

A ARTE DE NATHAN OLIVEIRA
A arte do pintor, gravurista e escultor estadunidense Nathan Oliveira (1928-2010). Veja mais aqui.

AGENDA:
Escrita, som, imagem - II Colóquio Internacional 21 a 25 de maio de 2019, na Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG - Belo Horizonte, Brasil & muito mais na Agenda aqui.
&
Tanto juntou & babau!, Friedrich Nietzsche, Francesco Petrarca, Teilhard de Chardin, Antonio Callado, Euclides da Cunha, Nathan Oliveira, Brian Booth Craig, Mapa Cultural de Pernambuco, Al di Meola & Alisa Weilerstein aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje curta na Rádio Tataritaritatá a música da cantora Roberta Sá: Que belo estranho dia para se ter alegria, As melhores, Segunda Pele & Palco MPB & muito mais nos mais de 2 milhões & 990 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui, aqui e aqui.


terça-feira, dezembro 18, 2018

ESTER NAOMI PERQUIN, KRZYSZTOF PENDERECKI, FERNANDA CHIECO, SIMPÓSIO DE LINGUÍSTICA & O FANTASMA DA MARIA FUMAÇA


O FANTASMA DA MARIA FUMAÇA - Imagem: Os catamoscas, da artista Fernanda Chieco. - Da primeira vez o menino nem sabia. Ouviu o apito: o que é isso? Na rodagem não havia ninguém pra dizer o que era. Outro assobio mais longo, olhos nos quatro cantos: tudo quieto, como sempre fora. Mais outro: que droga é nove? Foi quando viu lá detrás do morro, algo que vinha na maior barulhada. Danou-se! Será o fim do mundo? E mais vinha: vou daqui, vou praí, vou te pegar! Vou daqui praí, vou te pegar! Se assunte menino! Pernas pra que te quero. Lá vem a geringonça! Escondeu-se de nada mais vê-lo, só o desmantelo e o povo acenando. Ué, ninguém correu não? Depois que o troço passava, era que ia ver. É a Maria Fumaça, soube. E no segundo dia, não ficou não, as pernas tremiam: esse povo é tudo doido. Toda vez que apontava: Vou daqui, vou praí, vou te pegar! Com o tempo achou de topar e lá vinha: Vou daqui, vou praí, vou te pegar! Que venha! E veio, vinha virada na gota! Segura o pipoco, olha a coisa! Vou daqui, vou praí, vou te pegar! Vixe! Tudo parecia se desmanchar com a zoada! Eita, lá vem mesmo, passou. Ufa! É só isso? Já foi. Então todo dia, ele ali esperava: cadê o estrupício? E na hora de todo dia, lá vinha danada: Vou daqui, vou praí, vou te pegar! Nem mais tinha medo, até acenava pro condutor! Ê maquinista! E ele acenava sorrindo puxando o apito: piui, piui. Isso era todo dia da meninice, até quase rapaz. É que havia crescido e precisava ir pra cidade trabalhar. Passaram-se os anos, décadas esquecidas. Até um dia, muitas invernadas de nem se lembrar, deu cara com a locomotiva na exposição: é ela. Oxe, ela mesma! E era aquela que passava todo dia. Os olhos de homem feito, virou menino outra vez. O céu, o canto dos pássaros, os campos, a rodagem, o povo converseiro, a vida fagueira. Ô tempo bom! Ficou admirando aquilo no mais fundo do peito, lembrando o tempo em que ela passava fazendo tudo tremer ao redor: Ô coisa bonita de se vê. Alguém falou perto: Por muito tempo, ela ia e vinha, levando gente e coisas. Era. E mais confidenciou: E eu era o maquinista. Virou-se, não havia ninguém. Procurou ao redor, nem sinal. Arrodeou a locomotiva, não tinha um pé de gente. Meio assustado, resolveu ir embora. Aí, alguém chamou: Ei, menino, lembra quando eu passava apitando e você gritava na beira da rodagem do engenho? Voltou-se de um pulo e era ele: o maquinista sorridente que o acenava todos os dias na infância perdida. E danou-se a relatar o medo que dava a passagem do trem, até se acostumar com coisa tão medonha. Viu que falava sozinho e saiu à procura dele, até chegar à recepção: Você viu o maquinista? Ah, ele morreu há mais de vinte anos, mas sempre aparece pra quem se aproxima dela. Ah é? É. Então esperou encostado nela, nunca mais ele reapareceu, a infância ficou no coração. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS
Habituas-te à tua forma. Às paredes construídas de paciência, à altura do tecto cheio de manchas estranhas, ao chão pegajoso; imperturbável, a tua respiração sonda o espaço e retorna, as tuas mãos acham no escuro o interruptor, os cigarros, como te movimentares, habituas-te a fumar no escuro, quem vês mais nitidamente são os teus filhos, pedalam em bicicletas de pneus furados, pegam em ferramentas sem terem ninguém que lhes ensine, atiram aos pássaros errados, raspam as faces com a tua navalha embotada. Habituas-te. Debaixo dos cobertores a tua mulher revolve-se nua, sente-la próxima, estendida, em dimensão real, tentas tocar-lhe, habituas-te a um corpo que ninguém mais toca e tu mais e mais perdido à volta dela, difícil de consolar. Habituas-te à vista como a uma história, a quem ta leu naquela altura, quase adormecido, já naquela altura, muitos anos atrás, praticamente não compreendeste o significado, tal como te esqueceste de muitas coisas e habituas-te à imagem que fabricas depois: salteadores aparecem e cantam, há um homem com uma gadanha, uma mulher numa torre, de braços abertos como se estivesse à espera de cair, no entanto a espera dela é voluntária, ri-se. Habituas-te. A que em breve, corajosamente alguém virá socorrê-la, derrotar os ladrões e dar cabo do homem com a gadanha. Habituas-te ao impulso de a meter para dentro. A ficar hesitante ao princípio, em seguida, aos teus hábitos, a uma relação com a luz sobre os lençóis, à porta de ferro, à torneira que pinga, aos buracos dos cigarros nas cortinas, aos teus posters nus que se oferecem, ao rosto omnipresente que se debruça quando escurece, ao bafo da justiça, às conversas dos outros e à música ao longe, ao facto de tudo provocar estalidos, ao desaparecer vagaroso de um passo no corredor, a ter medo habituas-te, à tua nudez completa, sémen na mão, caracol que és. A matutar habituas-te, à inutilidade da respiração contínua habituas-te, ao constante cismar habituas-te.
Poema Dentro dos limites, extraído da obra De Namens de ander (Em Nome do Outro, 2009), da premiada poeta holandesa Ester Naomi Perquin, tradução de Maria Leonor Raven-Gomes.

A ARTE DE FERNANDA CHIECO
A arte da artista Fernanda Chieco.

AGENDA:
Simpósio Internacional de Linguística, Cognição e Cultura & muito mais na Agenda aqui.
&
Cidadania & meio ambiente: a Terra somos nós, George Sand, Akira Kurosawa, A ecosofia de Arne Naess, Roland Barthes, Paul Klee, Dora Maar, Transversalidade & Inclusão, Sonia Coutinho, Kitaro, Sainkho Namtchylak, Kevin MacLeod & Tibetan Meditation Music aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje curta na Rádio Tataritaritatá a música do compositor e maestro polonês Krzysztof Penderecki: Paradise Lost, Sympnony Christmas, Polymorphia & Song of Cherubim & muito mais nos mais de 2 milhões & 980 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui.