quarta-feira, fevereiro 11, 2015

SARAMAGO, ARENDT, BUÑUEL, DENEUVE, SERGIO MENDES, FREDERICO BARBOSA & GILSON BRAGA


OS ASSASSINOS DO FREVO – Eis que passando por uma penúria das mais gritantes, o Doro resolve rearregimentar a tropa dos assassinos do frevo. E resolveu isso no maior ânimo de todas as motivações: - Eles, traveiz. Para isso está tomando as minuciosas e respectivas providências: tirar o foco da polícia pra trupe, contê-los para que não façam nada além dos atributos artísticos (senhoras e senhores, fechem bem suas casas e guardem bem os seus pertences. Se der por falta, já sabem!). A bronca é que cada um dos membros dessa patota é pinoteiro demais, tornando a reunião um pouco, digamos, difícil. É cada um mora em lugar incerto e não sabido. Mas como o Doro é apreciador de bosta de cigano, logo dará um jeito e vocês verão no carnaval, mais uma edição da folia nas ruas de qualquer lugarejo desse Brasilzão véio, arrevirado e de porteira escancarada. Confira como foi a última aparição deles com todos os detalhes aqui. E mais aqui e aqui.

Imagem do artista plástico pernambucano Gilson Braga

Ouvindo Encanto (2008, Concord Records), o trigésimo sexto álbum do músico e compositor brasileiro Sérgio Mendes.


CADERNOS DE LANZAROTE – Uma leitura que muito apreciei foi a dos Cadernos de Lanzarote, do escritor, jornalista, dramaturgo português e Prêmio Nobel de 1998, José Saramago. Trata da reunião de cinco diários que foram escritos entre os anos 1993/05, narrando episódios do seu cotidiano, críticas e reflexões literárias e filosóficas, a luta contra o obscurantismo político e religioso, entre outros assuntos. Em um deles, pude destacar: “Um dia escrevi que tudo é autobiografia, que a vida de cada um de nós a estamos contando em tudo quanto fazemos e dizemos, nos gestos, na maneira como nos sentamos, como andamos e olhamos, como viramos a cabeça ou apanhamos um objeto no chão. Queria eu dizer então que, vivendo rodeados de sinais, nós próprios somos um sistema de sinais”. Veja mais aqui, aquiaqui.


A CONDIÇÃO HUMANA – A vida e a obra da filosofa política alemã Hannah Arendt (1906-1975) foram transformadas num drama biográfico teuto-francês por meio do filme lançado em 2013, com direção de Margarethe Von Trotta, música de Andre Mergenthaler, roteiro da diretora e de Pam Katz. e com o papel principal interpretado pela atriz Barbara Sukova. O filme é belíssimo e imperdível. Veja mais aqui, aquiaqui.


NA PONTA DA LÍNGUA – Entre os poemas do poeta, crítico literário e professor pernambucano radicado em São Paulo, Frederico Barbosa, destaco Na ponta da Língua: Na ponta da língua: o desejo na ponta da língua / não de falar-me ter-te / na ponta da língua / não de te falar percorrer-te / na ponta da língua / ser-te / certeira flecha / o amor (ah, este inconfundível mistério) /se apronta na ponta da língua / vadia aponta / a língua vazia / e busca na boca / (alheia) / o gosto que / te recheia / e quer lábios / e se contorce / dentro da boca / (própria) / como em autobeijo / querendo / penetrar na boca / (alheia) / e se despede / como quem se despe / como quem pede / ar /sem fôlego / sem coragem / só couraça / coração sem. Anos atrás tive a honra de entrevistá-lo pro meu Guia de Poesia, na qual ele fala dos seus livros, do Recife e das suas perspectivas literárias. Confira aquiaqui.

BELLE DE JOUR – Um dos filmes mais marcantes na minha vida foi indubitavelmente na minha adolescência ter assistido ao belíssimo drama Belle de Jour (A bela da tarde, 1967), dirigido pelo controvertido cineasta espanhol Luis Buñuel (1900-1983). O filme conta com roteiro baseado da obra de Joseph Kessel e traz a sempre maravilhosa atriz francesa Catherine Deneuve no papel de Séverine, uma burguesa casada com o doutor Pierre, que passa as suas tardes trabalhando no bordel de Madame Anais. Por sua interpretação no filme, a atriz tornou-se símbolo sexual, homenageada pelo cantor e compositor Alceu Valença e, evidentemente, meritória de ser homenageada aqui, afinal, todo dia é dia da mulher! Veja mais aqui, aquiaqui.


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