terça-feira, outubro 23, 2018

DORIS LESSING, MARCELA BOVIO, MACEIÓ & FERNANDO DUARTE


SOLIDABRAÇAMIGO, COMIGO – Imagem: arte do artista visual Fernando Duarte - Abraço meu cabe tudo e todos, sou solidário, pretíndio, mamelucescuro, pernambrasil, Terra e nada mais que mais um nesse UM que somos todos nós. Sou pra quem vive sem pisar a memória de todos os nossos mortos, porque deles aprendemos o que somos e nos fizeram pra sermos melhores. Sou pra quem leva a ternura no afeto e sabe de todos o direito de ser por todos. Sou pra quem faz da voz no canto do peito a suplantar a extensão da mudez e a indiferença dos surdos. Sou pra quem traz no abraço a força amiga dialógica para que possamos fazer sempre juntos o que não é de ninguém. Sou pra quem leva nas mãos estendidas o apreço de sempre solícito recolher todos os desabrigos das noites escuras. Sou pra quem ri ou chove choros, a vida não é tão fácil, viver doi e sangra e muito se cai de baixo às quedas pro nocaute de cima ou de qualquer lado dos hemisférios, porque qualquer lado é que vai daqui pra lá ou de lá pra cá e, esteja onde estiver, será sempre bem-vinda a sua presença. Sou pra quem sonha de olhos abertos ou procurando no seu voo seus anseios de viver, também sonho aos saltos e o mais bonito que se possa ter é sonhar juntos, vambora e seja lá o que Deus quiser. Sou pra quem ama ou se perde entre tristalegres momenteventos, tudo passa, só o coração fica na capacidade de amar. Sou pra quem tiver amor e nada mais que isso, o amor nos basta pra fazer valer a vida além de nossas possibilidades. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

DITOS & DESDITOS:
[...] Como na esfera política, ensina-se a criança que ela é livre, é uma democrata, dispondo de vontade própria e mente livre, morando num país livre, e podendo tomar suas próprias decisões. Ao mesmo tempo, ela é prisioneira das suposições e dos dogmas de sua época, que ela não questiona, porque nunca lhe disseram que eles existiam. Quando um jovem chega à idade em que precisa escolher (continuamos a aceitar sem discutir que a escolha é inevitável) entre as artes e as ciências, ele costuma escolher as artes porque julga que nesse campo há humanidade, liberdade e opção. Ele não sabe que já se emoldurou ao sistema, não sabe que a própria escolha é resultado de uma falsa dicotomia enraizada no coração de nossa cultura. Os que o percebem e que não querem submeter-se a mais padrões, tendem a ir embora, num esforço meio inconsciente e instintivo de encontrar trabalho onde eles, como pessoas, não serão divididos entre si mesmos. Com todas as nossas instituições, que vão desde a polícia até a academia, desde a medicina até a política, prestamos pouca atenção às pessoas que se afastam, formando aquele processo de eliminação que prossegue sem cessar e que exlui, muito cedo, os que são originais e reformadores, deixando os atraídos para uma coisa que é isso que eles já são. Um jovem policial abandona a polícia porque afirma não gostar do que tem de fazer. Um jovem professor abandona o ensino e repele o seu idealismo. Este mecanismo social ocorre quase sem ser percebido, mas é uma força poderosa na manutenção rígida e opressiva de nossas instituições. [...] Talvez não exista outra maneira de educar as pessoas. Possivelmente, mas não acredito. Nesse ínterim seria útil pelo menos descrever adequadamente as coisas, chamar as coisas por seus nomes corretos. Idealmente, o que se deveria dizer a toda criança, repetidamente, durante toda a vida escolar é algo mais ou menos assim: 'Você está no processo de ser doutrinado. Ainda não criamos um sistema de educação que não seja um sistema de doutrinação. Lamentamos, mas estamos fazendo o melhor que podemos. O que lhe estão ensinando aqui é um amálgama dos preconceitos atuais e das opções desta nossa cultura. A consulta mais ligeira à história revelará que aqueles dois itens são temporários. Você está sendo ensinado por pessoas que conseguiram acomodar-se a um regime de pensamentos transmitido por seus predecessores. É um sistema autoperpetuador. Os que, dentre vocês, são mais vigorosos e individuais do que os demais, serão incentivados a ir embora e a encontrar maneiras de se educar, educando seu próprio julgamento. Os que ficarem devem sempre lembrar, sempre, em todas as ocasiões, que estão sendo amoldados para se enquadrar nas tímidas e específicas necessidades desta determinada sociedade. [...].
Trecho extraído da obra O carnê dourado (Record, 1972), da escritora britânica Doris Lessing (1919-2013). Veja mais aqui, aqui e aqui.

A ARTE DE FERNANDO DUARTE
A arte do artista visual Fernando Duarte.

AGENDA
II Encontro Nacional da Associação Brasileira de Psicologia na Assistência Social (ABRAPAS): Território, Textos & Contextos & muito mais na Agenda aqui.
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Maceió, uma elegia para os que ousam sonhar aqui.
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Pintando na praça, Ernesto Sábato, Horas inúteis de Edwiges de Sá Pereira, Úrsula de Maria Firmina dos Reis, Admmauro Gommes & Fenelon Barreto, Vital Farias, Magda Tagliaferro, Rogerio Tutti & Mônica Salmaso aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje curta na Rádio Tataritaritatá a música da cantora, compositora e violinista mexicana Marcela Bovio: The gathering, Powerless, Found & Saboteurs & muito mais nos mais de 2 milhões & 700 mil acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui.