segunda-feira, agosto 01, 2022

ANN BRASHARES, MALALA YOUSAFZAI, MEIR SHALEV & MIRÓ DA MURIBECA

 

 

TRÍPTICO DQP: De máscaras & personas... - Ao som do Concert Excerpts @International Guitar Festival Ferran Sor (2020), da violonista espanhola Anabel Montesinos. - O que vejo e sou: a máscara traz a persona que se mostra no palco do mundo e no cenário da vida. A aparência preferida almeja protagonizar entre os arquétipos de Jung e o senso diante da escolha entre os princípios de Freud: o prazer e a realidade. A lucidez é um detalhe e não precisa ser sisuda, como diria Nise da Silveira, seria uma chatura por esconder o real sob o ideal. E essa manipulação não seria lá tão saudável, ou quem capaz do Poema em linha reta ou da Tabacaria de Pessoa, enquanto visualizasse aquela que Carl Rogers colocou no centro da fenomenologia-existencial. Talvez seria melhor considerar o que dissera a escritora estadunidense Ann Brashares: Talvez haja mais verdade em como você se sente do que no que realmente acontece... Talvez a verdade seja que há um pouco de perdedor em todos nós. Ser feliz não é ter tudo em sua vida perfeito. Talvez seja sobre juntar todas as pequenas coisas... Ou atentar para o que escrevera o escritor israelense Meir Shalev: Se ao menos pudéssemos nos livrar de todas as coisas mortas dentro de nossos próprios corpos e almas!... Cada qual seu repertório de representações no ludo vital, sabendo-se de antemão que na cena, diz Stanislavski, deve-se expor o que vem de dentro para não ser um histrião no meio dos outros. É que por trás da máscara mil semblantes podem reverberar...

 


Dum lado a outro a vida se manifesta... – Imagem: arte da sulcoreana Stella Im Hultberg. - Um clique, o estalo, zás. Dentro: um som, tons. Daí sílabas e sonoridades: uma palavra, uma sinapse neuronal, zis significados – senão todos à mercê da percepção. Disso um dedo, o sinal e quantos sentidos (do caos, quantas expressões por descobrir). O simples ato apenas sugeriu e tudo, exatamente tudo pode acontecer: um fio puxa outro, teias. Não é só uma coisa ou outra, de um ponto: todas as ideias – rizomas, galhos dendríticos pulsantes escorrem pelo axônio: as terminações atraem umas às outras, as escolhas, imantações. Quanto poderia se dizer de um simples ato: vibrações ecoam, reverberam algures. E se uma emergiu aqui pode ser outra noutra percepção. Dita o poder de síntese de quem se expressa, a imaginação de quem perceber. Não só, cabe o mundo inteiro em uma só palavra, quanto mais em duas, três, seis. E se uma fonte expede sêxtuplas rajadas de gotas entre muitas outras que circundam e desembocam na emersão do universo à seletividade, níveis da compreensão. É só um triz, apenas, em meia dúzia de jatos com outros pingos condensados, aleatórios ou não, quantas emissões: em cada gota significados implícitos; e, se reunidas, múltiploutros. Ou como diz Cees Nooteboom: O mundo é uma referência cruzada sem fim... Cada período da história tem seus próprios castigos, e o nosso tem uma infinidade... Essa é a diferença entre deuses e homens. Os deuses podem mudar a si mesmos; humanos só podem ser mudados... Quem fala e quem ouve entre empatias e dissonâncias, transmissões e retransmissões: dum lado a outro a vida se manifesta.

 


D’agosto e lá se vai... - Imagem: arte da sulcoreana Stella Im Hultberg. - Era eu menino pelos quatro anos de idade e bateram no portão de quase derrubá-lo – era o início do tenebroso período ditatorial do golpe militar de sessenta e quatro. Começou no primeiro de abril e me assustou: botas expunham fuzis das fardas, vasculhando salas, quartos e quintal. Não sabia o que queriam, só sei que todos os dias marchavam bravos lá em casa e eu, toda vez, entre um dos braços de minha mãe grávida, agarrado à minha irmã. Lembro certa vez ela gritou que era agosto e eles nem consideraram: estava prestes a dar à luz. Lembrei-me porque li A história de mim de Graça Lins, como se lesse um poema de Miró da Muribeca (1960-2022): olhei para o passado / as folhas dos calendários / caindo / é preciso plantar cedo sua árvore / pra mais tarde ter uma sombra / que lhe agasalhe... Agora novamente agosto como o poema de Tchello d’Barros: O tempo desenha na face / O alto custo de um imposto / Pois lento nos dá outro susto / Chegamos a outro agosto / Posto que o destino é vasto / E visto o que está posto / Este viver tão sucinto / Nesta sina a contragosto / Dias semanas e meses / Somam em si um desgosto / No raso espaço do espelho / Os anos esculpem seu rosto... e eu sozinho conto de Emily Brontë: Deixe-me a sós, que preciso pensar; enquanto penso, não sofro… Do que passou e o presente, lembranças tão vivas como ecoassem agora. Até mais ver.

 


Um livro, uma caneta, uma criança e um professor podem mudar o mundo. A diversidade garante que crianças possam sonhar, sem colocar fronteiras ou barreiras para o futuro e os sonhos delas. Vamos pegar nossos livros e canetas. Eles são nossas armas mais poderosas. Uma criança, um professor, uma caneta e um livro podem mudar o mundo. A educação é a única solução. A educação é o poder das mulheres.

Pensamento da ativista paquistanesa Malala Yousafzai. Veja mais Educação & Livroterapia aqui e aqui.