terça-feira, novembro 19, 2024

PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

 

Imagem: Foto AcervoLAM.

Ao som do show Transmutando pássaros (2020), da flautista Tayhná Oliveira.

 

Lua de Maceió... - Não era a desejada de Morango, ah, tem nada não. Fazer o quê? Inadvertido quase deixei passar a do Castor que fugia das nuvens naquela manhã quase nublada. A surpresa: nela a deusa Ya-cy levada pelo raio de Aram e quase escondida pelos galhos abundantes. Era ela, sim. E me viu ali, vigilante. Fez a volta e lá vinha em minha direção. E eu: prestes a me sentir levado pelo estrondoso impacto do asteroide Apophis dentro de mim. Aproximou-se rutilante a levitar lenta e elegantemente, como quem desce emoldurada pela constelação da Anta, um convite para a festa. Achegou-se como se fosse a bela estrela Naiá incendiando a solidão primaveril dos meus sonhos insensatos – um frio na barriga, vertigem nas ideias e agora o que poderia fazer, sei lá. E dei fé ali, olhos nos meus e o sorriso ensolarado: Awê! Tudo fiz para manter a lucidez, segurava a onda como podia. Abriu-me os braços como quem regia a vida marinha no meu sangue em pororoca. Já quase amanhecia e ali chegou para danação de tudo nas minhas entranhas, revolvendo as mais remotas memórias do que sequer sabia. Retribuí seu efusivo contentamento. Fiz-lhe as honras e já me tinha por Jáxi, o caçula irmão do Guaraci, embalado por verdadeira celebração de ritual pataxó. Logo o clarão do dia e ela então deitou-se nua, minguante, na palma da minha mão. E me reluzia crescente para ser nova todo dia. E a palavra nela fez-se vela acesa e no seu corpo escrevi o tempo inventando de nunca se extinguir. Só tinha um lugar para levá-la no meio das minhas clandestinas emoções – era ela todo espaço, onde mais afora meu coração desamparado. Dei-lhe meu sorriso como se fosse a flor que não tinha às mãos e nela a vindoura consagração estival da mulher avalovara no perigeu. Por gratidão fez-se amor na Alvorada. Até mais ver.


Arundhati Roy: Não existe realmente algo como "os sem voz". Existem apenas os deliberadamente silenciados, ou os preferencialmente não ouvidos.... O problema é que, uma vez que você vê, não consegue deixar de ver. E, uma vez que você viu, ficar quieto, não dizer nada, se torna um ato tão político quanto falar. Não há inocência. De qualquer forma, você é responsável... Veja mais aqui.

Marjane Satrapi: A vida é absolutamente insuportável. E nós vamos morrer... Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, & aqui.

Connie Palmen: A cada nascimento, uma morte é dada... Veja mais aquí.

 

LIÇÃO

Imagem: AcervoLAM.

A minha vizinha no amor \ disse-me: \ Por que há tanta janela iluminada \ no teu corpo? \ Por que tantas flores as envolvem? \ Que são essas numerosas luas? \ Quem te ofereceu esses céus? \ A minha vizinha no amor \ ignora \ o amor.

Poema da poeta, artista plástica e repórter marroquina Widad Benmoussa, autora de obras como: Tenho uma raiz no vento (2001), Entre duas nuvens (2006), As janelas que abri sobre ti, Rabat (2006) e Tempestades do corpo (2008).

 

TENHAM CUIDADO, CRIANÇAS… - […] Uma pergunta que começa com o porquê é uma pergunta preguiçosa. […] Há algo de gentil no movimento das obsessões à medida que elas se deslocam para o mar. Eles param de incomodar você noite e dia. Isto não é uma capitulação nem um abandono. Eles estão ganhando tempo. [...]. Trechos extraídos da obra Soyez imprudents les enfants (Thélème, 2017), da escritora francesa Véronique Ovaldé. Veja mais aqui.

 

NEUROFILOSOFIA & FILOSOFIA DA MENTEO que posso e não posso imaginar é um fato psicológico sobre mim. Não é um fato metafísico profundo sobre a natureza do universo. Pensamento da filósofa canadense Patricia Smith Churchland, que no seu livro Touching a Nerve: The Self as Brain (W. W. Norton & Company, 2013), ela expressou que: […] Você se tornou consciente exatamente do que inconscientemente pretendia dizer apenas quando o disse. Você modifica seu discurso dependendo se está falando com uma criança, um colega, um aluno ou um reitor. Não conscientemente, provavelmente. Paradoxalmente, a fala é geralmente considerada um caso de comportamento consciente – comportamento pelo qual responsabilizamos as pessoas. Certamente, requer consciência: você não pode conversar durante o sono profundo ou em coma. No entanto, as atividades que organizam a produção da sua fala não são atividades conscientes. Falar é um negócio altamente qualificado, que depende do conhecimento inconsciente de precisamente o que dizer e como [...]. Já em El cerebro moral: Lo que la neurociencia nos cuenta sobre la moralidad (Paidós, 2020), ela considera que: […] A hipótese predominante é que o que nós, humanos, chamamos de "ética" ou "moralidade" é uma estrutura de comportamento social em quatro dimensões que é determinada pela inter-relação de diferentes processos cerebrais: (1) cuidado ou atenção aos outros (enraizado no apego aos membros da nossa família e preocupação com o seu bem-estar),11 (2) reconhecimento dos estados psicológicos dos outros (com base nas vantagens de prever o comportamento de terceiros), (3) resolução de problemas num contexto social (por exemplo, como devemos distribuir bens quando eles são escassos, como resolver disputas territoriais [...]. E no seu livro Neurophilosophy: Toward a Unified Science of the Mind/Brain (Bradford, 1986), ela conclui que: […] Se você se enraizar no chão, poderá se dar ao luxo de ser estúpido. [...]. Veja mais aqui.

 

PERIFERIA DAS PERIFERIAS, DE GIVA SILVA

[...] Reconhecer que os povos indígenas estão periferizados historicamente e que muitos corpos indígenas estãos periferizados e periferizados das suas identidades e que sofrem todo tipo de violências do colono-capitalismo, sem sequer ser estatística – já que formalmente não existem, logo, não fazem parte dos indicadores negativos aos quais a classe trabalhadora tem exposto as mazelas que sofre de um sistema perverso -, e são encarcerados e enterrados sem sequer ter tido acesso à sua memória ancestral [...].

Trecho de Na periferia das periferias, de territórios e corpos: povos indígenas e corpos indígenas, uma luta de mais de 500 anos!, do educador e comunicador Givanildo M. da Silva, extraído do volume Periferias no plural (Fundação Perseu Abramo, 2023), organizado por Paulo Cesar Ramos, Jaqueline Lima Santos, Victoria Lustosa Braga e Willian Haverman. Veja mais aqui.

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