sexta-feira, novembro 16, 2007

MAHMUD DARWISH, LOVECRAFT, ARMAND SALACROU, NAUM GABO, BONI, LITERÓTICA & PREVISÕES DE DORO

A arte do escultor russo Naum Gabo (1890-1977).



O AMOR MAIS QUE DE REPENTE (Imagem: Os namorados, de Cristina Kolikoviski) - Ela surgiu de repente com seus lábios carregados de paixão. E beijou-me pela primeira vez como se fosse nunca mais. Nem deu tempo para eu me dar conta de nada. Fui pego de surpresa, pudera, andava cabisbaixo com as desandadas da vida. A sua boca envolveu-me por inteiro, abarcou toda minha dimensão. E só me restava corresponder àquele momento de extrema satisfação. Jamais podia prever. E aconteceu como quem chegava pra ficar, a incendiar meus nervos, vísceras e alma. Arrepiado, senti o prazer do seu hálito a se apoderar de mim com toda fúria da sua tesão. Logo suas mãos percorreram minha intimidade e alcançou-me o membro rijo, agora por ela afagado e agarrado com carinho jamais sentido. Conferi-lhe as curvas com as minhas mãos errantes até alcançar-lhe o ventre, invadindo por baixo da saia, entre a calcinha a ter-lhe a vulva úmida entre os meus dedos, completamente apalpada pela minha mais louca sede de prazer. Contornando o meu sexo com as suas hábeis mão provocadoras, eu a lhe sentir a profundidade deliciosa de sua vagina requerente a me dizer de tudo o que é gozo e quereres. Dali, só as vestes no chão, ela com todas as poses de sua nudez e o orgasmo por salvação. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui


DITOS & DESDITOS - A felicidade nunca é triste ou alegre. É felicidade. Desculpas são rasuras. Pensamento do dramaturgo francês Armand Salacrou (1899-1989).

ALGUÉM FALOU: O perfil do telespectador brasileiro é triste, a massa é desinformada, portanto, fácil de iludir. A maior parte do público não tem ideia do que está fazendo na frente da TV. Frase extraída de uma entrevista concedida por José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni da Rede Globo.

O PÂNTANO LUNAR – [...] das fantasias exóticas, a mais notável [...] era da maldição que cairia sobre aquele que ousasse perturbar ou drenar o imenso e avermelhado pântano. Havia segredos, diziam os camponeses, que não deviam ser revelados, segredos que tinham ficado ocultos  desde a praga que descera sobre os filhos dos partolanos nos tempos fabulosos anteriores à História. [...]. Trecho extraído do livro Dagon (Iluminuras, 2001) do escritor estadunidense Howard Phillips Lovecraft (1890-1937).

BILHETE DE IDENTIDADE - Toma nota! / Sou árabe / O número do meu bilhete de identidade: cinquenta mil / Número de filhos: oito / E o nono… chegará depois do verão! / Será que ficas irritado? / Toma nota! / Sou árabe / Trabalho numa pedreira com os meus companheiros de fadiga / E tenho oito filhos / O seu pedaço de pão / As suas roupas, os seus cadernos / Arranco-os dos rochedos… / E não venho mendigar à tua porta / Nem me encolho no átrio do teu palácio. / Será que ficas irritado? / Toma nota! / Sou árabe / Sou o meu nome próprio – sem apelido / Infinitamente paciente num país onde todos / Vivem sobre as brasas da raiva. / As minhas raízes… / Foram lançadas antes do nascimento do tempo / Antes da efusão do que é duradouro / Antes do cipreste e da oliveira / Antes da eclosão da erva / O meu pai… é de uma família de lavradores / Nada tem a ver com as pessoas notáveis / O meu avô era camponês – um ser / Sem valor – nem ascendência. / A minha casa, uma cabana de guarda / Feita de troncos e ramos / Eis o que eu sou – Agrada-te? / Sou o meu nome próprio – sem apelido! / Toma nota! / Sou árabe / Os meus cabelos… da cor do carvão / Os meus olhos… da cor do café / Sinais particulares: / Na cabeça uma kufia com o cordão bem apertado / E a palma da minha mão é dura como uma pedra / … esfola quem a aperta / A minha morada: / Sou de uma aldeia isolada… / Onde as ruas já não têm nomes / E todos os homens… trabalham no campo e na pedreira. / Será que ficas irritado? / Toma nota! / Sou árabe / Tu saqueaste as vinhas dos meus pais / E a terra que eu cultivava / Eu e os meus filhos / Levaste-nos tudo exceto / Estas rochas / Para a sobrevivência dos meus netos / Mas o vosso governo vai também apoderar-se delas / … ao que dizem! / … Então / Toma nota! / Ao alto da primeira página / Eu não odeio os homens / E não ataco ninguém mas / Se tiver fome / Comerei a carne de quem violou os meus direitos / Cuidado! Cuidado / Com a minha fome e com a minha raiva! Poema do poeta palestino Mahmud Darwish (1942-2008).



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AS PREVISÕES DO DORO:
LIBRA (23 de setembro – 22 outubro) -“Não há signo mais voltado ao bom, belo e verdadeiro” (Platão). - COMENTÁRIOS DE ANTEMÃO, PREST´ENÇÃO! – você libriana charmosa, simpática, conciliadora, sensível, serena, simpática, tolerante e regida por Vênus - o planeta do amor, da união, da arte e da beleza -, confesse: também é muito geniosa, difícil de conviver, ambiciosa e cheia dos mistérios. Um saco! Tanto é a gostosona de toda libido, como uma mala sem alça. Às vezes, uma candura de gente; ou uma porqueira do sétimo livro. Tem horas que tem o ar de triunfo feito uma Fernanda Montenegro. Ora dá uma de Brigitte Bardot ou personagem dum filme de Jacques Tati. Quando quer sonha como uma John Lennon numa Avril Lavigne, ou se balança apimentada feito uma Margareth Menezes, rebolando feito Valéria Valenssa e se virando uma de Cláudia Abreu. Ainda sonha ser a Dulcinéia de Cervantes e encontrar um príncipe encantado do tope do Tarcisio Meira ou do Paulo Roberto Falcão. Viaja sempre nas canções de Fagner, Ray Charles e nos poemas de Vinicius de Moraes. Uma coisinha por lição: quando o futuro é o fim duma reta longa, não se engane, pois amanhã pode ser nunca mais. Isso porque quanto mais se tira a mão do fogo, mais a peitica faz virar mais um maneta. E mais: se não tiver chovendo na sua horta, aproveite e dê uma chegada na oficina, dê um trato no telhado, uma envernizada no pára-brisa e uma recauchutada geral que você não é de se jogar fora, só está desarrumada, filhota. Além do mais, uma balança é só um símbolo: para onde pender é que todo mundo vai, né? Como você é de ar, não vá pensando que se vive só de vento e converseira, viu? Quando acordar, vixi! Vai dar um trabalho da porra para organizar tudo! Lembre-se: Astréia se mandou faz tempo! Seu protetor é São Bartolomeu. O seu anjo da guarda é o arcanjo Anael, da compaixão e sabedoria. E também Oxumaré de onde provém o mistério de ser homem e mulher ao mesmo tempo –u-huuuuu! Como é um orixá de grande poder, traz o ensinamento de que você deve ser doce e carismática quando ao mesmo tempo precisa ser agressiva e perigosa. Aprenda a viver. Também atuam na sua proteção o Logum Edé, que é o deus príncipe da beleza. E Ewá, a divindade do rio Yewa que tem o poder da vidência. Conte com eles e tudo correrá nos conformes (acho eu, viu? Sei lá!).

AMOR - Lembre-se que no amor os mistérios tem seus vilões. E como você tem horas que é o cúmulo da indecisão, minha filha, seja sensata: use verde. Muito verde. Principalmente quando descobrir que você pode ter investido alto na pessoa errada. Nunca é tarde. Também não vá dar valor às traições, pague na mesma moeda. Dê uma de Allan Kardec: baixe a entidade e dê fora no encosto, mande pegar a fila mesmo. Depois, se passe por Zé Ramalho, Avohai e ouse no requinte toda de verde. Com isso um grande amor vai estrear logo logo nas suas paragens. Mas como você não é muito de fidelidade e adora provar coisas novas, promover mudanças, de flertar na maior, não vacile, na hora-agá faça um aquecimento: pule bem muito até cansar. Isso mesmo. Tem que fazer isso porque Mercúrio está atuando e agirá favorável se você proceder assim. Use 1 incenso de benjoim. E quando o bimbudo chegar junto, não se faça de rogada: caia nos braços sem culpa nem arrependimentos. Afinal, uma gaia não dói, principalmente quando o corno não sabe. Se souber, melhor! Menos um pra zoar. Não ceda facilmente como de costume. Faça como você sempre faz: deixe para depois. E como você não é nada romântica, então, para manter o amor é só fazer uma simpatia: pegue 1 pegador de roupa, um fio de nylon de varal, junte o resto dumas bijuterias imprestáveis, derreta tudo com fogo e muita de canjenbrina. Depois dê um banho com isso e uma essência de violeta, saia aguando o quarto e toda casa. Depois se jogue nuínha no meio do meladeiro. Pode ficar certa: você estará insaciável feito uma D. Pedro I e é bem capaz de seu príncipe encantado paudurescente surgir do nada na hora! Afinal, amor e sexo é a mesma coisa, num é? Meta bronca!

Imagem: Angelique et Medor, de Agostino Carracci. - TRABALHO – Você, amiga libriana, que é dinâmica e talentosa, por acaso está descontente com o seu salário? Infeliz no seu emprego? Lembre-se que a sua natureza tem a necessidade de conciliar opostos através da valorização dos mesmos, visando obter a harmonia final interior e exterior. Uma balança porreta. Quando cai prum lado dá uma merda da porra, né? Então, não julgue ninguém nem se ache a rainha da cocada preta. Não, isso é a maior bola fora, viu? Quando o problema surgir não fique acuada entre as alternativas. Quando bronquear dê uma de Agnaldo Timóteo e desbanque todo mundo. Seja profissional e pacífica. Reze sempre 52 Ave-Marias das Situações Difíceis e tudo se resolverá.

SAÚDE - A sua alegria é o seu melhor remédio. Ria sempre e muito. Mas nunca mangue dos outros: defeito nos outros não é risadagem imune, é preconceito brabo, viu? Cuidado com anemia e estresse. Nada de sedentarismo e com o desgaste físico. Muito menos dê moleza pro mau-olhado. Para resolver essa sua vulnerabilidade é preciso que você tenha em casa, embaixo da cama, uma serpente de estimação. Isso mesmo: você tem que criar uma serpente e de qualidade, com pedigree. Não é qualquer cobrinha fuleira não, tem que ser das afamadas, famigeradas. E quando tiver cuidando de sua ofídica veneração, dando trato na bichinha entre as pernas, no colinho, pelo corpo todo, ai-ui, maior carinho e ternura, vá preparando um patuá com os seguintes ingredientes e materiais: 2 alfinetes, 1 pétala de rosa vermelha, 2 agulhas, 1 lírio, 2 orquídeas, 3 folhas de macieira, algumas folhas de cânfora, 10 folhas de limoeiro, 20 páginas de papel pautado, 50 cadarços, 1 ticket de qualquer coisa, dois saquinhos plásticos, uma tampa de caneta, 1 cartucho de impressora de qualquer natureza, um bisquí, duas ligas elásticas, um marcador de livro, 1 taco de madeira, 1 fio dental, 1 clips de plástico, misture tudo, dê um banho de álcool, toque fogo enquanto vai fazendo que vire talismãs chineses no meio de magias angelicais com rituais egípcios e você com danças ciganas encarando a cobra, aí vai rezando o salmo 4 com uma vela verde, 1 incenso de verbena, 1 quartzo rosa, tudo no fogo até virar cinza e você depositar num saquinho de camurça verde que é a sua cor de sempre. Depois disso, faça todo ritual de novo toda sexta-feira para atrair mais alegrias, rezando para Nossa Senhora das Peitudas Sagradas umas 95 vezes, certo? Ao final da reza grite três vezes: Sai-te! E quando for lua cheia, de madrugada, de preferência depois da meia-noite, reúna tudo de novo e refaça todo ritual fazendo novo patuá. Quando juntar um bocado de patuá, numa sexta-feira 13, jogue tudo no mar com uma oração pro Oxumaré. Isso fará você muito mais alegre e disposta para enfrentar a vida (e a fila dos namorados, claro!).

VIDA - Para você, minha amiga, tudo devia ser perfeito, simétrico e harmonioso. Mas não é. Tem horas que tudo vira bundacanasca e fica de pernas pro ar, né? Tudo embananado. Mas como sua sensibilidade é apurada, o pior mesmo é sua credulidade insana: a justiça não é aquela entidade que a gente acha que equilibra todas as relações de poder e mando não, viu? É também jogo político e de interesses. Não se iluda e nem se desencante à toa porque a igualdade, no frigir dos ovos, é bastante desigual, viu? Também nunca seja vingativa por causa disso, afinal quem tem cu, tem medo. Mais outra coisa: não beba, nem perca o senso e a razão numa bebedeira: cu de bêbo não tem dono. Atenção! A sua carta para o ano todo é do Samhain, a da noite dos antepassados trazendo coisa sinistra tipo Alien, busuntões, sacis, zumbis e terrores pra sua pequena área. Não dê moleza, fuja! Quando ver tudo escurecendo, pé na bunda mesmo: é um enxame de abelha daquelas africanas fuderosas. Vai encarar? Pois é. Dica extra: prepare um cozinhado com aipo, urtiga, quássia, poejo, picão, 1 figa, 1 olho-de-cabra, 1 olho-de-boi, 1 pé de coelho, 1 água-marinha, 1 turmalina, 1 asa de coruja, uma cagadinha de Azulão, um taco de unha do dedão do pé esquerdo, 1 seixo, 1 lapiseira e uma raspada de dente, toque fogo em tudo com uma vela verde embebida com água-que-passarinho-não-bebe, junte tudo numa folha de papel onde você vai escrever todos – eu disse TODOS! - os seus desejos e deposite embaixo do cozinhado. Se não queimar tudo, o que será um milagre proeminente, coloque o que sobrar embaixo de uma pirâmide por 4 dias seguidos. Depois disso, jogue tudo na lata de lixo. E recomece fazendo uma oferenda pro seu protetor. Isso todo santo dia, viu? Um detalhe, ainda restam duas coisinhas de nada que você está me devendo, viu? Ta lembrada? Ô povinho pra se esquecer fácil das obrigações! É o seguinte: primeiramente, você não pode se esquecer da simpatia da virada do ano, certo? Não se esqueça, é de natureza compulsória. Segundamente, você deve se lembrar de votar em mim no próximo pleito eleitoral. Se se esquecer sabe o que acontece? 15 anos de atraso! Quer? Assinado, Doro.

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