PRISIONEIRO DA INSÔNIA - Eis a minha face insone,
noite a mais tão maior que antes para me salvar do abismo entre a ausência e o
vazio das margens exauridas. Nasci na terra escura de água doce para viver na superfície
inútil das coisas vãs, à procura de todos os resquícios, os restos da minha
vida desnecessária, à espera do que nunca chega ou de quem nunca fica e sai aos
sustos e tropeções, bússola perdida às ruas esvaziadas da madrugada que se
dissipa com as disputas contaminando isolamento e o perigo das aspirações. Pervigil
de queixo caído e mãos abanando, relegado a nenhum plano e plantado na recusa, levado
pela porta dos fundos como um suspeito para as cucuias. Alerta de não pregar os
olhos, de um lado pro outro as pegadas do sono, não é possível dormir neste
país, nunca mais dormir, nunca mais qualquer instância da salvação entre seres
inconclusos moldados aos murros em ponta de faca, destituídos de sonhos pelas
quedas do trapézio e do chão não passam, é tudo tão exorbitante. Vigilante enquanto
tudo é quase tarde da noite, o ventre emurchercido das mulheres, a garganta emudecida
dos homens, nada mais que ter de partir, como quem desce o cadafalso, como quem
sobe ao patíbulo para o extermínio, ou do lado de quem sobe para o de quem
desce esmagado pelos sombrios rumores que perduram entre os que jamais nascerão
do silêncio dos que estão sozinhos. Atento, precisa então saber direito como e
onde pisar, situação aborrecida e desestimulante. Olhos vivos de quem jaz abandonado
para dar adeus às expectativas e dar graças à vida por varar madrugadas anos morte
a fio. ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS:
[...] em uma velha
sociedade em declínio, como o Ocidente atual, surge uma certa intenção parcial
e efêmera no sentido apenas descendente (do futuro). Então, para aqueles que
não conseguem achar uma saída para a decadência, o medo se antepõe e se
contrapõe à esperança. O medo se apresenta como máscara subjetivista e o
niilismo, como máscara objetivista do fenômeno da crise [...] A nossa época é a
primeira a possuir os pressupostos socioeconômicos para uma teoria do
ainda-não-consciente e do que está relacionado a ele no que-ainda-não
veio-a-ser do mundo. [...].
Trechos extraídos da obra O princípio esperança (Contraponto/EdUerj, 2005), do filósofo
alemão Ernst Bloch (1885-1977), que em outra de suas obras Espírito da utopia (Gallimard, 1966),
expressa que: [...] Tudo aquilo que
outrora foi feito com amor e por necessidade possui vida própria, alcança
alturas desconhecidas e nos volta marcado, como nós – vivos – não saberíamos
ser, ornado de um signo muito leve, um selo de nós mesmos. Nossa visão parece
mergulhar numa longa alameda ensolarada que leva a uma porta, como diante de
uma obra de arte. A jarra cerâmica não é uma obra de arte, mas para merecer
esse nome de obra de arte deveria parecer com ela, e já seria muito. [...].
HERMILO BORBA FILHO E A DRAMATURGIA
Hermilo Borba Filho foi um dos protagonistas
do processo de modernização dos palcos brasileiros, ao longo do século XX. Pela
intensidade e pela amplitude de sua atuação renovadora, tem seu nome inscrito
na história recente da cultura nacional, ao lado de outros artistas e
intelectuais que conseguiram, contra a inércia do conformismo, fazer com que o
teatro brasileiro, tanto na encenação quanto na literatura dramática, se
afirmasse como arte, e não apenas como divertimento. [...]
Trecho
de Hermilo Borba Filho e a dramaturgia
moderna de Pernambuco, do professor e pesquisador da UFPE, Luís Augusto Reis, extraído da obra
Hermilo Borba Filho e a dramaturgia: diálogos pernambucanos (FCCR, 2010),
organizado por Anco Márcio Tenório Vieira, João Denys Araujo Leite e Luís
Augusto Reis. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.
A ARTE
DE PIPILOTTI RIST
Sem atender à tecnologia, corro para o sol no computador, e com a língua
do meu cérebro, misturo as imagens em frente ou atrás das minhas pálpebras. Uma
câmara mágica cheia de imagens em movimento ou vídeo significa: eu vejo.
A OBRA DE CARL GUSTAV JUNG
Não sabemos nada sobre o homem. Sua psique
deveria ser estudada, pois somos a origem de todo o mal vindouro.
A obra
do psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung (1875-1961) aqui,
aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.