sexta-feira, fevereiro 25, 2022

STEPHEN SPENDER, KOSTÍS PALAMÁS, BERNARD CHARLOT, AMANDA ARAÚJO & NÉSTOGAS

 

 

TRÍPTICO DQP – Verba volant, scripta manent...- Ao som dos 24 preludes, op. 11, de Scriabin, na interpretação da pianista sueca Maria Lettberg. – Tudo que disse, fiz ou vivi voou. O que ficou quase nem sei: dois olhos nas escuras direções, passos sem rumo de funâmbulo, mãos soltas de quem se perdeu ou deixou escapar, peito aos ventos e circunstâncias, indiferente à maldição de Tutancâmon ou aos versos do Túmulo do poeta grego Kostís Palamás (1859-1943): ... E se você está com sede no submundo / Não beba a água da negação pobre corte de hortelã. / Não beba, ou você vai nos esquecer para sempre, por toda a eternidade... Sigo tal iconófilo sem que precise de outra oportunidade para encontrar o caminho de volta, talvez nem quisesse porque não estou pro que quer que seja, apenas prefiro o sabor náufrago da correnteza. O bom de tudo isso é que posso ouvir Amanda Araújo versejar: Dos alicerces que a vida me proporcionou / A introversão foi meu único escudo / Um silêncio mútuo se refez dentro da taberna / E quando vi já não existia conversa. Sim minha cara poeta, a festa não tem graça alguma, no outro dia só ressaca e desídia. Sei dos meus passos e mais outros quase intermináveis, mas não me cansei e sou adiante se pés sem chão ou desequilíbrio das pernas, até quando.

 


O poeta, a estação, o trem jamais virá... – Imagem: O poeta Vital Corrêa de Araújo na estação de nenhuma chegada ou partida, foto de Admmauro Gommes. - Na estação do meio dia o poeta Vital não guarda esperança, nem precisa. Ali tudo desativado, acéfalo, arbitrário e algumas coincidências: os olhos perdidos na paisagem, a calça na barra da parede, a pose para a fotografia: como se nada olvidasse da conturbada e difícil convivência entre desumanidades e coações, tal como o Pedro pedreiro penseiro do Chico e os rituais do sofrimento de Sílvia Viana Rodrigues, em que uma tela imaginária desse o tom do show dos horrores e jogos cruéis da tevê, quanta corda num mundo surreal de exceções e meritocracia do demérito nos infernos do genocídio ali da rua aqui perto agora mesmo, ouvindo insistentemente do poeta inglês Stephen Spender (1909-1995): O essencial é / Que todos os eus permaneçam separados / Apoiados em flores, e ninguém sofra / Pelo próximo. / Então o horror é adiado / Para todos até que se apodere dele / E o arraste para aquela dor incomunicável / Que é todo mistério ou nada... Mas o poeta é além de, não só espreita como uma brincadeira de outro dia após ontens e se não se passa incólume é porque algo pode ocorrer além do que vive e sonha. E há muito para fazer entre a vida e a sonhação, os olhos aberto e...

 


Néstogas... – Imagem: ArtLAM. - O quê? Se vésperas ou crástinos, o que se sabe de mesmo é que Homero primeiro escreveu Néstogas, depois é que vieram a Ilíada e Odisseia. E que Sócrates foi levado por Diotima para Néstogas: foi lá que ganhou a sabedoria dita pelo Oráculo de Delfos. E que Jesus aos três anos de idade recebeu a revisita dos três reis magos que o levou para Néstogas e só os três e os místicos sabem o que aconteceu até chegar aos trinta e três e lá vai teibei que todo mundo saber de cor... E se de anos em décadas, séculos ou milênios, assim com Mozart que trouxe de Néstogas a sua Flauta Mágica para encantar a todos e daí se propagou o que era singular em toda pluralidade, como o beijo justiçado da cambojana Rindy Sam no painel branco osso do tríptico Phaedrus do artista Cy Twombly (1928-2011): Foi só um beijo, um gesto de amor. Eu a beijei sem pensar; eu pensei que o artista fosse entender... Foi um ato artístico provocado pelo poder da Arte... Não, não, a vida não seria reduzida apenas a isso ou aos dois poemas de Marwin, nem que tenha muita sede mesmo a ponto de me pegar com pensamentos alheios ao que realmente sou, coisas da loucura iminente, incoerência irreversível da expectativa da surpresa, como se todo dia fosse a espera daquele que seria o momento exato, a horagá. Tá. E o que porra é Néstogas? O escambau. Até mais ver.

 


É possível que a educação se torne sempre melhor e que cada geração, por sua vez, dê um passo a mais em direção ao aperfeiçoamento da humanidade; pois é no fundo da educação que jaz o grande segredo da perfeição da natureza humana. A partir de agora pode-se caminhar por essa via. Pois só atualmente é que se começa a julgar corretamente e a captar com clareza o que é verdadeiramente necessário para uma boa educação. É uma coisa entusiasmante pensar que a natureza humana será sempre melhor desenvolvida pela educação e que se pode conseguir dar a esta última uma forma que convenha à humanidade. Isso nos abre uma perspectiva sobre uma futura espécie humana mais feliz...

Trecho extraído da obra A mistificação pedagógica: realidades sociais e processos ideológicos na teoria da educação (Guanabara, 1976), do professor universitário francês Bernard Charlot. Veja mais educação aqui e aqui.