terça-feira, abril 14, 2015

GINZBURG, ARRIGO, ÍTALA NANDI, ALUÍSIO DE AZEVEDO, MANO MELO, LINGNER, CLÁUDIA COZZELLA & MUITO MAIS NO PROGRAMA TATARITARITATÁ.


O QUEIJO E OS VERMES – O livro O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela inquisição (Companhia das Letras, 2006), do historiador italiano Carlo Ginzburg, conta a história de um obscuro herege esquecido no século XVI e da sua espantosa cosmogonia, o moleiro Menocchio, por meio dia uma dissertação acadêmica que envolve uma das mais apaixonantes histórias da Inquisição, sobre a cultura popular e erudita da época. Da obra destaco o trecho: [...] o chefe supremo dos católicos, o papa em pessoa, Clemente VIII, se inclinava para Menocchio, que se tornara um membro infectado do corpo de Cristo, exigindo sua morte. Naqueles mesmos meses, em Roma estava se concluindo 0 processo contra 0 ex-frade Giordano Bruno. E uma coincidência que poderia simbolizar a dupla batalha, para cima e para baixo, conduzida pela hierarquia cató1ica naqueles anos, para impor as doutrinas aprovadas pelo concilio de Trento. Pode partir daqui a fúria, de outra maneira incompreensível, contra o velho moleiro. Pouco tempo depois (13 de novembro), 0 cardeal de Santa Severina voltou a atacar: "Que Vossa Reverendíssima não falte aos procedimentos no caso daquele camponês da diocese de Concórdia, indiciado por ter negado a virgindade da beatíssima Virgem Maria, a divindade de Cristo, Nossa Senhor, e a providencia de Deus, como já lhe escrevi por ordem expressa de Sua Santidade. A jurisdição do Santo Oficio em casos de tamanha importância não pode de modo algum ser posta em dúvida. Assim, execute implacavelmente tudo 0 que for necessária de acordo com os temas da lei". Resistir a pressões tão fortes era impossível e depois de pouco tempo Menocchio foi executado. Temos certeza disso pelo depoimento de um tal Donato Serotino, que em 16 de julho de 1601 disse ao comissário do inquisidor do Friuli ter estado em Pordenone pouco depois de haver "sido justiçado pelo Santo Oficio (...) 0 Scandella", e ter-se encontrado com uma taverneira que Ihe cantara que "numa certa vila (...) um certo homem chamado Marcato, ou Marco, dizia que, morto 0 corpo, a alma também morria". Sabemos muita coisa sobre Menocchio. De Marcato ou Marco - e de tantos outros como ele, que viveram e morreram sem deixar rastros - nada sabemos. Veja mais aqui.

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aqui Na programação: Chico Buarque, Lenine, Maria Rita, Gal Costa, Milton Nascimento, O Rappa, Cazuza, Taiguara, Sonia Mello, Mano Melo, Ricardo Machado, José Inácio Vieira de Melo, Frederico Amitrano, Bony, Genésio Cavalcante & ZeLinaldo, Umbonde Banda, Rosana Simpson, Julia Crystal & Monica Brandão, Gene Ammons, Mazinho, Auber Fioravante Júnior & Meimei Corrêa, Dennis Leo, Moína Lima, Wilson Monteiro, Tatiana Cobbett, Elisete Retter, Luis Vagner Lopes, Cikó Macedo,  Paulynho Duarte & muito mais. Veja mais aqui.

SERVIÇO
O que: Programa Tataritaritatá!
Quando:, toda terça, a partir das 21 horas.
Onde: no blog do Projeto MCLAM.
Apresentação: Meimei Corrêa.
Imagem: Liegender Frauenakt - óleo sobre tela, do pintor alemão Otto Lingner (1856-1917)

Ouvindo o álbum Clara Crocodilo (Nosso Estúdio, 1980), do compositor brasileiro Arrigo Barnabé & banda Sabor de Veneno.

O CORTIÇO – O romance naturalista O cortiço (1890), do escritor e jornalista brasileiro Aluísio de Azevedo (1857-1913), faz uma denúncia acerca da baixa renda e a dura sobrevivência dos cortiços cariocas do final do século XIX, descrevendo a ascensão social do comerciante português João Romão, proprietário de uma venda, uma pedreira e um cortiço, rivalizando com o patrício e comendador endinheirado Miranda. A avareza de João Romão alimentada pelo seu desejo desenfreado de tornar-se rico, o faz um explorador da escrava fugida Bertoleza e de quem surgisse na sua oportunidade de adquirir prestígio social. Da obra destaco o trecho inicial: João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro do Botafogo; e tanto economizou do pouco que ganhara nessa dúzia de anos, que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em pagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como ainda um conto e quinhentos em dinheiro. Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labutação ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa cheio de palha. A comida arranjava-lha, mediante quatrocentos réis por dia, uma quitandeira sua vizinha, a Bertoleza, crioula trintona, escrava de um velho cego residente em Juiz de Fora e amigada com um português que tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade. Bertoleza também trabalhava forte; a sua quitanda era a mais bem afreguesada do bairro. De manhã vendia angu, e à noite peixe frito e iscas de fígado; pagava de jornal a seu dono vinte mil-réis por mês, e, apesar disso, tinha de parte quase que o necessário para a alforria. Um dia, porém, o seu homem, depois de correr meia légua, puxando uma carga superior às suas forças, caiu morto na rua, ao lado da carroça, estrompado como uma besta. João Romão mostrou grande interesse por esta desgraça, fez-se até participante direto dos sofrimentos da vizinha, e com tamanho empenho a lamentou, que a boa mulher o escolheu para confidente das suas desventuras. Abriu-se com ele, contou-lhe a sua vida de amofinações e dificuldades. “Seu senhor comia-lhe a pele do corpo! Não era brinquedo para uma pobre mulher ter de escarrar pr’ali, todos os meses, vinte mil-réis em dinheiro!” E segredou-lhe então o que tinha juntado para a sua liberdade e acabou pedindo ao vendeiro que lhe guardasse as economias, porque já de certa vez fora roubada por gatunos que lhe entraram na quitanda pelos fundos. Daí em diante, João Romão tornou-se o caixa, o procurador e o conselheiro da crioula. No fim de pouco tempo era ele quem tomava conta de tudo que ela produzia e era também quem punha e dispunha dos seus pecúlios, e quem se encarregava de remeter ao senhor os vinte mil-réis mensais. Abriu-lhe logo uma conta corrente, e a quitandeira, quando precisava de dinheiro para qualquer coisa, dava um pulo até à venda e recebia-o das mãos do vendeiro, de “Seu João”, como ela dizia. Seu João debitava metodicamente essas pequenas quantias num caderninho, em cuja capa de papel pardo lia-se, mal escrito e em letras cortadas de jornal: “Ativo e passivo de Bertoleza”. Veja mais aqui e aqui.

POESIA, TEATRO & CINEMA– O poeta, ator e roteirista Mano Melo é um dos artistas que mais tem merecido aplausos nos mais diversos palcos em que se apresenta. Transitando pela poesia, teatro e cinema, ele tem deixado sua marca e se firmado como um grande artista que é. Ele já foi Poeta do Mês no Guia de Poesia do Projeto SobreSites (RJ) e, posteriormente, me concedeu uma entrevista que aproveitei e reuni alguns dos seus trabalhos poéticos. Veja detalhes aqui e aqui.

ACONTECE CURITIBAAconteceCuritiba é o nome do programa e portal independente comandado pela apresentadora Claudia Cozzella desde 2008, cujo foco de trabalho é levar a cultura, entrevistas com artistas nacionais e internacionais, dicas, promoções e muita informação. O programa acontece na TV Transamérica. Ela já foi musa Tataritaritatá. Confira aqui.





AMOR E TRAIÇÃO – O filme Amor e traição (A pele do bicho, 1974), com direção de Pedro Camargo, é uma adaptação da peça teatral Chapéu de sebo, do dramaturgo, escritor e critico teatral Francisco Pereira da Silva, conta a história do assédio de um fazendeiro e seu filho com a esposa de um peão da fazenda que foi convocado por eles para caçar gado desaparecido. É quando diante da comprovada traição, o peão assassina a esposa, é preso e se mata na prisão. Do seu enterro surge um santo milagreiro que cura caravanas de crentes. Destaque para o talento da atriz Ítala Nandi, ao lado de Claudia Ohana, Jofre Soares, entre outros. Veja mais aqui.





















IMAGEM DO DIA
Close up, do fotógrafo francês Robert Doisneau (1912-1994).


Veja mais sobre:
Uma canção de amor, a literatura de Geoff Dyer & Victor Hugo, a música de Miles Davis & O Jazz de New Orleans, a fotografia de Robert Mapplethoppe, a arte de Debra Hurd & Lisa Lyon, a pintura de C. Vernet & Pedro Cabral aqui.

E mais:
Corações solitários, Hipócrates, Isaac Newton & Catherine Barton Conduitt, O homem & pós-homem de Fernanda Bruno, a literatura de Carlos Castañeda, a poesia de William Wordsworth, a música de Elena Papandreou, O teatro do Bharata, a arte de Luis Fernando Veríssimo, a entrevista de Claudia Telles, a pintura de Cristina Salgado, o cinema de Júlio Bressane & Josie Antello aqui.
Solilóquio na viagem noturna do sol, A Educação no Brasil, o pensamento de Sêneca, a música de Maria Esther Pallares, a coreografia de Paula Águas, a pintura de Terry Miura & Amenaide Lima aqui.
Solilóquio das horas agudas, O mito de Sísifo de Albert Camus, Neurofilosofia & Neurociências, a música de Meg Myers, a pintura de José Manuel Merello, Hipócrates & Luciah Lopez aqui.
Solilóquio do umbigocentrismo, Rio São Francisco - Velho Chico, Richard Bach, Quando todo dia é segunda-feira, Chamando na grande & mandando ver no lero aqui.
O espectro da fome de Josué de Castro, Ilíada de Homero, a música de Mercedes Sosa & Martha Angerich, a pintura de Tamara de LempickaAna Botafogo, Eliezer Augusto & Genesio Cavalcanti aqui.
Quem desiste jamais saberá o gosto de qualquer vitória, A ciência da linguagem de Roman Jakobson, a literatura de Marcel Proust, a música de Secos & Molhados & Luiza Possi, a pintura de Henry Asencio, a arte de Regina José Galindo, a fotografia de Thomas Karsten & Tortura é crime aqui.
Boa noite, Penedo, às margens do São Francisco, a literatura de Adonias Filho & Georges Bataille, A história social do Brasil de Manoel Maurício de Albuquerque, a música de Bach & Rachel Podger, a arte de Marcel Duchamp, a pintura de Jaroslav Zamazal, a fotografia de Karin van der Broocke, Vanguard & Kéfera Buchmann aqui.
E a dança revelou o amor, a literatura de Manuel Scorza, A busca fálica de James Wyly, a música de Gabriel Fauré & Ina-Esther Joost, a pintura de Francisco Soria Aedo, a coreografia de Merce Cunningham, a arte de Yves Klein & a fotografia de Richard Rutledge aqui.
Três poemas & a dança revelou o amor..., a pintura de Andrew Atroshenko & Ton Dubbeldam, a fotografia de Klaus Kampert & a arte de Jeremy Mann aqui.
Quando ela dança tangará no céu azul do amor, A condição pós-moderna de Jean-François Lyotard, A estética da desaparição de Paul Virilio, a música de Anna-Sophia Mutter, a pintura de Alex Alemany & Eloir Junior, a arte de David Peterson & Luciah Lopez, Carlos Zemek & & Isabel Furini aqui.
A dança dos meninos, a poesia de Manuel Bandeira & Amiri Baraka, A bailarina de João Cabral de Melo Neto, O Kama Sutra de Vatsyayana, A dançarina de Yasunari Kawabata, a música de Isabel Soveral & António Chagas Rosa, a pintura de Jose Manuel Abraham, a fotografia de M. Richard Kirstel, Pas de deux & Ary Buarque aqui.
O voo da mulher, Dicionário de lugares imaginários, o teatro de Federico Garcia Lorca, a música de Duke Ellington, o cinema de Lars von Trier & Nicole Kidman, a arte de Tatiana Parcero & Caco Galhardo, Rô Lopes & Como veio a primeira chuva aqui.
Saúde no Brasil, O Fausto de Goethe, o pensamento de Terêncio, Ética & Fecamepa, Os sentidos da integralidade de Ruben Araújo de Mattos & Remexendo as catracas do quengo e queimando as pestanas com coisas, coisitas e coisões aqui.
Todo dia é dia de dançar o amor aqui.
O alvoroço do poema na horagá do amor & a pintura de Oscar Sir Avendaño aqui.
Literatura de cordel : quebra pau no STF, de Bob Motta aqui.
A pingueluda aqui.
A arte de Marcya Harco aqui.
O pensamento de Georg Lukács, A psicanálise de Jacques Lacan, o teatro de Samuel Beckett, a literatura de Henry James, a música de Morton Subotnick, o cinema de Jane Campion & Nicole Kidman, a pintura de Aurélio D'Alincourt, a arte de Fady Morris & As poesias pontilhadas de Dorothy Castro aqui.
Pindura aí, meu! O negócio tá ficando feio, Cidadania insurgente de James Holston, a poesia de Sérgio Frusoni, A cidadania de Maria de Lourdes Manzine Covre, a música de Sol Gabetta, a fotografia de Mara Saldanha, a arte de Stanley Borack & a pintura de Fernando Rosa aqui.
Lasciva da Ginofagia aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
História da mulher: da antiguidade ao século XXI aqui.
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A croniqueta de antemão aqui.
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