quinta-feira, março 07, 2013

RENATE DORRESTEIN, JUAN PABLO DUARTE, NERVAL, FURTADO, SANTAELLA, ANGELA DAVIS, MUMFORD, ONAT KUTLAR & BESSIE COLEMAN

 


HORA DOUTROS PAPOS – UMA: CORAGEM DE MULHER – Uma das histórias mais surpreendentemente comovente é a da aviadora civil estadunidense Bessie Coleman (1892-1926). Não bastando ter sido a primeira mulher afroamericana a tornar-se piloto, foi a primeira também a conseguir licença como piloto internacional. Tudo começa quando, aos 23 anos, isto em 1916, havia mudado para morar em Chicago, Illinois, exercendo a função de manicure em uma barbearia, ouviu histórias sobre pilotos e seus perigosos voos durante a Primeira Grande Guerra. Daí ela juntou dinheiro para uma escola de aviação, tendo sido negada. Manteve-se com um emprego como garçonete em um restaurante, quando foi encorajada por um editor de jornal a se matricular com ajuda de um banqueiro. Aí ela começou estudar francês e rumou para o país com o fito de obter licença. Lá aprendeu a voar em um biplano, chegando a licenciar-se pela Federação Aeronáutica Internacional. Dois depois retorna ao país onde obteve sucesso: Eu sabia que não tínhamos aviadores, nem homens nem mulheres, e sabia que os negros precisavam ser representados ao longo desta linha tão importante, então pensei que era meu dever arriscar minha vida para aprender aviação. Enfim, conseguiu comprar seu primeiro avião e com dez minutos de voo, planejando saltar de paraquedas, quando a aeronave entrou em mergulho e parafuso, arremessando-a a uns 600 metros de alturas, morrendo instantaneamente ao atingir o solo, aos 34 anos de idade. Esta mulher de ascendência africana e indígena dizia: O ar é o único lugar livre de preconceitos. Eu decidi que os negros não deveriam ter que experimentar as dificuldades que eu tinha enfrentado, então eu decidi abrir uma escola voadora e ensinar outras mulheres negras a voar. DUAS: SONHAR VALE A PENA – A história dela me levou a relembrar dumas palavras que havia anotado do Gérard de Nerval: O sonho é uma segunda vida... Minha imaginação me deu prazer infinito. Ao recuperar o que os homens chamam de razão, devo lamentar a perda dessas alegrias?... (Veja mais dele aqui e aqui). TRÊS: PENSAR MENOS, SONHAR MAIS! – De tudo isso, um pequeno poema pousa em minha memória, do poeta turco Onat Kutlar (1936-1995): Agora ficamos em silêncio na margem de um pensamento \Para não esquecer porque estamos na terra fácil do esquecimento \ Peixes mortos passam na mesa de um mar enrugado \ E meus amigos com lanternas eu continuo pensando \ Quanto já morremos para viver?... Na minha cabeça o verso ecoa: Fico pensando no quanto morremos para viver... O que sei é que aprendemos muito na vida, principalmente com as quedas (nossas e dos outros): aprendizagem é vida. E vamos aprumar a conversa!

 


DITOS & DESDITOS - Temos que falar sobre libertar mentes tanto quanto sobre libertar a sociedade... A política não se situa no polo oposto ao de nossa vida. Desejemos ou não, ela permeia nossa existência, insinuando-se nos espaços mais íntimos... Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista... Pensamento da escritora, filósofa e ativista estadunidense Angela Davis. Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Uma certa quantidade de oposição é uma grande ajuda para um homem. Os papagaios se levantam contra, não com o vento... Toda transformação da humanidade descansou em profundas agitadas e intuições, cuja expressão racionalizada assume a forma de uma nova imagem do cosmos e da natureza do ser humano... Pensamento do historiador, professor, escritor e crítico literário estadunidense Lewis Mumford (1895-1990). Veja mais aqui.

 

FORASTEIROS - [...] no final, todos podem entender apenas a si mesmos. Você é o único a quem nunca precisa explicar o que quer dizer. Todo o resto é mal-entendido [...] A realidade só existe se você se importa com ela. Você não deve dar à realidade a chance de existir. [...] Todo mundo sabe que você só pode ser feliz quando não deseja nada, certo? [...]. Trechos extraídos da obra Buitenstaanders (B. Bakker, 1983), da escritora e jornalista neerlandesa Renate Dorrestein (1954-2018).

 

DOIS POEMAS - UNIDADE DAS RAÇAS - Nós, brancos, pardos, pardos, \ cruzados, \ marchando serenos, \ unidos e ousados, \ salvemos o país \ dos vis tiranos, \ e mostremos ao mundo \ que somos irmãos. A CARTEIRA FORA DA LEI - Que triste, longo e cansado; que caminho angustiante, indica a entidade divina ao infeliz exílio. Atravessando o mundo perdido para merecer, sua pena, em profunda escuridão o horizonte afundado. \ Que tristeza vê-lo passar tão tranquilo e sereno, e saber que ali em seu seio está a morada da dor. \ A terra deixará uma testemunha querida da nossa infância, sem ver um amigo para se despedir. \ Bem, quando na tempestade você vê a esperança lutando, o navio da amizade se despedaça em movimento. \ E caminhar, vagar, sem encontrar o triste fim que o destino lhe reserva aqui no mundo.\ E lembrar e lamentar por não olhar para o seu lado, algum objeto adorado a quem; se lembra? dizer.\ Chegar em terra estrangeira sem ideia ilusória, sem futuro e sem glória, sem luto nem bandeira. Poema do filósofo e poema dominicano Juan Pablo Duarte y Díez (1813-1876).

 



O CAPITALISMO GLOBAL – obra do economista brasileiro Celso Furtado (1920-2004) abordando a longa marcha da utopia, influencias intelectuais, atividade do pesquisador, imaginação versus ciência institucionalizada, elaboração de formação economica do Brasil, as classes dominantes, importância de Prebisch, emergência do subdesenvolvimento, papel das organizações sociais, função do Estado nacional, o novo capitalismo, globalização e identidade nacional, o processo de globalização, a preservação da identidade nacional, a superação do subdesenvolvimento, revisitando ensaios teóricos, pensar o Brasil, a teoria do subdesenvolvimento, os novos desafios, dimensão cultural do desenvolvimento, risco de ingovernabilidade, aumento da dependencia, que tipo de glovalização?m pressão das forças sociais, o movimento dos Sem-Terra, o papel integrador do Estado. Veja mais aqui, aqui e aqui.
FONTE:
FURTADO, Celso. O capitalismo global. São Paulo: Paz e Terra, 1999.




CIBERCULTURA – O doutor em Sociologia pela Université Réne Descartes, Paris V, Sorbonne, e professor adjunto da Faculdade de Comunicação da UFBa, André Lemos é coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa em Cibercultura (Ciberpesquisa) e já publicou vários artigos e capítulos de livros sobre a cibercultura no Brasil e no Exterior. Entre as suas obras está “Cibercultura – tecnologia e vida social na cultura contemporânea”, prefaciado por Pierre Lévy, traz abordagens acerca da técnica e tecnologia, a vida social contemporânea e a cibercultura observada a partir do nascimento da microinformática, as estruturas antropológicas do ciberespaço, realidade virtual, corpo e tecnologia, cyberpunk como atitude no coração da cibercultura, a rua e a tecnologia, os vyberpunks reais, o espírito da cibercultura, entre a apropriação, desvio e despesa improdutiva, o imaginário entre o neoluddismo, tecnoutopia, tecnorealismo e tecnosurrealismo. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
FONTE:
LEMOS, André. Cibercultura: tecnologia e vida social na cultura contemporânea. Porto Alegre: Sulina, 2008.


NARRATIVAS MIDIATICAS CONTEMPORÂNEAS – O livro “Narrativas midiáticas contemporâneas”, reunindo a XIV Compós e organizado por André Lemos, Christa Berger e Mariavalva Barbosa, traz na parte I, questões atinentes a Conceitos, quando aborda o silencio nos entremeios da cultura e da linguagem, por Eduardo Peñuela Cañizal, a palavra aperfeiçoada, o discurso do Partido dos Trabalhadores nas eleições de 2002, por Luis Felipe Miguel, dos gêneros textuais, dos discursos e das canções: uma proposta de analise da música popular massiva a partir da noção de gênero midiático, por Jeder Silveira Janotti Junior, o design da narrativa como simulação imersiva, por Renata Correia Lima Ferreira Gomes, o dispositivo como estratégia narativa, por Cezar Migliorin e a enunciação jornalista entre dispositivos e disposições, por Antonio Fausto Neto. Na segunda parte, traz Lugares, abordando a Pobrza e risco: a imagem da favela no noticiário de crime, por Paulo Vaz, Mariava Cavalcanti, Carolina Sá-Carvalho e Luciana Julião de Oliveira. A fila inivisivel de Porto Alegre, de Paulo Masella, ideais de amor e felicidade em Mulheres apaixonadas: o que dizem sobre os ideais de amor e felicidade dos telespectadores?,por Maria Carmem Jacob de Souza, o jornalismo e a enunciação: perspectivas para um narrador-jornalista, por Fernando Resende, Globo Media Center: televisão e internet em processo de convergência midiatica, por Ana Silva Lopes Davi Médola e Hiperbole digital: a cibermidia como cidade rizomática, por Denize Correa Araujo. Veja mais aqui.
FONTE:
LEMOS, André; BERGER, Christa; BARBOSA, Marialva. Narrativas midiáticas contemporâneas. Porto Alegre: Sulina, 2006;




LINGUAGENS LÍQUIDAS NA ERA DA MOBILIDADE – A professora e pesquisadora Lucia Santaella, é doutora em Teoria Literária pela PUC-SP, coordena o Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Desgn Digital na PUC-SP e é autora do livro “Linguagens línquidas na era da mobilidade”, onde ela aborda questões aos líquidos de Bauman, arquiteturas líquidas, conceitos, as espumas de Sloterdijk, cartografias fortuitas, entre outros temas na apresentação. No primeiro capítulo ela traz os multiplos sentidos do pós-humano tratando acerca da genealogia, emergencia, corpos e condições de um pós-humanismo ilusionista por um pós-humanismo critico e uma interpretação sui generis do pós-humano. No segundo capítulo aborda a questão do fim do estilo na cultura pós-humana, tratando de uma breve história de um conceito, a estilistica moderna, a onipresença do estilo, definições aproximativas de estilo, o estilo à luz das categorias semioticas com relação ao talento individual, do ponto de vista histórico e sua automatização, passando pela saturação de estilos no pós-moderno, tratando o que é um autor, a morte do autor, as autorias coletivas e publicas. No terceiro capítulo trata da subjetividade e identidade no ciberespaço, questionando a noção de identidade, novas imagens de subjetividade, multiplicidade identitária no ciberespeaço e encenações lúdicas do eu. No capítulo quarto ela traz a volatilidade subjetiva e a moda, tratando da crise do sujeito cartesiano, a image, do eu em Freud e Lacan, intensificação da volatilidade subjetiva, subjetividades escorregadias em corpos mutaveis, ascensão do ideal de eu e o superego e o imperativo do gozo. No quinto capítulo ela traz cultura das mídias revisitada, com um exercicio de conceituação, distintos ciclos comunicacionais e culturais, o caldeirão de misturas da cultura contemporânea, uma cultura global, mundializada e glocal, cibrida, conectada, ubiqua, nomade, liquida, fluida, volatil e mutante. No sexto capítulo ela raz o papel da midia no circuito da arte com sincronização de tempos-espaços na cultura e na arte, a midia e os circulos da arte e o julgamento em trânsito. No setimo capitulo ela tras os espaços liquidos da mobilidade, tratando das origens e derivações do conceito de espaço na experiência humana e os espaços deslizantes da hipermobilidade. No oitavo capítulo ela traz as mediações tecnologias e suas metáforas, colocando as cinco gerações tencilogias, midiamorfose e midiamania, metafora do espelho, dos universos paralelos e dos espaços intersticiais. No capítulo novo ela traz o mundo na palma da mão, tratando da presença-ausencia, publico-privado, segregação-dispesão, assicronicidade, oralidade, escrita e hipermidia. No décimo capítulo ela traz as estéticas tecnologicas consideradno o significado de estetica, de tecnologica, estagios evolutivos das imagens tecnologicas, complementaridade e hibridismos, estetica da remixabilidade, das redes, dos ambientes simulados e wireless. No décimo primeiro capitulo ela trata do texto impresso à hipermidia contando com a soberania do livro à era da imagem, misturas entre midias e linguagens. As cartografias líquidas da hipermidia e o que será do texto impresso. No décimo segundo capítulo ela trata do texto em ambientes de hipermidia, em seguida da poesia concreta à ciberpoesia, por uma epistemologias das imagens tecnologicas, dos instantaneos voláteis, games e ambientes compartilhados, até que, no décimo sétimo capítulo, encerra tratando do paroxismo da auto-referencialidade nos games. Veja mais aqui, aquiaqui.
FONTE:
SANTAELLA, Lucia. Linquagens liquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007.


Foto Daniel Aratangy

PIERRE LÉVY: O QUE É VIRTUAL? - Pierre Lévy nasceu em 1956, na Tunísia. Com a sua obra “O que é virtual?”, tornou-se o filósofo da informação ocupado com as interações entre a Internet e a sociedade. Segundo ele: “(...) as redes de computadores carregam uma grande quantidade de tecnologias intelectuais que aumentam e modificam a maioria das nossas capacidades cognitivas”, ou seja, o computador é um instrumento de troca, de produção e de estocagem de informações, tornando-se desta forma, um instrumento de coloboração. Lévy afirma ainda que “a comunicação interativa e coletiva é a principal atração do ciberespaço”. Isso ocorre porque a Internet é um instrumento de desenvolvimento social. Ela possibilita a partilha da memória, da percepção, da imaginação. Isso resulta na aprendizagem coletiva e na troca de conhecimentos entre os grupos. Esta obra é dividida em 9 partes, sendo a primeira tratando sobre a virtualização onde ele aborda a questão entre o atual e o virtual, os novos espaços e as novas velocidades e o efeito Moebius. Na segunda parte ele trata acerca da virtualização do corpo abordando reconstruções, percepções, projeções, reviravoltas, o hipercorpo, intensificações e resplandescencia. Na terceira parte aborda a questão da virtualização do texto evidenciado a leitura, a escrita, a digitalização, o hipertexto, o ciberespaço e o rumo a um novo impulso da cultura do texto. Na quarta parte vem a questão da virtualização da economia visando a desterritorialização, o caso das finanças, informação e conhecimento, consumo, desmaterialização, dialética do real, o trabalho, a virtualização do mercado e a economia virtual diante da inteligência coletiva. Na quinta parte trata acerca das virtualizações que fizeram o humano relativas à linguagem, a técnica e o contrato, fechando com a arte. Na sexta parte observa acerca das operações da virtualização ou o trívio antropológico tratando dos signos, das coisas e dos seres, da gramática e da dialética e retórica. Na sétima parte traz a questão da virtualização da inteligência e a contribuição do sujeito, tratando da inteligência coletiva, pessoal, linguagens, técnicas, instituições, economias cognitivas, máquinas darwinianas, as dimensões da afetividade, as sociedades pensantes, coletivos humanos e sociedades de insetos, a objetivação do contexto partilhado e o córtex de Antropia. Na oitava parte trata acerca da virtualização da inteligência e a constituição do objeto, observando o problema da inteligência coletiva, no estádio, presas, territórios, chefes, sujeitos, ferramentas, narrativas, cadáveres, dinheiro e capital, comunidade científica, o ciberespaço como objeto e o humano no contexto. Por fim, na última parte ele traz o quadrívio ontológico observando a virtualização como transformações entre outras, os quatro modos de ser, as quatro passagens, misturas e a dualidade do conhecimento e da substância.
LÉVY, Pierre. O que é virtual. São Paulo: 34, 1996.




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