sexta-feira, março 15, 2019

O CORPO DE LELOUP, GILBERTO FREYRE, GEORG SIMMEL, MARI PAVANELLI, JOEMA CARVALHO & ADRIANO SALES



O CORPO DE LELOUP – Uma leitura além de esclarecedora foi a que fiz da obra O corpo e seus símbolos (Vozes, 1999), do PhD em Psicologia Transpessoal, doutor em Teologia e professor de Filosofia, Jean-Yves Leloup. O livro de forma geral chama atenção para o fato de que o corpo não mente, uma vez que ele conta muitas histórias que deixam marcas profundas e que é preciso descobri-las para que se tenha paz, satisfação e tranquilidade na vida. Observa a flexibilidade de todas as articulações do corpo, além das de natureza psíquica e da inteligência humana, fazendo leituras e reflexões tanto física quanto psíquica de cada parte corporal. Começa pelos pés que são os alicerces e raiz do corpo, a semente, aqueles que escutam a terra. Saber o seu cheiro ou odor, o prazer ou não de pisar a terra, lavá-los a si e os de outros, como proporcionar capacidade de prazer e amor. Segue para os tornozelos que são as primeiras articulações, das quais dependem a harmonia e livre circulação da energia, assim como sua relação com o momento entre a vida antes e depois do nascimento: a saída do útero e a vida. Já os joelhos são importantes porque a sua rigidez afeta diretamente a coluna vertebral e os rins, fato que evidencia torná-los bastante flexíveis, uma vez que possuem relação direta com o peito e os seios, o colo e as lembranças orais da infância, relacionando-se, portanto, com as causas da bulimia ou anorexia, entre outras enfermidades. Por sua vez, as pernas e as coxas são responsáveis pela postura, condução, caminhar e de apresentar-se, a identidade e perfil de cada um. O destaque para a região sagrada por ser aquela que define os sentimentos de perda, guarda ou falta, fazendo com que seja necessário respeito com esta dimensão para se livrar dos tabus e seguir para a integração, recomendando: “A matéria só se salva se deixarmos que a luz atinja suas profundezas”. Enfatiza ainda que o estudo do sacro envolve a imagem que a sociedade e as religiões têm da sexualidade, as atrações e repulsões individuais, a qualidade dos orgasmos e, por consequência, o bem-estar e a felicidade. Com relação aos genitais, o autor chama atenção: o encontro de dois seres não é apenas o encontro de duas libidos, mas de duas almas, de dois espíritos, dois seres interiores que se completam. Portanto, observa que “O sexo é o local onde se encarna a vida, onde se transmite a vida. Por isto é algo muito sagrado”. Por conseguinte, o ventre é o local onde existem o pai e a mãe, pelo qual o corpo é religado ao que se passa no mundo e as emoções: escutá-lo significa ter o centro da gravidade, a possibilidade das transformações, exigindo-se de cada um a postura justa, relaxada, adequada para acolher o sopro. Além do mais, o fígado está associado com o humor, sujeito a sintomas e distúrbios que influenciam diretamente o comportamento. Assim como juntamente com a vesícula biliar, o baço, o pâncreas e o estômago que são identificados como os caminhos do autoconhecimento, o discernimento. É essa parte do corpo que se relaciona com o perdão e o rancor, a digestão. Os rins têm a forma de semente: escutam as mensagens interiores e são os filtros que retiram as impurezas orgânicas. Por outro lado, referem-se à escuta para enfrentar a existência e os acontecimentos. A coluna vertebral é o local da escuta das solicitações da vida, como uma escada a subir e a lei estruturante, o elo, a árvore da vida. As vértebras precisam estar ajustadas à sua estrutura interior, mantendo-se ereta para estar em pé face às provações da existência. O coração e os pulmões possuem relação direta com uma vida saudável: respirar adequadamente para que se possa viver bem. O pescoço é o elo entre a cabeça e o coração, o local onde a palavra nasce e se conhece o desejo, o sussurro que nasce do interior, o contato com a identidade verdadeira. A nuca precisa ser a mais flexível possível porque dela se amplia a inteligência. As mãos representam a transmissão de conhecimento e carregam uma riqueza simbólica como guia e auxílio. A cabeça e as linhas do rosto, a boca, o nariz e as orelhas, estas possuem a forma de semente e escutam os dizeres e informações, e nos revela a identidade e comportamento. Em suma, o que o autor chama atenção é que o corpo inconsciente guarda os segredos tanto pessoais como os da história coletiva, donde fica evidenciado que o corpo somatiza problemas que não são apenas de cada um, mas a memória da família e da coletividade. Por fim, o autor aconselha escutar o corpo, uma escuta infinita para conhecê-lo e respeitá-lo, sobretudo aceitá-lo para tornar-se feliz e, com isso, proporcionar a cura individual para curar o mundo. Por tudo isso é uma leitura para lá de recomendável, necessária em todos os sentidos do conhecer-se a si mesmo, conhecer o mundo ao redor e a própria razão de viver. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] o significado do dinheiro junta-se com o do poder; como este, o dinheiro é uma pura potência que acumula uma mera antecipação subjetiva do futuro na forma de um presente objectivamente existente. [...] dinheiro pode ser comparado com a linguagem que também se transporta às mais divergentes direções de pensamento e sentimento; o dinheiro pertence àquelas forças cuja peculiaridade é a falta de peculiaridade, mas apesar disto, pode colorir a vida de muitas cores porque a sua natureza meramente formal, funcional e quantitativa é confrontada com conteúdos qualitativamente determinados e direções de vida e induzi-las a gerarem novas formações qualitativas. [...] Podemos então caracterizar o efeito do dinheiro como uma atomização da pessoa, como uma individualização que ocorre na pessoa. É uma tendência geral na sociedade que se estende ao interior do indivíduo. [...] O mesmo processo de diferenciação que deu ao indivíduo um significado especial tornando-o relativamente único e insubstituível torna o dinheiro o equivalente e padrão de muitos e diferenciados objetos; a sua crescente indiferenciação e subjetividade torna-o progressivamente menos aceitável como equivalente de valores pessoais [...] Se o homem moderno é livre – livre de comprar e vender tudo – procura agora nos objetos esse vigor, estabilidade e unidade interior que perdeu [...] O importante, entretanto, é que o dinheiro é percebido em toda parte como fim e, com isso, muitas coisas que têm o seu fim em si mesmos são rebaixados a simples meios. Ao mesmo tempo que o dinheiro, por definição, é o meio, os conteúdos da existência se colocam num profundo contexto teleológíco sem começo e sem fim [...] A desproporcionalidade no aumento dos preços leva a que determinados grupos de pessoas e profissões sejam especialmente beneficiados e outros prejudicados. Em tempos históricos isso acontecia com os camponeses. No final do século 17, o camponês inglês, sem conhecimentos e sem meios, como ele era, foi literalmente espremido, entre as pessoas que lhe deviam e o pagavam apenas o valor nominal, e as que ele devia dinheiro e o exigiam a peso de ouro [...].
Trechos extraídos da obra Philosophy of Money (Routledge 2004), do sociólogo e professor alemão Georg Simmel (1858-1918), na qual o autor procura compreender quais as consequências da invenção, introdução e difusão social desse meio de troca (simbólica), tendo em vista considerar que o dinheiro alterou enormemente as relações sociais, provocando efeitos que convergiram para a individualização ou individualismo, numa fase da história em que as relações tradicionais ou pré-modernas, estavam em vias de serem superadas pela emergência do modo de produção capitalista. Conforme demonstra o autor, a relação de tipo monetária que se tornou predominante na época moderna representa o patamar máximo da individualização humana. Veja mais aqui e aqui.

A ARTE DE MARI PAVANELLI
A arte da artista Mari Pavanelli. Veja mais aqui.

A POESIA DE JOEMA CARVALHO
EROS UMA VEZ - O rio corre nas veias e sai do controle / Confundido pela poeira do asfalto nos olhos / Algum tempo de abandono e solidão / A dança do dia-a-dia no meu microcosmo / Você no céu e eu na lua / Seria tão bom se me prendesse com uma corda / Para que flutuasse baixo e por perto / Fica esquecido no silêncio / No caminho da noite escura / Na vida que passa e que se perde / Que de repente volta / Uma página nas folhas de outono / Coloridas numa lira infinita / Soando longe / Estou querendo te ter novamente / Na cidade, no sol, no mar / Em uma floresta que desencanta todos os sonhos e desejos / Em algum hemisfério consciente / Acho que o que um sente pelo outro não se finge / Pode ser que eu não seja mais 100% / Mesmo sabendo que serei mais inteira / As coisas vão ficando mais simples / As cores do jardim estão refletidas no céu / Precipitam em gotas de amor / Sentindo o ar conduzir / Os jasmins-dos-poetas estão em flor / E envolvem o arco-íris junto ao vento da estação / Disse que voltou para me buscar / Não sabia que estava tão perto / O acaso te trouxe / Mais rápido do que eu pude processar / Ainda consome as minhas noites / Meu ciclo mensal / Meus sonhos / De dia a rotina ocupa os meus poros e não sou mais ação / Os 100% ficam nos bueiros / Escorrendo com o vento, com a poeira e com a enxurrada / E quando te encontrar? / Agarro no seu pescoço / Te engulo com ossos, cabelos e todo o seu cheiro? / Ou espero o momento certo / Com a diplomacia dos equilibrados? / Depois da peça / Depois que abaixarem as cortinas? / Em algum momento que houver um vácuo, uma deriva? / Em algum momento de aquecimento global e globalização de Todas as células? / A hora certa? / Acho que te ter de novo não será evolução do meu espírito / Muito menos da minha alma / Talvez eu vá repetir o que tem sido / Mas o não ser, eis a questão? / Isso confunde minha ilusão / Pode ser que se eu te olhar de novo / Deturpe os teus traços / Que eles não sejam mais o que eu aprecie / Como água para chocolate / Como uma pimenta rosa / Queria que assumisse o que eu sinto como sendo teu / Espero que agora a gente possa esperar a lua fechar a noite / O carrossel do sol nascer / Em um céu novamente nosso / A natureza determina / A onda que chega e que vai / E a flor que desabrocha em paz e harmonia.
Poemas extraído da obra Luas & Hormônios (SEC-PR, 2010), da poeta, engenheira, pesquisadora e consultora ambiental Joema Carvalho. Veja mais da autora aqui.
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A POESIA QUÂNTICA DE ADRIANO SALES
O lado oculto da poesia quântica é o título do próximo lançamento em livro do poeta Adriano Sales que é formado em Logística, Gastronomia, Informática e Psicanálise, atuando como analista de sistema e consultor e é membro fundador da Academia Escadense de Letras (AELE) da qual é vice-presidente, membro secretário da Academia Palmarense de Letras (APLE), membro correspondente da Academia Tobiense de Letras e Artes (ATLAS). É autor dos livros Eu – poesias em vias (2015), O regozijo e a veemência (2016) e participa de diversas antologias. Veja mais do autor aqui e aqui.
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A obra do sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987) aqui, aqui & aqui.
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A obra do PhD em Psicologia Transpessoal, doutor em Teologia e professor de Filosofia, Jean-Yves Leloup aqui, aqui e aqui.