quarta-feira, abril 30, 2014

LILLIAN HELLMAN, SÔNIA CHOCRON, ANA KATZ & LINDA LOVELACE

 

REMEXENDO AS CATRACAS DO QUENGO E QUEIMANDO AS PESTANAS COM COISAS, COISITAS E COISÕES!!!!!! – O que aprendi nos volteios da vida, coisas que nem sei, coisitas que passaram, coisões que deixaram quase danos irreparáveis. Foi, nada mais. De bom ficou o menino travesso da beira do rio engolindo sapos, atravessando brejos e mares imensos, quase não tinha mais como catar pra contar história. Sempre quase o menino cresceu, pintou e bordou. Fez quase tudo: copista dos tomos e leis, bancário relapso, radialista folgazão e sorria driblando com jeito quedas e escorregões, barreiras intransponíveis, bunda arrastada no chão, esfolando a carne, livrando-se das lapadas, escapando aqui e acolá, escorregando quase ileso, quase condenado, sobrevivendo e coexistindo com desertos e infernos. Aprendeu um bocado, parece. Leitor compulsivo de horas a fio sem bater a pestana e era nos livros o melhor de tudo. O que imaginou quase tudo deu certo. Quase. Depois da escola caiu na vida e pras bancas retornou um tanto de vezes para sacar o que havia dado errado. Virou mundo, conheceu muita gente, muitas ou quase todas se foram ou deram as costas, restando alguns gatos pingados na consideração. Parentes tudo longe ou do outro lado das coisas e do mundo. Teve que aprender por si só: levando tudo nos peitos e na raça, do jeito que desse. De relevante mesmo quase nada restou aqui ou ali uma coisinha que seja. Recomeçou um tanto de vezes, ainda hoje, todo dia parte da estaca zero. Assumiu fracassos, cônscio de sua inutilidade pro que prestasse. Bom de conversa e serventia pra mais nadica. Falante que só o homem da cobra, até que impressionava, mas é só: nada mais que só primeira impressão. Com o eterno retorno vai e volta, nunca é tarde para reaprender. O que fez e o que foi feito, a mesma coisa que não fizesse. Vale o que viveu e se aprendeu, pelo menos, parece que leva jeito para contar hestórias. E só. Jogar conversa fora. Afinal tudo é efêmero: a vida passa, a gente não sabe de onde veio nem pra onde vai, e o que fica, no fim mesmo, lembranças e aprendizagens que um dia virarão cinzas e ninguém mais nem saberá. Veja mais aqui, aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOSO mundo com suas regras, cada vez mais rígidas, e as pessoas pequenas ou anãs tentando realizar um sonho. Resumindo, acho que os problemas não são tantos, o problema é como nos imergimos neles e a sinceridade com que os enfrentamos... O tempo é um elemento fundamental para mim: ir, voltar, mudar, retomar… Mas estou falando de um período ativo em que muito trabalho é feito. Gosto de pesquisas aprofundadas, não dou muito espaço para desculpas: que ontem tive frio, que hoje estou atrasado, que não voltarei amanhã... Procuro sempre sair desses lugares que te atolam, aquelas áreas superficiais que costumam ser encontradas com frequência no teatro independente. Não gosto nada desses lugares opacos. A gestão deve ser um lugar de compreensão, mas também de promoção do trabalho com consciência... O teatro é um compromisso constante, mobiliza, aproxima as pessoas com quem você trabalha e longos períodos de pesquisa e busca. Preciso de tempo para desenvolver um projeto de teatro. Pensamento da escritora, atriz e diretora argentina Ana Katz. Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Se não gerarmos resposta, as sacolas não ficarão tão cheias na despensa... Pensamento da atriz e ativista estadunidense Linda Lovelace (Linda Susan Boreman - 1949-2002), que no seu livro Ordeal (Citadel, 2006), expressa: [...] Quando alguém precisa de ajuda, é hora de ajudar. Não no dia seguinte. Não quando é seguro. [...] Ela fez coisas para manter seu homem feliz. Fiz coisas para evitar que meu homem me matasse [...] Eu era o tipo de garota que gostava de ir à beira-mar e dar as mãos. Eu ainda estou. [...] Embora eu tenha ficado terrivelmente decepcionada depois disso, houve um lado bom na experiência. Quanto mais as pessoas decentes se interessavam por mim por razões decentes, mais forte eu me tornava. [...]. A vida dela foi uma tragédia: aos 19 anos, ela engravidou sem querer e teve o bebê, que sua mãe repressora entregou para adoção. Pouco depois, sobreviveu a um terrível acidente de carro. Foi aí, enquanto se recuperava do acidente, que a deixou com um fígado em frangalhos, costelas e mandíbula quebradas, que ela conheceu Chuck Traynor, seis anos mais velho que ela. Ela se casou outras duas vezes e teve dois filhos, mas sempre enfrentou problemas de saúde. Em 87, precisou fazer uma mastectomia dupla para retirar os seios, contaminados pelo silicone que Chuck a forçou a colocar antes de Garganta. Durante a preparação para a mastectomia, os médicos perceberam que seu fígado não dava mais, consequência da transfusão de sangue após o acidente de carro de 69. Ela teve que se submeter a um transplante de fígado. Um só remédio para a não-rejeição do novo órgão custava 2,500 dólares por mês, que Linda não tinha como pagar. Afinal, tudo que Linda havia recebido pela super bilheteria de Garganta foi US$ 1,250 -- que foi direto pro bolso de Chuck. Sem ter como pagar as contas, sem conseguir emprego por causa de sua fama/infâmia, Linda tentou ganhar um pouco de dinheiro vendendo produtos referentes à Garganta, como uma camiseta escrito "I made Linda Lovelace gag". Linda morreu em 2002, num outro acidente de carro. Ela tinha apenas 53 anos. Veja mais aqui.

 

PENTIMENTO – [...] A tinta velha sobre uma tela, à medida que envelhece, às vezes torna-se transparente. Quando isso acontece é possível, em algumas fotos, ver os traços originais: uma árvore aparece através do vestido de uma mulher, uma criança dá lugar a um cachorro, um grande barco não está mais em mar aberto. Isso se chama pentimento porque o pintor “se arrependeu”, mudou de ideia. Talvez fosse melhor dizer que a concepção antiga, substituída por uma escolha posterior, é uma forma de ver e depois ver novamente. Isso é tudo que quero dizer sobre as pessoas neste livro. A tinta envelheceu e eu queria ver o que estava lá para mim uma vez, o que está lá para mim agora. [...]. Trecho extraído da obra Pentimento (José Olympio, 2010), da escritora estadunidense Lillian Hellman (1905-1984). Veja mais aqui.

 

DOIS POEMAS - COMO UMA NUVEM - Estou passando sem passar \como uma nuvem \Leve, tênue, insubstancial \ como uma nuvem \ Fazendo uma sombra fugaz \ como uma nuvem \ Mudando minha solidão \ como uma nuvem \ Vaga muito branca \ como uma nuvem \ Estou passando sem passar. ORDEM - Você tem que arrumar a casa \ lavar os azulejos vestir a cama \ você tem que arrumar a casa \ plantar as flores de abóbora \ apagar o rastro do mato \ procurar a música das coisas \ fazendo ordem arrumando a casa \ com as palavras para formá-las \ colocar a ordem \formar a casa \ com um exército de palavras \ que ninguém sabe que ninguém vê \ que os gazebos estão caindo \ temos que colocar ordem na casa \ para que o pássaro da tristeza \ vá ao parque ou à avenida \ colocar ordem dentro de casa \ e que deixa crescer a angústia \ cega que cresce nela quando amanhece, banha cada fenda dos cantos \ com açúcar e sangue ímpio. Que Deus a proteja e a favor da melancolia traiçoeira do mau-olhado e da vilania que deve ser cometida, \ ordenar, tirar o rastro, varrer a poeira todos os dias \ limpar a casa dar a ordem que se nos derrotar \ nos venderia a morte eterna a pena na vida matar a ordem cegar a ferida. Poema da escritora, dramaturga e roteirista venezuelana Sônia Chocron.

 

HOMEM SOU E NADA HUMANO ME É ESTRANHO –Anexim atribuído ao dramaturgo e poeta romano Públio Terêncio Afer (195 a.C-159 a.C), originalmente: "Homo sum, humani nihil a me alienum puto". A história dele é curiosa: teve uma infância de escravo do senador Terentius Lucanus, tendo excelente educação. Suas comédias tratam problemas morais, sempre com mentalidade de humanista. A sua obra prima é a peça teatral Os Irmãos que compara os efeitos de duas maneiras diferentes de educar os filhos: a severidade paternal e a compreensão liberal. Outras frases atribuídas ao comediógrafo romano: “Nada é tão difícil que, à força de tentativas, não tenha resolução”, ou “É sábio experimentar todos os caminhos antes de chegar ás armas”. Melhor ainda: “Nada é tão fácil que, feito de má vontade, não se torne difícil”. Veja mais Momentos de Reflexão.

O FAUSTO DE GOETHE – Oriundo de uma lenda popular alemã a respeito de um pacto feito pelo alquimista e mágico Dr. Johann Georg Faust (1460-1549) com o demônio, tornou-se a inspiração para diversas peças teatrais, entre as quais, o poema trágico homônimo de Johann Wolfgang Goethe (1749-1832), tornando-se umas das grandes obras primas da literatura alemã. No texto encontramos um dos personagens, Mefistófeles dizendo: De sol e de mundos nada sei dizer, vejo apenas como os homens se atormentam. O pequeno Deus do mundo continua na mesma e está tão admirável assim como no primeiro dia. Um pouco melhor ele viveria, não lhe tivesses dado o brilho da luz celeste; ele chama isto razão e lança mão dela somente para ser mais animalesco do que cada animal”. Noutra ocasião Fausto menciona que: “Temos necessidade justamente daquilo que não sabemos e sabemos aquilo que não sabemos utilizar”. Mais adiante faz menção: “Sou velho demais para somente me divertir; moço demais, para ser sem desejos. Que pode o mundo bem proporcionar-me? A existência é um fardo”. Em seguida ele confessa que: “Eu nunca soube adaptar-me à sociedade. Diante dos outros sinto-me tão pequeno que serei eternamente um acanhado”. Por fim, arremata: “Quem aspirar, lutando ao alvo / À redenção traremos”. Veja mais Goethe.

ÉTICA – A ética no Brasil é na base da consanguinidade e do compadrio, como diz o Doro: “Pra família e pros amigos, tudo! Pros inimigos, a lei!”. A propósito já dizia Sérgio Buarque de Holanda no seu Raízes do Brasil: "O Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certos agrupamentos, de certas vontades particularizadas, de que a família é o melhor exemplo. Não existe, entre o circulo familiar e o Estado, uma gradação, mas antes uma descontinuidade e até uma oposição". Será o Fecamepa? Veja mais Doro.

SAÚDE NO BRASIL – Enquanto a Constituição Federal determina no art. 196 que “[...] A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, Zé Corninho fica coarando meses para ser atendido por um médico para lhe curar da hérnia que faz com seus colhões desçam ao joelho, Vera Indignada chora a morte do sobrinho da prima por falta de atendimento médico numa emergência, a avó de 93 anos de idade do Robimagaiver em estado grave recebe alta porque o hospital está precisando do leito para acomodar outro paciente endinheirado, a bisavó de Doro é dada por morta quando ainda estava vivinha esquecida num canto duma UTI, afora desvio de medicamentos da glaucoma, má gestão pública, malversação do erário pública, uma praga a saúde no Brasil! Por isso, Ruben Araujo de Mattos diz: “[...] não é aceitável que os serviços de saúde estejam organizados exclusivamente para responder às doenças de uma população, embora eles devam responder a tais doenças. Os serviços devem estar organizados para realizar uma apreensão ampliada das necessidades da população ao qual atendem. [...] Um paciente não se reduz a uma lesão que nesse momento lhe provoca sofrimento. Tampouco não se reduz a um corpo com possíveis lesões ainda silenciosas, escondidas à espera de um olhar astuto que as descubra. Tampouco se reduz a conjunto de situações de risco. O profissional que busque orientar suas práticas pelo princípio da integralidade busca sistematicamente escapar aos reducionismos. [...] Como também não se reduzem às necessidades de informações e de intervenções potencialmente capazes de evitar um sofrimento futuro. As necessidades não se reduzem àquelas apreensíveis por uma única disciplina como a epidemiologia, ou como a clínica. Novamente, o princípio da integralidade implica superar reducionismos. [...] As respostas aos problemas de saúde devem abarcar as suas mais diversas dimensões. Analogamente, devem oferecer respostas aos diversos grupos atingidos pelo problema em foco. [...] Há profissionais que, impossibilitados de tratar com sujeitos, tratam apenas das doenças. Lidam com os sujeitos como se eles fossem apenas portadores de doenças, e não como portadores de desejos, de aspirações, de sonhos. Há modos de organizar os serviços que tomam certas percepções de necessidades (percepções necessariamente subjetivas) como se fossem reais. Reificando suas próprias percepções, tornam-se insensíveis aos desejos e aspirações de outros sujeitos, quer estejam eles como pacientes como usuários, quer como profissionais. Há formuladores de política que concebem os sujeitos que sofrerão as consequências das políticas que formulam como objetos, alvos das intervenções. (Ruben Araújo de Mattos, Os Sentidos da Integralidade: algumas reflexões acerca de valores que merecem ser defendidos). Confira mais Saúde no Brasil.

MAIOR ARRANCA-RABO! – Depois duns xingamentos regados a tabefes, empurrões e deixa-disso, a dupla das desavenças Zé Peiúdo e Zé Bilôla dá de novamente se agarrar num estrupício sob o teor da rixa. Um gritou pro outro: “Enquanto inzistir genti da sua laia na face da terra o mundo nunca vai prestá!”. O riscado das peixeiras chega espirrar fogo nas calçadas. Esses nunca se entenderam. Melhor seria o que diz Débora Massmann: “[...] é no espaço da controvérsia que a argumentação se consolida à medida que se estabelece a interação entre os interlocutores, ou seja, à medida que se considera o outro como um sujeito capaz de reagir e de interagir discursivamente pelo exercício da negociação e do entendimento através do debate”. (Débora Massmann, Argumentação em busca de um conceito). Ou mesmo o que diz Boaventura de Souza Santos no seu “A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência”: "[...] a incapacidade de estabelecer uma relação com o outro a não ser transformando-o em objeto". Ah, danou-se! Será tudo isso é coisa do Big Shit Bôbras?!?!?!?


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domingo, abril 06, 2014

GLORIA CARREÓN, LOVELOCK, BUKOWSKI, KIAROSTAMI & GUTIÉRREZ

 

REFLEXÕES DE METIDO EM CAMISA DE ONZE VARAS E CHEIO DE NÓ PELAS COSTAS! – Pronde vou, só prova de fogo, sempre! Não há escapatória. Chaveco no ouvido: Não fique parado, não pare nunca! Oxe! Levo na boa, como se fosse um xote de passagem, toca gaita! É preciso saber o que fazer: Se chegar tarde não abro! Agora, deu! Não morro de leseira, não choro na parede, não vivo no cinema, a arma no escuro. Nenhuma. Virar a página, já virei um tanto de vezes; a viuvez e o legado ao rés do chão, sob as glórias de vis guerras arrivistas e repugnantes, sacudidas de bestialidades, decadência e degenerações. A culpa na história, qual cartório se no cabeçalho só tem algarismos em caracol. Vôte! A ocasião mais parece um beliscão, quase visceral a consumir a paciência. O que viceja, levo por conciensível. Coexistir com a solidão duradoura, o que me resta a recompor o que desmoronou da diversidade humana, enquanto busco a conexão com a ancestralidade. Visível solidão de Lucrécio, a história é apenas um rol de misérias e crimes, a culpa adiante e o que é bom fica tão próximo quanto distante. Eu de esguelha saco a cavilação enquanto suporto as dores da alma no corpo. Para quem correu ladeira acima e se esqueceu dos freios na hora de descer e se lascar, quase pulo no abismo. Para quem desavisado escolheu qualquer caminho de sorte na vida e chorou na rampa, subiu no telhado e bateu biela, digo e não me faço de rogado: a vida dá muitas voltas. Ah, como dá! Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

 


DITOS & DESDITOS - A vocação da arte é extrair-nos da nossa realidade diária, levar-nos a uma verdade oculta e de difícil acesso - a um nível que não é material, mas espiritual. Para ser internacional, primeiro você precisa ser local... Quando você pega uma árvore que está enraizada no solo e a transfere de um lugar para outro, a árvore não dará mais frutos. E se isso acontecer, a fruta não será tão boa quanto estava em seu lugar original. Esta é uma regra da natureza. Acho que se eu tivesse saído do meu país, seria igual à árvore... Desde o meu primeiro filme, qual foi a minha concentração, a minha inspiração, foi que eu não queria narrar nada, não queria contar uma história. Eu queria mostrar algo, queria que eles fizessem a sua própria história a partir do que estavam vendo. Pensamento do cineasta, poeta, roteirista, fotógrafo e produtor iraniano Abbas Kiarostami (1940-2016), premiado pelos filmes Gosto de cereja (1997), O vento nos levará (1999), Like someone in love (2012), Copie conforme (2010), Chacun son cinema (2007), Tickets (2005), Dah (2002), ABC Africa (2001), entre outros. Veja mais aqui.

 

ALGUÉM FALOU - Algumas pessoas nunca enlouquecem. Que vidas verdadeiramente horríveis eles devem levar. O indivíduo bem-equilibrado é insano. Nenhuma dor significa o fim da sensibilidade; cada uma de nossas alegrias é uma barganha com o diabo. A diferença entre a Arte e a Vida é que a Arte é mais suportável. Pensamento do escritor alemão Charles Bukowski Jr (1920-1994). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

GAIA & O AVISO FINAL – [...] Somos a elite inteligente entre a vida animal na Terra e quaisquer que sejam os nossos erros, [a Terra] precisa de nós. Esta pode parecer uma afirmação estranha, depois de tudo o que disse sobre a forma como os humanos do século XX se tornaram quase num organismo de doença planetária. Mas [a Terra] levou 2,5 mil milhões de anos para desenvolver um animal que pudesse pensar e comunicar os seus pensamentos. Se formos extintos, ela terá poucas chances de evoluir outra. [...]. Trecho extraído do livro The Vanishing Face of Gaia: A Final Warning (Penguin, 2010), do pesquisador e ambientalista inglês James Lovelock (1919-2022), cujo pensamento expressa: Tenha em mente que é arrogância pensar que sabemos como salvar a Terra: o nosso planeta cuida de si mesmo. Tudo o que podemos fazer é tentar nos salvar. Vivemos numa época em que as emoções e os sentimentos contam mais do que a verdade, e há uma vasta ignorância da ciência. A Terra pode estar viva: não como os antigos a viam – uma Deusa senciente com um propósito e visão – mas viva como uma árvore. Uma árvore que existe silenciosamente, nunca se movendo, exceto para balançar ao vento, mas conversando interminavelmente com a luz do sol e o solo. Usando luz solar, água e nutrientes minerais para crescer e mudar. Mas tudo feito de forma tão imperceptível que para mim o velho carvalho no gramado é o mesmo de quando eu era criança. A consideração analítica e a consideração intuitiva da vida não podem ser harmonizadas da mesma forma que a medida do primeiro está subordinada ao segundo. É o segundo, e notamment o sentimento de beleza e de compaixão que me enferma, que desacopla o sentido da totalidade de mesmo que celui des equilíbrios e do limite. A consideração intuitiva é a condição da sabedoria sem laquela, a consideração analítica pode conduzir a excessos suicidas. A análise dos fenômenos dados à força sobre o eu, ela permite dominar a natureza, mas ela não fere nenhuma indicação de quantos limites são convenientes para atribuir a esta força. Gaia, a meu ver, não é uma mãe amorosa e tolerante com delitos, nem uma donzela frágil e delicada em perigo por causa da humanidade brutal. Ela é severa e durona, sempre mantendo o mundo aquecido e confortável para aqueles que obedecem às regras, mas implacável na destruição daqueles que as transgridem. Veja mais aqui.

 

TRILOGIA SUJA DE HAVANA - [...] A vida não é longa o suficiente para desfrutar e compreender tudo ao mesmo tempo. Você tem que decidir o que é mais importante [...] É vertiginoso pensar o quão grande é o mundo, ou perceber o quão pequeno você é [...] Cuba pode ser o único lugar no mundo onde você pode ser você mesmo e mais do que você mesmo ao mesmo tempo [...] Um homem pode cometer muitos pequenos erros e não há nada de errado com isso. Mas se os erros são grandes e pesam sobre ele, sua única solução é parar de se levar a sério. É a única forma de evitar o sofrimento – o sofrimento, prolongado, pode ser fatal. [...] Gosto de ser belicoso, como bom filho de Ogum. Quando me virem tranquilo, é que já estou apodrecendo. [...] Nós nos afastamos rapidamente. Depois do Parque Maceo, há um trecho do Malecón que é território exclusivo de bichas e tortilleras. Cem metros gay. Amor livre. Se continuarmos caminhando em direção ao Vedado tudo muda. Os gays são uma fronteira entre a agitação do poder negro e a relativa calma do Vedado. Ele parece mais sedado. Mas não é assim. Tudo está contaminado. Em suma, somos todos mestiços. Aqui a agitação é clandestina. Basta arranhar um pouco a superfície e ela explode, com a mesma brutalidade. Chegamos a uma pizzaria ao lado do Hotel Saint John. Pizzaria iluminada e limpa, com pouca gente e ar condicionado. Ah, que paz! Aqui você paga em dólares e é um lugar barato, mas inacessível à máfia que se esfaqueia por dez dólares por aí. [...] Trechos extraídos da obra Dirty Havana Trilogy (Faber & Faber; 2002), do escritor, pintor e jornalista cubano Pedro Juan Gutiérrez.

 

DOIS POEMASPERFÍDIA. Neste jardim de Adão \ a maçã não é proibida \ os vivos e os mortos a mordem \ então ele joga fora imediatamente \ ou oferece a satanás \ É assim que muda de mãos \ jogando fora porque \ foi roído ele joga para os vermes \ eles vão honrá-la \ porque neste éden incerto \ onde vivem os desumanos do mal está coberto. PERENE AMOR - Seu amor é uma fonte de sensações \ que causam ao meu ser \ o gozo divino eles incitam prazer, \ paixões fazendo meu ser tocar o céu \ Seu amor, encha meu mundo de ilusões \ faz minha alma brincar de prazer \ que no seu paraíso plácido mais \ Tem sido mais da minha vida \ que eu te adoro. \ Seu amor está batendo bem \ na minha existência sequência \ de passado e presente \ amanhã flutuante \ para descobrir disso e muito \ mais meu espírito \ está ciente \ omissão boba \ que conseguimos evitar \você retorna como a luz do sol nascente \ você reivindica \ o que é eternamente seu \ Eu retribuo nosso amor perene. Poemas da escritora mexicana María Gloria Carreón Zapata.

 


SÍNDROME DE KLÜVER-BUCY – Que droga é nove? Trata-se de uma doença diagnosticada psicólogo alemão Heinrich Klüver e pelo cirurgião Paul Clancy Bucy, em 1939, e registrada pela jornalista inglesa Rita Carter, na sua famosa obra “Ouro da mente – o funcionamento e mistérios do cérebro humano”. Por causa disso passei a entender porque o Doro quase foi preso semana passada por querer despejar sua hipersexualidade numa porca (e em bichos de qualquer natureza desde a sua mais tenra idade) na ausência duma frochosa para sapecar seus desejos sexuais. Isso é que é o Big Shit Bôbras.


JÁ DIZIA O SIR ISAAC NEWTON - Se eu vi mais longe, foi por estar de pé sobre ombros de gigantes. Esse sabia das coisas, veja mais no Pesquisa.

VIVIANE MOSÉ – Um importante momento aconteceu quando vi a poeta, filósofa e psicóloga Viviane Mosé defender a importância dos conceitos do filósofo alemão Nieztsche de produção da linguagem na cultura ocidental para transvalorização de todos os valores. Indica ela magistralmente a dificuldade de aceitação do pensamento nietzschiano nos meios acadêmicos. Veja mais Viviane Mosé e Niezstche.

AONDE LEVA UMA PAIXÃO AVASSALADORA – Uma das mais desmanteladas paixonites agudas, foi a que envolveu o filósofo Auguste Comte e a escritora Cloltilde de Vaux. Ambos casados se enrolaram num amor proibido, dessa paixão levar o pensador a ficar de joelhos diante da irredutível e fidelíssima Clotilde que não cedia aos seus rogos nem permitia a consumação do fato, muito embora tenha desse muita bola de endoidá-lo, a ponto dele criar uma religião só pra venerá-la. O amor faz cada uma, hem? Confira mais no Crônica de amor por ela.

PAIXONITE AGUDA E ESCANDALOSA – Outro estrupício amoroso foi no início da Psicanálise, que envolveu Carl Gustav Jung e a jovem judia russa, Sabina Spielrein. Ela era uma filha doente de um casal de judeus mercadores que foi tratada pelo discípulo de Freud, envolvendo-o numa paixão avassaladora que virou tema da peça teatral The talking cure, de Cristopher Hampton, e transformada pro cinema na direção de David Cronenberg (conhecido no Brasil como Um método perigoso). Jung muito bem casado com uma ricaça deixou-se levar pelo masoquismo da russa, resultando numa das mais impressionantes histórias de amor e sexo. Imperdível. Confira mais no Crônica de amor por ela.

ESSA É DO POETA RALPH WALDO EMERSON (1803-1882) - A boa noticia é que no momento em que você decide que aquilo que sabe é mais importante do que aquilo que foi ensinado a acreditar, você muda de ritmo em sua busca por abundância. O sucesso vem de dentro, não de fora. Veja mais Momentos de reflexão.


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E mais:
As pernas no Cinema & o Seminário – A relação do objeto, de Jacques Lacan aqui.
As pernas de Úrsula de Claudia Tajes & Mil Platôes de Gilles Deleuze & Félix Guattari aqui.
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