sexta-feira, março 13, 2020

MANUELA MARGARIDO, LOUISA MAY ALCOTT, AI YAZAWA & ÍNDIA MORENA


TODO DIA É DIA DA MULHER – UMA: O FASCÍNIO DA ARANHA - Estive sempre ao seu lado e quando me quisesse, assim. Fui testemunha do que lhe valeu viver e amar, assim éramos um ao outro, a mesma loucura e falsos temores, festas de risos e solidão. Em mim se fez sempre o autorretrato: as tranças das medusas e serpentes, a metáfora das árvores e das plantas comestíveis, a palidez das larvas gordas no fundo preto, a esperança de outra vida, as aranhas e as teias de significado alheio, o azul das espirais infinitas, o trauma do professor de inglês e a gripe espanhola, todos os símbolos abstratos de suas expressões por nunca haver perdido o seu próprio drama e a experiência de amar. Era a sua vida, o seu cotidiano exorcismo entre o pedido de socorro e o prazer, apascentando seus demônios sem ferir ninguém. Era em mim que se largava de si e se curava na arte, só porque eu era o seu segredo mais bem guardado. Quem? Louise Bourgeois: As metáforas na natureza são muito fortes… a natureza é um modo de comunicação. Arte não é sobre arte. É sobre a vida, e isso resume tudo. Para ser um artista, você precisa existir em um mundo de silêncio. DUAS: O AMOR APENAS EM TROCA DE AMOR - Quando a amei não era apenas uma, as tantas que ela era, a delícia de um enigma a se revelar a todo instante. Era Marie diligente aos seus escritos como aos beijos e seduções, ou era Cartherine que me assaltava noite adentro para que não tivesse mais nenhuma noção de viver. Quando não Sophie radiante divindade anulando meus sentidos pelas imensidões siderais de seus truques mais que enfeitiçáveis nas horas mais remotas. Às vezes Daniel, como podia, não sei, tantos nomes e nenhum, ela mais que inteira a me revelar as inúmeras faces de sua instigante emanação. Eu mal sabia acomodar os acordes às teclas diante das suas decepções amorosas de antes, eu não estava imune muito menos incólume enquanto ela escrevia vorazmente sua arte e correspondência, e eu o seu destinatário para a vida e tudo que nos cercava. Eu a amava sem que houvesse limites, recolhendo suas dores e quedas, seus queixumes e poemas. Quem? Marie Agoult: Para ser um grande homem é preciso ter feito grandes coisas, mas não chega ter feito grandes coisas para ser um grande homem. TRÊS: AS MÚLTIPLAS FACES DA SEDUÇÃO - Era o espetáculo fosse Heather ou Renée, atriz, deusa ou pin-up sedutora dos zis encantos a me enlouquecer com sua ebulição mais que formosa. Não havia como distinguir a artista burlesca dos meus desejos mais arraigados, daquela nua fetichista com todo luxo aos extremos, imantando minha alma para que se revelasse sua e ao seu querer. Não havia como não mergulhar de cabeça na abissal protagonista desamparada, a tomar banho com meu sêmen e a me levar ao olho do furacão de se doar como se jamais o amanhã ditasse o futuro, porque o presente era erupção do prazer interminável. Quem? Dita Von Teese: Gosto da ideia de ser quem eu quero ser. O elemento mais sexy que uma mulher pode ter é a autoconfiança. Quando uma mulher entra em um lugar e está confiante, se sente confortável consigo mesma, os olhares se voltam para a sua direção. Outro ponto importante é nunca se comparar com outras mulheres - saiba quais são as suas qualidades e aprenda a usá-las a seu favor. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Pouquíssimas cartas escritas naqueles tempos difíceis deixariam de comover, principalmente as que os pais enviavam para casa. Essa não comentava quase nada sobre as privações, os perigos ou as saudades de casa; era uma carta alegre, cheia de esperança, descrevendo vividamente a vida no acampamento, as marchas e as novidades militares, e só no final o coração do remetente transbordava de amor paterno e de saudades de suas meninas em casa. “Mande-lhes todo o meu amor e um beijo. Diga-lhes que penso nelas de dia, rezo por elas à noite e que meu maior consolo é sempre o afeto delas. Um ano parece tempo demais até poder revê-las, mas lembre-as que, enquanto esperamos, todos nós podemos trabalhar para não desperdiçar esses dias difíceis. Sei que elas vão se lembrar de tudo que eu lhes disse, serão filhas carinhosas com você, cumprirão fielmente suas obrigações, combaterão bravamente seus inimigos internos e vencerão com tanta galhardia que, quando eu voltar, poderei sentir mais carinho e mais orgulho do que nunca pelas minhas mulherzinhas”. Todas fungaram quando chegaram a esse trecho [...]. Trecho extraído da obra Mulherzinhas (Musa, 1995), da escritora estadunidense Louisa May Alcott (1832-1888), uma novela icônica destinada ao público feminino, tratando acerca da domesticidade, trabalho e amor verdadeiro, de forma interdependente para a necessária conquista da identidade individual de uma heroína, tornando-se um clássico atemporal, escrito para encantar gerações de mulheres aptas a lutarem contra todo tipo de restrição de gênero.

A POESIA DE MANUELA MARGARIDO
A noite sangra
no mato,
ferida por uma aguda lança
de cólera.
A madrugada sangra
de outro modo:
é o sino da alvorada
que desperta o terreiro.
E o feito que começa
a destinar as tarefas
para mais um dia de trabalho.
A manhã sangra ainda:
salsas a bananeira
com um machim de prata;
capinas o mato
com um machim de raiva;
abres o coco
com um machim de esperança;
cortas o cacho de andim
corn um machim de certeza.
E à tarde regressas
a senzala;
a noite esculpe
os seus lábios frios
na tua pele
E sonhas na distância
uma vida mais livre,
que o teu gesto
há-de realizar.
MANUELA MARGARIDO - Roça, da poeta são-tomense Manuela Margarido (1925-2005), extraído da antologia Poesia Africana de Língua Portuguesa (Lacerda, 2003), organizado por Maria Alexandre Dáskalos, Livia Apa e Arlindo Barbeitos. Ela combateu o autoritarismo e desumanidade imposto à África na década 1950, lutando pela independência do arquipélago. Corajosamente levantou a voz contra o massacre de Batepá, perpetrado pela repressão colonial portuguesa, denunciando com a sua poesia a repressão colonialista e a miséria em que viviam os trabalhadores do café e do cacau em São Tomé. Exilou-se na França, quando escreveu: Na beira do mar, nas águas,/estão acesas a esperança/o movimento/a revolta/do homem social, do homem integral. É autora de obras como Alto como o Silêncio (Lisboa, 1957), Vós que ocupais a nossa terra (1963), Os Poetas e Contistas Africanos (S. Paulo, 1963); Poetas de S. Tomé e Príncipe, (Lisboa, 1963); Nova Soma de poesia do mundo negro "Présence Africaine nº 57" (Paris, 1966), entre outros. Veja mais aqui.

A ARTE DE AI YAZAWA
Gosto de várias coisas, mas acho que as expressões e os comportamentos dos personagens são fundamentais. Ao variar a recitação de um personagem, todo o trabalho deve mudar de acordo. Deixe-me explicar: cada personagem do meu mangá é como um ator de teatro. Cada vez que um personagem muda seu comportamento ou muda sua atitude, todo o contexto em que está imerso também muda. Como uma mudança de palco do teatro.
AI YAZAWA – A arte da quadrinista e mangaká japonesa Ai Yazawa, voltados para o público feminino. É autora da série Nana e do mangá Paradise Kiss. Os mangás mais famosos dela são Nai de Tenshi Nanka Ja (Eu não sou um anjo), Gokinjo Monogatari (História da vizinhança), Paradise Kiss e Nana. Nana é um dos mangás de maior sucesso, com um total de 21 volumes publicados, tendo se tornado em uma série de anime e dois filmes live-action, com trilha sonora, um álbum de tributo e itens promocionais. Veja mais aqui.

TODO DIA É DIA DA MULHER PERNAMBUCANA
ÍNDIA MORENA
A arte de Índia Morena, a artista circense Margarida Pereira de Alcântara, que atuou como contorcionista, trapezista voadora, acrobata, cantora, ginasta e atriz circense. Na infância ela era catadora de crustáceos no mangue do Recife, ingressou num concurso de calouros promovido pelo Circo Democratas e venceu, em 1952. A partir de 1953 integrou a trupe do Circo Itaquatiara e atualmente integra o elenco do Gran Londres Circo. Ela fundou em 1993 a Associação dos Proprietários e Artistas Circenses do Estado de Pernambuco (APACEPE). Em 2006 ela recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. Fonte: Patrimônios vivos de Pernambuco (Fundarpe, 2014), de Maria Alice Amorim.
&
A poesia do escritor, jornalista e sociólogo Alberto da Cunha Melo (1942-2007) aqui.
A música do artista e músico Antonio Carlos Nóbrega aqui.
A literatura de Genésio Cavalcanti aqui, aqui & aqui.
A arte de Isac Vieira aqui.
A poesia do poeta popular José Maria Sales Pica-pau aqui e aqui.
Amaraji & o Cambão Torto aqui & aqui.
&
OFICINAS ABI
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