quarta-feira, março 18, 2015

LIANE MORIARTY, MALLARMÉ, UPDIKE, CÉLINE SCIAMMA, NITOLINO & GUARANÁ

 


A HISTÓRIA MAUÉ – Um casal maué pediu a Tupã um filho e, ao serem atendidos, nasceu Cauê. Desde o nascimento do curumim que os maués festejavam suas colheitas abundantes. O menino crescia conversando com árvores e animais, uma alegria para todos. Um dia o menino fora picado por uma cascavel e do ferimento morreu. A comunidade pranteou em grandes lamentações por horas seguidas. Tupã comoveu-se e determinou: - Tirem os olhos da criança, plantem na terra firme, reguem com suas lágrimas e nascerá a planta da vida. Assim fizeram e plantaram os olhos do curumim que, durante quatro luas, toda comunidade velou regando a terra com suas lágrimas. Uma nova planta surgiu: travessa como os curumins, procurando subir às árvores próximas, de hastes escuras e sulcadas como os músculos dos fortes guerreiros. E quando frutificou, seus frutos eram da cor de azeviche, envoltos no arilo branco e embutido em duas cascas vermelh0-vivas. A sua forma com uma polpa branca e a semente escura lembrava os olhos do curumim. Era wara'ná, que para os sateré-mawé significa "a fonte de sabedoria". Para os nativos passou a ser uma planta poderosa que curava doenças, fortalecia e servia para ser usado no amor. Aqueles frutos multiplicaram e os seus grãos trouxeram abundância porque fortalecia os fracos, conservava os jovens e rejuvenescia os mais velhos. Por todo território maué e pela Amazônia todos conhecem por guaraná. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Talvez toda vida parecesse maravilhosa se tudo o que você visse fossem os álbuns de fotos... Pensamento da escritora australiana Liane Moriarty, que no seu livro Big Little Lies (Amy Einhorn, 2014), expressou que: […] Dizem que é bom deixar de lado os rancores, mas não sei, gosto bastante do meu rancor. Eu cuido dele como um pequeno animal de estimação. [...] Todo conflito pode ser atribuído aos sentimentos de alguém sendo ferido, você não acha? [...] Todos os dias eu penso: 'Nossa, você parece um pouco cansada hoje', e recentemente me ocorreu que não é que eu esteja cansada, é que é assim que estou agora. [...]. Também no seu livro The Husband's Secret (Amy Einhorn, 2013), ela expressa que: […] Apaixonar-se foi fácil. Qualquer um poderia se apaixonar. Foi aguentar que foi complicado [...] Nenhum de nós jamais conhece todos os rumos possíveis que nossas vidas poderiam ter tomado e talvez devessem ter tomado. Provavelmente é melhor assim. Alguns segredos devem permanecer secretos para sempre. Basta perguntar a Pandora [...]. Já no seu livro What Alice Forgot (Large Print Press, 2009), ela expressa que: [...] Cada lembrança, boa e ruim, era outro fio invisível que os unia... Era tão simples e complicado quanto isso. Amor depois dos filhos, depois de vocês terem se machucado e perdoado um ao outro, entediado e surpreendido um ao outro, depois de terem visto o pior e o melhor... bem, esse tipo de amor é inefável. “Merece sua própria palavra.” [...].

 

ALGUÉM FALOU: Eu acho que todos os filmes são políticos. Os que não são políticos intencionalmente são os piores, e têm a pior política, eu acho... Não estou dizendo que você tem que amar tudo. Mas, sim, você deve amar tudo... Pensamento da cineasta e roteirista francesa Céline Sciamma, diretora dos filmes Naissance des Pieuvres (2007), Tomboy (2011) e Bande de filles (2014).

 

CANSADO DO REPOUSO AMARGO & SEM TÍTULO – O livro Mallarmé (Perspectiva, 1974), organizado, traduzido e com estudos críticos de Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos, reúne poemas do poeta e crítico literário francês Stéphane Mallarmé (1842-1898), com Mallarmagem de Augusto de Campos, Tridução de Décio Pignatari, Um relance de dados de Haroldo de Campos, entre outros textos. Na obra destaco Cansado do repouso amargo (fragmento final): Uma linha de azul fina e pálida traça / um largo, sob o céu de porcelana rara, / um crescente caído atrás da nuvem clara / molha no vidro da água um dos cornos aduncos, / junto a três grandes cílios de esmeralda, juntos. E também este sem título: Uma negra que algum duende mau desperta / Quer dar a uma criança triste acres sabores / E criminosos sob a veste descoberta, / A glutona se apresta a ardilosos labores: / A seu ventre compara alacre duas tetas / E, bem alto, onde a mão não se pode trazer, / Atira o choque obscuro das botinas pretas / Assim como uma língua inábil ao prazer. / Contra aquela nudez tímida de gazela / Que treme, sobre o dorso qual louco elefante / Recostada ela espera e a si mesma zela, / Rindo com dentes inocentes à infante. / E em suas pernas onde a vítima se aninha, / Erguendo sob a crina a pele negra aberta, Insinua o céu torvo dessa boca experta, Pálida e rosa como uma concha marinha. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aquiaqui.

Imagem: Themoonsrapture, do ilustrador estadunidense de ficção científica e fantasia Frank Frazetta (1928-2010)

Ouvindo: A retirada da Laguna (1997), do compositor brasileiro de música erudita César Guerra-Peixe (1914-1993), com a Orquestra Sinfônica Nacional da Rádio MEC. Veja mais aqui e aqui.

PROGRAMA BRINCARTE DO NITOLINO – Tudo começou a publicação do meu oito livro infantil, Nitolino no Reino Encantado de Todas as Coisas (Nascente, 2010), resultado de recreações, adaptações teatrais e contações de histórias que iniciei no início dos anos 1980, quando da criação das Edições Bagaço, em Pernambuco. Isso foi intensificado a partir de 2008 com a criação do livro mencionado, transformando-o em peça teatral, que está em cartaz desde a publicação do livro. Com as veiculações no blog de temas voltados para a música, o teatro, a literatura, a psicologia e a educação infantis, ocorreu a ideia do programa Brincarte do Nitolino, produzido por mim e pela querida Meimei Corrêa, com apresentação da garotinha Isis Corrêa Naves, consolidando o Projeto MCLAM. Desde então todos os domingos a partir das 10hs dá-se a veiculação do programa, agora com reprise todas as quartas, nos horários alternativos das 10 às 11hs, e das 15 às 16hs. Para conferir online o programa é só clicar aqui ou aqui.

JOGOS TEATRAIS – O livro Jogos teatrais (Perspectiva, 1984), da escritora, tradutora e professora universitária Ingrid Koudela, aborda temas como o teatro e a educação, a função simbólica – o símbolo da arte e a evolução do símbolo na criança -, o jogo teatral, a evolução e a regra do jogo, o gesto espontâneo, improvisação em cena, o projeto experimental com crianças e adolescentes, o processo e a experiência, lista de jogos realizados, teatro para crianças – teatro infantil na década de setenta e a oficina de dramaturgi -, Genoveva Visita a escola ou a galinha assada, a apresentação e caminhos do faz-de-conta. Ela é uma das figuras centrais no estudo da didática do teatro, desenvolvendo o pensamento de Viola Spolin, dos pressupostos de construção do conhecimento de Jean Piaget e especialista das obras de Bertolt Brecht. Veja mais aqui e aqui.

COELHO CORRE – A obra Coelho corre (Record, 1984) é o primeiro volume das novelas Rabbit, iniciada em 1960 pelo escritor e critico literário estadunidense John Updike (1932-2009), pela qual ganhou duas vezes o Prêmio Pullitzer, tornando-se famoso e mundialmente reconhecido, contando a vida do jogador de basquetebol Harry Rabbit Angstrom. O livro é um ambicioso panorama da vida norte-americana nas últimas três turbulentas décadas, contando a vida do jovem Coelho, casado há poucos anos e prestes a ser pai pela segunda vez, ao se confrontar com uma vida que lhe parece mesquinha e sufocante, despedindo-se de suas ilusões juvenis, sem abandonar a inquietação existencial que o torna um dos personagens mais interessantes da literatura contemporânea. Da obra destaco o trecho: [...] Coelho chega o meio-fio, mas em vez de virar à direita para continuar a dar a volta no quarteirão ele pisa no asfalto, com uma sensação enorme, como se aquela ruazinha fosse um rio largo, e atravessa a rua. Quer viajar até a próxima mancha de neve. Embora este quarteirão de prédios de tijolo e três andares seja igualzinho ao anterior, algo nele o faz sentir-se feliz. As escadas nas entradas dos prédios, os parapeitos das janelas parecem piscar e mover-se no canto de sua visita, vivos. Esta ilusão o impele. Suas mãos levantam-se, por si só, e ele sente o vento nos ouvidos tal como antes, no inicio os calcanhares batendo na calçada com força, mas aos poucos, sem esforço, movidos por uma espécie de pânico delicioso, ficam mais livres, mais rápidos, mais silenciosos, ele corre. Ah: corre. Corre. Veja mais aqui, aquiaqui.

LUCY – O filme de ação franco-americano Lucy (2014), do cineasta e escritor francês Luc Besson. Lucy é uma jovem estudante de vinte e cinco anos interpretada pela atriz, cantora e modelo estadunidense de ascendência dinamarquesa e polonesa, Scarlett Johansson, que se vê obrigada a trabalhar como mula de drogas da máfia coreana, transportando uma droga sintética CPH4. Seu namorado envolvido com a máfia é assassinado e ela capturada, tendo sido implantado no seu abdômen a droga juntamente com três outras mulas que transportarão para Europa. Numa tentativa de estupro que ela se recusa, um de seus raptores dá-lhe socos e chuta seu estômago, acarretando que o saco da droga se rasgue e libere grande quantidade no seu corpo. Ela adquire poderes antes não existentes, com habilidades superiores com a capacidade de matar de matar seus raptores e fugir. Dá-se inicio a uma ação de crescentes poderes que, ao cabo de um tempo, começa a desestabilizá-la, chegando a se metamorfosear até atingir 100% de sua capacidade cerebral, desaparecendo dentro de um continuum espaço-tempo: eu estou em toda parte. A vida nos foi dada um bilhão de anos atrás. Agora você sabe o que fazer com ela. Veja mais aqui.


Veja mais sobre:
Alguma coisa assim..., a música de Ken Burns, a pintura de Jules Joseph Lefebvre, O cinema de Esmir Filho & poemiudinho aqui.

E mais:
A divina encrenca de Juó Bananére, a Personologia de Murray, O sexo na história de Reay Tannahill, o teatrod e Borná de Xepa, a música de Zeca Baleiro, a pintura de Adélaide Labille-Guiard, Brenda Starr de Dale Messick, Brooke Shields & a poesia de Marcia Lailin aqui.
Gestão Tributária aqui.
Ensino Público no Brasil, Dificuldades de aprendizagem, Teoria e técnica em Arte-Terapia, O capital intelectual, a fotografia de Joe Wehner & a poesia de Chagas Lourenço aqui.
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Fecamepa, a literatura de Georges Bataille, a poesia de Torquato Tasso & Viviane Mosé, a música de Ástor Piazzolla, o cinema de Bernardo Bertolucci, & Dominique Sanda, a arte de Wanda Gág & Mary Louise Brooks aqui.
Crença, a canção, a poesia de Gabrielle D´Annunzio, a literatura de Jack Kerouac, a música de Al Jarreau, A princesa que amava insetos, o desenho de Benício, Kristen Stewart, a pintura de José Antônio da Silva & Edgar Rice Burroughs aqui.
Big Shit Bôbras, a psicanálise de Carl Gustav Jung, a poesia de Giórgos Seféris & Cacaso, a música de Fito Páez, Anne Rice & Dana Delany, a pintura de Alexej von Jawlensky, Antônio Conselheiro & Canudos aqui.
Aventureiros do Una, Maurice Merleau-Ponty, Castro Alves & Eugênia Câmara, a literatura de Carlos Heitor Cony,a música de Sergei Rachmaninoff & Yara Bernette, a pintura de Jules Joseph Lefebvre & a arte deDiane Kruger aqui.
O brinde do amor, Paulo Freire, A música de Vanessa da Mata, Luciah Lopez & Havia mais que desejo na paixão feita do amor aqui.
Sexta postura, a poesia de Manuel Bandeira, a música de Al Di Meola, a escultura de Ambrogio Borghi, a arte de Juli Cady Ryan & Quando amor premia o sábado aqui.
Desencontros de ontem, reencontros amanhã, a música de Gonzaguinha, a poesia de William Blake & Gleidstone Antunes, a pintura de Duarte Vitória & Alô, Congresso Nacional, ouça quem o elegeu aqui.
O que é ser brasileiro, Hannah Arendt, a pintura de Alex Grey, a música de Carol Saboya & Quem faz e não sabe o que fez é o mesmo que melar na entrada e na saída e nem se lembrou de limpar, que meladeiro aqui.
Pra quem nunca foi à luta, está na hora de ir, a música do Duo Graffiti, a escultura de Phillip Piperides, a pintura de Tracey Moffatt & a arte de Tanise Carrali aqui.
A lição de cada amanhecer, a música de Anne Schneider, a lenda da origem do Solimões, a pintura de Alice Soares, a escultura de Lorenzo Quinn, O Lobisomem Zonzo & Edla Fonseca aqui.
O cordão dos a favor & os do contra, a música de Jorge Ben Jor, a arte de Hélio Oiticica, Vampirella & Forrest J. Ackerman, a poesia de Eliane Queiroz Auer & Lia Kosta aqui.
O certo & o errado no reino das ideologias, a poesia de Hélio Pellegrino, a música de Nobuo Uematsu, a pintura de Raoul Dufy, a arte de Mat Collishaw & Danicleci Matias Souza aqui.
Versos à flor da pele na prosa de um poema, o cinema de Jean-Luc Godard, a escultura de Bertel Thorvaldsen, a música de Sharon Corr, a poesia de Elke Lubitz & a arte de Luciah Lopez aqui.
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