sexta-feira, abril 05, 2019

CARL SAGAN, ALLEN GINSBERG, DRIKA PRATES, LOURDES SARMENTO, JOSIAS MOREIRA DE ALCÂNTARA & CARTA DE CHEGADA!


CARTA DE CHEGADA - Pronto, cheguei. Pode não ser uma boa hora. A vida é o inesperado. Planejei e tudo foi por água abaixo, estou inteiro, pelo menos, algumas dores, nem tudo é como se deseja. O que subiu, desceu e vice-versa, e et cetera. Nunca se sabe o certo ou errado, fiz o que pude embolando o meio de campo e o que vi nem sempre era real, ilusões encobertas, ou pedras duras, irremovíveis. Tanto tempo mundo afora, é aqui que tenho Anteu que pagar meus pecados, como assim me dera a volta do filho pródigo. Paguei tudo, acho, resignado e às avessas. Se devo, cumpro a pena. Afinal, a culpa é toda minha, totalmente minha, de mais ninguém. Não há como ser poupado, nem quero levar por menos, a justa conta. De uma para outra, algo tira o sossego, qualquer coisa desagradável, é a vida. Haja situações aversivas. Eu sei, recorrentes. É a vida. Para quem singrou mares nunca dantes navegados, escapei. Maremotos, vendavais, mares revoltos, abertos ou fechados, glaciais incursões, atlânticas bordejadas, pacíficas desventuras, índicas velejadas por mediterrâneas ondas, marés e correntes, bacias e costas, navegar é preciso. Para quem revirou continentes dos montes Urais à Península Íberica, desertos, florestas, latitudes desconhecidas, longitudes remotas, do Canal de Suez pelo estreito de Gibraltar até o Cabo da Boa Esperança, do estreito de Bering pelo istmo de Tehuantepec até o cabo de Horns, do estreito de Drake à ilha de Baffim e às paisagens australasianas, chão que me acolheu, conquistas e desolações, aprendi, posso ter esquecido coisas importantes, lembro coisas e sonhos. Do que fui para o que sou, muitas noites e dias a céu aberto, terra nua, ares insalubres, águas envenenadas, tudo tão lindo e comovedor, paraísos fascinantes, infernos assustadores. Pés no chão para quem sonhava voar. Cenas muitas, fogaréus, relâmpagos, trovões, como aquela dos budistas, acho que do Apocalypse Now do Coppola: bombardeios no Vietnã, e no meio do maior fogo cruzado, eles, serelepes, atravessam destemidos, incólumes, nem aí pra tragédia. A vida imita a arte. E eu ainda aprendendo. Só sei que quem vai se sujeita a tudo e também cara à tapa, triunfos revelados. Se ficasse era pra ir, larguei receios para segurar o caos. E à deriva. Aqui estou, regressei. Mortovivo, aos pedaços e frangalhos. Refazer a vida e seguir em frente, sem saber se fica – para morrer, basta estar vivo -, ou se vai, errâncias e compensações. Passo, existo, um dia de cada vez. E a insistir, persistir, perseverar, cônscio. Vou e volto. Na verdade, só sei que vivo e, o que importa, é viver, nada mais. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] O ataque em massa ao meio ambiente global não é de responsabilidade apenas de industrialistas ávidos de lucros, nem de políticos sem visão e corruptos. Há muita culpa a partilhar. A tribo dos cientistas tem desempenhado um papel central. Muitos de nós nem sequer nos damos ao trabalho de pensar sobre as consequências a longo prazo de nossas invenções. Temos nos apressado a colocar poderes devastadores nas mãos de quem oferece mais dinheiro e nas mãos das autoridades da nação que por acaso habitemos. Em muitos casos, tem nos faltado uma bússola moral. [...].
Trechos extraídos da obra Bilhões e bilhões: reflexões sobre a vida e a morte na virada do milênio (Cia. das Letras, 1997), do astrônomo e biólogo estadunidense Carl Sagan (1934-1996), com a colaboração da escritora e produtora de projetos na popularização científica estadunidense Ann Druyan, tratando de temas como o poder e a beleza da quantificação, o tabuleiro de xadrez persa, psicologia, comportamento humano, caçadores-coletores, comportamento cientifico das ondas sonoras e luminosas, questões cósmicas, ciclo de vida, os conservadores, seres vivos e ecossistemas, aquecimento planetário, religiões e ciência, entre outros assuntos. Veja mais aqui, aqui e aqui.

A ARTE DE DRIKA PRATES
Inspirada no movimento fluido dos processos, do que passa pelo corpo e se torna a extensão-reflexo do pulsar orgânico. Do nó natural ao nó social.
A arte da artista visual Drika Prates. Veja mais aqui.

A POESIA DE LOURDES SARMENTO
DESEJOS: Onde meu desejo floresceu /  não me encontro / quanto mais olho  atrás de mim /  fico perdida no ciclo fechado do / tempo / os que me perturbaram /  não têm rostos / o deserto agonizante de mim / própria, secou a fonte das feras / então caminho / Onde meu desejo floresce / ordeno-te: / segue teu destino /  à procura de outras caças / estrangulo tua voz / serpente do mal / línguas e setas envenenadas / Não quero pensar no futuro / o futuro talvez seja o agora / o desejo floresce na minha pele / então caminho.
Poema extraído do livro Liberdade de pássaro (Bagaço, 2014), da premiada escritora Lourdes Sarmento, que é autora dos livros Poemas do despertar (1965), Explisão das Manhãs (1973), Tatuagens da solidão (1991), Vingt-Cinq poèmes de passion (Unesco, 1994), Guardiã das horas (Autor, 2003), 50 poemas escolhidos (Galo Branco, 2009), 7 cartas e uma confissão de amor (Comunigraf, 2004) e Metade do Caminho (Guararapes, 2015).
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A POESIA DE JOSIAS MOREIRA DE ALCANTARA
A MULHER DO SÉCULO VINTE E UM: No século vinte e um... mulher! / Avança em passo maior / E com salário menor... / Desvenda tudo o que quer! / Ganha espaço no trabalho / Não se faz de quebra galho, / É profissional completa! / Impressiona na eficiência / Que demonstra a competência / E independe da função! / Basta acompanhar na escola / Como a mulher sobressai / E do seu salto não cai... / Faz bem feito e nunca enrola! / O homem fica para traz / Vendo o que uma mulher faz / E até bate continência! / O mundo está bem mudado / Que o homem tome mais cuidado / Sem ousar na truculência! / Tudo é rápido e letal / E exige cuidados sérios / Á vencer muitos mistérios / Incluindo o digital! / Esse mundo anda depressa / E em todo o canto já acessa / Tudo em seu tempo real... / Quem não ficar bem atento / E perder-se de talento... / Esse sim vai passar mal!!!
Poema do poeta, trovador, professor e palestrante Josias Moreira de Alcântara é formado em Marketing e Didática do Ensino Superior, membro da União Brasileira de Trovadores (UBT), da Associação Paranaense de Autores Independentes (ACEPAI), da Academia Brasileira da Poesia Raul Leone de Niteroi (RJ) e autor de mais de dez livros, tendo lançado recentemente o livro Curitiba em versos (Protexto, 2019). Veja mais aqui.
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A OBRA DE ALLEN GINSBERG
Os corpos quentes brilham juntos na escuridão, a mão se move para o centro da carne, a pele treme na felicidade e a alma sobe feliz até o olho.
A obra do poeta estadunidense da geração beat Allen Ginsberg (1926-1997) aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.