terça-feira, outubro 02, 2018

VALÉRY, DOSTOIÉVSKI, BADEN POWELL, EFLAND, IRENE VÅTVIK & VERNAIDE WANDERLEY


ALMA DE CREDIÁRIO – Imagem: Blue Shadows (2016), art by Irene Våtvik - Por aí cantarolando Belchior entre aqueles que se dizem conhecer o seu próprio lugar e sem saber que sangram com as dúvidas e o que se pode fazer de tão comovido com o incerto agora, já que surrupiaram a razão de viver em encéfalos condicionados implantados subliminarmente e equipados com vistas hipnotizadas, paladares formatados, ouvidos equalizados e os corpos cheios de próteses gerais tunadas, porque pode ter uma cara nova, outra casa, quantas posses, que importa se outros não tenham, nem todos possuem privilégios, vez que uns são escolhidos e os demais são para servir coadjuvantes do sucesso de quem tem e não precisa de ética nem vergonha ou sentimentos, bastam comprar um coração na primeira promoção médica que aparecer, ou mesmo um cérebro livre aparentemente de todas as ideologias, ou outro corpo num negócio vantajoso com garantia de duzentos anos de exigência dando nó cego na humanidade, porque essa coisa de alma é papo furado, só morre mesmo quem não tem dinheiro para bancar tecnologia, só tem solidão quem não tem onde cair morto, e ser feliz por estar por cima da carniça, isso sim, é bom e nenhum direito e nada a reclamar porque tudo foi de mão beijada pelos anjos da guarda de Boal que cantam o desenvolvimento no progresso do mercado, tudo para todo mundo, lugar na mesa do bolo repartido, desde que se tenha dinheiro no bolso, o mundo todo e o universo ao dispor, sem precisar mendigar praqueles que todos pagam e não fazem nada nem nunca estão quando se mais precisa deles, ou se aparecem e impõem seus implacáveis caprichos, não se precisa mais deles, basta ter grana e serão sempre servis pra lamber os pés do primeiro que trouxer um molho de cédulas, tudo vendávcl e comprável só bastando querer e ter, pouco importa ninguém sabe o que se passa pelas cabeças, só que se quer amar e ter o amor dos sonhos, carro zero, muita gaita verdinha no pé do cipa pra estibado, posses, aplausos, sucesso e felicidade passeando pelas vitrines, a comprar o que faz feliz por ser assim que se chama a atenção de todos e se habilita ao clube no qual se brinca com a vida alheia do humano ultrapassado, o desumanizado que vive – coração mole e caridade só botam pra trás! – e a fazer a sua parte puxando a língua estirada de quem mingua para tirar-lhe a cueca pela cabeça e a reinar na ordem dos outros superiores, tratá-los aos pontapés porque jamais souberam o que é carinho, só entendem os bofetões e por isso mesmo é preciso chupar o sangue de quem estiver abaixo até exaurí-lo arrebentado de fadiga, e dormir sem culpa confortavelmente porque sabe que o seu anjo da guarda existe em conluio com os demais e os protegem da violência que só acontece com os outros, e os fazem dotados de uma vida boa que jamais será atrapalhada por quem quer que seja com o paroxismo da fúria do destino com malsinados e imprevisíveis acidentes, porque a vida é uma festa, muitos morrem e outros tantos vivem, tão normal quanto falir de uma hora pra outra e um dia após dia o amanhã distante será sempre agora para quem incólume se ache para nada fazer fora dos procedimentos legais, bem comportado nas ruas e salas, a vida eterna, o céu é perto, a morte ausente e tudo certo agora e sempre. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do saudoso violonista brasileiro Baden Powell de Aquino (1937-2000): Poema em Guitar, Afrosambajazz, Live at Rio Jazz Club & Trio Au Petit Journal & muito mais nos mais de 2 milhões & 600 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

DITOS & DESDITOS – [...] Nós, civilizações, sabemos que somos mortais. Vemos agora que o abismo da história é suficientemente grande para todo mundo. Sentimos que uma civilização tem a mesma fragilidade de uma vida [...]. Extraído da obra Variedades (Iluminuras, 1999), do filósofo e poeta do Simbolismo francês, Paul Valéry (1871-1945). Veja mais aquiaqui.

ARTE-EDUCAÇÃO - [...] Uma arte-educação pós-moderna enfatiza a habilidade de interpretar obras de arte sob o aspecto do seu contexto social e cultural como principal resultado da instrução. Isso é válido não apenas para a supostamente séria, a arte erudita, mas também para as tendências e impactos da cultura popular e cotidiana. [...] Ela pode enfatizar o fato de o passado tornar-se referência numa obra contemporânea, haja vista as maneiras pelas quais os artistas pós-modernos reciclam imagens e citações de obras de arte e estilos anteriores. O pós-modernista enfatiza a continuidade com relação aos estilos artísticos do passado. Porém, as tradições do passado não são necessariamente reverenciadas como tradições sagradas, mas podem ser exploradas por meio da sátira e da paródia. [...]. Trechos de Cultura, sociedade, arte e educação num mundo pós-moderno, do professor estadunidense Arthur Efland (1942-2009), extraído da obra O pós-modernismo (Perspectiva, 2005), de J. Guinsburg e Ana Mae Barbosa. Veja mais aqui e aqui.

O AMOR ENTRE TODOS - [...] ele declarou em tom solene que em toda a face da terra não existe absolutamente nada que obrigue os homens a amarem seus semelhantes, que essa lei da natureza, que reza que o homem ame a humanidade, não existe em absoluto e que, se até hoje existiu o amor na Terra, este não se deveu à lei natural mas tão-só ao fato de que os homens acreditavam na própria imortalidade. Ivan Fiodorovitch acrescentou, entre parênteses, que é nisso que consiste toda a lei natural, de sorte que, destruindo-se nos homens a fé em sua imortalidade, neles se exaure de imediato não só o amor como também toda e qualquer força para que continue a vida no mundo. E mais: então não haverá mais nada amoral, tudo será permitido, até a antropofagia. Mas isso ainda é pouco, ele concluiu afirmando que, para cada indivíduo particular, por exemplo, como nós aqui, que não acredita em Deus nem na própria imortalidade, a lei moral da natureza deve ser imediatamente convertida no oposto total da lei religiosa anterior, e que o egoísmo, chegando até ao crime, não só deve ser permitido ao homem mas até mesmo reconhecido como a saída indispensável, a mais racional e quase a mais nobre para a situação [...]. Trecho extraído da obra Os Irmãos Karamazov (34, 2008), do escritor russo Fiódor Mikhailovich Dostoiévski (1821 - 1881). Veja mais aqui, aqui e aqui.

SEXTILHAS PARA AS MENINAS DE RUA - De vocês, / roubei um dia os pés em trapos, / não porque Papai Noel / esquecesse meus sapatos, / mas pela vontade antecipada / de pisar seixos de meus rios. / De vocês, / roubei o esgarçado das vestes, / não porque máquinas de costura / ignorassem o vigor de linhos, / mas pelo destino de espionar espinhos / sob a fúria dos verões. / De vocês, / roubei a alma exposta às chuvas, / não porque o granizo / perfurasse minha casa e telhados, / mas por imitar espantalhos, / afugentando canários nas sobremanhãs. / Tudo isso foi pouco / para enrijecer minha face de palácio, / assim lhes trago nesses versos, / o azul de meu vestido de fustão, / pasteis de todos os Natais, / os carrosséis e seus cavalos brancos. / Tudo isso foi pouco / para enrijecer minha face de palácio, / assim lhes trago o filho que perdi / e os braços para niná-lo, / o hímen adolescente / e a verdade aprendida com as fadas. Poema da escritora Vernaide Wanderley.

A ARTE DE IRENE VÅTVIK
A arte da artista visual norueguesa Irene Våtvik.

AGENDA
Primavera das Mulheres - 03/10, 15hs, Parque 13 de Maio – Recife – PE & muito mais na Agenda aqui.
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Prazer de viver, nada mais, Jorge de Lima, André Breton, Immanuel Kant, Cintia Moscovich, Thomas Ruff, Sexualidade & Silvana Mara de Morais dos Santos, Adriana Calcanhoto, Steve Howe, Jukka-Pekka Saraste & Rosana Sabença aqui.