quarta-feira, setembro 02, 2020

SHAKESPEARE, BALZAC, ALDIR BLANC, CITTABELLA & COISAS DO RECIFE


DIÁRIO DO GENOCÍDIO NO FECAMEPA – UMA: SABE AQUELA... O REINO DE DUAS CARAS - O Fecamepa vai firme e forte, mesmo com a censura do Nassif & outra aqui e acolá, o reino do imbrochável Coisonário segue mitômano e peçonhento, a comandar a patetada ministerial desqualificada: uma Doidamares endemoninhada (gente, sei que ela é infeliz, mas alguém tem que dá uma picada aprumada para derreter o queijo dela; sei que quem for precisará estar munido de uma bravura indômita, vez que ela não é tão feia, mas é do mal, carece de antídoto e muita coragem, periga virar depois uma besta fera do estopô calango, destá); um MalthusGuedes que para se manter bailando desvairada para os ricos, precisa matar os pobres; o suspeitíssimo boiadeiro dendroclasta SavoRiconarola abrindo a porteira da destruição dos ecossistemas; e outros tantos desclassificados alienígenas que afundam a patriamada na desgraça cloroquínica & outros quetais inventados nos costados endoidecidos deles, enquanto chafurdam na punheta coletiva dos seus mandos, mudando a geografia e até o alinhamento dos planetas na sua sanha estupidológica, para fabricar a sua pseudologia absolutista. Sabia, a história se repete, já advertira Balzac que, como sempre, para cada caso: Há duas histórias: a história oficial mentirosa, que se ensina, a história ad usum Delphini; depois, a história secreta, onde estão as verdadeiras causas dos acontecimentos e que é uma história vergonhosa. No caso do aldrabão dos coisominions, como diria Macbeth de Shakespeare: uma história contada por um idiota, cheia de ruído e de furor e que nada significa. Agora, Brasil, durma com um barulho deste!!! Vambora, gente!

DUAS CRATERAS E NÃO É NA LUA - Aqui a coisa está empenada demais, verdadeira Cittabella: se a gente escapa da abissal pandemia, despenca no desgoverno. Não dá outra, ou lá ou loa e muitos. Revivemos aquela remota e ignota Cidade dos Buracos, antes tida como de localização desconhecida, agora comprovadamente aqui, tenho certeza e bato no peito: Brasilzilzilzilzil. A respeito alerta a escritora e tradutora italiana Lia Wainstein (1919-2001), no Viaggio in Drimonia (Milão, 1965), que precisamos, a exemplo dos habitantes de Cittabella, nos familiarizar com as diferentes espécies de buracos. Os mais comuns e menos preocupantes são do tamanho de uma caçarola. Os redondos, com bordas denteadas, resultado de um súbito colapso da camada superior – cor de berinjela – que repousa sobre uma camada mais mole, marro-terrosa. Observa ela que Quando chove, os buracos se transformam em pequenas poças lodosas, onde não é raro encontrar uma pobre borboleta com as asas presa na lama. Os habitantes de Cittabella caminham enfiando os pés nos buracos, de maneira desajeitada, ou dando passos largos e cuidadosos para não quebrar as bordas. Adverte, porem, que, por ordem de perigo, vêm certos buracos enormes e profundos que podem facilmente engolir duas casas. Ensina a escritora que O povo de Cittabella é conhecido por seu modo de andar peculiar: caminham sempre como se estivessem procurando alguma coisa. Fazem isto por vários motivos: porque estão num bairro cujos buracos não lhes são familiares; ou porque estão procurando (sobretudo para satisfazer suas famílias ansiosas) por algum primo do interior recém-chegado e que parece ter desaparecido; ou porque o cocheiro perdeu mais uma junta de cavalos. Neste último caso, é melhor desistir logo da busca, pois essa tarefa é raramente coroada de sucesso. Lições estas inestimáveis para quem vive driblando constrangedoras situações aversivas como estas que mergulhamos já faz uns cinco anos e, desde março, em dose dupla. Vamos nessa, ora se.

TRÊS PINOTES & UMA ATITUDE ESTOICA - Outrora quisera mais tempo para viver, hoje não mais, idade indefinível, dúvidas além da conta. Não tenho mais jeito, a experiência do silêncio me livra hoje de bons bocados e mais nada para fazer, nem um minuto a mais nem a menos. Recolho as raízes do meu chão, estão em mim no meio dos detritos que sobraram de espécies que se podiam chamar de humanas, ramagem por meus ossos, músculos e o que aperta e dói aqui, o que se ausenta e sinto falta. Este memento mori, não apenas jogos de palavras, coisas que nem se sabe e feitas assim do nada, e disso tento tirar todo proveito para redimir as omissões de antes, desavergonhado compasso escancarado às grandes ventanias do destino. Sigo pálpebras atentas para a descoberta no que encontro e no que perdi, ouvido no ar e nenhum comedimento. Sei que o que é primário não será nunca secundário, embora deixe tanto para depois, a posteriori, sensatez indefesa para judiciosa reflexão. Tenho o temperamento generoso em alta densidade geográfica, sempre procuro algum olhar perdido na minha notoriedade precária senão prejudicada, criada no dedo e sempre assim solícito, pudera, reputação carente na minha militância ginocrata, porque sei que ao encontrá-la ela bailará linda Frances Charlotte Greenwood nua e eclipsada no meu corpo para alcançar minha alma e me fazer recitar Lamas do saudoso Aldir Blanc: Ter coragem de olhar / pela última vez / e mentir calmamente: / quem sabe?... Talvez... / como se a última vez / ficasse pra outra vez... e me salvará como se não houvesse mais jeito de morrer, a saber que sou juiz que não me interrogo lá muito bem, apesar de rigoroso e um tanto polido, perdoará a rir comigo da minha própria careta. Até mais ver

COISAS DO RECIFE
[...] A cidade acordava com os pregões dos vendedores ambulantes, os chamados balaieiros, que ofereciam de tudo; frutas, verduras, peixes, guloseimas, quinquilharias e serviços, desde o conserto em panelas e bacias até amolação de facas e tesouras. Muito pregões eram familiares a vários bairros da cidade, alguns alegres e zombeteiros, outros pungentes e nostálgicos: “Eu tenho a lã de barriguda para travesseiro”, gritava com voz arrastada o mulato já avançado em anos. O outro, mais moço, anunciava em tom festivo para assanhar a meninada: “Chora menino pra chupar pitomba!” [...].
Vozes tipos da cidade: o ambulante do desaforo, extraído da obra Coisas do Recife (Bagaço, 2004), do jornalista Fernando Menezes, contando sobre as equinas, assombrações, escola de cinema, referência cultural, artes plásticas, usos e costumes, música, vozes e tipos, brinquedos populares e a cozinha pernambucana. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.