terça-feira, agosto 07, 2012

HÖLDERLIN, FRANCES COBBE, ALOÏSE CORBAZ, ZUZU ANGEL & FILHAS DA DOR

A arte da desenhista suíça Aloïse Corbaz (1886-1964). Veja mais abaixo.

 


QUEM É ESSA MULHER? – À memória de Zuzu Angel (Zuleika Angel Jones/Zuleika de Souza Netto - 1921-1976) – Quem é essa mulher que era Zuleika de Curvelo e a mãe costurava pra fora, ela ajudava em Belo Horizonte, brincando com retalhos para criar manequins, roupas para as bonecas e para as primas. Quem é essa mulher da adolescência e toda juventude com as cores de Salvador, depois no Rio, das Minas a pioneira dos anos 1950, às passarelas com sua arte inovadora. Eram rendas, fitas, sedas e chitas, bambus e conchas entre estampados de borboletas, papagaios e pássaros. Quem é essa Zuzu que procurava seu filho Stuart, estudante de economia e desaparecido político, assassinado pela repressão ditadura militar. O desfile no consulado, um protesto nas manchetes: Designer de moda pede pelo filho desaparecido. Às suas fileiras vieram Joan Crawford, Liza Minelli e Kim Novak, afora o discurso do senador estadunidense Edward Kennedy no plenário. Quem é essa mulher que tomou da aeromoça o microfone do avião e denunciou: Brasil, país onde se torturavam e matavam jovens estudantes. Ela mais sabia: Ouvi dizer que quando os milicos prendem a gente, tiram nossa roupa e ficam rindo das varizes e celulites. Das minhas, ninguém vai rir. Quem é essa mulher? E se tornou Angélica na poesia por cantar o mesmo estribilho para embalar seu filho na escuridão do mar. Cantava o mesmo lamento, lembrava o tormento que fez o seu filho suspirar, queria só agasalhar o anjo para ele descansar e dobrava o sino que não podia cantar. Quem é essa mulher que mais sofria: Eu não tenho coragem, coragem tinha meu filho. Eu tenho legitimidade. Ela também seria emboscada pela mesma repressão. Era madrugada do dia 14 de abril de 1976, uma quarta-feira sombria e um acidente automobilístico na Estrada da Gávea, à sapída do Túnel Dois Irmãos: um Karmann Ghia TC derrapa na saída do túnel e sai da pista, chocando-se contra a mureta de proteção, capota e cai na estrada abaixo. Morte instantânea. Ela sabia: Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho... Foi sepultada no Cemitério de São João Batista. Essa mulher, em 1988, era Em carne viva de José Louzeiro; em 1998, Quem é você, Zuzu Angel? Um anjo feito mulher, enredo da Escola de Samba Em Cima da Hora. Em 2006, o filme de Sérgio Rezende. Em 2013, era o Wikileaks que vazava a documentação denunciadora. Em 2014, o livro Memórias de uma guerra suja, de um ex-agente da repressão entregando tudo e um coronel do exército. Em 2019, a fábula cordelizada infantil de David Massena. Neste mesmo ano foi emitida a certidão de óbito de ambos, como morte não natural, violeta e causada pelo Estado Brasileiro durante o regime ditatorial de 1964-1985. Quem é essa mulher? Uma canção. Veja mais aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - As memórias devem consolar, não escravizar. Pensamento da escritora estadunidense Ann Carol Crispin (1950-2013).

 

ALGUÉM FALOU: Encontrar sem procurar é difícil e raro, mas procurando é acessível e fácil; se não se tem conhecimento é impossível procurar... Pensamento do filósofo, astrônomo e estratega grego Arquitas de Tarento (428-347aC), considerado o mais ilustre dos matemáticos pitagóricos.

 

FILHA DA DORDe tudo que eu passei, o pior foi ter assistido à tortura de Odijas [Carvalho de Souza]. Eles abriram a porta da sala de tortura e me fizeram sentar ali do lado para ver. Eram muitos homens. Teve muita porrada: socos, pontapés, palmatória… enfiaram coisas no ânus dele. Isso durou o dia todo, a madrugada inteira, e ele começou a urinar e a vomitar sangue. Quando chegou no hospital, oito dias depois, estava com todos os órgãos destruídos e morreu ali. Durante o dia, eles me deixavam sentada numa cadeira dura, numa sala de expediente do Dops, no caminho para a sala de tortura e para as celas. Eles passavam por ali o tempo todo, tinha muito assédio, puxavam meu cabelo, falavam coisas. Na primeira semana, eu não fui torturada porque estava tudo concentrado no Odijas e nos demais presos, que eram da direção do PCBR. Eu era uma desconhecida da repressão e muito menina, tinha pouco mais de 18 anos. Mas quando passavam por mim, diziam: ‘Amanhã vai ser você, mas aí vai ser diferente’. E diziam coisas nojentas sugerindo que haveria violência sexual. Teve um dia que eu fui interrogada pelo Miranda, que era o chefão dos torturadores. Eu apanhei de palmatória nas nádegas, mãos, pés… Numa das ameaças de violência sexual, o delegado me chamou, disse que eu estava muito magra e perguntou se eu estava trepando muito, pois essa era a melhor maneira de emagrecer. E disse que ele poderia me alimentar bem, me engordar e depois me faria emagrecer com a dieta do sexo. Isso tudo aconteceu no Dops do Recife. Depois eu fui levada para o quartel do Derby, onde também foi muito pesado, porque não tinha instalação para presas. Então, ficamos três mulheres numa cela exposta, sem cortina, com soldados passando e fazendo gracejos. Em 1974, quando eu já estava solta, fui sequestrada pelo Cenimar, onde fiquei 24 horas encapuzada numa cela. Depoimento da professora pernambucana da UFMT, Lýlia Guedes, que reside em Brasilia e coordena a gerencia indígena do Ministério do Meio Ambiente. Veja mais aqui e aqui.

 

OS DEVERES DAS MULHERES – [...] Nós mulheres temos diante de nós o fim mais nobre que uma criatura finita pode alcançar; e nosso dever nada mais é do que o cumprimento de toda a lei moral, a realização de toda virtude humana [...] Aquele que mais faz para curar a mulher de sua fraqueza, sua frivolidade e seu servilismo, da mesma forma fará mais para curar o homem de sua brutalidade, seu egoísmo e sua sensualidade. [...] O amor naturalmente inverte a ideia de obediência e faz com que a luta entre duas pessoas que realmente se amam não seja quem deve comandar, mas quem deve ceder. [...] A construção de um verdadeiro Lar é realmente nosso direito peculiar e inalienável; um direito que nenhum homem pode tirar de nós, pois um homem não pode fazer um Lar, assim como um zangão não pode fazer uma colméia. Ele pode construir um castelo ou um palácio, mas, pobre criatura! seja ele sábio como Salomão e rico como Creso, ele não pode se tornar um Lar. Nenhum mortal masculino pode fazer isso. É uma mulher, e apenas uma mulher; uma mulher sozinha se quiser, e sem nenhum homem para ajudá-la, que pode transformar uma casa em um lar [...] Minha grande panacéia para tornar a sociedade ao mesmo tempo melhor e mais agradável seria cultivar uma maior sinceridade. [...] Eu acho que toda mulher que tem alguma margem de tempo ou dinheiro de sobra deveria adotar algum interesse público, algum empreendimento filantrópico, ou alguma agitação social de reforma, e dar a essa causa qualquer tempo e trabalho que ela possa pagar; completando assim sua vida, acrescentando aos seus deveres particulares o nobre esforço de fazer avançar o Reino de Deus além dos limites de sua casa. [...]. Trechos extraídos da obra Essays on the Pursuits of Women ( Nabu Press, 2011), da escritora e ativista antivivissecção irlandesa, Frances Power Cobbe (1822-1904), que fundou vários grupos de defesa dos animais, incluindo a National Anti-Vivissection Society (NAVS) em 1875 e a União Britânica para a Abolição da Vivissecção (BUAV) em 1898, e foi membro do conselho executivo da London National Society for Sufrágio feminino. Veja mais aqui e aqui.

 

UMA POESIA - OS FIOS DA VIDA: Os fios de nossa vida são variados, / Como é íngreme o outeiro, e estreita a via. / Podemos por um deus ser agraciados, / Com dádivas de Paz e de Harmonia. Poema do escritor e filósofo alemão Friedrich Hölderlin (1770-1843). Veja mais aqui e aqui.

 

A arte da desenhista suíça Aloïse Corbaz (1886-1964). Veja mais abaixo.

 


PSICOLOGIA ESCOLAR – O livro Psicologia Escolar: pesquisa, formação e prática (Alínea, 2011), organizado por Solange Múglia Wechsler, reúne um panorama dos trabalhos e pesquisas realizados na área de Psicologia Escolar e Educacional, por docentes que representam várias instituições de ensino superior, de caráter privado ou público. Aborda, portanto, a pesquisa em psicologia escolar, as origens e o desenvolvimento da Psicologia Escolar, a pesquisa em Psicologia Escolar, as perspectivas para o futuro da Psicologia Escolar, a formação em psicologia escolar, as dificuldades e perspectivas na área,os padrões e práticas das associações internacionais em Psicologia Escolar, a visão transdisciplinar na formação do psicólogo escolar, a prática em psicologia escolar, as habilidades envolvidas na atuação do psicólogo escolar/educacional, a avaliação das dificuldades de aprendizagem e novas perspectivas para a avaliação psicoeducacional, o processamento humano de informação e avaliação de leitura e de escrita de crianças, os problemas psicossociais e influências na prática da Psicologia Escolar, as investigações sobre o vandalismo no contexto da escola pública, a síntese do grupo de trabalho da ANPEPP, entre outros assuntos. Veja mais aqui, aqui aqui.

PSICOLOGIA NA ESCOLA E PREVENÇÃO DE DST/AIDS – Para tratar dessa temática em um trabalho acadêmico, faz-se conveniente efetuar uma revisão da literatura acerca da DTS/AIDS, definindo o papel da psicológica sob a perspectiva do adolescente e da escola pública, considerar sobre a LDB e os PCN do Ensino Fundamental ou Médio, abordar sobre a sexualidade e a educação sexual, os temas transversais saúde e orientação sexual, realizando, por fim, um estudo de caso por meio de uma pesquisa de campo em uma escola pública para observar sobre a realidade encontrada. Veja mais aquiaqui.

LITERATURA DE CORDEL – Reunião de folhetos, mestres da Literatura de Cordel, poesia popular e outras artes do matuto.






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Perdoar uma traição, Paco de Lucía, Leo Huberman & História da Riqueza do Homem, Lendas Árabes, Tertuliano & A moda feminina, Wesley Duke Lee, Glória Kirinus, Thomas Couture, O orgasmo, José & a mulher de Putifar aqui.

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A provocação aguda da paixão aqui.
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CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Art by Ísis Nefelibata
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CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra: 
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