terça-feira, janeiro 19, 2021

FRANCISCO JARAUTA, EMIR KUSTURICA, CÍCERO D’AVILA & KATIA MESEL

 

TRÍPTICO DQC: O LADO SOMBRIO DAS MEMÓRIAS - Ao som de Pure Comedy, do álbum homônimo (2017), do cantor, compositor, musicista e produtor musical estadunidense John Misty, pseudônimo de Joshua Michael Tillman. - Em primeiro lugar, a pergunta de Gauguin diante da resposta do Trimegistus Hermes e era um segundo em ponto apenas da zero hora, madrugada escura diante da porta onde deixei toda esperança e os fantasmas ressuscitaram faz tempo na terra antes mágica, agora ameaçada e minha angústia diante do milagre na lembrança de que quando nasci quase minha cabeça não passava engasgada na porteira do mundo e era uma coisa tomada por centro no show dos horrores, no meio da confusão de certezas idolatradas num horizonte para lá de viciado - como se de nada valesse a luta pela sobrevivência que mais valia acima de tudo e era nada mais que ossos e medulas, dores de lesões, negaceios de reputações caídas, tantos traidores com os mostruários de déjà-vu e quem ufano depois da goleada alemã na paixão do ouvinte com a desmoralização de grande que nunca passou de peladeiro, porque a farsa já estava lá instalada e ninguém via no jogo de cintura o que não se diz e o que não se escreve fora do dicionário de bolso com tantas pachouchadas para desvirtuar o que se passa por solene e não era e nem será mais que imundícies que se acham aproveitáveis e não são. Ah, como tudo é tão disforme. E Paul Klee insistia: A forma é o fim, a morte; o dar forma é movimento, ação. O dar forma é vida. E só porque havia lido demais além da conta, nove vezes soube que a comédia era ali muitas cabeças deitadas sobre mesas e travesseiros como se fossem cadafalsos para todos os déspotas e todas as suas as vítimas porque não escapa ninguém, nem eu. Foi aí que o filósofo espanhol Francisco Jarauta dispôs esclarecer o que em mim jamais buscou a certeza de nada: A essência do viajante é sua história. Corresponde a pensar em abrir as portas do território do possível, mesmo quando está sempre protegido pela cortina opaca. É preciso pensar com os olhos fixos em duas margens: a das transformações e mudanças que deixam um mundo e aquela em que as características de um novo mundo já estão adivinhadas. Só o poeta estraçalhado sabe da selva escura.

 


DOIS: O OLHAR NO HORIZONTE DA VIDA - Ao som de Miracle of Life (Mark Mancina/Trevor Rabin), do album Union (1991), do Yes. - E o que mais além do desespero de deambular no exílio depois de escapulir da cloaca e a montanha redentora não mais ali ou nunca tivera e era o caos e o Bib Bang para que eu fosse a Origem da Vida e estivesse no meio do Milagre de Emir Kusturica. E antes que me pergunte, eu não sei e posso mudar de opinião sobre tudo e qualquer coisa; afinal vivo e viver tem disso. De repente, ao meu lado, língua de fora, Einstein sorria: Só há duas maneiras de viver a vida: a primeira é vivê-la como se os milagres não existissem. A segunda é vivê-la como se tudo fosse milagre. A dúvida e a angústia para despertar na despedida do poeta, a ascensão. E veio o Sol na prosa infinita do dia.

 


TRÊS: SEGREDOS DA PAIXÃO – Imagem: arte do escultor Cícero D’Avila, ao som de um concerto ao vivo no Teatro Colón de A Coruña (2014), do premiado violonista Carles Trepat. – O tempo passou e não percebi. Meu coração errabundo cansado da solidão se espalhou, abjurou dos segredos e tropeçou diante da porta. E era ela ali, Beatrice nuamada, a me levar pelo que não mais via nem sabia, porque era dela apenas a luz da vida. E eu qual Dante a recitar da Vita Nuova: Tão longamente me reteve Amor / E acostumou-se à sua tirania, / Que, se a princípio parecia rude, / Suave agora me habita o coração. / Assim, quando me tira tanto as forças / Que os espíritos vejo me fugirem, / Então a minha frágil alma sinto / Tão doce, que o meu rosto empalidece, / Pois Amor tem em mim tanto poder / Que faz os meus suspiros me deixarem / E saírem chamando / A minha amada, para dar-me alento. / Onde quer que eu a veja, tal sucede, / E é coisa tão húmil que não se crê. Eros rondava o doce sabor da vida. E isso me fez com que eu não tivesse mais palavras para falar dela porque ela é o convite da luz e muito de mim em cada beijo exilado em Ravena e guardei nela a obra póstuma. Até mais ver.

 

RECIFE DE DENTRO PRA FORA



O documentário curta-metragem Recife de dentro pra fora (1997), da premiada cineasta e artista Katia Mesel, desvenda o olhar do rio Capibaribe para suas margens, tendo por base o poema O Cão sem Plumas, de João Cabral de Melo Neto, e a trilha sonora de Geraldo Azevedo. De forma poética mostra as agressões ao meio ambiente, sofridas pelo rio, na sua trajetória, até as águas ficarem limpas, de novo. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.