MARCIA LAILIN – Entre
os poemas da escritora,
jornalista e blogueira Marcia Lailin, destaco a sua belíssima poesia Eu:
Deixei-a absolutamente só / E ela passava o dia todo rodeada de livros / Quando não / passava diante do espelho / junto do armário
do banheiro / que eu fizera vir de Monte Verde / Admirava-se compenetrada,
deitada / diante da porta entreaberta / por onde eu seguia seus movimentos / com
uma atenção profunda e séria / Caminhava com a cabeça um pouco inclinada para /
trás, / para observar suas ancas e cintura / afastava-se e aproximava-se / e
depois cansada de se mover / voltava a sentar e ficava diante de si mesma, / olhos
nos olhos / expressão distante / e alma mergulhada nessa contemplação / Logo
descobri que ela saia todas as manhãs / e desaparecia completamente até a noite.
Veja mais da autora aqui
O RATO
Medrosa, a jovem Lisa
Teme qualquer ratinho
E berra de ojeriza
Se um lhe cruza o caminho.
Fazer tanta zoada
Por um bicho tão fraco!
Fica, Lisa, calada:
Deixa que ache o buraco.
Gritando, Lisa tenta
Fugir-lhe, mas em vão:
O rato que a atormenta
Lhe salta para a mão.
Ela aperta, assustada,
O tal bicho velhaco.
Fica, Lisa, calada:
Deixa que ache o buraco.
É tão grande o pavor
De Lisa, que desmaia.
Se mete o roedor
Por sob a saia.
Sem medo de mais nada,
Põe-se a comer seu naco.
Fica, Lisa, calada.
Ele achou o seu buraco.
(Tradução de José Paulo Paes)
O RATO DAS CANÇÕES DE PIERRE-JEAN DE BÉRANGER (1780-1857)
O RATO
Medrosa, a jovem Lisa
Teme qualquer ratinho
E berra de ojeriza
Se um lhe cruza o caminho.
Fazer tanta zoada
Por um bicho tão fraco!
Fica, Lisa, calada:
Deixa que ache o buraco.
Gritando, Lisa tenta
Fugir-lhe, mas em vão:
O rato que a atormenta
Lhe salta para a mão.
Ela aperta, assustada,
O tal bicho velhaco.
Fica, Lisa, calada:
Deixa que ache o buraco.
É tão grande o pavor
De Lisa, que desmaia.
Se mete o roedor
Por sob a saia.
Sem medo de mais nada,
Põe-se a comer seu naco.
Fica, Lisa, calada.
Ele achou o seu buraco.
(Tradução de José Paulo Paes)
PIERRE-JEAN DE BÉRANGER
(1780-1857) – O poeta, libretista, cançonista e letrista musical francês,
Pierre Jean de Béranger, foi participante ativo do movimento da convulsão
social que se seguiu à Revolução Francesa, obtendo popularidade como Victor
Hugo e Alphonse de Lamartine. Deixsou uma obra lírica vibrante que ainda hoje
desperta o interesse do público erudito. Sua primeira coletanea tem o título
malicioso de Chansons morales et autres (Canções morais ... e outras),
publicada em 1815. Segue-se outras coletâneas posteriores até Chansons
nouvelles et dernières (Canções novas e últimas). É autor de mais de uma
centena de canções inéditas e romanceiros. Suas canções foram reunidas em
vários volumes celebrando o amor e a juventude em diapasão báquico, atacando
revolucionariamente os padres e os novos pobres, tornando-se, por isso, grande
poeta popular da Fraçam do séc. XIX.
O ERRO DE
DESCARTES DE ANTONIO DAMASIO - [...] A
preocupação é dirigida tanto à noção dualista com a qual Descartes separa a
mente do cérebro e do corpo como às variantes modernas dessa noção: por
exemplo, a ideia de que mente e cérebro estão relacionados mas apenas no
sentido de a mente ser o programa de software
que corre numa parte do hardware
chamado cérebro; ou que cérebro e corpo estão relacionados, mas apenas
no sentido de o primeiro não conseguir sobreviver sem a manutenção que o
segundo lhe oferece. Qual foi, então, o erro de Descartes? Ou, melhor ainda, a que erro de Descartes me refiro com
ingratidão? Poderíamos começar com um protesto e censurá-lo por ter convencido os biólogos a adotarem,
até hoje, uma mecânica
de relojoeiro como modelo
dos processos vitais. Mas talvez isso não fosse muito
justo, e comecemos, então, pelo
”penso, logo existo”. Essa
afirmação, talvez a mais
famosa da história da filosofia, surge
pela primeira vez na quarta seção de O discurso do método (1637), em francês (”Je
pense, doncje suis”); e depois na primeira parte de Princípios da filosofia (1644), em
latim (”Cogito ergo sum”).3 Considerada
literalmente, a afirmação ilustra exatamente o oposto daquilo que creio ser
verdade acerca das origens da mente e da relação entre a mente e o corpo. A afirmação sugere que
pensar e ter
consciência de pensar
são os verdadeiros substratos de
existir. E, como sabemos que Descartes via o ato de
pensar como uma atividade separada do corpo, essa afirmação celebra a separação
da mente, a ”coisa pensante” (rés cogitans), do corpo não pensante, o qual tem
extensão e partes mecânicas (rés
extensa). No entanto, antes do aparecimento da humanidade, os seres já
eram seres. Num dado ponto da evolução, surgiu uma consciência elementar. com
essa consciência elementar apareceu uma mente simples; com uma maior
complexidade da mente veio a possibilidade
de pensar e,
mais tarde ainda,
de usar linguagens
para comunicar e melhor organizar os pensamentos. Para nós, portanto, no
princípio foi a existência e só mais tarde chegou o pensamento. E para nós, no
presente, quando vimos ao mundo e nos desenvolvemos, começamos ainda por
existir e só mais tarde pensamos. Existimos e depois pensamos e só pensamos na
medida em que existimos, visto o pensamento
ser, na verdade,
causado por estruturas
e operações do ser. Quando colocamos
a afirmação de
Descartes no devido
com contexto, podemos
perguntar-nos por um instante se poderá ter significado diferente daquele que
lhe estamos atribuindo. Poderia ser vista como o reconhecimento da
superioridade da razão e do
sentimento consciente, sem nenhum compromisso firme no
que respeita à sua
origem, substância ou permanência? É possível.
Não poderia a afirmação ter
servido também o hábil propósito de aliviar as pressões religiosas que
Descartes podia sofrer? É possível,
mas não podemos saber ao certo.
(A inscrição que Descartes escolheu para sua lápide foi uma citação a
que recorria com frequência: ”Bene qui latuit, bene vixit”,* de Tristia, 3.4.25, de Ovídio. Uma renúncia
discreta ao dualismo?) Quanto à primeira possibilidade de interpretação, e
fazendo o balanço final, suspeito que
Descartes também queria dizer
precisamente aquilo que escreveu. Quando as famosas palavras
surgem pela primeira vez, Descartes está feliz
com a descoberta de
uma proposição tão
verdadeira que não
podia ser negada ou abalada por
nenhuma dose de ceticismo. [...] É
esse o erro de Descartes: a separação abissal entre o corpo e a mente, entre a
substância corporal, infinitamente divisível, com volume, com dimensões e com
um funcionamento mecânico, de um lado, e a substância mental, indivisível, sem
volume, sem dimensões e intangível, de outro; a sugestão de que o raciocínio, o
juízo moral e
o sofrimento adveniente
da dor física
ou agitação emocional poderiam existir independentemente
do corpo. Especificamente: a separação das operações mais refinadas da mente,
para um lado, e da estrutura e funcionamento do organismo biológico, para o
outro. [...] A separação cartesiana
pode estar também subjacente ao
modo de pensar de neurocientistas que insistem em que a
mente pode ser perfeitamente explicada em termos de fenômenos cerebrais,
deixando de lado o resto do organismo e o meio ambiente físico e
social — e, por
conseguinte, excluindo o fato
de parte do próprio
meio ambiente ser
também um produto
das ações anteriores
do organismo. Protesto contra
essa restrição, não
porque a mente
não esteja diretamente relacionada
com a atividade cerebral,
pois obviamente está,
mas porque essa formulação restritiva é forçosamente incompleta e
insatisfatória em termos humanos. É um fato incontestável que o pensamento
provém do cérebro, mas prefiro qualificar essa afirmação e considerar as razões
por que os neurônios conseguem pensar tão bem. Essa é, de fato, a questão
principal. [...] Versões do erro de
Descartes obscurecem as raízes
da mente humana em um organismo
biologicamente complexo, mas
frágil, finito e único;
obscurecem a tragédia implícita no conhecimento dessa fragilidade,
finitude e singularidade. E, quando os seres
humanos não conseguem ver a tragédia
inerente à existência consciente, sentem-se menos impelidos a fazer algo para
minimizá-la e podem mostrar menos respeito pelo valor da vida. [...] Há algo de paradoxal na nossa cultura em
relação à conceitualização da medicina e seus profissionais. Muitos médicos
interessam-se pelas humanidades, das artes à literatura e à filosofia. Há um
número surpreendentemente grande de médicos que se tornaram poetas, romancistas e dramaturgos de destaque, e houve vários que refletiram com
profundidade sobre a condição humana e abordaram sabiamente suas dimensões
fisiológica, social e política. E, no entanto, as escolas de medicina de onde
eles provêm ignoram, na sua maior parte,
essas dimensões humanas,
concentrando-se na fisiologia
e na patologia
do corpo propriamente
dito. A medicina ocidental, e em particular a medicina dos Estados
Unidos, alcançou a glória por
meio da expansão
da medicina interna
e das subespecialidades cirúrgicas, sendo objetivo de ambas o diagnóstico e o tratamento de órgãos e sistemas doentes em todo o corpo. O cérebro
(mais concretamente, os sistemas nervosos central e periférico) foi
incluído nesse empreendimento, uma vez
que era um desses ”órgãos”. Mas
seu produto mais
precioso, a mente,
não foi alvo
de grande preocupação por parte da corrente central da medicina e, na verdade, não tem constituído o tópico
principal da especialidade associada ao estudo das doenças do cérebro,
a neurologia. Talvez
não tenha sido
por acaso que
a neurologia americana começou
como subespecialidade da medicina
interna e apenas
se tornou autônoma no século XX. O resultado dessa
tradição tem sido uma considerável negligência
da mente enquanto função do
organismo. Poucas escolas de medicina oferecem atualmente aos seus estudantes
alguma formação acerca da mente normal, a qual só pode ser fornecida num
currículo forte em psicologia geral, neurofisiologia e neurociência. As escolas
de medicina proporcionam estudos da mente doente que se encontra nas doenças
mentais, mas é espantoso ver que, por vezes, os estudantes começam a aprender
psicopatologia sem nunca terem aprendido psicologia normal. Há diversas razões
subjacentes a essa situação, e suponho
que a maior parte delas provém de uma visão cartesiana da condição humana. Ao
longo dos três últimos séculos, o objetivo
da biologia e
da medicina tem sido
a compreensão da fisiologia e da patologia do corpo. A
mente foi excluída, sendo em grande parte relegada para o campo da religião e
da filosofia, e, mesmo depois de se tornar o tema de uma disciplina específica,
a psicologia, só recentemente lhe foi permitida a entrada
na biologia e
na medicina. Sei
que há louváveis
exceções a esse panorama, mas elas vêm apenas reforçar
essa idéia sobre a situação geral. O resultado
de tudo isso
tem sido uma amputação
do conceito de
natureza humana com o qual a medicina trabalha. Não surpreende que, de
um modo geral, as consequências do corpo sobre a mente mereçam uma atenção
secundária, ou não mereçam mesmo nenhuma
atenção. A medicina tem demorado a perceber que aquilo que as pessoas sentem em
relação ao seu estado físico é um fator principal no resultado do tratamento.
Ainda sabemos muito pouco acerca do efeito placebo, através do qual os doentes
apresentam uma reação melhor que aquela que uma determinada intervenção médica
levaria a esperar. (O efeito
placebo pode ser avaliado por meio do efeito de comprimidos ou injeções
que, sem o doente saber, não contêm nenhum ingrediente farmacológico e
se presume desse modo não terem influência alguma, positiva ou negativa.)
Por exemplo, não sabemos se alguém é mais suscetível a reagir com efeito
placebo ou se somos todos suscetíveis a
ele. Desconhecemos também até
onde pode ir o efeito placebo
e até que
ponto pode se
aproximar do resultado
de um medicamento ativo. Sabemos muito
pouco sobre a maneira de induzir
o efeito placebo e não temos a menor ideia do grau de erro criado por
ele nos chamados estudos double-blind.
Começa finalmente a ser aceito o fato de as perturbações psicológicas
poderem provocar doenças no corpo, mas continuam por ser estudadas circunstâncias
em que isso se verifica e o grau que atinge. É claro que nossas avós conheciam
bem o assunto: diziam-nos que o sofrimento, a preocupação obsessiva, o mau
humor, e assim por diante, podiam
estragar a pele e tornar-nos mais sujeitos a infecções, mas tudo isso tinha um
ar ”folclórico” e não era nada convincente em termos científicos. A medicina
demorou muito tempo a descobrir que valia a pena tomar em consideração o que
estava por detrás de tanta sabedoria humana. A negligência cartesiana da mente,
por parte da biologia e da medicina ocidentais, tem tido duas consequências
negativas principais. A primeira situa-se no campo da ciência. O esforço para
compreender a mente em termos biológicos em geral atrasou-se várias décadas e
pode dizer-se que só agora começa. Antes tarde do que nunca, sem dúvida alguma,
mas o atraso significa também que se tem perdido o impacto potencial que um
conhecimento profundo da biologia da mente poderia ter causado nos problemas
das sociedades humanas. A segunda consequência negativa relaciona-se
com o diagnóstico e com
o tratamento eficaz das doenças. É bem verdade que todos os grandes médicos têm
sido homens e mulheres não apenas bem versados no essencial da fisiopatologia
da sua época, mas também pessoas que
estão à vontade, dado o bom senso e a sabedoria que acumularam, no que toca aos conflitos do coração humano.
Têm sido peritos exímios no diagnóstico e no tratamento graças a uma combinação de conhecimentos e
talento. No entanto, estaríamos iludindo-nos se pensássemos que o padrão da
prática da medicina no mundo ocidental é o desses médicos famosos que todos
conhecemos. Uma imagem distorcida do organismo humano, juntamente
com o crescimento
assoberbador do conhecimento e
com a necessidade de subespecialização, torna a medicina cada vez mais
inadequada. A medicina bem
poderia dispensar o
acréscimo de problemas que sua dimensão industrial agora
lhe traz, mas também esses não param de se avolumar e
agravam, por certo, o seu desempenho. O problema do abismo que separa o corpo da mente na medicina
ocidental ainda não é matéria de
debate para o público
em geral, embora pareça
já ter sido detectado. Suspeito que o
êxito de algumas
formas da chamada
medicina ”alternativa”, em
especial aquelas que estão
ligadas à tradição
não ocidental, constitui uma
reação compensatória a
esse problema. Há
algo a admirar
e aprender com essas
formas de medicina
alternativa, mas, infelizmente,
e independente de sua adequação em termos humanos, o que oferecem não
chega para tratar eficazmente as doenças. com toda a justiça, devemos admitir
que até mesmo a medíocre medicina
ocidental resolve um número
extraordinário de problemas. No
entanto, as formas
de medicina alternativa
vêm colocar em destaque o ponto
fraco da tradição
ocidental, que deveria
ser cientificamente
corrigido dentro da
própria medicina. Se,
como julgo, o
êxito atual dos tratamentos alternativos
é um indício da insatisfação do
público em relação à incapacidade da
medicina tradicional de considerar o ser humano como um todo, é de prever que
essa insatisfação irá aumentar nos próximos anos, à medida que se aprofundar a
crise espiritual da sociedade ocidental. Não
parece provável que
venham a diminuir em breve
a proclamação de sentimentos feridos, a procura desesperada
da diminuição da dor e do sofrimento individuais ou
o chorar inarticulado
pela perda do
equilíbrio e felicidade interiores, nunca alcançados, a que
a maioria dos seres humanos aspira. Seria absurdo pretender que a medicina curasse sozinha uma
cultura doente, mas é
igualmente absurdo ignorar esse aspecto da doença humana. O ERRO DE DESCARTES – O livro O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro
humano, do médico neurologista e neurocientista português Antonio Rosa
Damásio, aborda o caso de Phineas P. Gage, a conduta social desviante e lesão
do lobo frontal, a frenologia, os sistemas formas por várias unidades cerebrais
interligadas, anatomia do sistema nervoso, o mapa de Brodmann, o cérebro como
supersistema de sistemas, o caso Elliot, a meningioma, a sedução das emoções
podendo constituir uma fonte igualmente importante de comportamento irracional,
casos de lesões pré-frontais. Lesões em regiões não frontais, anosognosia,
anatomia e função, estudos em animais, explicações neuroquímicas, neurobiologia
da racionalidade, a regulação biológica e sua expressão nas emoções e nos
sentimentos e dos mecanismos para tais na tomada de decisão, corpos e cérebros,
estados de organismos, a interação entre o corpo e o cérebro, o organismo
interior somatossensorial, sistema nervoso autônomo, sistema nervoso
músculo-esquelético, o comportamento e a mente, a interação entre o organismos
e o ambiente, os principais setores sensoriais, a mente integrada numa
atividade fragmentada, imagens do agora e do passado e futuro, imagens
perceptuais e evocadas, formação de imagens perceptivas, representações
dispositivas visuais, o conhecimento incorporado em representações
dispositivas, o pensamento como efeito de imagens, aspriming e priming,
geometria fractal, desenvolvimento neural, sistemas e circuitos, regulação
biológica, representações neurais, impulsos e instintos, regulação básica, o
amor e os primórdios da neurobiologia do afeto, emoções e sentimentos, emoções
primárias e secundárias, variedades de sentimentos, variedade de sensações e
sentimentos de fundo, cuidar do corpo, o processo do sentir, a hipótese do
marcador-somático, raciocínio, racionalização em ação, altruísmo, noção de
contingência, intuição, experiências do jogo, controles normais e doentes
frontais, prever o futuro, o eu neural, uma paixão pela razão, mecânica do
relojoeiro, a visão cartesiana e a medicina, alavancagem para a sobrevivência,
entre outros importantes assuntos. Veja mais aqui e aqui.
REFERÊNCIA
DAMÁSIO, Antonio. O erro de
Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. São Paulo: Schwarcz, 1998.
Veja mais sobre:
O viúvo do padre aqui.
E mais:
Wystan Hugh
Auden, Stanislaw Ponte Preta, Anaïs Nin, Maria
de Medeiros, Alberti Leon Battista, Francisco Manuel da Silva, Luli Coutinho &
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Souto Neto, Carlito Lima, Mike Leight & Vera Drake, Suzan Kaminga &
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Musical Tataritaritatá - Fanpage.
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MULHER
Imagem: arte de Luciah Lopez