A ÁRVORE DO
CONHECIMENTO – Era uma vez uma ilha
que ficava em Algum Lugar, cujos habitantes desejavam intensamente ir para outra região e
fundar um mundo mais saudável e digno. O problema, todavia, era que a arte e a
ciência de natação e da navegação nunca haviam sido desenvolvidas, ou talvez
tivessem sido esquecidas. Por isso, havia habitantes que nem sequer pensavam em
alternativas à vida na ilha, enquanto outros procuravam encontrar soluções para
seus problemas, sem contudo pensar em cruzar as águas. De vez em quando, alguns
nativos reinventavam a arte de nadar e navegar. Também de vez em quando, algum
estudante ia até eles e entabulavam um diálogo mais ou menos assim: - O que
está disposto a fazer para consegui-lo? - Nada. Só desejo levar comigo minha
tonelada de repolho. - Que repolho? - A comida que precisarei do outro lado, ou
seja lá onde for. Mas há outros alimentos do outro lado. - Não sei o que está
dizendo. Não estou seguro. Tenho de levar meu repolho. - Mas não poderá nadar
com uma tonelada de repolho. É muito peso. - Então não posso
aprender. Chama meu repolho de carga, mas eu o chamo de meu alimento essencial.
- Suponhamos que, em vez de repolhos, digamos ideias adquiridas, ou
pressuposições, ou certezas? - Hum ... Vou levar meus repolhos para
alguém que entenda minhas necessidades. (Humberto Maturana & Francisco
Varela, A árvore do conhecimento: as bases biológicas
do entendimento humano. São Paulo: Psy, 1995). Veja mais aqui.
Imagem: litografia O ferrolho, do gravurista, pintor, desenhista, ilustrador e professor pernambucano, Darel Valença Lins.
Ouvindo: Juventude transviada, do cantor e compositor Luiz Melodia.
TERRA OCA:
DESFAZENDO UM EQUÍVOCO
– Era final dos anos 1970, ou por aí, quando o professor João José do
Nascimento me trouxe um livro: Terra oca,
de Raymond Bernard. Na hora eu disse: - Esse nome eu conheço! Quero! E logo
corri para lê-lo avidamente. Fiquei extasiado. Pudera, um sujeito com a
reputação que esse autor sempre teve, trazer uma teoria como essa, era coisa para
lá de revolucionária. Só anos e anos mais tarde foi que consegui desfazer um
equívoco. Seguinte: o Raymond Bernard (1923-2006) que eu já havia lido diversos
livros editados no Brasil pela Editora Renes, era um profícuo e inspirado
escritor e advogado francês, que reorganizou a Antiga e Mística Ordem Resacruz
(Amorc) em seu país, tornando-se membro da Grande Loja Maçônica da França e
fundador do então Círculo Internacional de Pesquisas Culturais e
Espirituais (Circe) que foi absorvido posteriormente pela Ordem Soberana do
Templo Iniciático (Osti). Já o Raymond Bernard do livro Terra oca, que também se assinava como Dr. Raymond W. Bernand PhD, como
Dr. Robert Raymond e como Dr. Uriel Adriana AB, MA, PhD, todos eram pseudônimos
do escritor esotérico, autor místico, praticante de medicina alternativa e
praticante da subcultura da realidade alternativa, o norteamericano Walter Siegmeister (1901–1965), que na
verdade obteve seu PhD em Educação pela New York University, era irmão do
compositor Elie Siegmeister e, após uma viagem ao Equador e uma estadia no
Brasil, apresentou a polêmica teoria divulgando a ideia de um mundo subterrâneo
ocupado por raças não-humanas. Para ele o Brasil possuía entradas para túneis
que levavam à terra oca. Ah, um não tem nada a ver com o outro: cada um, cada
um. Pronto, está esclarecido. Vamos aprumar a conversa & tataritaritatá!
LADY FRANCISCO, A
MOÇA DO FUSCÃO: NUNCA FUI SANTA! – A atriz mineira Lady Chuquer Volla Borelli
Francisco De Bourbon, ou simplesmente Lady Francisco, é uma militante defensora
dos direitos dos animais que virou revelação artística da Escola Mineira de
Artes Dramáticas há muitos e muitos anos atrás. Ao lado de Juscelino Kubstichek,
ela inaugurou a TV Itacolomi, em Belo Horizonte e foi agraciada com o prêmio
Ary Barroso de melhor teleatriz por sua participação na peça Um bonde chamado desejo, na qual foi
ovacionada pela plateia ao lado da atriz Cacilda Becker. No início da carreira
fez teatro de revista no Rio de Janeiro e trabalhou na TV Tupi, TV
Machete e TV Globo onde até hoje atua em novelas. Iniciou na televisão em 1972,
na novela Jerônimo, o herói do sertão,
participando do filme Um varão entre as
mulheres, de 1974, a partir dos quais passou a atuar ora em filmes, o
último deles Sexo
Selvagem dos Filhos da Noite, de 1987, ora na televisão, participando em várias
novelas, entre as quais a sua última participação foi na novela Geração
Brasil, de 2014. Também foi ganhadora do prêmio Candango de
melhor atriz por sua atuação no filme O
crime de Zé Bigorna – também premiado no Festival de Berlim -, ao lado de
Lima Duarte, no Festival de Brasília, em 1977. Ao todo, são 24 filmes – muitos
deles ou quase todos reassisti muitas e muitas vezes! -, e 25 novelas. Ela
lançou em 2004 o livro autobiográfico Nunca fui santa e, em 1983, o
compacto simples pela gravadora Cid, A moça do fuscão com um pôster sexy
da artista encartado no disco. A sua cinebiografia Lady
Francisco – De boates de quinta a palcos reluzentes, está no filme
de curta metragem, sob a direção de Rochane Torres e Marco Polo, contando a
vida dessa diva do cinema, do teatro, do circo e da televisão brasileira. Hoje é
aniversário dela e, como fã, dou todos os salves & vivas: Parabéns, Lady
Francisco!
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Fecamepa, César Vallejo, Augusto Boal,
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Holanda aqui.
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