DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: AUTORRETRATO,
ALTER MUITOS EGOS DEMAIS – In actu, entre simulacros
e o que se passa por imperativo categórico, voo poema versos escapando pra lá e pra cá, até que um dia acerte a
veia e eureka! Quem sabe, nem só de quedas e lapadas se vive. Zélia Gattai que o diga: Continuo achando graça nas coisas, gostando
cada vez mais das pessoas, curiosa sobre tudo, imune ao vinagre, às amarguras,
aos rancores. Um sorriso engana até a morte.
DUAS: ENTRE INCÊNDIOS DOS ESCOMBROS E ESPALHAFATOS! – Quando
o circo pega fogo, lá vou eu bombeiro para ver se dou um jeito. É certo que há
coisas que já estão nas emergências hospitalares, quando não dando baixa de
quase não ter mais jeito. Quem diria, levo comigo sempre o afeto de Wislawa Szymborska: A vida é tão rica e cheia de variedade que
você tem que lembrar o tempo todo que há um lado divertido nisso tudo. Nem
me rendo, nem me dou por vencido. Sigo adiante, peito aberto, vida afora.
TRÊS: PELEJANDO MESMO QUE CHOVA CANIVETES! – Faz
tempo que as coisas não andam lá muito boas. Duns cinco anos para cá, só
revestrés no toitiço. O que fazer, dou meu jeito. Hermann Hesse deixou riscado: Ninguém
pode ver nem compreender nos outros o que ele próprio não tiver vivido. Para
que resulte o possível deve ser tentado o impossível. Se passei por muitas
e boas, durmo sobre os escombros, acordo outro dia, pontapé no zero! E vambora!
Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS: [...] Diante
de tantos movimentos anti-ciência, nos deparamos ainda com o criacionismo e as
aulas de religião em nossas escolas. E eis que de repente, debaixo dos nossos
narizes, o Brasil já não é laico, e as aulas de ciência tornam-se tão
facultativas e desvalorizadas como nosso trabalho, e o ensino de evolução nas
nossas escolas está ameaçado. Calados e desvalorizados por um governo que não
entende a importância da ciência e da tecnologia para a sociedade, nos
deparamos também com pesados cortes em nossas verbas. Milhões foram alocados
para os testes com a fosfoetanolamina. Milhões foram cortados de nossas bolsas
e de nossos projetos de pesquisa. Em
meio à calamidade, a comunidade científica tentou falar. Percebemos enfim que a
situação tinha ido longe demais. Protestamos. Organizamos marchas. Fomos ao
Congresso, mandamos carta para o presidente da República. Mas era tarde. Já
fomos todos acometidos pela síndrome de Cassandra. Não temos credibilidade.
Ninguém acredita no que temos a dizer. Assim como Cassandra, nós enxergamos o
futuro. Sabemos o que vai acontecer
com a ciência brasileira se tudo permanecer como está. Mas assim como
Cassandra, ninguém acredita em nós. Logo
vários de nós estaremos desempregados ou fora do Brasil. Nossos pesquisadores
irão embora, assim como nossos alunos. E desenvolverão tecnologias no exterior
que o Brasil terá que importar, pois não teremos pessoal qualificado para
desenvolvê-las no país, nem para ensinar a nova geração. Demoramos demais para
falar com a sociedade. Falhamos quando deixamos de esclarecer o cidadão sobre
as propagandas enganosas, as pseudociências e os movimentos anti-ciência, que
colocavam em risco sua integridade, seu bolso e sua saúde. Nós não falamos quando foi preciso. E agora
não sobrou ninguém para falar por nós. [...]. Trecho do artigo O
cientista e a síndrome de Cassandra (Ciência e Cultura ,2018), da bióloga
e professora Natalia Pasternak Taschner, fundadora do blog Café na Bancada e presidente do Instituto
Questão de Ciência (IQC), voltado para o usode evidência científica nas
políticas públicas.
O TEATRO DE ERIKA
MANN
[...] Sem dúvida que foi esta atração mórbida e
satânica pela morte de que ele fala, uma das forças que atraíram os alemães
para o Nazismo. Não é por acaso que o símbolo das tropas de elite de Hitler é
um crânio (Totenkopf). E por muito dinâmico e vivo que o movimento nazi se
tenha vendido na propaganda, a divindade a que eles se rendiam com êxtase era a
morte. O romantismo Nazi não tinha qualquer lugar para a "luz" ou o "luminoso".
Os seus espíritos eram sombrios. E no entanto o desastre alemão não foi uma
capitulação consciente ou intencional perante a catástrofe, apesar de ter
havido uma saudade inconsciente para com ela. Foi antes a pelo senhor
Clemenceau desaprovada falta fundamental de cultura moral que arruinou a nação.
[...]
ERIKA MANN - Pensamento
da dramaturga, jornalista e atriz alemã Erika
Mann (1905-1969), conhecida por seu cabaré humorístico antifacista na sua
companhia de teatro die Pfeffermühle,
que atuava regularmente em Munique, ridicularizando os nazistas. Veja mais
aqui.
A FOTOGRAFIA DE GRACIELA ITURBIDE
Descobri o mundo das mulheres. Morei na casa delas. E me adotaram.
Deram-me acesso a sua vida cotidiana e a suas tradições. Contavam histórias
eróticas, faziam troça o tempo todo Não apenas permitiram que eu as fotografasse
como tomaram a iniciativa de me mostrar coisas. Passei a descrever Juchitán
através dos olhos delas e ao mesmo tempo dos meus.
GRACIELA ITURBIDE - A arte
da premiada fotógrafa mexicana Graciela Iturbide. Veja mais aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
Em agendas-de-presente-de-natal / Deus escreve seus poemas / Ela tenta
costurar os versos-holofotes com os versos-nuvens-formadora-de-chuva / Tenta
costurar os versos-carros-nos-cruzamentos com os-versos-dia-especial / O
problema é que tudo que Deus escreve dá música / E a humanidade plagia e
acrescenta seus versos-toscos, faz coreografias-do-bumbum. / Quando Deus
descobre, ela fica puta / E solta seus raios-de-TPM em cima das casas / Deus
fica muito sentimental nesses dias. / Deus não quer salvar o mundo com seus
poemas, / Deus quer cuidar da própria vida / Deus quer suas calcinhas secas
para sair à noite / Deus quer a casa sem pó / Deus quer um dia de emprego
tranquilo sem assedio / Deus quer curtir uns dias sem ler cartas de
pedidos-de-socorro, juramentos-quebrados / De promessa-para-emagrecer,
sacrifícios-com-bodes-vivos e virgens- Árabes-mortas, pecados-já-cometidos ,
deixa para lá, / Deus está cansada de ter que se virar em mil para dar conta de
tudo / É muita pressão, até para Deus que é mulher!
Poema da
poeta, ilustradora e desenhista Geisiara
Lima, que é graduada em Filosofia pela UFPB, autora do livro Corpo em chamas.
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Pedagogia
da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido, do
educador, pedagogista e filósofo Paulo Freire (1921-1997) aqui.
A
guerrilheira perfumada: crônicas do amor diário, do
jornalista e escritor Ronildo Maia Leite (1930-2009) aqui.
A música do
violonista e compositor Nando Lauria
aqui.
Só às paredes confesso, de Vital Corrêa de Araújo aqui.
Neuroeducação & Práticas Pedagógicas no
Ensino-Aprendizagem aqui .
Cordel na
escola aqui.
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