quinta-feira, julho 02, 2020

ERIKA MANN, NATALIA TASCHNER, GRACIELA ITURBIDE & GEISIARA LIMA



DIÁRIO DE QUARENTENA – UMA: AUTORRETRATO, ALTER MUITOS EGOS DEMAIS – In actu, entre simulacros e o que se passa por imperativo categórico, voo poema versos escapando pra lá e pra cá, até que um dia acerte a veia e eureka! Quem sabe, nem só de quedas e lapadas se vive. Zélia Gattai que o diga: Continuo achando graça nas coisas, gostando cada vez mais das pessoas, curiosa sobre tudo, imune ao vinagre, às amarguras, aos rancores. Um sorriso engana até a morte.

DUAS: ENTRE INCÊNDIOS DOS ESCOMBROS E ESPALHAFATOS! – Quando o circo pega fogo, lá vou eu bombeiro para ver se dou um jeito. É certo que há coisas que já estão nas emergências hospitalares, quando não dando baixa de quase não ter mais jeito. Quem diria, levo comigo sempre o afeto de Wislawa Szymborska: A vida é tão rica e cheia de variedade que você tem que lembrar o tempo todo que há um lado divertido nisso tudo. Nem me rendo, nem me dou por vencido. Sigo adiante, peito aberto, vida afora.

TRÊS: PELEJANDO MESMO QUE CHOVA CANIVETES! – Faz tempo que as coisas não andam lá muito boas. Duns cinco anos para cá, só revestrés no toitiço. O que fazer, dou meu jeito. Hermann Hesse deixou riscado: Ninguém pode ver nem compreender nos outros o que ele próprio não tiver vivido. Para que resulte o possível deve ser tentado o impossível. Se passei por muitas e boas, durmo sobre os escombros, acordo outro dia, pontapé no zero! E vambora! Até amanhã. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Diante de tantos movimentos anti-ciência, nos deparamos ainda com o criacionismo e as aulas de religião em nossas escolas. E eis que de repente, debaixo dos nossos narizes, o Brasil já não é laico, e as aulas de ciência tornam-se tão facultativas e desvalorizadas como nosso trabalho, e o ensino de evolução nas nossas escolas está ameaçado. Calados e desvalorizados por um governo que não entende a importância da ciência e da tecnologia para a sociedade, nos deparamos também com pesados cortes em nossas verbas. Milhões foram alocados para os testes com a fosfoetanolamina. Milhões foram cortados de nossas bolsas e de nossos projetos de pesquisa. Em meio à calamidade, a comunidade científica tentou falar. Percebemos enfim que a situação tinha ido longe demais. Protestamos. Organizamos marchas. Fomos ao Congresso, mandamos carta para o presidente da República. Mas era tarde. Já fomos todos acometidos pela síndrome de Cassandra. Não temos credibilidade. Ninguém acredita no que temos a dizer. Assim como Cassandra, nós enxergamos o futuro. Sabemos o que vai acontecer com a ciência brasileira se tudo permanecer como está. Mas assim como Cassandra, ninguém acredita em nós. Logo vários de nós estaremos desempregados ou fora do Brasil. Nossos pesquisadores irão embora, assim como nossos alunos. E desenvolverão tecnologias no exterior que o Brasil terá que importar, pois não teremos pessoal qualificado para desenvolvê-las no país, nem para ensinar a nova geração. Demoramos demais para falar com a sociedade. Falhamos quando deixamos de esclarecer o cidadão sobre as propagandas enganosas, as pseudociências e os movimentos anti-ciência, que colocavam em risco sua integridade, seu bolso e sua saúde. Nós não falamos quando foi preciso. E agora não sobrou ninguém para falar por nós. [...]. Trecho do artigo O cientista e a síndrome de Cassandra (Ciência e Cultura ,2018), da bióloga e professora Natalia Pasternak Taschner, fundadora do blog Café na Bancada e presidente do Instituto Questão de Ciência (IQC), voltado para o usode evidência científica nas políticas públicas.

O TEATRO DE ERIKA MANN
[...] Sem dúvida que foi esta atração mórbida e satânica pela morte de que ele fala, uma das forças que atraíram os alemães para o Nazismo. Não é por acaso que o símbolo das tropas de elite de Hitler é um crânio (Totenkopf). E por muito dinâmico e vivo que o movimento nazi se tenha vendido na propaganda, a divindade a que eles se rendiam com êxtase era a morte. O romantismo Nazi não tinha qualquer lugar para a "luz" ou o "luminoso". Os seus espíritos eram sombrios. E no entanto o desastre alemão não foi uma capitulação consciente ou intencional perante a catástrofe, apesar de ter havido uma saudade inconsciente para com ela. Foi antes a pelo senhor Clemenceau desaprovada falta fundamental de cultura moral que arruinou a nação. [...]
ERIKA MANN - Pensamento da dramaturga, jornalista e atriz alemã Erika Mann (1905-1969), conhecida por seu cabaré humorístico antifacista na sua companhia de teatro die Pfeffermühle, que atuava regularmente em Munique, ridicularizando os nazistas. Veja mais aqui.

A FOTOGRAFIA DE GRACIELA ITURBIDE
Descobri o mundo das mulheres. Morei na casa delas. E me adotaram. Deram-me acesso a sua vida cotidiana e a suas tradições. Contavam histórias eróticas, faziam troça o tempo todo Não apenas permitiram que eu as fotografasse como tomaram a iniciativa de me mostrar coisas. Passei a descrever Juchitán através dos olhos delas e ao mesmo tempo dos meus.
GRACIELA ITURBIDE - A arte da premiada fotógrafa mexicana Graciela Iturbide. Veja mais aqui.

PERNAMBUCULTURARTES
Em agendas-de-presente-de-natal / Deus escreve seus poemas / Ela tenta costurar os versos-holofotes com os versos-nuvens-formadora-de-chuva / Tenta costurar os versos-carros-nos-cruzamentos com os-versos-dia-especial / O problema é que tudo que Deus escreve dá música / E a humanidade plagia e acrescenta seus versos-toscos, faz coreografias-do-bumbum. / Quando Deus descobre, ela fica puta / E solta seus raios-de-TPM em cima das casas / Deus fica muito sentimental nesses dias. / Deus não quer salvar o mundo com seus poemas, / Deus quer cuidar da própria vida / Deus quer suas calcinhas secas para sair à noite / Deus quer a casa sem pó / Deus quer um dia de emprego tranquilo sem assedio / Deus quer curtir uns dias sem ler cartas de pedidos-de-socorro, juramentos-quebrados / De promessa-para-emagrecer, sacrifícios-com-bodes-vivos e virgens- Árabes-mortas, pecados-já-cometidos , deixa para lá, / Deus está cansada de ter que se virar em mil para dar conta de tudo / É muita pressão, até para Deus que é mulher!
Poema da poeta, ilustradora e desenhista Geisiara Lima, que é graduada em Filosofia pela UFPB, autora do livro Corpo em chamas.
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Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido, do educador, pedagogista e filósofo Paulo Freire (1921-1997) aqui.
A guerrilheira perfumada: crônicas do amor diário, do jornalista e escritor Ronildo Maia Leite (1930-2009) aqui.
A música do violonista e compositor Nando Lauria aqui.
Só às paredes confesso, de Vital Corrêa de Araújo aqui.
Neuroeducação & Práticas Pedagógicas no Ensino-Aprendizagem aqui .
Cordel na escola aqui.
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Cortês aqui & aqui.