Imagem recolhida do livro Espetáculos populares de Pernambuco
(Bagaço, 1999), de Carlos da Fonte Filho.
CABOCLINHOS
Luiz
Alberto Machado
É carnaval.
É festa na taba.
E ela, mais que a valkyrie Freya, incorpora
meu sangue caeté para se tornar cunhã com seu riso de Sol a me levar pra ocara.
Toda altaneira, ela me enfeitiça a me dá
o tatá do caxixi que me ferve nas veias e sou mais que a manhã.
E me faz de Odur, o seu cacique que não
cabe em si; e ela já é índia-chefe, a mãe da tribo, toda majestosa a me esbaldar.
E me provoca saçaricando bonito na ponta
dos pés e calcanhares a me tornar refém da sua tarrafa.
E me seduz no seu ritmo e se abaixa e
rodopia com seu saiote, cocar e atacas nos punhos e tornozelos, colares e
pequenas cabaças na cintura.
E me conduz com seu enleio pelas batalhas,
caçadas e colheitas, dançando a guerra e o baião no toré.
E segue com o bailado dos curumins pelo ataque
de guerra, pela aldeia, pelo cipó e embocadas da música ligeira de pífanos,
surdos, maracás, reco-reco, ganzás, gaitas e bombos.
E mais me cativa na coreografia que segue
os estalidos secos das preacas trazendo o futuro pragora.
E ela me envolve a trilhar pela dança
seguida de caboclos de baques e caboclas, até curibocas que estão por toda pajelança.
Ah, ela cunhã que aguça meu tacape já
maior que a montanha e me eleva em festa pro apogeu da nossa maloca.
Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS – Uma: quando o sopapo é maior que o
peteleco, segure o tombo que o troço é brabo de deixar tudo troncho. Tenho
dito. Outra: dia vai, noite vem, e os sabidos lavando a jega. Todo mundo vê a
troçada e fica por isso mesmo. Como é que é, hem? (LAM)
DIREITO: ALGUÉM FALOU – Fiz
tão bem o meu curso de Direito que, no dia em que me formei, processei à
faculdade, ganhei a causa e recuperei todas as mensalidades que havia pago.
Expressão do comediante estadunidense Fred Allen (1894-1956).
O FALO – [...] Tenho imaginado se a questão de preferência sexual
poderia ser resolvida por uma fórmula simples
[...]. A tentativa de ordenar a quem um
homem deve amar é teologia perversa. É a contrapartida psicológica do
monoteísmo, dominado pelo triunfalismo, exigindo aderência ao verdadeiro e
único deus do patriarca [...]. Trecho extraído da obra Falo: a sagrada imagem do masculino (Paulinas, 1993), do psicólogo estadunidense
Eugene Monick (1929-2007).
O CORPO & O GOZO – [...] Os corpos unem-se, os suores vêm-se juntos, as
salivas misturam-se em ligas subtis, a Água de Diana recebe Mercúrio de Fogo,
os corpos confundem-se, as almas alinham-se e fundem-se. O Ser permanece. A Seidade
goza pelo movimento da Vontade Absoluta. [...]. Trecho extraído da obra Poeiras de absurdidade sagrada: Livro solar
(Zéfiro & Arcano, 2011), do escritor, pesquisador e editor francês Rémi Boyer.
CORPO, GÊNERO & FEMINISMO – [...] o corpo
aparece como um meio passivo sobre o qual se inscrevemsignificados culturais,
ou então como o instrumento pelo qual uma vontade deapropriação ou
interpretação determina o significado cultural por si mesma. Emambos os casos,
o corpo é representado como um mero instrumento ou meiocom o qual um conjunto
de significados culturais é apenas externamenterelacionado. Mas o “corpo” é em
si mesmo uma construção, assim como o é amiríade de “corpos” que constitui o
domínio dos sujeitos com marcas de gênero. [...]. Trecho extraído da obra Problemas de gênero - Feminismo e subversão
daidentidade (Civilização Brasileira, 2003), da filósofa estadunidense Judith Butler.
BIBLIOTECA EROTOLÓGICA:
RELATOS E REGISTROS NO TEMPO - O erotismo e a literatura erótica se
confunde no tempo, sendo, pois, mencionado e praticado desde a mais remota
antiguidade. NA ANTIGUIDADE
– Cultivado desde as mais remotas eras, é registrado há quinze séculos a.C., no
poema religioso indiano Rig Veda que “E o homem deseja a mulher / Tão
naturalmente / Quanto a rã sedenta deseja a chuva”. O Rig Veda é o Livro dos
Hinos, o primeiro Veda, que foi escrito durante o período védico em Punjabe,
por volta de 1700-1100 a.C. Cerca de
1750 a.C, na vigência de Hamurabi, eram permitidas as prostitutas sagradas que
serviam nos templos, conforme registrado pelo historiador grego Heródoto: “Cada
mulher nativa do país deve ir ao templo uma vez na vida e lá entregar-se a um
homem estranho” Os hebreus seguiam o Torá que não admitia o coitus interruptus,
exigindo práticas alternativas das mulheres que não pudessem ou não quisessem
engravidar, saltando para que o sêmen fosse expelido. Onan, um dos filhos de
Judá e neto de Jacó, que desafiou o Torá na prática do coitus interruptus,
perdeu a vida no ato. Além do mais, o onanismo era reprimido, sendo, então Onan
acusado de originar o horrível pecado da masturbação. Este relato é mencionado
na Gênesis, no Velho Testamento. Também encontra-se registrado no bíblico
Cântico dos Cânticos, nos livros poéticos do Antigo Testamento: “(...) - Ah!
Beija-me com os beijos de tua boca! Porque os teus amores são mais deliciosos
que o vinho, e suave é a fragrância de teus perfumes; o teu nome é como um
perfume derramado: por isto amam-te as jovens”. É atribuído a Salomão, filho do
Rei Davi, que foi escrito por volta de 400 a.C., inserido no Velho Testamento e
constituído de uma coletânea de hinos nupciais. SUMÉRIA – Entre 5 a 6 mil a.C, os sumérios
na Mesopotâmia, veneravam, entre os rios Tigre e Eufrates, a deusa da Terra,
Inini, como criadora do amor e “abridora do ventre das mulheres”. Os sumérios
realizavam festas de fertilidade onde as mulheres casadas poderiam fazer sexo
com qualquer homem, além do marido, desde que se cumprisse uma regra: deixar
cair na terra o sêmen do homem que não era seu marido, a fim de não fecundá-la,
pois, do contrário, faltaria com o respeito ao marido. Além disso, a população
dos sumérios era governada pelos sacerdotes como reis do Estado, e eram eles os
escolhidos pelos maridos para tirar a virgindade de suas futuras esposas. Também
na Suméria encontra-se o Épico de Gilgamesh, um herói dois terços deus e um
terço homem, que tem no povo da sua cidade Urak, o inicio das suas aventuras,
quando sua lubricidade não deixava nenhuma virgem para o próprio amante, nem a
filha do guerreiro nem a esposa do nobre. Para enfrentar a criatura brutal
Enkidu, Gilgamesh envia uma “prostituta do templo do amor, uma filha do prazer”
para seduzi-lo. Ao cabo de seis dias e seis noites Enkidu conheceu as
maravilhas da civilização e foi conduzido pela prostituta para sempre. Também
entre os sumérios era corrente a frase “peixe quente no umbigo dela” quando os
amorosos usavam este orifício humano como repositório para uma vasta faixa de
objetos eroticamente estimulantes. Concluiu-se com isso que “peixe quente” era
um dos razoáveis números de pitorescos coloquialismos da época para o pênis, fato
repetido em outras civilizações, como os antigos gregos que atribuíam símbolo
fálico aos peixes quando empunhavam suas imagens gigantescas nas procissões
dionisíacas. BABILÔNIA
– Na antiga Babilônia, só se reconheciam as conexões sexuais dentro da união
natural do marido e mulher, quando se condenava à abominação e à morte a união
homossexual. No entanto, a zoofilia nas sociedades pastoris já não era incomum,
como também a homossexualidade e o intercurso anal heterossexual. NA GRÉCIA ANTIGA – Encontra-se,
com base em Tannahill (1980), que o caráter sexual só entra em jogo por volta
do século 2 a.C., quando o falo começou a ser usado como arma de sedução. Sem
cerimônias, os gregos mostravam-no para conquistar donzelas e efebos e se
exercitavam nus nas arenas esportivas. Além disso, na Grécia antiga são
encontrados relatos de Homero, Hesíodo, Plutarco e Pausânias, sobre deuses e
heróis lúbricos que passavam grande parte de seu tempo na cama e altercando, ao
executarem façanhas de coragem. Encontra-se na mitologia grega Afrodite, a
deusa do intercurso sexual, tendo nascido dela, conforme Hesíodo (2005), dois
filhos: Hermafrodite, de sua união com Hermes e equipado com características
físicas de ambos os sexos, e Príapo, de uma união com Dioniso e com características
físicas indiscutivelmente masculinas e em permanente estado de ereção. Também
na mitologia grega encontra-se Teseu, o herói particular dos atenienses, que
seduziu quase tantas donzelas quantos os monstros que liquidou, durante a longa
e complicada saga da sua vida. No séc. VII a.C., é encontrada a poesia da grega
Safo (630-612 a.C), que viveu na cidade de Lésbia de Mitilene, considerada a
Décima Musa: “Volte, eu te imploro, envolta em tua túnica branca como lei. Ah!
Que intenso desejo espera tua deslumbrante forma! Nenhuma mulher deixaria de
estremecer a essa sedução”. Para Carpeaux (1978), Safo é a maior expressão das
poetisas gregas, que inventou uma coroa de lendas que apontam-na reunida no
centro de um circulo de mulheres dadas ao amor lésbico e que se suicida por
amor a uma jovem que não compreendeu a paixão da poeta envelhecida no séc. VI
a.C. Os gregos cultuavam as hetairas – as servas de Afrodite - para o prazer,
concubinas para as suas necessidades diárias. Elas eram eximias em todas as
coisas e eram bem-sucedidas, atuando como espiãs ou agentes secretas para reis
desde o séc. VI a.C. Algumas delas se destacaram como Targélia que foi agente
secreta para Ciro, rei da Persia, como também Taís de Ayenas que foi amante de
Alexandre, o Grande. A respeito delas, o filósofo grego Aristóteles assinalava
que as prostitutas costumavam ondular as coxas durante o intercurso, o que
proporcionava prazer a seus parceiros, ao mesmo tempo em que dirigia o fluido
seminal para fora da zona de perigo. Isto quer dizer que, desde então, havia as
praticas do intercurso anal. Há registro nesta época da predominância do
Hedonismo defendido pelo filosofo socrático e fundador da escola cirenaica,
Aristipo de Cirene (435-356ª.C), acreditando que alcançar o prazer e evitar a
dor eram a finalidade da vida e o critério da virtude, sendo, pois, o prazer,
para ele, o prazer do momento que passa. No séc. III a.C., é encontrada a
Literatura Sotádica, oriunda do poeta grego arcaido, Sotadès, um autor obsceno
de poesia satírica, cujo método poético também se chamava palíndromo, que podia
ser lido da direita para esquerda, como da esquerda para a direita. Entre os
gregos, encontra-se a Antologia Palatina reunindo poetas que abrangem 17
séculos e que escreveram mais de 6 mil epigramas. Entre eles encontram-se o
poeta alexandrino Dioscórides (fins do sec. III a. C), o filosofo e poeta
epicurista Filodemo (110-35 a;C), Rufino que era autor dos versos: “A jovem de
pés de prata lavava os pomos dourados dos seios banhando-lhes a carne leitosa;
a carnadura das nádegas redondas palpitava, mais ondulosa e mais fluida do que
a água. Sua mão espalmada tentava encobrir o Eurotas, mas não todo, não tanto
quanto poderia”; e Marco Argentário que é autor dos versos: “Teta com teta,
apoiando meu peito sobre o dela, uni meus lábios aos doces lábios de Antígona e
a carne possuiu a carne. Do resto nada digo: dele somente a lâmpada foi
testemunha..” Lisístrata do dramaturgo e maior representante da comédia antiga
grega, Aristófanes (447 a.C.- 385 a.C.), também é uma das obras do erotismo
antigo, tratando de uma jovem que incita a greve de sexo para pôr fim à guerra
de Peloponeso. ROMA ANTIGA
- Na Roma antiga ocorria o culto de Vênus, homenageada pelas mulheres casadas a
primeiro de abril e pela prostituição a 23 do mesmo mês. Também o deus Liber,
outrora padroeiro do crescimento e da fertilidade, tendo assumido aspectos do
grego Priapo, representando o símbolo fálico, o sexo, a conquista, o desafio e
a proteção contra mau-olhado. Além dele, Baco, deus da bebida e da embriaguês,
sendo proibido seu culto em 186 a.C. Para Tannahil (1980): “(...) muito do que
o mundo moderno ainda considere pecado não provenha dos ensinamentos de Jesus
de Nazaré ou das Tábuas entregues no Sinai, mas das antigas vicissitudes
sexuais de um punhado de homens, que viveram nos dias crepusculares da Roma
imperial”. Com isso, filosofias como o gnosticismo e o maniqueismo mantinham
ser inerentemente mau tudo o que provinha da carne, além do argumento de
Severiano de que a mulher como um todo e o homem da cintura para baixo eram
criações do demônio. Para eles, o sexo é uma experiência da serpente. E, em
conseqüência disso, foi Santo Agostinho quem epitomou um sentimento geral entre
os padres da igreja de que o ato de intercurso era fundamentalmente repulsivo.
Também Arnobio o chamou de sujo e degradante. Já Metódio de indecoroso.
Jerônimo, por sua vez, chamou de imundo. Tertuliano de vergonhoso. E Ambrosio
de conspurcação. Era a vigência do Penetencial Cumeano do século VII, punindo
atos homossexuais com penalidades para beijos, masturbação mútua, conexão
interfemoral, felação e sodomia. A esta altura, encontra-se a Priapéia que é o
conjunto de poemas gregos e latinos, epigramáticos e anônimos, que tem como
figura central Priapo, deus grego fálico, protetor da fecundidade e da
fertilidade. São conhecidos como Priapéia grega e Priapéia latina – A Carmina
Priapéia –, e reúne, Catulo, Horácio, Virgilio, Ovidio, entre outros. Gaio
Valério Catulo (84 - 54 a.C) cultivou o epigrama alexandrino, tornando-se um
controverso e sofisticado poeta veronese que se ligou ao círculo dos poetas de
ideais estéticos comuns, designado por Cicero de Poetas Novos. O escritor
latino Marco Valério Marcial (38ª.C. – 104 d.C), desenvolveu um realismo pornográfico
registrando os vícios de sua época, por meio de epigramas e seguindo seu
conterrâneos Sênca e Luciano. A Ars Amatória – A arte de amar, do poeta romano
Publio Ovidio Naso (43 a.C. – 18 d.C), lhe valeu banimento de Roma pelo
imperador Augusto, por ser considerada obscena. Foi escrita entre 1 a.C e 1
d.C, em versos, tendo como tema a arte da sedução, falando sobre conquistar os
corações das mulheres e 'como manter a amada. A celebração do amor
extraconjugal pode ter sido tomada como uma afronta intolerável a um regime que
promovia os valores da família: “A que a linha das ancas favorece, na cama /
deverá ficar de joelhos e inclinar levemente a cabeça para trás, / enquanto
coxas jogens e seios perfeitos exigem / que você se posicione de viés e seu amado
de pé...”. Públio Virgilio Marão (70aC-19a.C) foi o maior poeta romano e o
expoente da literatura latina. Ele é responsável pelas inúmeras éclogas da
Renascença, com os seus pastores amorosos e alusões a acontecimentos políticos.
A obra Satiricon de Petronius Arbiter (27-66 d.C), foi escrita nos primeiros
anos da era cristã, com o objetivo de ridicularizar a corte do imperador Nero e
a alta sociedade romana, seguindo a ética hedonista na busca incessante pelo
prazer. A obra é recheada de narrações com personagens desprovidos de pudor,
práticas orgíacas, heterossexuais e homossexuais, total desprendimento moral,
visto que a visão de mundo cristã que castraria o sexo como elemento essencial
e fundamental do e para o ser humano ainda não ameaçava a mundividência pagã. É
considerado o primeiro romance realista da literatura universal, sendo, pois, o
predecessor do romance moderno. Traz Parodi (2007), baseada em Eduardo Leite,
que a posição da mulher na família, era bem mais vantajosa que a da mulher
grega, mas não menos subordinada ao homem. As mulheres não eram titulares de
direitos próprios, de qualquer ordem, fossem sucessórios ou espirituais. Apenas
a fumaça dos direitos lhes cabia, por via indireta, alçados e exercidos por
intermédio dos homens. Tanto que, ao se casarem deixavam para trás a casa do
pai e passavam a integrar ao culto da família de seu esposo. A mulher casada
recebia status superior, sendo agraciada com algum reconhecimento social. Ma
essa dignidade advinha como reflexo do homem, a quem ela auxilia idoneamente.
Isso dentro da fraqueza feminina vista por Ulpiano, ou seja, imbecilitias sexus
– o sexo imbecil. NA CHINA
- Entre os chineses antigos havia sobre a mulher primitiva o conceito da Grande
Mãe, aquela que nutria o companheiro através do ato sexual, um companheiro cuja
limitada força vital ela repõe, extraindo-a de seu próprio e inexaurível
suprimento. Eles admitiam a milenar doutrina do Tao que: “Quanto mais forem as
mulheres com quem um homem tenha intercurso, tanto maior será o beneficio que
ele derivará do ato. Se em uma noite, ele puder ter intercurso com mais de dez
mulheres, tanto melhor”. O I-ching, o Livro das Mutações, previa que o yin era
passivo e o yang ativo. A interação entre ambos era o Tao, o processo gerativo
constante que daí resulta a chamada mutação. Daí surgiu a filosofia do Taoismo,
considerando a essência yin a umidade lubrificadora dos órgãos sexuais
femininos e a essência do yang o sêmen masculino. Na antiga dinastia Han (206
a.C – 24 d.c) havia uma bibliografia oficial enumerando livros e manuais, a
exemplo de “A arte da câmara de dormir” que abrangia comentários introdutórios
sobre o significado cósmico do encontro sexual, as recomendações sobre as
caricias preliminares, uma descrição do ato do intercurso incluindo técnicas e
posições aprovadas, o valor terapêutico do sexo, bem como receitas e
prescrições úteis. Estas eram praticadas na Câmara de Jade, quando o Pico
Vigoroso, o pênis ereto, invade o Terraço da Jóia, o clitóris, e chega à Fenda
Dourada e Veias de Jade – a parte interior e posterior da vulga, até o Saguão
de Exame, os lábios da vulva, por meio das várias posições com diversas
denominações baseadas a partir do grande clássico de alquimia do século II, o
Ts´na-t´ung-ch´i, que contempla “o homem e a mulher unidos em congresso
sexual”. O imperador Hsiao-ching era considerado o inventor da arte erótica no
século II a. C. Também, os acessórios mecânicos para satisfação sexual
começaram a ser inventados ou adotados na China, somente quando a sociedade se
tornou demasiado puritana para tolerar os manuais de sexo, que haviam sido tão
importantes por milhares de anos. Por volta de 1600, o conhecimento dos manuais
diminuira a tal ponto, que se tornaram necessários outros métodos de instrução
sexual. Confucio se opusera ao Taoismo, porem se harmonizaram até o século XII,
sendo, inclusive, previsto no Li-chi, o Livro dos Ritos confuciano, que o
marido deve prover suas mulheres não apenas econômica, mas emocional e
sexualmente. Aí surgiu a erudita confucionista Dama Pan Chao que compilou toda
historia oficial da dinastia Han e professou que as meninas deviam receber a
mesma educação elementar que os meninos. Durante a Dinastia Sui, com o retorno
das doutrinas Taoístas, depois de um período confucionista, uma nova literatura
sexual de manuais floresceu e surgiram textos como “Prescrições Secretas de
Alcova”, “Segredos da Câmara de Jade” e “Os Perigos e Benefícios do Intercurso
com Mulheres”, que, na verdade, se referiam ao fenômeno de homens e mulheres
atingindo imortalidade juntos através da conservação de energia sexual. NA ÍNDIA - Na Índia,
aparece o Kama Sutra, de Mallanaga Vatsyayana, que foi escrito entre 100 e 400
d.C., um antigo texto indiano sobre o comportamento sexual humano, importante
para a literatura sânscrita, para a cultura védica e inserido na religião
hindu. Seus ensinamentos, embora conduzam ao prazer, visam, em primeiro lugar,
à elevação espiritual do homem, em sua trajetória religiosa. Há que se entender
que Kama significa amor, prazer, satisfação. Com isso, esperava-se do cidadão
ideal que dedicava sua vida à conquista de três metas: darma – aquisição de
mérito religioso; artha – aquisição de riquezas; e kama – aquisição de amor ou
prazer sexual. Isto quer dizer que tanto para o hindu indiano como para o
taoísta chinês, o sexo era um dever religioso. E com amor: havia o simples amor
do intercurso, um hábito, uma droga. E outro, uma adição separa aos aspectos
específicos do sexo, como beijar, acariciar ou o intercurso oral. Havia então o
amor consistindo de atração mutua entre duas pessoas, instintivo, espontâneo e
possessivo. E por fim, o tipo de amor unilateral, que frequentemente nasce da
admiração do enamorado pela beleza da pessoa amada. O grande épico clássico da
Índia, o Mahabharata, tem sua autoria atribuída a Krishna Dvapayana Vyasa,
escrito no séc. II d.C e considerado sagrado pelo hinduísmo, juntamente com o
Ramáiana e outros textos dos Puranas, Para os indianos, o sexo tem um sentido
religioso, é o símbolo da beatitude suprema e um dos meios que a ela conduzem.
Costuma-se dizer que o poema mais belo da Índia é a Shakuntala, de Kalidasa, a
história de uma belíssima princesa. NA
IDADE MÉDIA –O Pao Pu-Zhi, do escritor e alquimista taoista Ge
Hong (283-330), que viveu durante a dinastia Jin na China, é uma leitura
essencial para uma compreensão da religião chinesa medieval e de sua sociedade.
No universo hindu e em todo o Oriente, conforme visto, o amor e o sexo foram
sempre motivo de alegria. Assim, escrito em 1171 d.C, o “Ananga Ranga”, do
mestre religioso Kalyana Malla traz toda a problemática das relações sexuais
num sentido de pura glorificação. Descreve as zonas erógenas tanto dos homens
quanto das mulheres e traz uma compilação de posições sexuais, muitas das quais
já ensinadas no Kama Sutra. A diferença é que o Ananga Ranga foi escrito
especificamente para casais, visando evitar o "divórcio" do marido e
da mulher. O Livro das Mil e Uma Noites, uma coleção de histórias e contos
populares árabes compilados no século IX no Médio Oriente e no sul da Ásia,
tendo várias origens que incluem o folclore indiano, árabe e persa, e contendo
uma visão erótica nas narrativas. Também o Ratirahasya é um manual erótico
indiano escrito no séc. XII por Kokkoka O Janavashya foi escrito no sec. XV por
Kallarasa, baseado no Ratirahasya de Kokkoka. Os Carmina Burana reunem canções
e sátiras em prosa que datam na sua maior parte do século XIII, compostas em
latim e alemão médio, misturando temas sacros e profanos com pronunciado
erotismo e que fazem parte do Codex Latinus Monacensis. A coleção foi
descoberta por F. Cristoph Von Aretin, bibliotecário da Biblioteca Real de
Munique. É neste período que se encontra “Decamerom”, de Giovanni Boccaccio,
escrita em 1353, relatando sedução e luxuria praticadas por monges e monjas nos
conventos. Foi uma obra proibida e perseguida por muitos séculos, inclusive no
Reino Unido e nos Estados Unidos em pleno século XX. Durante a Idade Média
predominou na canção popular o sentimento erótico, também presente entre os
trovadores provençais. Entre as manifestações estavam as canções de amor e
escárnio. As primeiras, foram cantigas que se originaram no sul da França,
relacionada sempre aos casos amorosos. As segundas, voltadas para as criticas e
a ironia se aproximavam das canções de maldizer. Tendo por base Carpeaux
(1978), Spina (1056) e Barros (2007), alguns nomes se destacam como Bernart de
Ventadom (1150-1180),7 autor dos versos dessa cantiga: “Excelente senhora, nada
vos peço, mas que tão somente me tomeis como vassalo; e haverei de servir como
(serviria) a um honrado suserano, por qualquer recompensa que fosse. Trazeis-me
inteiramente sob vossas ordens, coração liberal e clemente, criatura graciosa e
cortês; nem urso nem leão sois para matarme, se a vós me rendo”. No dizer de
Barros (2007), neste período “(...) A mulher é plenamente idealizada, no corpo
e no espírito, é a mais bela de todas as criaturas. O amor é intenso, mas
inatingível, o ideal do poeta é morrer de amor, e dificilmente ele consegue
concretizar, ao menos em tese, o amor carnal com sua amada. O amor cortês
provençal tem, portanto, um componente de sublimação...”, a exemplo desses
versos de Cercamon (1135-1147): “Gosto quando me enlouqueço e me faz abstrair e
esperar em vão; gosto também de quando ela me escarnece ou engana, à minha
frente ou pelas costas”. Também destacam-se Guilherme de Poitiers (1071-1127),
Arnaut Daniel (1180-1210), Marcabru (1129-1150), Adam de La Halle (1237-1287),
entre outros. Também merece destaque a obra “The Canterbury Tales” do escritor,
filosofo e diplomata inglês Geoffrey Chaucer (1343-1400), bem como o livro “De
amores”, de Andreas Capfillanus, e os poemas eróticos de Eustache Deschaws. Conforme
Telles (2000), “Durante a Idade Média, a pornografia se expandiu muito, encontrando
expressão especialmente em rimas e trocadilhos, piadas comuns e versos
satíricos. Um tema principal da pornografia medieval era a libertinagem sexual
dos monges e outros religiosos, acompanhada da grande hipocrisia com a qual
tentavam encobri-la”. A
MODERNIDADE: DA RENASCENÇA ATÉ O SÉCULO XIX - Merece registro
que entre os séculos XV, XVI e XVII, a ocorrência de versos curtos obscenos e
de natureza sexual, utilizados em Nursery Rhymes e praticados nos pubs
britânicos. Inclusive, alguns deles, encontrados nas obras de William
Shakespeare, a exemplo dos expressos na sua obra “Rei Lear”. Mas acredita-se
que foi no século XVIII que se desenvolve a popularização desses poemas curtos,
chamados de Limeriks ou limeiriques, uma composição burlesca, jocosa e
epigramática, atribuída à invenção de soldados irlandeses de retorno à França,
nos anos de 1700. Porem, tal fato se deu mesmo na literatura britânica quando
foi lançado em 1846, por Edward Lear (1812-1888), no seu livro “The book of
nonsense”. Este tipo de composição contém hipérboles, onomatopéias,
trocadilhos, expressões idiomáticas e outros dispositivos figurativos, tendo
uma forma popular sempre obscena, essencialmente violando tabus e
transgressivo. Neste período surge o poeta italiano Pietro Aretino (1492-1556)
que foi um dos expoentes mais espantosos da Renascença italiana, autor dos
“Sonetos luxuriosos”, inspirados nos quadros eróticos do pintor Giulio Romano e
o “Diálogo das prostitutas”. Além desses, também escreveu Cartas (1553-1557)
com o registro da vida política e cultural de sua época, e Juizos (1534)
analisando a instituição cortesã como um fenômeno da prostituição moral e
física da sociedade em crise. O poeta francês Clement Marot (1496-1544)
escreveu sonetos petrarquianos com o humor rabelaisiano, interessado mais pela
forma que pelo conteúdo, modelo denominado "retoriquismo". Apesar de
ser o poeta da corte francesa, teve muitos problemas com a justiça e com a
igreja, fatos que o levaram a reconhecer o amor como seu único mestre. O “Heptameron”
é publicado em 1558, por Margaria de Angoulême (1492-1549), também conhecida
como Margarida de Navarra ou de Valois, irmã do rei Francisco I, filha de
Carlos I de Valois, que foi duquesa de Alençon e Berry, Condessa de Rodez e
rainha de Navarra. Este livro reune 72 pequenas novelas seguindo o modelo do
Decameron de Boccacio. A sua escrita prenuncia o aparecimento de importantes
figuras femininas das letras francesas dos séculos XVII e XVIII, como Madalena
Scudery e Madame Lafayette, numa altura em que o romance e a novela eram ainda
considerados gêneros literários menores. O volume aborda temas sociais e
humanos como as relações entre sexos, a virtude e o vício, clérigos lúbricos,
maridos enganados e triângulos amorosos. Também no século XVI, conforme
Tannahill (1980), surge “O perfumado Jardim para a recreação do espírito”,
escrito por Shaik Muhammad ibn Muhammad al Nefzawi por instigação do vizir do
bei de Túnis. Trata-se de um manual de sexo, apresentando opiniões sobre quais
qualidades os homens e mulheres devem ter para ser atraente, dando conselhos
sobre técnicas sexuais, avisos sobre a saúde sexual, e receitas para algumas
doenças sexuais. Ele também contém uma lista de nomes para o pênis e a vagina,
uma seção sobre a interpretação de sonhos, e descreve sucintamente o sexo entre
animais. O poeta renascentista francees Pierre de Ronsard (1524-1585) escreveu
diversos sonetos petrarquianos, dedicados a liberdade, alegria de viver e os
prazeres do amor, que lhe valeram a consagração de principal poeta da França do
séc. XVI. Integrou o grupo La Pléiade, o qual foi seu princial representante
seguindo o modelo dos liricos greco-romanos e italianos. Descendente de nobres,
tentou seguir carreira religiosa decidindo-se pela literatura, escrevendo uma obra
poetica recheada de lirismo, sátiras, sensualidade, religiosidade, percorrendo
caminhos pela mitologia, filosofia e história. O poeta e dramaturgo francês
Etiene Jodelle (1432-1573) escreveu varios sonetos, odes, epistolas, elegias,
tragédias e comédias em verso, dedicando-se à poesia erótica com seus sonetos
priápicos. Deixou inconcluso em longo poema sobre a sodomia. O poeta francês
François de Malherbe (1555-1628) escreveu sonetos, estancias, canções e odes,
tendo se tornado o poeta oficial da corte de Henrique IV. Dedicou-se, também, à
escrita de versos carregados de sensualidade e erotismo. O poeta, religioso e
dramaturgo castelhano, Luis de Argote y Gongora (1561-1627) foi o corifeu do
barroco literário espanhol. Voltando-se para o lirismo amoroso, escreveu as
“Soledades”, um longo poema composto por silvas que enfatizam a alegoria da
vida humana, tentando impressionar os sentidos do corpo e da alma, causando
escândalo pelo atrevimento estético e obscuridade hiperculta. Durante a
Renascença e no Barroco inglês são dadas mais evidentes as tendências a uma
literatura declaradamente erótica e não apenas de amor, como se observa em John
Donne e Thomas Carew. O poeta jacobino inglês John Donne (1572-1631) foi
pregador e pastor anglicano, considerado o maior poeta metafísico do seu tempo.
Sua obra é composta de sonetos religiosos e amorosos, epigramas, elegias,
sátiras, sermões e canções de natureza realista e recheada de estilo sensual. O
poeta ingles Thomas Carew (1595 - 1640) produziu poemas sensuais por meio
canções, pastorais e elegias elegantes que só foram publicadas após sua morte. O
poeta satírico francês, Mathurin Régnier (1573-1613) foi um boêmio libertino
que defendeu os boulevards da poesia lirica e um cinico indignado com os
costumes de sua época. O poeta inglês Robert Herrick (1591-1674) foi joalheiro
e religioso, sendo forçado a abandonar seu cargo por divergências políticas,
quando passou a publicar sua produção poética. Foi com “Hespérides” que ele
mostrou suas graciosas, maliciosas, liricas e obscenas criações poéticas,
valendo-lhe o tratamento do mais abertamente pagão dos poetas ingleses. O poeta
alemão Friedrich von Logau (1604-1655) pertence ao periodo barroco da
literatura alemã, dedicando-se à produção de epigramas que criticavam o
cosmopolitismo dos costumes, a intolerância religiosa e os desregramentos
eróticos. O escritor e poeta francês Jean de La Fontaine (1621-1695) ficou
famoso por suas fábulas. Entretanto, escreveu também em verso “Contos”
licenciosos sobre temas amiude tomados de emprestimos a Boccaccio, além de
epigramas eróticos de relevo. Em torno de 1620 e 1635, surge a lenda de Don
Juan, um libertino ficticio que seduzia, estrupava e matava mulheres,
registrado na história do “El burlador de Sevilha y convidado de piedra”, na
Espanha. Surge então o poeta brasileiro Gregório de Matos Guerra (1633-1696),
tido, conforme Brasil (1978), como canalha ou genio, o Boca do Inferno, sendo
responsavel pelo primeiro momento alto da poesia brasileira, praticamente na
época de sua origem e formação. Critico mordaz da sociedade, gravou os
escandalos da época, os roubos, os crimes, os adultérios, devassidão, boemia,
moralismo, pecado e pureza. O escritor e poeta John Wilmot (1647=1680) foi o
segundo conde de Rochester, um libertino ingles que possuiu muitas amantes e
produziu uma poesia satirica e obscena. Dedicou-se ao espiritismo e foi uma
célebre figura na corte da Restauração inglesa. Morreu ateu. O escritor
britanico Samuel Butler (1612-1680) foi um destacado poeta satirico da
Restauração inglesa, que foi influenciado pelas experiencias na Nova Zelândia. O
poeta Jean-Baptiste Rousseau (1671-1741) foi considerado um dos grandes líricos
do séc. XVII frances. Ele teve de viver no exilio devido à acusação de ter
escrito versos ofensivos às instituições, além de odes, cantatas, epigramas,
epistolas e outros generos poéticos picantes, afora várias comédias. No século
XVIII houve uma ascensão do gênero quando da publicação de “Fanny Hill” do
escritor inglês John Cleland (1710-1789), obra esta que estabeleceu um novo
padrão literário. Ele era escritor de aluguel e também jornalista que viveu em
extrema dificuldade, sendo preso diversas vezes, ocasiões que revisava e
re-escrevia sua principal obra, um misto de paródia, entretenimento sensual e
conceito filosófico de sexualidade emprestado dos romances libertinos
franceses. “Fanny Hil ou Memórias de uma mulher de prazer” tornou-se um dos
grande clássicos da literatura do século XVIII, narrando a história de uma
prostituta e sua ascendência à respeitabilidade. O jornalista, escritor,
politico e orador parlamentar francês, Honoré Gabriel Riqueti, o conde de
Mirabeau (1749-1791), escreveu a iniciação sexual de uma jovem com o próprio
pai resultando na publicação do “The Lifted Curtain or Laura´s Education”. Na
sua vida inclui acontecimentos que vão desde passagens pela maçonaria e pela
diplomacia, além de agente secreto, prisões e exilio e uma vida amorosa
complexa e apaixonada, participando, inclusive, com relevância da Revolução
Francesa. É quando aparecem as memórias eróticas do escritor e aventureiro
italiano Giácomo Girolamo Casanova (1725-1798). Ele havia se dedicado às
carreiras militar e eclesiastica que foi interrompida quando ele se dedicou à
aventura e aos relatos das memórias, tornando-se debochado, libertino,
colecionador de mulheres, escroque e conquistador frequente dos bordéis de
Londres, levando uma vida dissoluta com acusações de possuir livros proibidos e
de fazer propaganda anti-religiosa, que o levou à prisão e à fuga da masmorra.
Depois, envolve-se com a Inquisição onde está diante de 50 relatórios onde ele
acusa nobres e banqueiros de adultério, da posse de livros cabalisticos e
proibidos, de deboche, de conjura contra o Estado e vigarices. Foge dos
inquisidores para Paris onde se reune com eruditos transformando-se em
enciclopedista e realiza viagens pelas mais diversas paisagens nos seus 73 anos
de vida. No final do século XVIII, surgiu o escritor libertino e aristocrata
francês Donatien Alphonse François de Sade, o marquês de Sade (1740=1814), com
a obra “Justine”, abordando o tema sado-masoquismo. Conta-se que muitas das
suas obras foram escritas enquanto estava em um hospício, encarcerado por ordem
de Napoleão Bonaparte, que se sentiu ofendido com uma sátira que o Marquês lhe
escrevera. De seu nome surge o termo médico sadismo, que define a perversão
sexual de ter prazer na dor física ou moral do parceiro ou parceiros. Foi
perseguido tanto pela monarquia, como pelos revolucionários vitoriosos de 1789
e depois por Napoleão. Para Bataille (2004): “Sade – o que ele quis dizer –
geralmente causa horror mesmo àqueles que fingem admirá-lo e não reconhceram
esse fato angustiante: que o movimento de amor, levado ao extremo, é um
movimento de morte (...) o homem é um anomal que permanece probido diante da
morte e diante da unisão sexual”. O escritor e livre-pensador alemão Cristopher
Martin Wieland (1733-1813) é autor de romances, dramas e narrativas em versos,
sendo um libertino alegre cujo erotismo não temia ofender a todos, sendo
considerado o Boccaccio alemão por sua obra “Contos cômicos” e pela peça lírica
“Pequena louvação”, Em 1748 aparece o romance Thérèse Philosophe atribuído ao
francês Jean-Baptiste de Boyer, Marquis d'Argens (1704-1771). A obra foi logo
considerada pornográfica por expressar um transporte público e perversão
discutivelmente para algumas idéias do Philosophes. O escritor e pensador
alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) foi uma das mais importantes
figuras da literatura do Romantismo alemão, sendo lider, ao lado de Schiller,
do movimento Sturm und Drang. Também escreveu epigramas picantes nos “Epigramas
venezianos” O comediografo, fabulista e poeta satirico espanhol, Tomás de
Iriarte (1750-1791) possui tendências neo-classicas e influencias de Horacio,
escrevendo obras picantes e eroticas. Entre 1757 e 1795 surgiram as listas de
prostituição que serviram para educação sexual, tais como a “Harris´s listo f
Convent Garden Ladies”. A partir de 1790, o poeta portugues e maior
representante do Arcadismo lusitano, Manuel Maria de Barbosa du Bocage l´Hedois
(1765-1805), aparece com suas epístolas, sonetos, idilios, odes, canções,
cançonetas e cantatas, além de sátiras ferozes e irreverentes, notabilizando-se
como repentista, poeta satírico, erótico e pornográfico de verve brilhante, o
que ligou seu nome a episódios que enchem seu anedotário popular, o que lhe
valereu a condenação por impiedade e perseguição pela Inquisição, resultando
trancafiado nas masmorras. O poeta, libretista e letrista francês, Pierre-Jean
de Béranger (1780-1857), foi participante ativo como poeta e compositor de
canções emblemáticas que foram introduzidas no momento de convulsão social da
Revolução Francesa e o fim do império. Foi um cançonista que se tornou poeta
popular, com temas que celebram o amor e a juventude em diapsão báquico. O
poeta italiano Giuseppe Gioachino Belli (1791-1863) ficou famoso por seus mais
de 2 mil sonetos em romanesco, um dialeto de Roma, retratando a vida patricia e
plebeia da cidade do seu tempo. Muitas de suas satiras pintam a corrupção do
clero e da corte papal. Sua musa obscena acentua o aspecto mecanico do coito. O
escritor, poeta, jornalista e critico literário francês Pierre Jules Theophile
Gautier (1811-1872) retrata uma paixão erótica em termos de celebração à beleza
pagã no seu romance “Mademoiselle de Maupin”. No prefácio desta obra, ele
afirma sua posição estética, seu culto da arte pela arte, seu desdém pela
moral, sustentando a tese de que a arte e a moral nada têm em comum. O poeta norte-americano
Walt Whitman (1819-1892) foi o cantor da democracia e da liberdade sexual,
tendo sua obra uma sensualidade cósmica sem fronteiras, celebrando o amor
heterossexual e invocando a homossexualidade. Em 1824 o filosofo e filólogo
alemão Friedrich Karl Forberg (1770-1848), publicou o “De figuris veneris –
Apophoreta”, um manual da erotologia antiga, reunindo uma coleção dos escritos
de autores antigos sobre as práticas sexuais greco-romanas, contendo posições
sexuais ilustradas pelo artista Edouard-Henri Avril. A obra foi publicada como
suplemento do livro “Hermaphroditus” de Antonio Beccadelli que reunia epigramas
obscenos. Em 1844, o poeta e dramaturgo espanhol José Zorilla (1817-1893) traz
de volta a sua versão da lenda de Don Juan Tenório, contando na velhice as
seduções de conquistador, disputando com o amigo o coração da noiva do outro. Em
1857 é lançado Madame Bovary do escritor francês Gustave Flaubert (1921-1880),
que foi acusado de atentar contra a moral e a religião, sendo absolvido pela
Corte mas condenado pelos críticos da época. O texto fala sobre adultério e foi
considerada a primeira obra da literatura realista. Foi, então, a partir do
naturalismo, que as descrições do amor físico em romances passaram a ser
admitidas, atitude publicamente secundada pela discussão aberta dos problemas
sexuais, iniciadas pela divulgação da Psicanálise. E segundo Carpeaux (1978) a
função critica naturalista degenerou em literatura de escândalo. O poeta e
teórico da arte francêsa, Charles-Pierre Baudelaire (1821-1867) foi um dos
precursores do Simbolismo que teve uma vida desregrada vivendo entre drogas e
álcool. Em 1857 lança “As flores do mal” contendo 100 poemas que foram acusados
de imoralidade e de ultraje à moral pública, rendendo um processo judicial que
recolheu os exemplares. Com sua vida atribulada descobriu pioneiramente nos
vicios e na feiura industrial, o frissom de uma nova beleza toda feita de
contrastes gritantes. Conforme Paes (2006), “(...) No dominio desses
constrastes se inclui o proprio satanismo do poeta, cristão às avessas que,
cultivando com refinamentos perversos o seu erotismo, encontra na aguda
consciencia do pecado o mais excitante dos ingredientes”. O poeta francês Paul
Marie Verlaine (1844-1896) é considerado um dos mais populares da França, sendo
bem-nascido, bem-educado e bem-casado, porém seu encontro com Rimbaud levou-o à
vagabundagem e a ser vitima de uma lesão provocada por um tiro desferido pelo
jovem poeta. Rompe com Rimbaud e se converte ao catolicismo, mantendo-se vagabundo
e miseravel alcoolatra. Além de se dedicar à criação de uma obra religiosa e
simbólica, Verlaine também escreveu poemas eróticos pronunciados. O poeta
francês Jean-Nicolas Arthur Rimbaud (1854-1891) foi um precoce revolucionário
artistico que investiu sua vida no tráfico de armas de fogo. Sua precocidade
poética se misturava com a fuga dele da mãe e da companhia de Verlaine numa
vida rebelde, boemia e vagabunda, atraves de versos proféticos, notações
hermeticas, violências verbais, exploração do subconsciente, cultivo do
alucinatório e do irracional, preparando o dadaismo e o surrealismo. Rimbaud
escreveu os versos: “Ela foi reencontrada. O que? A eternidade. É o mar que
estrada junto com o sol, unidade”, verso este que, segundo Bataille (2004): “A poesia
leva ao mesmo ponto que cada forma de erotismo, à indistinção, à confusão dos
objetos distintos. Ela nos leva à eternidade, ela nos leva à morte, à
continuuidade: a poesia é a eternidade. É o mar que estrada junto com o sol,
unidade”. No período vitoriano, surgiu a obra do popular romancista ingles
Charles John Huffam Dickens (1812-1870) que abordava o tema erótico articulado
com distinções sociais, introduzindo a critica social na literatura de ficção. Muitas
obras anônimas ilustram o universo literário erótico como “The way of a man
witch a maid”, “Beatrice”, “The autobiofraphy of a Flea”, de 1887; “The lustful
turk”, de 1828; “The romance of lust”, de 1873; e “The pearl”, uma coleção de
contos, músicas, rimas e paródias eróticas publicadas entre 1879 e 1880, em
Londres. O escritor austríaco Leopold von Sacher-Masoch (1836-1895), publicou
em 1870 a novela “Vênus castigadora”, que traz uma cena de masoquismo,
retratando as suas inclinações e relações sexuais. Em 1875, o escritor
português Eça de Queiroz (1845-1900), publica a sua polêmica obra “O crime de
padre Amaro”, chocando a sociedade da época com sua denuncia da hipocrisia
social e religiosa, causando protestos da Igreja Católica. O nobre inglês
vitoriano Henry Spencer Ashbee (1834-1900), publicou “My secret life”, em 1888,
apresentando os costumes e moralidade de 2.500 mulheres de todos os países em
que esteve e com as quais manteve relações sexuais, contando uma vida alegre,
livre, libertina, imoral, sensual e sexual com uma violência cínica, uma
escrita sem pudores, múltipla e criativa. O autor foi escritor, colecionador de
livros e bibliógrafo, adotando o pseudônimo de Pisanus Fraxi. Neste mesmo ano,
o escritor e gramático brasileiro, Julio César Ribeiro Vaughan (1845-1890),
provoca escândalo ao publicar o seu romance “A carne”, contando a paixão
ardente entre uma jovem, Lenita, e o engenheiro de meia-idade, Manuel,
abordando temas como amor livre, divorcio e sexualidade. O SÉCULO XX - O escritor
e critico de arte francês Guilhaume Apolinnaire (1880-1918), nascido em Roma
como Wilhelm Albert Vladimir Apollinaris de Kostrowitzky, se dedicou
profissionalmente à literatura erótica, tarduzindo Aretino, Sade, Crébilon e
organizando bibliografias e antologias de autores libertinos, além de outras
obras licenciosas saídas de sua propria pena como “La fin de Babylone” e “Les
trois Don Juan”.. O ensaista e poeta francês Benjamim Péret (1899-1959) foi um
destacado militante trotskista e importante poeta do Surrealismo francês, que
possuía um humor sarcástico, erótico e bufo que está expresso em poemas como
“Le grand jeu” e “Je ne mange pás de ce pain-là”, entre outros. O poeta e
ficcionista francês Raymond Radiguet (1903-1923) foi um talentoso jovem poeta
que se destacou como um importante escritor do pós-guerra em 1918. Dedicou-se
ao jornalismo e à literatura, além de ter documentado relacionamentos com
mulheres, virando piada de Ernest Hemingway por saber usar bem a caneta como o
pênis. Publicou em 1923 o seu famoso romance “Le diable au corps” contando a
história de uma mulher casada que tinha um romance com um rapaz de 16 anos de
idade, enquanto seu marido lutava no front, provocando escândalo no país. O seu
segundo romance “Le bal du Comte d´Orgel” também tratava sobre adultério. Frank
Harris (1856-1931), pseudônimo do jornalista e editor irlandês, naturalizado
norte-americano James Thomas Harris, publicou o livro de memórias “My life and
loves”, em 1922 e 1927, proibido em vários países do mundo por sua explicitação
sexual. Apesar de ele atrair muita atenção por sua forte personalidade
agressiva na editoria de revistas famosas, foi com este livro que ele sempre
foi lembrado pelas descrições gráficas dos seus supostos encontros sexuais. Ele
escreveu outros contos e romances, dois livros sobre Shakespeare e outros
esboços biográficos. O escritor e tradutor David Herbert Lawrence (1885-1930)
traz temas controversos envolvendo sexualidade e relações humanas nos seus
romances, contos, poemas, peças teatrais, livros de viagens e cartas pessoais.
A sua obra "O Amante de Lady Chatterley" foi proibido na época e
passou a circular clandestinamente. "O Arco Íris" foi considerado
obsceno. E "Mulheres Apaixonadas" foi recusado pelos editores de
Londres, sendo só foi publicado cinco anos depois em Nova Iorque. Nas décadas
de 20 e 30, Henry Miller escandaliza com suas obras “Tropic of Cancer”.
“Tropico of Capricorn” e a trilogia “Sexus”, “Plexus” e “Nexus”, com descrições
despudoradas sobre o amor e narrativas de suas experiências. Também a francesa
Anais Nin (1903-1977), nascida Angela Anais Juana Antolina Rosa Edelmira Nin y
Culmell, ficou famosa por seu romance com Henry Miller publicado em diários
pessoais impregnados de conteúdo erótico, destacando-se “O delta de Vênus”, de
1977. Pablo Neruda (1904-1973) nome literário do poeta e diplomata chileno
Neftali Ricardo Reyes, prêmio Nóbel de literatura de 1971, cultivou o gênero
lirico amoroso no seu livro de 1924, “Vinte poemas de amor e uma canção
desesprada”. A poeta do Surrealismo inglês de nacionalidade egipcia, Joyce
Mansour (1928-1986), nascida Joyce Patricia Ades, dedicou-se ao erotismo com
seu livro “Gritos”, em 1953, onde encontra-se o poema: “Eu quero dormir com
você lado a lado Nosso cabelo entrelaçadas Nossos sexos juntou-se com sua boca
por um travesseiro...” Nas décadas de 40 e 50, o escritor, jornalista e
dramaturgo Nelson Falcão Rodrigues (1912-1980), que às vezes se assinava Suzana
Flag, escandalizou a sociedade brasileira com sua obra literária e teatral,
assumindo publicamente que: “Sou um menino que vê o amor pelo buraco da
fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o
buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre
fui) um anjo pornográfico (desde menino)”. Também a escritora lésbica e
livreira Cassandra Rios (1932-2002), nascida com o nome de Odete Rios, é autora
de uma série de livros pornográficos, tornando-se uma das mais perseguidas pela
censura com 33 livros proibidos pela liberdade, sensualidade, homossexualismo e
relações entre religião, política, sexo e cultos umbandistas. Ao seu lado, a
escritora Adelaide Carraro (1936-1992) que deixou uma obra extensa com mais de
40 livros publicados sobre sexo e violência. Em 1954, a francesa Anne Declós
(1907-1998), que se assinava sob os pseudônimos de Dominique Aury e Paulione
Réage publica o polêmico “Histoire d´O”, acusado de obsceno e sadomasoquista. Em
1955, o escritor russo Vladimir Vladimirovich Nabokov (1899-1977) publica o
polêmico romance Lolita, popularizando a expressão ‘ninfeta’. O texto se
caracteriza como um ‘voyeurismo pedófilo’ por narrar a atração do personagem
Humbert Humbert por Lolita, sua enteada de doze anos. Em 1959, a francesa de
origem tailandesa Marayat Bididh (1932) que se assinava Marayat Rollet-Andriane
e Emmanuelle Arsan, publica a estrondosa autobiografia Emmanuelle, onde narra o
seu envolvimento com a exploração da própria sexualidade. A mulher no Brasil,
segundo Parodi (2007) já alçava alguma emancipação legal, deixando de ser
relativamente incapaz, por força do Estatuto da Mulher Casada, pela Lei
4121/62. Em 1972, o médico gerontólogo, anarquista, pacifista e escritor Alex
Comfort (1920-2000), autor de vários livros de literatura e não-ficção, publica
o seu livro “The Joy of Sex”, causando uma revolução polêmica na área sexual. Em
1976, a feminista Shirley Diana Gregory, mais conhecida por Shere Hite lança o
“Relatório Hite”, sobre a sexualidade feminina, quando era diretora do projeto
feminista de sexualidade da National Organization for Women – NOW. Posteriormente
ela publicou “The Hite Report on Male Sexualitty”, em 1981, sobre os segredos,
preferências, medos e práticas sexuais masculinas. Depois publica em 1987 o “As
Mulheres e o Amor: uma Revolução Cultural em Progresso”, concluindo que 70% das
mulheres casadas são infiéis. No Brasil, mesmo com a Emenda Constitucional de
1977 que licitou o divorcio como remédio hábil ao desfazimento do vinculo
conjugal, a mulher, conforme Parodi (2007) continuava a ser considerada como
sexo frágil, também afetada pelas normas positivadas que lhe retiravam muitas
das garantias pessoais. A resignação da mulher casada somente foi abolida com a
edição do Código Civil de 2002, virtude da luta própria dos movimentos
feministas, cujos ganhos, conquanto paulatinos, se tornaram fenômeno
irreversível, tanto no mundo, quanto nas relações amorosas e familiares. Em
1992, surgem os poemas eróticos do poeta Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987), reunidos pelo autor sob título “O amor natural”, publicados
postumamente e que, conforme Oda (2010), já reverberava o erotismo drummondiano
de outras obras anteriores, reconhecidas por Houaiss e Antonio Candido desde
“Alguma poesia”, o que, segundo o autor mencionado, o livro O Amor Natural
revelou as poesias eróticas/pornográficas que Drummond manteve ocultas.
Salienta ele que “(...) O fato que torna esse livro polêmico não são apenas
suas poesias obscenas ou eróticas – podemos encontrá-las em qualquer um de seus
livros, desde Alguma Poesia até Farewell – mas o próprio tema do livro que é apresentado
despido de pudores poéticos e se inscreve dentro de uma tradição filosófica e
poética do erotismo e da obscenidade. É o poeta gauche que vai nos apresentar
novamente o nosso mundo com suas mudanças, transformações”. A escritora,
dramaturga, poeta, ficcionista e advogada Hilda Hilst (1930-2004), foi
agraciada por diversos prêmios literários que comprovam sua grandiosidade
artística. Destaca-se de sua obra os “Poemas malditos, gozosos e devotos”, de
1984; “O caderno rosa de Lori Lamby”, em 1990 e “Contos d´escárnio/textos
grotescos e alcoólicos”, “Do desejo”, “Bufólicas”, entre outros. Em 2001, a
escritora, curadora e critica de arte francesa, Catherine Millet (1948), depois
de publicar uma série de livros sobre Salvador Dali e Yves Klein, traz a
público o seu polêmico “A Vida Sexual de Catherine M.", expondo
publicamente os detalhes de sua movimentada vida sexual, descrevendo de forma
expícita uma irrefreável sequência de relações sexuais que envoliam
desconhecidos, grupos de até 150 pessoas e os mais variados cenários, entre
clubes, beiras de estradas, praças públicas ou casas de amigos. As descrições
precisas de cenas sexuais e as fotos intimas dividiram os críticos. E em 2009
ela lança"O Outro Lado de Catherine M.", uma obra que aborda as relações
estáveis e as crises de ciúmes vividas pela escritora em paralelo às aventuras
sexuais contadas no livro de 2001. Em 2005, a modelo, ex-prostituta e
atriz-pornô Raquel Pacheco Machado de Araújo (1984), conhecida pelo pseudonimo
de Bruna Surfistinha, publica o seu livro “O Doce Veneno do Escorpião – O
diário de uma garota de programa”, relatando a experiência real da vida de uma
ex-prostituta. Muitos outros autores das mais diversas nacionalidades
escreveram livros eróticos ou tidos como pornográficos, ou que contenham cenas
ou ainda sejam parcialmente tidas como eróticas ou pornográficas, resultando de
uma lista vastíssima. Também muitos outros autores abordaram do tema sob a
ótica filosófica, sociológica, cultural, psicanalítica, educacional e, não menos,
sob visões ou intenções eróticas ou pornográficas. Além disso, outros tantos
abordaram expressões corporais ou partes do corpo em seus estudos acadêmicos,
versos, narrativas e ficções, como também outranos publicaram panfletos,
manuais, cordéis e opúsculos sobre a imensa variedade temática que transitam
sobre o sexo, o erotismo, sedução, paixões avassaladoras, infidelidade e
grotescas intervenções de práticas sexuais. A lista, indesculpavelmente, é
enorme. O que comprova que o tema não é novo, vem desde as mais remotas eras. Dessa
abordagem geral tem-se a idéia de que as questões que envolvem sexo, erotismo,
pornografia e prazer, são recheadas de discussões, escândalos, debates e
posicionamentos que se definem extremamente ora favoráveis, ora contrários,
confirmando o tabu que ainda é hoje abordar o tema proposto. Nesta abordagem
realizada, observa-se, portanto, que tanto o sexo como o erotismo, desde o
início dos tempos, foi sempre considerado pelos Ocidentais com um tema
reprovável e pecaminoso, enquanto para os Orientais, foi levado com seriedade e
para o engrandecimento do corpo e da alma humanas. Avalia-se que uma das
primeiras evidências da literatura erótica na cultura ocidental é registrada
nas canções licenciosas executadas na Grécia antiga em festivais ligados ao
deus Dionísio. Muito embora, entre os Ocidentais, Santo Agostinho insistia
penosamente sobre a obscenidade dos órgãos e da função da reprodução ao dizer:
nascemos entre o excremento e a urina. Isto em conformidade com o texto bíblico
de Corintios I,7, quando São Paulo diz que “Seria bom o homem não tocar mulher
alguma (...)” Neste caso, Wats(1958), traz o entendimento de que sob a ótica da
filosofia cristã, o corpo, relutantemente considerado como bom por ser obra de
Deus, na prática tem sido visto como um território dominado pelo demonio e o
estudo da natureza humana se tem limitado, especialmente, ao estudo de suas
fraquezas. Já no Oriente, encontram-se muitas obras que testemunham a admissão
do sexo como integrante fundamental para a formação humana, comprovando os
tantos manuais e obras ilustradas sobre o tema. Por outro lado, no Ocidente
também foi deflagrada a postura hedonista que defendia que a meta da vida é o
prazer e que, por isso, este é bom em si mesmo. Ao passo que o prazer sempre
fora reprimido em nome de uma saudável convivência cristã para o alcance da
salvação. Malgrado isso, registra Bonumá (2010) que foi Sigmund Freud quem
primeiro se preocupou com a alma do pênis, dedicando parte de sua vida e de sua
obra para explicar o papel dele na formação do indivíduo e da sociedade. Para
ele, o pênis era o órgão fundamental na formação do caráter de todas as
pessoas. Todos os comportamentos sociais poderiam ser explicados através da
relação dos indivíduos com o pênis. As mulheres se caracterizariam pela
ausência e a inveja do falo, os homens pelo medo da castração e pelo complexo
de Édipo. E conforme Fromm (1978), o conceito freudiano de sexo é o de que se
trata de um ímpeto que brota unicamente da tensão fisiologicamente condicionada
e que é aliviado, como a fome, pela satisfação. Para Freud (1978), “A vida
sexual inclui a função de obter prazer das zonas do corpo, função que,
subsequentemente, é colocada a serviço da reprodução. As duas funções muitas
vezes falham em coincidir completamente”, identificando o desenvolvimento
sexual em fases já a partir da criança que começa com o oral, a boca; em
seguida, anal-sádica; e a terceira, fálica. Mesmo com tal exposição de idéias,
o conservadorismo reina, o que levou Bataille (2004) a assinalar que: “Os povos
sentem a necessidade de esconder os órgãos sexuais de maneiras diferentes; mas,
geralmente, eles escondem o órgão masculino em ereção. E, a principio, o homem
e a mulher procuram um lugar reservado no momento da união sexual (...) A
interdição, que em nós se opõe à liberdade sexual, é geral, universal, as
interdições particulares são seus aspectos variáveis (...) A carne é em nós
esse excesso que se opõe à lei da decência. A carne é o inimigo nato daqueles
atormentados pela interdição cristã, mas se, como creio, existe uma interdição
vaga e global opondo-se à liberdade sexual sob formas que dependem de tempo e
dos lugares, a carne é a expressão de uma volta dessa liberdade ameaçadora”. Dai
entender Bataille (2004) que: “O erotismo, em seu conjunto, é infração à regra
das interdições: ele é uma atividade humana. Mas, ainda que ele comece onde
acaba o animal, a animalidade não deixa não deixa de ser seu fundamento. (...)
Sempre associada ao erotismo, a sexualidade é para o erotismo o que o
pensamento é para o cérebro: da mesma maneira, a fisiologia permanece sendo o
fundamento objetivo do pensamento”. Enquanto que Wats (1958) acrescenta que o
“O amor sexual é, acima de tudo, o modo mais intenso e dramatico através do
qual um ser humano estabelece união e relação consciente com alguma coisa que
lhe é exterior. E além disso, no homem, a mais vivida das expressões habituais
de sua espontaneidade orgânica, a ocasião mais positiva e criadora de seu
entusiasmo por alguma coisa fora do domínio de sua vontade consciente”. Alem do
mais, o autor chama a atenção para o fato de que a função sexual é, obviamente,
uma das mais poderosas manifestações da espontaneidade biológica e que aquilo
que o homem ou uma mulher realmente é representa sempre algo inconcebível,
porquanto sua realidade está na natureza e não no mundo verbal dos conceitos. Trazendo
a colocação para o universo literário, Sábato (2003) considera o amor como
“(...) o corpo do outro é um objeto, e enquanto contato se realiza apenas com o
corpo, não passa de uma forma de onanismo; unicamente pela relação com uma
integridade de corpo e alma o eu pode sair de si mesmo, transcender sua solidão
e conseguir a comunhão. Por isso, o sexo puro é triste, pois nos deixa na
solidão inicial, com o agravante da tentativa frustrada. Explica-se assim que,
embora o amor tenha sido um dos temas centrais de todas as literaturas, na de
nossa época adquire uma perspectiva trágica e uma dimensão metafísica que não
teve antes: não se trata do amor cortês da época da cavalaria, nem do amor
mundano do século XVIII. (...) Enquanto corpo, somos natureza e, em
conseqüência, perecíveis e relativos; enquanto espírito, participamos do
absoluto e da eternidade. A alma, puxada para cima por nossa ânsia de
eternidade e condenada à morte por sua encarnação, parece ser a verdadeira
representante da condição humana e a autentica sede de nossa infelicidade.
Poderiamos ser felizes como animal ou como espírito puro, mas não como seres
humanos”. Com essa observação, é importante trazer Fromm (1978) que diz que: “O
homem é sozinho e, ao mesmo tempo, relacionado com outros. (...) sua felicidade
depende da solidariedade que sente com os outros homens, com as gerações
passadas e futuras”. Daí diz ele que: “(...) O desejo sexual intenso,
igualmente, pode não ser provocado por necessidades fisiológicas, e sim
psíquicas”, isso porque, as necessidades corporais não atendidas geram tensão
cuja remoção proporciona satisfação, uma vez que a própria carência é a base da
satisfação. Mediante o que foi apresentado, fruto da revisão da literatura
realizada, encontra-se que, para Coutinho (1978), “(…) O erotismo transborda
sobre o universo metafisico. Consciente ou inconsciente, é algo além da
satisfação carnal. Constitui-se, mesmo, em um apelo ao espírito através dos
corpos e não, simplesmente, um apelo do corpo ao corpo., com o aviltamento do
espírito. O espírito está sempre presente”. E, com isso, Octávio Paz
(1914-1998) diz que “(...) a relação entre o erotismo e a poesia é tal que se
pode dizer, sem afetação, que o primeiro é uma poética corporal e a segunda uma
erótica verbal”. Finalizando, apresenta-se, a seguir, alguns textos,
fragmentos, versos e narrativas que abordam o erótico e a literatura erótica.
Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
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